Tente lembrar.



"Aula de poções, saco, saco, saco..."
Eu estava tentando prestar atenção ao máximo na aula do professor Snape, mas como sempre ele consegue deixar uma aula interessante no maior porre.
Uma coruja entra pela e joga uma carta na mesa do professor. Ele olha o animal sair da sala com um ar de desprezo e pega a carta com um certo nojo. Lê rapidamente e levanta o olhar. 
"algumas folhas disso, algumas gotas de sangue de dragão..."
_Granger. – chamou ele. Eu o olhei no mesmo instante, esquecendo o que estava fazendo.
PRESTA ATENÇÃO gritou minha consciência, mas foi em vão. O sangue de dragão caiu mais que o necessário no caldeirão e uma fumaça vermelha começou a sair e invadir a sala e então...
*BUM*
Explodiu.
_ Direção. AGORA – gritou snape com raiva vendo a bagunça na sala.
_ Mas, mas... – eu o olhei assustada – não é melhor eu limpar isso? – peguei um pano que tinha dentro da minha bolsa e comecei a passar no chão. O pano se desintegrou rapidamente.
_SAIA LOGO DAQUI! – gritou ele e eu não me demorei em pegar minhas coisas e correr dele. Ele realmente às vezes se parece com o demônio.
Andei lentamente pelos corredores vazios, horário de aula, todos estavam estudando ou gazeando aula num lugar menos visível. Parei em frente a sala da professora Mcgonagall e bati duas vezes.
_Entre, Hermione. – disse ela, eu entrei, fechando a porta atrás de mim.
_ O que houve Professora? Eu juro que a explosão na aula foi totalmente acidental e... – ela me interrompeu, odeio isso.
_ Não é isso que quero lhe falar, Hermione. – eu me sentei.
_ O que foi então? – eu realmente não sabia o que era e esperava por tudo que era sagrado que ela não me pedisse coisas absurdas como Dumbledore.
_ Sua mãe biológica... – Minerva respirou fundo, não sabia como dizer, então foi direto ao ponto. – ela morreu, Hermione.
Lágrimas instantaneamente vieram aos meus olhos. Minha mãe...morta. Mesmo que eu nunca a tenha conhecido, mesmo que eu nunca a tenha tocado, ela era parte de mim, ela foi quem me colocou nesse mundo, ela foi a primeira a me amar... e eu nem tive tempo de conhecê-la. 
Você não iria querer conhecê-la
"como não? Era minha mãe!" eu disse mentalmente, levando minhas mãos ao rosto e tentando limpar a cachoeira de lágrimas que não paravam de surgir, escorrer pelas minhas bochechas e então cair em meu uniforme.
_ Ela deixou algo para você. – a Professora interrompeu o choro e entregou por cima da mesa uma espelho de mão. Era redondo com relevos de flores em volta, feito de prata e um cabo comprido onde estava escrito "Hermione".
Provavelmente um espelho de presente, desde o seu nascimento e que nunca tinha sido entregue. Imaginei inúmeras cenas de uma mulher com o rosto desconhecido entregando uma criança com um espelho e o espelho sendo jogado fora, devolvido, quebrado, doado, vendido...
Eu agarrei firme aquele espelho contra meu coração. 
" A única lembrança que tenho de uma mãe desconhecida."
Fui pro meu quarto e me joguei na cama.
"Por que coisas ruins acontecem comigo?" 
Lágrimas escorriam sem parar pelo meu rosto como uma cachoeira por uma lembrança vaga de uma pessoa que era importante.
Chega Hermione. 
"será que nem em momentos como esse você me deixa em paz?"
Ela não merece...
"O que você quer dizer com isso consciência?"
Um dia irá entender...
Não prestei atenção, ela sempre consegue me deixar mais mal, fiquei procurando momentos com minha mãe biológica em minha mente e não consegui nada. Desisti e adormeci em meio as lágrimas.

**
Sai da sala de poções, casado por ter que limpar a sujeira da sangue-ruim nojenta. Suspirei. As coisas não estavam como eram antes de ter ido a cabana, não me lembrava de nada que acontecera naquele período, Mas sentia que faltava algo importante em minhas memórias e em meu coração que a cada momento parecia mais pesado de angustias e vazio de sentimentos bons.
" O que será que aconteceu na maldita cabana?" 
suspirou novamente entrando na sala comunal e cumprimentando os alunos que ali me esperavam para programar a próxima festa.
- essas são as opções, Monitor. – Um garoto de cabelos castanhos e olhos claros entregou um bolo de papeis que o abriu em leque para mostrar os títulos de festas. O menino evitou me olhar, não entendi o porque.
Tentei puxar o olhar dele para mim, para entender o que havia de errado, não deu certo. "Não vou perder meu tempo com isso" pensei. Peguei um dos papeis sem ver qual era seu título e o assinei colocando meu cargo de monitor chefe embaixo da assinatura.
Dei um ultima olhada para o menino e fui em direção as escadas, subi-as e abri a porta para o escritório. Andei até a janela e a abri, sentindo o vento bagunçar meu cabelo.
" O que me falta?"
Uma coruja enorme das torres pousou barulhenta na beirada da janela, atrapalhando meus pensamentos e me entregando um pergaminho enrolado. Encarei-a, ela tinha uma cara assustadora e seus olhos amarelos enormes pareciam me penetrar.
Ela não foi embora, então a carta precisava de uma resposta. Abri ela e comecei a ler;

" Draco Malfoy,
O senhor como monitor chefe da casa da sonserina deve aceitar o meu pedido e tomar conta de algo que aborrece vários alunos no jardim perto do salgueiro lutador. Quando ver, irá entender.
Mcgonagall" 


Achei estranho aquela carta. Tinha um cheiro de perfume adoçado, talvez cereja... A professora usava esse perfume? Não parecia ser a letra da professora também, mas como ela estava velha já, talvez a letra vá mudando dependendo de sua velhice. Então, acreditando nessa bobagem, peguei um pedaço de pergaminho na gaveta da escrivaninha e escrevi a resposta.

"Resolverei os problemas, professora."

Dobrei o pergaminho em algumas partes e enrolei na pata da coruja que ainda me encarava bravamente. Estremeci. Ela piscou os olhos com de âmbar e levantou vôo para fora do escritório.
"Ótimo, estragar minha noite para cuidar de alunos enxeridos. Provavelmente jogaram algo no salgueiro lutador".
Sentei em frente a escrivaninha, esperando dar o tempo do almoço para continuar as aulas.

*** 

Já era noite e bem tarde quando lembrei que tinha que resolvei aquele problema. Marquei a página do livro que estava lendo e levantei da cama. Vesti uma camisa e coloquei o tênis desleixadamente. Provavelmente ninguém me viria mesmo. Ou pelo menos não deveriam, o toque de recolher já tinha tocado a mais de meia hora.
Andei pelos corredores vazios com as mãos no bolso, segurando a varinha dentro do bolso esquerdo. Abri o grande portão com a chave extra que me deram para não perturbar os empregados e fechei-o atrás de mim quando sai.
A noite estava agradável, fria, porque fui tolo em esquecer o casaco, mas com uma lua cheia, enorme em cima da minha cabeça que iluminava todo e eu nem precisava usar a lanterna da varinha. Andei apressado pela grama e o cheiro de mato cortado chegou até o meu nariz. Eu nunca tive muito contato com a natureza, mas aquele cheiro queria me lembrar de algo que eu não conseguia imaginar o que era.
Minha cabeça começou a doer, mas continuei andando, várias imagens começaram a passar pela minha cabeça... Uma floresta "eu já fui em uma floresta?"
A dor aumentou e eu vi o que incomodava a professora
Um Javali enorme estava deitado perto do castelo, me olhando. Ele virou a cabeça de lado com um rosto inocente e fez um grunhido.
Mais imagens começaram a passar por minha mente.
Um javali, uma floresta, um lago, uma garota...
Tudo começou a se misturar e a rodear na minha cabeça, a dor agora era insuportável. Cai de joelhos em frente ao javali que começou a grunhir mais forte e desesperadamente.
- DRACOOOOOOOOOOOOOOO 
Uma voz feminina estava me chamando, eu queria ver quem era mas não conseguia separar cores, era tudo tão preto, tão escuro... 
De repente deixei de sentir a grama embaixo de mim, alguém estava me levitando, usei todas as minhas forças pra abrir um pouco os olhos e ver uma garota de cabelos castanhos e enrolados chorando, uma das lágrimas atingiu meu rosto e eu desmaiei;

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