A Garota Misteriosa



6 – A garota Misteriosa


 
            No dia seguinte ao ocorrido com o Bicho Papão, todos os alunos de Hogwarts haviam escutado falar na menina que tinha medo da própria imagem, e da confusão que se instaurou na sala apos sua saída repentina. Um muito sem-graça Prof. Smith agora lecionava com livros apenas, o que só não superava a monotonia das aulas do professor Binns, o fantasma que lecionava História da Magia.


            Mas calma depois dos maravilhosos cuidados de Sirius, Cecil acordou muito bem disposta naquela manhã de terça. Bem mais cedo que todas as outras colegas de quarto, Cecil se levantou e já estava pronta antes mesmo de Lilian acordar e pedir para acompanhá-la até o café. Sozinha, caminhou até o Salão Principal onde panquecas e torradas com geléia a esperavam. Comeu tudo e quando terminava, Lilian e Alice apareceram.


- Bom Dia Cecil. Sente-se melhor? – disse Lilian educadamente.


- Ah sim muito melhor, obrigada. Bom Dia meninas.


- Bom Dia. – Alice parecia constrangida. – Ah olha, desculpe por não ter ido atrás de você, eu fiquei um pouco.. bem não soube o que fazer direito e..


- Ah tudo bem, não precisa se importar... – disse Cecil rapidamente. Não queria lembrar daquele acontecimento.


            O dia correu tranquilamente para as meninas, exceto pelo fato que eram observadas por todos no castelo. Todos cochichavam sobre a garota misteriosa, quando as meninas passavam. Cecil já estava ficando farta.


- Mas vocês não sabem disfarçar não? Vou aplicar uma detenção se ficarem encarando por mais um minuto! – Lilian estava da cor dos cabelos.


- Não Lilian, deixa.. Deixa eles.. – Cecil respondeu e fazendo as meninas tomarem um caminho mais comprido para as masmorras.


            A aula do Professor Slughorn não poderia ter sido mais comum: diversos elogios para as poções de Snape e Lilian e as vezes algumas menções sobre a sua tão badalada vida. Cecil agradeceu não ter sido o centro das atenções nessa aula. Parecia que suas habilidades em poções eram bem na média.


- É como cozinhar! Você corta os ingredientes e os coloca no caldeirão de forma como os livros pedem... – Lilian não entendia como era tão difícil para os outros prepararem suas poções.


- Ah, acho que não sou muito boa em cozinhar.. Na verdade nunca cozinhei.. – Disse uma tímida Cecil.


- Que sorte a sua, porque eu ODEEEIO cozinhar! O homem que casar comigo vai ter que saber pilotar um caldeirão! – Alice começou a dizer mas parou imediatamente quando viu que um certo garoto, Frank Longbottom estava entreouvindo a conversa. – Ah, bem.. Quer dizer, eu devo saber preparar ALGUMA COISA... – completou vermelha.


            Cecil não pareceu perceber o constrangimento da amiga pois um outro garoto também passou naquele momento provocando alguns suspiros no corredor: Sirius Black, acompanhado de Tiago Potter, e toda a “trupe”. Não pareceram notar as meninas e Cecil se sentiu grata, ainda estava com um pouco de vergonha do beijo trocado com Sirius na noite passada. De repente um menino do primeiro ano, muito miudinho, se aproximou das meninas com um papel na mãozinha:


 - Cecil Wendel? – falou com a voz aguda – A professora McGonagall mandou, quer dizer, pediu pra senhorita comparecer na sala do Professor Dumbledore hoje apos o jantar, a senha para entrar está nesse papel aqui ó.


- Obrigada.


            Apos o jantar, Cecil foi direto para a sala do diretor, a localizou de acordo com as instruções de Lilian. Achou muito engraçado ter que dizer “sapo de chocolate” para um gárgula, mas quando ela começou a se mover, revelando uma escada que subia em caracol, Cecil supôs que deveria subi-la. Ao adentrar a sala, os professores já a estavam aguardando, Dumbledore com uma expressão serena e McGonagall com um olhar maternal. Cecil não pode deixar de notar os diversos objetos prateados espalhados pela sala, alguns zumbiam e apitavam, haviam muitos quadros nas paredes de homens que dormiam tranquilamente, alem de uma fênix vermelha deslumbrante.


- Senhorita Wendel, a chamamos hoje para lhe dar duas noticias: uma se refere ao acontecido na aula da Profª McGonagall ontem e na do Prof. Flitwick essa manhã. A outra se refere a suas férias de verão. – Começou o Professor Dumbledore a falar de maneira muito calma e muito claramente. – Ah me desculpe, sente-se por favor. Bom como eu ia dizendo houve um debate muito caloroso sobre um possível local para sua estada nas férias de verão. Uma vez que a senhorita não estava tendo sérias “alucinações” como os não-mágicos a diagnosticavam, e de fato possui poderes, não parecia sensato que a senhorita se mantivesse na Clinica Real Psiquiátrica para Casos Permanentes de Londres apos seu ano letivo. Foi de bom coração então, que a Professora McGonagall ofereceu sua casa para estadia nas ferias de verão desse ano, e estamos resolvendo para um próximo.


- Muito obrigada, professora. Realmente, não sei como agradecer.


- Ah, não será de nenhum incomodo, e vai ser ótimo ter um pouco de companhia nas férias!


- Muito bem. Agora, sobre o acontecido nas aulas, ao que me parece a senhorita realizou grandes atos de magia, transformando todos os camundongos em taças de vinho tinto e depois estuporando mais da metade dos alunos na aula de Feitiços. Estou correto?


- Sim, mas não foi mesmo a minha intenção, me desculpe.


- Ah não há porque se desculpar, minha querida. O que aconteceu é que você ainda não sabe controlar a força da sua magia. Realmente, não sei se é sensato a senhorita aprender a controlá-la...


- Mas eu quero! Eu quero controlá-la, não quero machucar mais ning... – soluço – desculpe.


- Acalme-se sim. Gostaria de um copo d’água? Aqui está. Bem, você deverá se concentrar bastante para controlar sua magia. Me disponho a pesquisar sobre maneiras de controlar a força de sua magia. Pois bem, ao que me parece, você tinha uma irmã Gêmea?


- S-sim senhor, ela faleceu recentemente.


- Meus pêsames. Ela também possuía poderes?


- Não senhor. Só... Só eu.


- Ah veja bem! Acho que minhas especulações estão corretas! Você possui a quantidade de poder destinada a duas pessoas! Acho que em algum momento da formação de vocês duas, os poderes que seriam dados as duas crianças foram destinados a apenas uma: você! É por isso que a senhorita possui tamanha força em sua magia.


- Quer dizer que eu roubei os poderes da minha irmã?


- De forma alguma! Creio que quando isso aconteceu, a senhorita e a sua irmã gêmea ainda estavam no ventre da mãe de vocês.


            Cecil estava em choque. Porque havia de ter sido a escolhida? Porque ela, que odiava ser uma bruxa? Com esses pensamentos na cabeça, Cecil despediu-se dos professores, agradecendo mais uma vez a McGonagall, e foi direto para sua cama. Para sua sorte, as meninas ainda estavam no salão comunal, fazendo deveres e nem perceberam que ela havia subido. Cheia de indignação com sua sina, Cecil adormeceu.


            A semana pareceu passar bem rápido em comparação com os primeiros dias de aula. Cecil sempre se levantava mais cedo que as demais e vez ou outra acabava por extrapolar sua magia nas aulas. Alguns estudantes definitivamente não pareciam gostar da menina, provavelmente pela atenção extra que recebia a cada feito extraordinário que realizava. Mas havia duas garotas que definitivamente andavam dando uma atenção muito especial a mais nova integrante de Hogwarts: Berta Jorkins e Rita Skeeter. Essa era a dupla dinâmica das fofocas, nem pareciam se gostar muito, mas ficavam horas conversando aos cochichos, falando mal do castelo inteiro. Naturalmente, as ações de Cecil não passaram despercebidas para as duas.


            O dia de sábado não poderia ter sido mais bonito, um perfeito dia de outono: um sol tímido com um frio que se aproximava e algumas folhas no chão da Floresta Proibida e dos jardins do castelo. Como de costume, as meninas encontraram Cecil já no café da manhã, vestindo trajes simples, mas bem arrumados.


- Ah o dia esta lindo não é? Que tal uma voltinha nos jardins antes do almoço? – Lilian estava bastante animada aquele dia.


- Bom Dia minha flor! Aceito sim, e devo acrescentar que você esta especialmente linda, radiante e perfumada hoje! Tudo isso é pra mim? – Tiago não perdia uma...


- Não sou sua flor e eu não estava falando com você Potter. – o rosto de Lilian se transformou numa carranca. – O que acham meninas? – a capacidade de mudar de tom e de expressão tão rapidamente era algo de somente Lilian conseguia com tanta naturalidade.


- Acho ótimo!


- Eu também!


            Juntas, passaram uma manhã agradabilíssima andando pelos jardins do castelo. Conversaram bastante e ainda fizeram uma visitinha a cabana de Hagrid, que ficou muito feliz com a conversa animada das meninas. Depois do almoço, Alice encontrou com Frank em um corredor e depois de um oi muito atrapalhado se enfurnou na biblioteca o resto do dia pra se recuperar. Lilian e Cecil resolveram fazer seus deveres na sombra de uma arvore enorme próxima ao lago.


            Quando chegaram ao lago depararam com os Marotos sentados e sendo observados por algumas garotas. Tiago estava brincando com um pomo, entretendo Pedro, Sirius e Remo estavam conversando em pé, encostados na arvore que iria servir de sombra para as meninas.


- Ah droga! Vem, vamos arrumar outro lugar... – disse Lilian, já puxando Cecil para o lado oposto. De repente vem correndo um Sirius sorridnete e alcança as meninas.


- OOOOOPA, achei que vocês estavam me evitando... Bom, pelo menos você, cara Cecil. Lilian? Poderia nos deixar a sós um instante?


- Acho que vou para a biblioteca. Qualquer coisa encontra com a gente lá, vou ver se acho Alice.


- Tudo bem.


- Vamos para um lugar mais reservado?


            Começaram a caminhar para um local já conhecido, adentrando a Floresta Proibida e contornando a orla do lago, até uma clareira repleta de flores muito cheirosas. Nesse dia estavam com um tom dourado. Os dois se sentaram lado a lado, de frente para o lago.


- Então, você estava me evitando mesmo? Beijo tão mal assim?


- Claro que não! Quer dizer... – Cecil estava da cor dos cabelos de Lilian, ou talvez mais vermelha...


- Hahaha, estava brincando com você... Pra quebrar o gelo sabe?


- Hum.


- Olha Cecil, eu sei que não deveria perguntar, a Madame Pomfrey me disse para não tocar no assunto, mas eu queria muito que você me dissesse porque aquele Bicho Papão te deixou com tanto medo?


            Silêncio. Um galho quebrando despertou Cecil para a realidade.


- Desculpa, mas é que é tudo muito recente, eu


- Não precisa me explicar se não quiser, eu entendo, tudo bem.


- Não eu... Eu vou te contar. Mas me promete, me jura que vai acreditar que tudo aconteceu do jeito que eu estarei contando e que você nunca na vida vai contar isso pra mais ninguém. Se você fizer isso não falo com você nunca mais! Te amaldiçôo!


- Calma! Não vou contar pra ninguém eu juro!


- Muito bem... Eu nasci numa família trouxa, em Londres. Éramos quatro: minha mãe, meu pai e minha irmã gêmea, Julia. Tínhamos uma casa localizada num lugar excelente chamado Largo Grimmald e nossa família era conhecida na sociedade londrina. – Sirius fez uma careta ao ouvir seu endereço mas resolveu deixar a garota continuar – Mas quando eu fiz cinco anos coisas muito estranhas começaram a acontecer. A principio eram muito bobas, minha mãe culpava o vento, mas depois parecia que não havia explicações possíveis para os fenômenos que aconteciam a minha volta. Primeiro, minha mãe achava que eram brincadeiras minha e da Julia, mas ela percebeu que o problema era só comigo mesmo. Então, resolveram nos separar, assim Julia não correria nenhum risco ficando perto de mim. Por isso, eu sempre ficava trancada no quarto, ou no porão, ou no sótão, enquanto Julia ia ao parquinho, brincava no quintal, participava dos jantares que tinham lá em casa, ia pra escola... Quanto a mim, sempre era dada como doente, meus pais contavam que eu tinha sérios problemas de saúde, o que é normal em gêmeos, um nascer saudável e o outro não. Então um certo dia, meus pais passaram a tarde toda fora e nos deixaram sozinhas pela primeira vez, mesmo que nos duas já tivéssemos 14 anos. Foi ai que aconteceu... Julia entrou no meu quarto com uma capa preta pra me assustar e eu pensei que fosse minha mãe pra me controlar... Só que eu estava forte, e acabei fazendo magia sem querer. Foi ai que ela começou a me olhar com cara de muito espanto e começou a – nesse momento Cecil perdeu a voz, mas logo a recuperou, chorosa – a sangrar... PELO CORPO INTEIRO!! E depois a casa começou a tremer, porque eu estava muito nervosa e não conseguia me acalmar nem ajudar a minha irmã... Então a casa simplesmente se desmanchou, tudo virou escombros... Quando meus pais chegaram havia alguns curiosos e a policia, mas ninguém tinha me visto. Minha mãe se aproximou e me viu, foi então pra perto de mim e perguntou onde estava Julia. Eu disse que ela estava embaixo de tudo, mas que ela tinha sangrado muito. Ai ela disse: foi você. Você que fez isso. Você não é minha filha, as duas estão mortas! E saiu gritando: as duas estão mortas, as duas estão mortas! Desmaiei e acordei em uma clinica psiquiátrica. Para onde mandam os loucos de toda Londres. Mas graças a Deus um dia, Dumbledore apareceu e me trouxe pra cá. Bom é isso. A garota misteriosa é a minha irmã gêmea, que eu... Matei...


            Sirius não sabia o que dizer. Abraçou a menina e ficaram por bastante tempo assim. O que os dois não sabiam é que duas garotas muito curiosas tinham acabado de saciar sua sede de fofoca e estavam prestes a destruir uma promessa.


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gente adorei os comentários!! Sim essa garota ainda tem muito a revelar e se mostrara muito importante para o destino de todos... espero que continuem lendo! bjoos
 

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