A Casa dos Gritos



Hogwarts era incrível. Era noite quando entraram em um pequeno barco, que aos poucos, ia se aproximando do castelo. O castelo era enorme, com inúmeras torres, e suas luzes estavam todas acesas. Cabiam aproximadamente quatro pessoas em cada barco. Em um deles estava Albus, com Rose, Ben e um estranho menino, de cabelos extremamente loiros penteados para trás.

-A lua está tão bonita hoje. -Comentou Ben. -Adoro quando ela está cheia.

A lua estava cheia e brilhava, parecia enorme, realmente estava bonita. 

-Albus. -Rose o chamou, com uma expressão de desespero, tampando seus olhos. -A lua está cheia.

Albus estava distraído, não entendia o que Rose estava tentando lhe dizer. Olhava para o castelo, com os olhos brilhando de alegria.

-Sim Rose, a lua está cheia. -Falou Albus. Então por uma questão de segundos, ele se lembrou de tudo, voltou à realidade, ao que realmente importava. -Rose, a lua está cheia!

Ben os olhava, confuso. É claro que o garoto não estava entendendo nada, ele não sabia de nada. Os barcos pararam, enconstando nas margens do rio, onde subiriam para o castelo. 

-Albus, eu não posso continuar, tenho que ir para a casa dos gritos. -Cochichou Rose.

-Não se preocupe, vou junto com você.

-Não, você não pode, eu preciso ir sozinha. E tenho medo.

-Medo? Medo de mim?

-Não, seu idiota. Eu tenho medo de te machucar.

-Não me importo, eu vou. Quero te ajudar.

-Você não pode, acredite em mim. Eu vou ficar bem.

-Posso sim, confia em mim, vai ser melhor. Se você não deixar, eu vou te seguir. -Falou Albus. -Ben, nós vamos ter que sair por alguns minutos. Avise a diretora, que ela irá entender o motivo.

-Posso saber onde vocês vão? -Ele perguntou, intrigado. 

-Desculpe Ben. -Falou Rose. -Agora não. Só faça o que Albus pediu.

Todos os alunos começaram a subir uma escadaria, seguindo o monitor. Albus e Rose foram indo, junto com todos, e aos poucos, foram se deixando para trás. Saíram correndo, até chagarem aos terrenos de Hogwarts, onde de longe, avistaram o salgueiro lutador. 

-Tudo bem. Agora como entramos lá dentro? -Perguntou Albus, mas ela não o respondeu nada. -Rose?

Ele a olhou, e seu coração acelerou. Rose havia destampado seus olhos, e estava olhando para a lua. 

-Rose! -Ele gritou.

-Albus, corra. -Ela falou, no meio de grunhidos. -Por favor, corra.

Então ele começou a correr, seguindo as ordens de sua prima. Olhou para trás, e percebeu a tranformação que estava acontecendo. Suas orelhas creciam, e pelos começavam a crescer sobre seu corpo, tudo isso em um tempo inacreditável. Ele seguiu, correndo, em direção ao salgueiro lutador. Mas sua agilidade não era tão grande quanto a de Rose. Ela apareceu, desta vez em forma de lobisomem, e tentou atacá-lo, atingindo seu rosto. Albus retirou sua varinha do bolso e tentou se lembrar de alguns feitiços, que seu irmão havia lhe ensinado.

-PETRIFICUS TOTALUS! -Gritou Albus, apontando a varinha para a enorme criatura que estava em sua frente. Mas nada aconteceu. -PETRIFICUS TOTALUS!

Rose estava extremamente fora de si. Pelo que Albus tinha ouvido, quando uma pessoa se transforma em um lobisomem, ela perde a noção, e é capaz de atacar tudo e todos. Mas seus feitiços não estavam funcionando, não sabia mais oque fazer.

Então, em uma questão de segundos, ele viu algo, ou melhor, ele viu alguém. Era uma pessoa. A medida que ia se aproximando, Albus percebia que não era um adulto. Vestia os trajes de Hogwarts, e tinha uma estatura não muito grande. Ela foi mudando de direção, e correu até o salgueiro lutador. Lançou alguns feitiços e desapareceu diante dos troncos da árvore, que se movia em várias direções. Albus percebeu que Rose não estava mais ali. Ela estava correndo, provavelmente, para aniquilar aquele indivíduo. De repente, a árvore parou de se mover, e a pessoa pulou dentro de um buraco, logo seguida do lobisomem. 

Lentamente, Albus foi se aproximando do local. Olhou para dentro do buraco, era escuro e vazio, e sem pensar, pulou dentro dele. Deslizou por ulguns segundos e caiu em um piso de madeira. Olhou para os lados. Era um local com estilo rústico, velho. Tudo era feito de madeira, e no centro, havia um piano. Estava na casa dos gritos. Começou a andar, mas seus passos faziam barulho. Um mão o puxou, para um local não muito visível. Ele olhou para a pessoa, que com certeza era a que pulara no buraco a um tempo atrás.

-James? -Cochichou Albus, surpreso. -Pelas calças de Merlim! O que você faz aqui?

-Eu é que te pergunto!

-Eu vim com Rose, é noite de lua cheia se você não percebeu!

-Mas é claro que eu percebi! Quando os estudantes do primeiro ano começaram a chegar, e percebi que vocês não estavam lá, vim correndo. E sorte sua que eu apareci a tempo, você podia ter morrido!

-Eu sei me cuidar!

-É, percebi. Aliás, belo corte no seu rosto. Agora vamos dar o fora daqui, eu a prendi no quarto, mas não temos muito tempo até que ela saia de lá.

Os dois começaram a andar em direção à saída, e estavam prestes a subir a escada quando um estrondo os chamou a atenção. Rapidamente, os dois olham para o lado, e de pé, uma pessoa, que provavelmente haveria caído pelo túnel.

-Posso saber o que está acontecendo aqui? 

  A sala ficou em silêncio.


 -Posso saber o que está acontecendo aqui? -repetiu a voz.

 Albus sabia. Sabia quem estava parado ali, reconhecera sua voz, é claro. Olhou lentamente, para ter certeza. E lá estava ele, parado no meio da casa dos gritos, com uma expressão amendrontada no rosto. Era Ben.
 
 -Quem é você? -Perguntou James.

 Nenhuma palavra saia pela sua boca, definitivamente, ele estava assustado com tudo aquilo acontecendo. Gritos vinham do quarto ao lado, gritos assustadores, de um lobisomem em transformação.

 -Esse menino se chama Ben. -Albus explicou para seu irmão. -Conheci ele na estação, viemos até Hogwarts juntos. Quando eu e Rose viemos para cá, o pedi para avisar Minerva que não poderiamos comparecer. Mas pelo jeito ele não fez oque pedimos. Pior, acho que ele nos seguiu.

 -É isso mesmo que aconteceu, Ben? -Perguntou James ao garoto.

 -Eu... Eu... -Gaguejava Ben. -Rose, onde está Rose?
 
 Os dois garotos se olharam. Como poderiam contá-lo que ela era um lobisomem? Não seria fácil, mas também não poderiam esconder a verdade para sempre.

 -Ben, você viu alguma coisa? -Perguntou Albus. -Quando estavamos lá fora.

 -Eu só vi você, e um lobisomem, isso com certeza me assustou. -Falou ele, com os olhos ainda fitados na porta que se balançava. -Ele está lá, dentro daquele porta?

 -Sim, e é melhor se afastar dela. -Comentou James. -Rápido, temos que sair daqui.
  
 Eles subiram as escadas correndo, mas era tarde demais. Ouviram um estrondo, e logo depois, Rose, que destruira a porta, raivosa. Ela logo percebeu a presença dos garotos, e num movimento inacreditável, agarrou a perna de Ben, que era o último que subia a escada. O garoto começou a gritar e a se balançar de um lado para o outro, tentando se soltar dos braços do lobisomem. Rose movia suas patas, de modo que o braço de Ben fosse todo arranhado. Não eram arranhões comuns, que quase não deixavam marcas. Eram arranhões de lobisomem, que deixavam uma cicatriz a cada lugar que passavam. 

 -Socorro, socorro! -Gritava ele, desesperado -Eu vou morrer! Eu vou morrer!

 -O que fazemos? -Perguntava Albus, nervoso, para seu irmão. -Rose, pare com isso, é seu amigo, Ben!

 Então ele percebeu que nunca deveria ter falado isso na sua vida. Rose o olhou, com uma cara medonha. Ele tinha chamado sua atenção. 

 -Rose? -Gritou Ben, quase inconciente. -Rose não está aqui!

 -Você nem imagina. -Cochichou James, para si mesmo. 

 A atenção do lobisomem voltou-se para Ben, que agora estava desmaiado. Ela começou a cheirá-lo.
 
 -Por favor James, temos que fazer alguma coisa! -Implorava Albus.

 -Acalme-se! Olhe aquilo.

 -Olhar o que? A morte lenta do meu amigo?

 Então Albus olhou. Olhou uma cena que jamais pensava que iria acontecer. Rose, ainda em forma de lobisomem, o cheirava. Mas não de um jeito violento, de um jeito apenas diferente, como se não o quisesse o machucar. E por um minuto, ela o olhou nos seus olhos, apesar de estarem fechados. Por um impulso, quase o atacou denovo, mas como se algo estivesse a prendendo, ela correu para um quarto e se trancou. 
 
 James parecia pasmo, assim como Albus. Nenhum dos dois queriam acreditar no que tinham acabado de presenciar. Minutos mais tarde, já se ouviam urros vindos do quarto em que Rose havia se trancado. Rapidamente, se deslocaram para fora do local, levando o corpo ainda inconciente de Ben.

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