chapter 1
Hayes era um sobrenome muito conhecido entre os bruxos da Irlanda e, quem havia feito história com esse sobrenome era minha avó. E minha tia, Katherina Hayes tinha prosseguido com esse legado como a mais jovem e mais bem sucedida professora de “Análise e Defesa contra Magia Negra” em Durmstrang, algo similar ao que teoricamente deveria ser ensinado em “Defesa Contra Artes das Trevas” de Hogwarts. E depois daquelas férias meu quinto ano começaria e, junto com ele as aulas práticas, algo que eu já havia treinado durante as férias com ela e com minha avó, me dando perfeita confiança de que, novamente, eu seria a melhor aluna daquela turma.
Eu estava no meu quarto, deitada na minha cama, lendo um livro chamado “Como sobreviver a ataques de Monstros comandados por Magia Negra”, um dos livros que Kathy havia me dito que iria pedir para o sexto ano. Vítor, meu melhor amigo, estava sentado em uma poltrona lendo um livro chamado “Física da Vassoura Bruxa para Apanhadores – Um Guia Técnico de Quadribol”.
Eu parei de ler o meu e olhei atentamente para Vítor. Ele logo percebeu que eu o observava e parou de ler também.
- O quê? – Ele perguntou.
- A maioria dos bruxos da nossa idade estão fazendo coisas que nós estamos apenas lendo a respeito. – Falei.
- Duvido que alguém esteja sobrevivendo a ataques de monstros comandados por magia negra. – Vítor disse.
- Aqueles três amiguinhos seus de Hogwarts possivelmente estão. – Eu disse.
- Dois amigos. – Ele falou. – O Weasley não me suporta.
- Ele tem uma queda pela garota... – Falei. – Só isso explica. Ou ele odeia os Abutres de Vratsa. As pessoas não costumam te odiar Vítor, você já devia saber disso.
- Você é suspeita, Chuck. – Ele me disse. – Você me ama o suficiente para não ver defeitos... Aposto que ele não gosta de mim por algum dos defeitos que eu tenho.
- Se existe alguém que conhece seus defeitos, Vítor, esse alguém sou eu! – Falei. – De qualquer forma, nós devíamos jogar um pouco de Quadribol. Principalmente agora que eu tenho o propósito de entrar para o time...
- Você quer que eu seja seu treinador. – Vítor disse. – Eu sei... Vamos lá, pegue sua vassoura.
Abri meu armário e peguei o presente de aniversário que Vítor havia me dado, uma vassoura que havia sido desenvolvida para obedecer ao menor reflexo de quem a pilotava e, segundo o fabricante era mais rápida que um Pomo de Ouro. Ela se chamava Vento de Netuno, e tinha esse nome em referência à alta velocidade dos ventos no planeta Netuno. E eu sabia disso tudo porque Vítor havia me contado.
Descemos para o campo de quadribol que o pai dele havia construído e eu estava pronta para receber as ordens de Vítor, o que só acontecia quando eu precisava ser uma boa aluna e aprender tudo o que eu conseguisse sobre Quadribol.
- Estava lendo naquele livro que, apesar da alta velocidade da vassoura, algumas coisas podem te ajudar a ser mais rápida. – Vítor disse. – A posição do seu corpo, por exemplo.
Ele me demonstrou como é que eu poderia aumentar em até dez por cento a velocidade da minha nova vassoura, que já era rápida o suficiente. Esse era o maior problema, com a minha antiga Firebolt eu sabia calcular o impulso necessário para eu chegar até os Goles, impedindo-os de entrar no gol. Mas com a minha nova vassoura... Eu ultrapassava o local, geralmente me chocando com a arquibancada onde o pai de Vítor estava.
- Você está indo muito rápido! – Vítor me gritou. – Esse é seu problema. Talvez você não precise dos dez por cento a mais de velocidade nesse caso.
- Eu não estou usando os dez por cento! – Gritei de volta.
- Certo... Vamos outra vez. – Ele me disse e eu voltei ao meu local de Goleira.
Vítor jogou um Goles e eu consegui defendê-lo.
- Ótimo! – Ele disse enquanto voava até mim. – Você conseguiu!
- Só usei a técnica inversa da que você me ensinou. – Expliquei. – Eu diminuí dez por cento da velocidade com a posição do corpo.
- Você é um gênio, Chuck. – Ele me disse.
- Eu sei! – Falei sorrindo.
- Porém muito indecisa... – Ele falou. – Já resolveu que posição você quer jogar?
- Não... – Eu disse. – Eu pensei em te substituir como apanhadora em Durmstrang...
- Você seria uma ótima apanhadora. – Ele disse sorrindo.
- Mas? – Perguntei, sabendo que essa palavra estava implícita.
- Mas você é uma melhor artilheira. – Ele me disse. – Você é o tipo de artilheira que faria o outro time procurar o Pomo de Ouro mesmo que os 150 pontos não os fizesse vencer, apenas para acabar logo com a vergonha que eles estão passando.
Eu sorri.
- Então a melhor artilheira que Durmstrang precisar eu serei. – Falei.
- Certo, não que a gente precise, mas vamos treinar você como artilheira. – Ele me disse.
Foi quando nosso treino foi interrompido por Trick, que veio me gritando loucamente.
- Senhorita Hayes, garota Hayes! – Trick me gritava do gramado que estava verde graças a um feitiço que minha avó tinha feito.
- O que foi Trick? – Perguntei.
- A senhorita Katherina está te chamando! – Ele disse.
- Não sei por que eu pergunto... Sempre é Kathy querendo alguma coisa. – Falei.
- Depois nós treinamos mais. – Vítor disse.
Então desci até o gramado e acompanhei Trick para dentro de casa. Lá ele me guiou até a sala onde minha tia e minha avó estavam.
- Então, alguém pode me dizer por que é que Trick estava me gritando desesperadamente? – Perguntei enquanto caminhava para minha poltrona preferida e me sentava lá.
- Temos um comunicado importante a fazer. – Minha avó disse. – Na verdade Katherina tem...
- Você vai parar de me irritar? – Perguntei para minha tia.
- Não. – Ela respondeu. – Bem... Talvez, já que não serei mais sua professora.
- O que? – Eu me levantei da poltrona e gritei. – Essa é a única coisa decente que você faz pra mim e você não vai mais fazer?
- Não seja ingrata Charlotte. – Minha avó disse.
- Não é ingratidão se for verdade. – Falei. – Kathy, você não pode deixar de ser minha professora.
- Lamento Charlotte, mas temo que eu não posso recusar um pedido de uma pessoa tão importante. – Kathy disse.
- Que pedido e de quem? – Perguntei. – Quem é mais importante que sua querida e única sobrinha.
- Dumbledore. – Kathy respondeu.
- Dumbledore pediu para que você parasse de me dar aulas? – Perguntei. – Isso não faz nem sentido.
- Não para parar de te dar aulas, mas sim para eu lecionar em Hogwarts. – Kathy explicou.
- Não é justo! – Falei. – Aqueles alunos não estão prontos para o tipo de conhecimento que você poderá passar para eles... Eles são medíocres em relação aos alunos de Durmstrang em relação a matéria que você leciona. Seria dar pérolas aos porcos.
- Concordo. – Kathy disse. – Os últimos professores que lecionaram lá não sabem metade do que eu sei, mas quem me pediu foi Alvo Dumbledore, um bruxo que eu e sua avó respeitamos muito.
- Não é justo! – Disse novamente. – Você, incrivelmente, é a única professora realmente boa, que realmente me ensina algo...
- Não é culpa dos outros professores que você já sabe a matéria teórica que eles lecionam, Charlotte. – Minha avó disse pela vigésima vez.
- Eu sei... Mas eles não deviam ensinar apenas o que está nos livros. – Falei. – Se não não faria sentido existirem professores.
As duas ficaram caladas. Sabiam que era impossível me convencer de algo que eu não queria ser convencida. Eu me levantei da poltrona levando minha vassoura, estava a caminho de meu quarto, mas antes de sair da sala eu me virei para minha tia e minha avó.
- Há cinco anos eu vou para uma escola onde as pessoas me provocam pelo fato de meu pai por ele ser trouxa e por meu pai ter ficado louco e eu ainda consigo manter uma média de 90% em todas as matérias porque eu sei que nada do que me dizem vai passar de ameaças porque eu tenho você e Vítor lá dentro, duas pessoas que eles respeitam o suficiente para não quererem desafiar. – Falei. – Eu sei muito bem que um pedido de Alvo Dumbledore deve ser respeitado, mas o que me assusta é que isso vale mais que meu bem estar na escola em que eu estou destinada a estudar pelos próximos três anos.
Retomei meu caminho até o meu quarto bufando de raiva e resolvi ler um livro para tentar me acalmar. Peguei meu “Razão e Sensibilidade”, um livro trouxa que eu estava lendo e abri na página marcada. Heathcliff, nomeado em razão de um dos personagens do livro, meu gato persa de pelagem cinza havia se aninhado ao meu lado e cochilava. Já estava lendo a uma meia hora quando uma coruja entrou em meu quarto e despejou no meu colo uma carta. Com todo o alvoroço que a ave entrara no meu quarto, Heathcliff acordou e ficou em estado de alerta.
Achei muito estranho aquela correspondência ser jogada no meu colo. A única pessoa que me mandava cartas era minha avó e não havia alguma necessidade de algum dela me enviar uma carta já que se precisasse falar comigo era só ela subir um lance de escadas e atravessar um corredor.
Analisei o envelope e li que a carta vinha de Hogwarts.
- Deve ser para Kathy. – Eu disse, procurando o nome dela do outro lado do envelope. – Para Charlotte Lynch Hayes... – Li no envelope assustada.
Abri o envelope e peguei a carta e a li. Lá estava, minha liberdade de Durmstrang sem Vítor e sem Kathy. Sorri e desci as escadas correndo, em direção à sala em que Kathy e minha avó estavam. Parei na porta, escondendo a carta atrás de meu corpo.
- O que foi Charlotte? – Minha avó perguntou.
- Vocês nunca vão me chamar de Chuck ou Charlie, não é mesmo? – Perguntei.
- Seu nome é tão bonito, porque você não aceita isso e para com esses apelidos? – Minha avó disse.
- Kathy tem um apelido. – Falei.
- Só você me chama de Kathy. – Kathy disse. – E somente porque quando você era pequena você não conseguia dizer Katherina.
- Eu não vim aqui para debater isso de novo. – Falei. – Eu vim aqui para dizer que vocês têm razão.
Elas me olharam desacreditadas.
- Sobre o que exatamente? – Kathy perguntou.
- Sobre você aceitar o pedido de Dumbledore. – Falei. – Afinal, ele é um bruxo extremamente respeitado, talvez o mais respeitado do Reino Unido... Seria uma ofensa à sociedade bruxa do Reino Unido que você dissesse não a ele.
- Que bom que você chegou a essa conclusão querida. – Minha avó disse sem tirar os olhos do livro que lia.
- Certo. – Falei sorrindo.
Dei uma pausa e continuei olhando para as duas, que já haviam voltado à leitura dos livros que estavam lendo.
- E quando é que vamos? – Perguntei após perceber que elas não faziam idéia de que eu havia recebido aquela carta.
Ambas me olharam sem entender.
- Como é? – Kathy perguntou.
- Bem, eu pensei, se você não pode recusar um pedido de Dumbledore, quem seria eu para cogitar essa hipótese. – Eu então levantei o envelope com o símbolo de Hogwarts e o balancei.
- Você... – Kathy caminhou até mim, pegou o envelope e retirou a carta lá de dentro. - Eu não acredito. Como você consegue?
- Eu tenho o mesmo sobrenome que você, Kathy. – Falei com um tom extremamente irritante, para provocá-la. – Se você é uma boa professora, você deveria saber que eu sou uma ótima aluna.
Sorri cinicamente, e corri para fora da casa, em busca de Vítor para contar-lhe a novidade.
Eu era o tipo de pessoa que tinha a liberdade de abrir a porta da casa dos Krum e entrava nela dizendo “Querida, cheguei”. E foi isso que eu fiz.
- Querida, cheguei! – Gritei anunciando minha entrada.
- Estou no meu quarto. – Vítor gritou e eu fui para lá.
Subi as escadas correndo e, é claro que tropecei, caí e ralei meu cotovelo. Ao ouvir o barulho, Vítor correu até o corredor.
- Qual o seu problema? – Ele me perguntou. – Tão coordenada no Quadribol, tão descoordenada em todo o resto...
- Eu sei... – Falei com cara de dor. – Doeu. – Fiz beicinho e Vítor veio ao meu resgate.
- Você é muito bipolar. – Ele falou enquanto me pegava no colo. – Hora você é um garoto, hora você é essa garotinha delicada que precisa que eu a carregue.
- Eu não sou um garoto. – Falei. – Eu não tenho culpa que o uniforme de Durmstrang seja aquele saco horrível que me faz parecer uma tábua sem peitos.
Ele me levou para o quarto dele e me jogo na cama e sentou-se ao meu lado.
- Não fale dos seus peitos. – Vitor me disse.
- Você tem que aceitar o fato de que eu tenho peitos Vitor. – Falei. – Assim como eu aceitei o fato de que você tem genitália.
- Eu sempre tive. – Vitor disse. – E eu não quero discutir isso.
- Você tem mais agora. – Insisti no assunto apenas para ver Vitor desconcertado.
- Pare com isso. – Vitor disse. – Não quero falar sobre esse tipo de coisa.
- Sobre como os hormônios afetaram nosso corpo modificando... – Estava dizendo quando Vitor me interrompeu.
- Eu apenas não gosto de pensar que a gente é tão diferente assim, Chuck. – Ele me disse. – Você tem noção de quantas coisas a gente deixaria de fazer se nós parássemos para pensar que eu sou um homem e você está virando uma mulher?
- Virando? – Perguntei. – Eu já sou uma mulher.
- Não me importo. – Ele me falou. – E eu sei que você não veio aqui para falar disso.
- Verdade.– Falei sorrindo. - Eu tenho uma novidade.
- Diga.
- Uma novidade incrível. – Falei.
- Estou esperando.
- Está pronto? – Perguntei ajoelhada olhando nos olhos dele.
- E curioso! – Vítor disse nervoso. – Fale logo!
- Essa garota aqui está indo para Hogwarts! – Gritei.
- Como? – Vítor perguntou sem entender. – Como assim?
- Acho que tem algo a ver com Kathy ter sido convidada, mas Dumbledore me convidou também e nós vamos para Hogwarts este ano. – Falei e sorri.
- Hogwarts... – Vítor disse pensativo. – Ficará difícil de te visitar...
Ficamos em silêncio por alguns segundos.
- Você está feliz? – Ele me perguntou e eu balancei a cabeça de forma afirmativa. – Então eu estou feliz também.
Abracei Vítor e ficamos assim por alguns segundos.
- O que vou dizer agora não deverá ser usado contra mim. – Falei ainda abraçada à Vítor.
- Não posso garantir isso. – Ele me disse.
Soltei-me do abraço dele e sorri.
- Você é meu melhor amigo.
- Você é minha irmã.
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Nota autora:
Queridos leitores, por favor, existam, votem e comentem!
No mais, espero que vocês gostem da fic...
Comentários (2)
O Vitor esta realmente muito fofo só espero que a Charlotte não seja uma daquelas garotas que sabem tudo e tem todos os poderes.
2011-07-10Gostei... e setou suuuper curiosa... o Vitor parece tão fofo.. beijos =]
2011-07-10