Despedida



Albus acordou com a cabeça latejando. A última coisa que se lebrava da noite anterior era de ter sido expulso da casa dos gritos por sua própria prima. Seria a noite em que ela descobriria tudo, sozinha. Desceu de pijama para a sala comunal e ficou esperando ali mesmo. 

Alguns minutos se passaram e Ben apareceu descendo as escadas. Ele colocava a gravata vermelha e dourada em volta do pescoço. Ao olhar para Albus, ele parou em um movimento brusco.

-O que está fazendo? Temos aula.

-Ben. -Ele riu. -As aulas já acabaram, esqueceu? Ontem tivemos as provas finais.

Ben revirou os olhos e subiu as escadas novamente. Albus olhou pela janela, era um dia chuvoso, as gotas de água escorriam sobre a janela. Ouviu o rangido da porta sendo aberta. Uma menina ruiva o encarava com um sorriso no rosto. 

-Olá Albus. -Ela se sentou em frente a lareira, colocando as mãos para aquecê-la.

Ele ficou em silêncio observando sua prima agir naturalmente. Esperava uma reação mais exagerada.

-Então, como foi? -Albus tentou puxar assunto.

-O quê? -Ela o olhou, inclinando a cabeça para o lado.

-Rose, por acaso usaram o feitiço Obliviate em você?

-Não. -Ela riu. -Apenas estou feliz hoje.

-E sobre ontem? Falou que me contaria. -Ele tentou não parecer muito rude.

-Claro. -Ela murmurou. -Ontem. Por onde posso começar?

-Bem...

-Rose! -Ben gritou do alto da escada.

Ele desceu as escadas correndo e sentou-se ao lado dela. Vestia roupas de trouxa. Uma calça jeans e um casaco vermelho. 

-Continuando. -Rose ignorou o escândalo do amigo. -O que querem saber?

-Sobre ontem a noite. -Albus explicou a Ben. -Quem apareceu lá?

-Um menino. -Ela começou.

-Que menino? -Ben soltou um olhar de desaprovação.

-Fazemos o seguinte. -Ela cruzou as pernas e respirou profundamente. -Hoje Minerva irá fazer a contagem dos pontos das casas. O primeiro garoto que virá falar comigo será o que vocês tanto querem saber.

-E de casa ele é? -Albus fitava as chamas da lareira estourarem.

-Vocês irão descobrir. Vamos? Acredito que daqui a alguns minutos irá começar a contagem.

Os garotos subiram para se trocarem. Ben reclamava com Albus, que o fizera trocar de roupa. Alguns minutos mais tarde os dois desceram uniformizados.

O salão principal estava lotado de pessoas com uniformes pretos. Algumas delas com cachecóis, desde a cor vermelha até a verde. Os três se sentaram na mesa da grifinória. Quando o salão já havia se silenciado, Rose sentiu alguém cutucar suas costas. Ela se virou. Um garoto de gravata verde e olhos cinzentos a encarava.

-Quero falar com você. -Ele falou quase em um sussurro.

Ela o encarou por alguns minutos e se levantou, seguindo seus passos rápidos. Albus e Ben se olharam.

-Não acredito. -Ben falou espantado.

-Como foi ele? Então ela já sabia? Mas como? -Albus fitou o chão.

-Por que Scorpius faria isso? Como a transformou?

-Eu não sei.

Eles ficaram em silêncio até Rose chegar.

-O que foi? -Ela percebeu o olhar dos dois.

-Como Scorpius fez isso? -Albus perguntou sem olhar em seus olhos.

-Scorpius? -Ela riu. -Vocês acham que foi ele? Claro que não.

Os dois levantaram a cabeça e a olharam aliviados. Ben nem tanto.

-O que ele queria falar com você?

-Apenas queria fazer as pazes. Se desculpou, parece que houve uma mudança nele. Está diferente.

-E o que mais? -Ben a fitava.

-Eu falei que se ele continuasse a menosprezar meus amigos, então seria um adeus.

-E o que ele falou? -Albus deixou um sorriso tomar seu rosto.

-Que tentaria não te matar, Al. -Ela riu. Logo sua expressão mudou. Albus seguiu seu olhar. Vindo com passos rápidos e de cabeça baixa, um garoto parou bruscamente ao lado de Rose.

-Oi. -Ele suspirou.

-Charlie. -Ela apontou para Albus e Ben. -Estes são meu amigos. Ben e Albus, meu primo. 

O garoto de olhos esverdeados estendeu a mão. Os dois o comprimentaram.

-Charlie, acredito que eles querem saber a verdade. Prometi contá-los. -Ela olhou para os garotos que agora a olhavam espantados. -Já sabem não é mesmo?

Eles concordaram com a cabeça.

-Mas não se assustem comigo. -Charlie falou. -Eu não sou tão perigoso quanto pareço.

-Atenção alunos. -Minerva os interrompeu batendo sua colher na taça que segurava em mãos. Charlie correu para a mesa da sonserina. -Aqui estamos encerrando mais um ano em Hogwarts. Fico muito feliz em lhes informar que a maioria foi muito bem nas provas finais. Agora vamos a contagem dos pontos. Em quarto lugar, com 243 pontos, Sonserina.

A mesa da sonserina tirou o chapéu. Os mais velhos resmungavam, se sentiam envergonhados. Já os alunos do primeiro ano deram de ombros, era apenas o primeiro ano, mas mesmo assim não conseguiam esconder a tristeza no olhar. 

-Muito bem, parabéns sonserina. Em terceiro lugar, Corvinal, com 345 pontos. -Os alunos da corvinal bateram palmas pelo empenho. -Em segundo lugar, Lufa-Lufa, com 346 pontos.

Os alunos da Lufa-Lufa vibraram enquanto o salão inteiro os aplaudiam. 

-E em primeiro lugar, com 402 pontos, Grifinória! -Os alunos jogaram seus chapéus para cima, não só os grifinórios, mas todo o salão. Albus e seus amigos gritavam de alegria, era apenas o primeiro ano e já estavam ganhando a taça. -E o banquete está servido.

Minerva estalou os dedos e inúmeros pratos de comida foram enchendo as mesas. Os alunos comeram por longos minutos. Antes de sair do salão para ir para o trem, Albus deu uma última olhada para Hogwarts com um sorriso no rosto. 

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