"sinto falta de quem você era"

Andei enraivecida até o salão principal, amaldiçoando todos que via pela frente e lançando olhares mortais para aqueles que me zoavam até meu caminho. 
_ Não!Ain Merlin... SUAS VADIAS!! – Draco gritava enquanto tentava arrancar o cartaz da parede. As meninas do 3 ano riam baixinho, tentando esconder a risada com a mão. Até eu estava querendo rir,aquele cabelo seboso despenteado, quase branco, não combinava nem um pouco com o rosto vermelho e bravo dele.
Todos então perceberam minha presença no salão e ficaram quietos, esperando por uma declaração de amor. Draco arregalou os olhos com sua cara ainda vermelha de raiva e com o cartaz amassado nas mãos veio em minha direção.
_ Como ousa Granger? Ridicularizar-me dessa forma? Sua declaração de amor é uma ofensa à minha família!
_ Você acha mesmo Malfoy, que eu iria me apaixonar pelo cara mais asqueroso da escola? 
Você o ama Hermione. "quieta consciência D:" 
_eu ri descontroladamente e o olhei com desdém – essa letra não é minha, e por Deus, acha que eu escolheria algo rosa?
_Para prevenir, eu quero você longe de mim, sangue ruim – ele então jogou o cartaz no chão e começou a andar para fora do salão. Todos ali esperavam algo escandaloso, então eu usei minha péssima performance de atriz:
_ Oh Draco, porque não aceita meu amor? – ele parou. – Eu estou grávida! Pense em como seriam lindos nossos filhos, cabelos castanhos e olhos cinza... – ele se virou pra mim, os olhos pegando fogo. Eu tentei não rir para não estragar.
_ Amor? Filhos? Você foi possuída Granger? – ele pareceu espantado e parecia acreditar no meu teatro. – Eu te odeio! Nunca haverá nada entre um sangue puro e uma menina boba e suja como você – ele disse com tanto ódio, que por mais que eu tenha provocado isso, realmente doeu.
_Mas, mas... – eu abaixei a cabeça, mas antes deixei que vissem minhas lágrimas escorrerem, e então sai correndo. Me escondi atrás da enorme porta e observei o que ia acontecer.
Todos ali estavam chocados com a falta de sentimentos de Draco. Começaram a rodear ele e a xingá-lo de tantas coisas que a maioria eu nunca tinha ouvido na vida. 
Pela fresta do grande portão eu pude ver uma das meninas gritando "SEU MONSTRO" e então bater nele com a luva de couro que segurava. Eu comecei a rir tanto que logo morreria com ataques de riso, todos achando que ele fosse um monstro e isso era tão divertido! Ver ele bravo e em apuros era minha diversão preferida.
Eu comecei a andar pelo castelo, subindo todas as escadarias até chegar à torre mais alta, a de astronomia, onde deveria encontrar uma pessoa escrota e estúpida.
Não fale tão mal Hermione, você já o amou. 
"Não me lembro de ter pedido conselhos" pensei em resposta para minha consciência.
No fim da escadaria havia uma porta, que eu abri sem demora para poder ir embora logo e ter belos sonhos com um loiro falando grego em meu ouvido. Porém, assim que passei pela porta, braços me agarravam, me apertando firme contra seu corpo e me impedindo de me mover. Tentei gritar, mas uma das mãos soltou a minha cintura e me tampou a boca.
_ Como se sente agora? Indefesa? – a voz de dele falou em meu ouvido. Eu juntei toda a minha força e me joguei para trás junto dele, caindo no chão e usando o corpo dele como amortecedor.
Levantei rapidamente e tirei a varinha da meia.
_Me sinto suja, por você ter tocado em mim, Potter. – falei com nojo, apontando a varinha para seu rosto. Ele ergueu as mãos ao lado da cabeça.
_ Ficar com as cobras já te fez me tratar diferente? – disse ele, aquele riso sínico nos lábios. Não agüentei.
_Confringo! – gritei e ele desviou. O feitiço acertou o pé de uma mesa que pegou fogo instantaneamente. Harry percebeu que eu não estava brincando.
_ Eles podem ser cobras asquerosas, mas não são nojentas como você, Potter, saiba disso.
_Calma Mione, só estava brincando... – disse ele sereno e debochante. 
_ Não me chame assim, não te dou moral para tanto. – eu continuei a fita-lo cada vez com mais raiva.
_ Sei que não irá fazer nada, senão já o teria feito. –disse com um sorriso maníaco enquanto se levantava ainda de mãos para cima.
_ O que quer de mim Potter? – perguntei, me afastando quando ele deu um passo à frente.
_ Conversar sobre o seu amor pelo Malfoy – disse.
_Eu não o amo, é apenas um engano seu. – minha voz saiu tremida. Falar sobre Draco realmente me afetava.
_Você teria vindo aqui se eu não dissesse que tenho como te ajudar com ele? – fiquei em silencio, pois quem cala consente. Ele riu. – Poderíamos voltar a ficar juntos.
_ Você ficou louco? Como isso me ajudaria? Se eu gostasse dele, é claro... – tentei recuperar meu orgulho mas foi em vão. Abaixei a varinha. Ele não parecia mais perigoso.
_Talvez ele se lembre do que sentiram na cabana quando te ver comigo. Talvez a raiva que ele sinta...
_...Possa fazer ele se lembrar que me ama. – eu continuei, pensando nessa possibilidade. Harry se aproximou seus olhos pervertidos brilharam sobre a luz da lua.
_E não seria um grande sacrifício para você, já que ainda gosta de mim. – ele se aproximou o bastante para nossos rostos ficassem quase colados e impediu minha passagem colocando os braços na parede. Eu abaixei o olhar, sentindo lágrimas querendo sair dos meus olhos.
_ Eu não gosto de você – disse, ainda sem o encarar. Minha covardia o fez ter impulso de beijar meu pescoço, como se isso fosse me fazer mudar de idéia e me confundir.
Eu levantei minha mão e lhe dei um tapa no rosto.
_ Eu gostava de quem eu achei que você fosse. – o encarei nos olhos. Eu sentia raiva dele e ele podia sentir isso. Tirou a mão da parede me dando passagem e continuou me olhando sem expressão. – Onde foi parar o Harry bonzinho? O herói da história? O cara que me fez apaixonar por palavras bonitas e vindas do coração?
_ Ele se foi há muito tempo. – sussurrou ele.
_ É dele que sinto falta, e não do que você se transformou. Uma pessoa horrível e possessiva. – falei grossa, olhei-o com despreza por mais uma vez e então sai da sala sem antes escutar a ultima frase dele:
_Isso não termina aqui, Hermione.
***
_ Ainda acordada, Granger? – falou Draco, entrando no escritório. Eu estava olhando o jardim pela janela, pensando onde o pluffy estaria.
_É... Fico preocupada com o pluffy lá fora. – falei e então me lembrei que ele nem ia prestar atenção ou nem se lembraria do javali.
_ Já escutei esse nome em algum lugar. – disse ele meio espantado e então voltou ao normal. – vá logo dormir Granger. Crianças sujas devem dormir cedo. 
Então entrou no quarto e bateu a porta.
Eu continuei ali, olhando o jardim e pensando.
Esta óbvio, Hermione
"sim, está óbvio. Eu preciso fazer com que Draco se lembre de tudo, antes que eu o perca de vez"
Como fará isso? 
"Repetindo tudo o que fizemos."

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