chapter 10

Durante aquela semana, tratei de combater minha tristeza pela briga com Vitor com a presença de meus três novos amigos. Acabou sendo verdade o que Vitor insistia em me dizer: Hermione e eu seríamos boas amigas, mesmo que a maior parte do tempo que nós passássemos juntas fossem dedicadas aos estudos e à falar como Brown e  Patil e seus risinhos eram irritantes.

Ron também se mostrou uma pessoa muito agradável, me fazendo rir, a maioria das vezes sem ter essa intenção. E Harry... Bem, estar perto dele era algo que eu deveria, pro meu próprio bem, gostar menos, para o meu próprio bem. Eu basicamente passava meu dia todo esperando o momento em que eu iria para o Salão Comunal com um de meus livros apenas para estar na companhia dele.

Patético, eu sei.

Hermione e eu estávamos sentadas em duas poltronas no Salão Comunal conversando sobre as várias coisas que teríamos que fazer ao longo da semana. De longe observávamos umas garotas que cercavam Harry e Ron.

- Não te incomoda? – Perguntei à respeito do assédio que Ron recebia.

- Fazer várias coisas? Não, se eu me organizar corretamente, eu provavelmente ainda terei tempo para adiantar um pouco da matéria...

- Eu não estava falando disso. Eu estava falando daquilo. – E então apontei para Lilá Brown rindo daquela forma irritante para Ron.

- Porque deveria me irritar? Pelo menos ela não está rindo perto da gente.

- Não é como se a gente não pudesse ouvir, eu nunca vou entender como a risada dela percorre quilômetros, mas não estou falando dos risos especificamente. Pare de se fazer de boba, você pode enganá-los, mas não a mim. Tem pouco tempo que te conheço, mas eu já te conheço bem.

Ela ficou calada.

- Se você não quer falar sobre isso, não fale. – Prossegui. – Mas pelo menos faça algo antes que eles façam algo.

Ela continuou calada. Eu resolvi não insistir.

- Você acha que eles... – Ela ia prosseguir e parou.

- Qual é, Hermione. Ela está em cima dele e ele é um garoto de quinze anos. Faz bem pro ego dele, então... É matemática simples.

Novamente o silêncio.

- Ah qual é! Ela não teria chances se você demonstrasse seu interesse. – Sugeri.

- Você percebeu, porque é que ele não percebe?

- Ah, isso é realmente uma pergunta? –Eu ri dela.– Ele provavelmente nem percebe que Lilá passa todas as aulas olhando para ele, e ela não faz a mínima questão de ser sutil... Esse é o motivo dele não perceber. Ele é tão lento que se eles fossem em um jantar romântico, ele só perceberia que ela quer desesperadamente tirar as calças dele quando ela literalmente fizesse isso.

Hermione riu.

- Você é muito malvada. – Ela falou. – Sério, eu quero morrer sua amiga.

Continuamos conversando sobre coisas bobas até que Ron e Harry vieram para perto de nós.

- Nossa, é muito difícil ser assediado assim. – Ron contou vantagem.

Eu juro que tentei não rir, mas esse era um grande defeito meu: Quando a risada vinha eu jamais conseguia segurá-la. Então eu gargalhei, fazendo Hermione e Harry começarem a rir também.

- O que foi? – Ron perguntou.

- Verdade, deve ser realmente difícil ser assediado pela Lilá Brown, Ron. – Hermione disse, ainda rindo.

É claro que ele ficou tão vermelho quanto seu cabelo, e que isso nos fez rir mais.

- Para com isso, Hermione! – Ron disse nervoso.

Ele se sentou emburrado.

- Nós estamos falando sério, Ron. – Falei tentando acalmar a situação. – Eu tento ao máximo não conviver com ela, ela é extremamente efusiva e eu tenho pavor de pessoas assim. 

Ron continuou quieto e finalmente todos nós paramos de rir.

- Então... – Eu falei tentando puxar algum assunto. – Nós odiamos o professor Snape, certo?

Todos eles me olharam.

- De acordo com Vítor as pessoas se aproximam por sentimentos e gostos semelhantes. – Expliquei. – Eu ia falar de Quadribol, mas Hermione não gosta tanto disso, então pensei em falar sobre livros trouxas, mas acho que ninguém teria uma opinião a respeito disso... A única coisa que eu tive certeza que teríamos em comum era isso.

- Você gosta de livros trouxas? – Ron perguntou. – Meu pai ia te adorar!

- Ele gosta de livros trouxas? – Perguntei.

- Ele gosta de qualquer coisa trouxa. – Harry me explicou.

- Eu poderia emprestar alguns livros para ele. – Falei. – Mas eu precisaria deles de volta, eles eram da minha mãe.

- Sua mãe é trouxa? – Ron perguntou.

- Era. – Falei. – Ela morreu.

- Seu pai então é irmão da Professora Hayes? – Hermione perguntou.

- Sim. – Falei. – Mas ele morreu também, como vocês já sabem...

Todos eles ficaram em silêncio.

- Não precisam ficar assim. Esse é um assunto que não dói nem um pouco para falar. – Falei. –Eu sinto falta deles, eu sei que quando eu me casar meu pai não vai poder me levar até o altar ou minha mãe não vai escolher meu vestido de noiva e isso é triste, mas eu cresci muito bem, em uma casa com pessoas que me amam, além da família de Vítor... Acho que ele e o pai vão brigar para ver quem vai me levar ao altar. Eu tive sorte.

- É, você teve. – Harry disse com olhar triste.

- Eu sinto muito. – Falei.

- Não se preocupe. – Harry falou.

- Nós devíamos falar sobre coisas felizes. – Hermione disse. – Vocês já fizeram o trabalho de História da Magia?

- Isso é uma coisa feliz? – Ron perguntou.

E logo eles começaram a discutir novamente. Eu fiquei quieta e comecei a observar o local. 

Os gêmeos fazendo brincadeiras de um lado para o outro, algumas garotas suspirando por Harry Potter e outros garotos conversando sobre Quadribol. Aquilo era muito diferente de Durmstrang.

- O que você está pensando? – Harry perguntou.

- Durmstrang é tão diferente daqui. – Falei.

- No quê exatamente? – Ele me perguntou.

- Tudo. – Falei. – Primeiramente, ninguém conversava comigo lá além de Vítor. E lá era uma ditadura militar.

- Ditadura militar? – Harry me perguntou surpreso.

- É uma palavra trouxa. – Expliquei. – Eu li em um livro. Acontece em alguns países...

Harry riu.

- Eu sei o que é militar. – Ele falou. – Achei engraçado você usar essa palavra.

- Eu leio muito. – Expliquei.

- Eu sei. Você lê até mais que ela. – Harry apontou para Hermione, que ainda discutia com Ron.

- Eu não tenho com quem brigar, então tenho mais tempo livre. – Falei rindo.

Harry riu também.

- Nós devíamos jantar. – Sugeri. – Já está quase na hora.

- É uma boa idéia. – Harry disse. – Vocês dois podem continuar discutindo durante o jantar? – Ele perguntou para Ron e Hermione.

- Eu não quero mais trocar uma palavra com ele. – Hermione disse nervosa.

Caminhamos os quatro para o Salão Principal, todos em silêncio, já que a briga de Ron e Hermione havia sido encerrada momentaneamente.

Sentamo-nos na mesa da Grifinória e começamos a comer. Eu cumprimentei Kathy de longe, que sorriu para mim ao ver que eu estava pelo menos tentando conversar com algumas pessoas. 

Honestamente eu também estava feliz em ter novos amigos. Infelizmente nenhum deles era Vitor, e uma vez que você tem alguém como Vitor em sua vida, você sente falta daquela dinâmica o tempo todo. Então, mesmo me ocupando com toda aquela realidade nova, ainda doía. Uma dor que eu tentava silenciar com a idéia de que aquilo era momentâneo.
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 nota da autora: 
Primeiro, capítulo pequeno, I know! Mas com as duas outras fics além da faculdade eu não consigo remanejar os capítulos que ficaram pequenos... Desculpem! Enfim, LariSiq, leitora nova *.* muito obrigada pelo comentário e sempre comente para me deixar feliz! haha
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