Aulas trouxas



Capítulo 1: Aulas trouxas



 


Estacionou o carro, saiu do veículo e se dirigiu para o prédio. Havia muitos outros carros e pessoas ali, em maioria mulheres. Entrou e se dirigiu para o corredor à direita. Passou por diversos pais com seus filhos. Colado nas paredes do corredor, estavam diversos cartazes e desenhos coloridos.


 


Chegou à sala e ficou na porta, observando.


 


Diversas cadeiras e mesas coloridas, em tamanho reduzido, estavam espalhadas pela sala. As crianças estavam sentadas nas cadeiras, brincavam com massinha de modelar, criando diversas figuras e personagens.


 


Avistou quem procurava, no meio de outras tantas crianças. Ele brincava alheio a tudo, estava totalmente concentrado no que estava fazendo.


 


- Hugo, sua mãe chegou. - Anunciou a professora da sala, que estava junto às crianças, assim que viu ela à porta.


 


O menino desviou o olhar da sua massinha de modelar verde e virou-se para olhá-la. Ele sorriu e saiu correndo até ela.


 


- Tudo bem meu amor? - Perguntou Hermione se abaixando para abraçar o filho.


 


- Sim. - Ele disse após o abraço.


 


Ele saiu correndo de volta a mesa que ocupava, pegou seu trabalho em massinha de modelar e voltou até ela.


 


- Mamãe, olha o que eu fiz! - Disse ele orgulhoso, estendendo um amontoado de massinha verde para ela.


 


- Que lindo amor! - Ela disse pegando o trabalho do filho.


 


- É um dragão! - Disse ele sorrindo feliz.


 


- Mas está lindo mesmo Hugo, parabéns! - Disse a professora, chegando perto deles.


 


- Como vai senhorita Wayne? - Perguntou Hermione a professora.


 


- Tudo bem senhora Weasley. - A professora disse. Ela era uma jovem de pouco mais de vinte anos, com cabelos e olhos castanhos.


 


- Que bom. - Disse Hermione sorrindo. - Hugo, amor, vá buscar suas coisas, precisamos passar na sala da Rose ainda.


 


O menino foi até a mesa que ocupava e começou a juntar suas coisas.


 


- Senhora Weasley, posso falar com a senhora um instante? - Falou a professora.


 


- Sim, claro. - Disse Hermione ficando um pouco preocupada. - É algo sobre o comportamento de Hugo?


 


- Não, de forma alguma... - A jovem professora disse. - Ele se comporta muito bem, é obediente.


 


Hermione ficou aliviada. Em casa ele não era tão obediente, mas na escola, nunca dava problema.


 


- Do que se trata então?


 


- Bom... é algo sem importância, mas Hugo sempre fala de feitiços e vassouras voadoras...


 


Hermione teve que parecer natural diante do que a professora falava. Matricular Rose e Hugo numa escola trouxa poderia trazer riscos. Ron, apesar de tudo, concordou que era bom para eles estarem com outras crianças, aprender coisas diferentes. Ela havia conversado muito com os filhos antes de colocá-los naquela escola, dizendo o que podiam e o que não podiam contar. Afinal, eram bruxos em um colégio trouxa, cheio de trouxas.


 


- Fala também de animais estranhos... eu fiquei um pouco preocupada. - Continuou a professora Wayne. - Conversei com ele e Hugo parece acreditar mesmo nessas coisas... insiste nisso com as outras crianças também, e algumas agora acreditam nele.


 


- É que o pai dele inventa muitas histórias. - Mentiu Hermione.  Ela não gostava de mentir, mas não poderia dizer a verdade. Era um caso especial onde a verdade tinha que ficar camuflada. - Meu marido tem uma mente muito fértil, sempre conta histórias fantásticas aos nossos filhos. E eles, é claro, adoram.


 


- Bom... se é só isso. - Disse a professora parecendo compreender.


 


- Não se preocupe senhorita Wayne... vou conversar com meu marido e pedir que explique para Hugo que essas histórias, são só para diversão e não são reais.


 


Hugo voltou com sua mochila sobre os ombros e uma lancheira em uma das mãos. Hermione entregou ao filho o "dragão" de massinha de modelar, que ele havia feito.


 


- Tudo bem então senhora Weasley. - Disse a professora Wayne. Ela se abaixou e abraçou Hugo. - Até semana que vem, querido.


 


- Até semana que vem então. - Disse Hermione saindo da sala com Hugo ao seu lado.


 


Outros pais estavam por ali, esperando para pegarem seus filhos.


 


Ela e Hugo se dirigiram até outra sala, onde havia crianças mais velhas.


 


- Rosie! - Chamou Hugo, ao ver a irmã.


 


A menina, que estava em meio a outras crianças, numa brincadeira, se virou para ver quem a chamava.


 


- Vamos logo filha. - Falou ela para a menina.


 


- Posso ficar mais um pouco mamãe? - Perguntou Rose fazendo biquinho.


 


- Não florzinha, temos que ir. - Disse Hermione a filha.


 


A menina pareceu triste, mas foi pegar sua mochila. Hermione sabia como a filha gostava da escola e sempre que chegava em casa, contava sobre os amigos e as coisas que aprendera.


 


A professora de Rose, senhora Cohen, foi até ela. Hermione se perguntou se ela também viria conversar com ela, sobre algo estranho que Rose dissera.


 


- Boa tarde senhora Weasley. - Disse a professora com um sorriso.


 


- Boa tarde senhora Cohen.


 


- Gostaria de conversar com a senhora.


 


- Já peguei tudo mamãe. - Falou Rose, que acabara de parar ao seu lado, depois de se despedir dos colegas.


 


- Se despeça de sua professora e espere com Hugo ali fora, sim? - Disse Hermione a filha. A menina abraçou a professora e depois saiu com Hugo para o corredor. - Pode falar senhora Cohen.


 


- Por favor, pode me chamar de Anne. - Disse a mulher com um sorrisinho.


 


- Tudo bem então, Anne... o que gostaria de falar comigo? - Ela perguntou, já se preparando para ouvir que Rose estava inventando muitas histórias fantásticas para os colegas.


 


- É sobre Rose.


 


- Algum problema?


 


- Não, de forma alguma! Pelo contrário! - Disse a professora de Rose. - Só queria conversar com a senhora, falar de como Rose é inteligente.


 


Hermione a fitou.


 


- Ela é tão esperta! Está mais adiantada do que as outras crianças. Já sabe ler e escrever. Sabe usar muito bem o computador. Tem boa oralidade, é criativa, sabe se expressar bem.


 


- É realmente bom ouvir isso. - Disse Hermione num misto de alivio e orgulho. Rose sabia mexer no computador, pois sempre que ficava na casa dos pais dela, o avô a ensinava e deixava ela brincar com o aparelho.


 


- Estou comentando isso com a senhora... para que não estranhe se a professora de Rose, no próximo ano, fale em pular Rose de ano.


 


- Como assim?


 


- Rose pode continuar demonstrar mais facilidade no próximo ano... e talvez a nova escola, sugira que ela seja adiantada em um ano escolar.


 


Hermione sorriu. Rose estava indo muito bem na escola. No ano seguinte a menina mudaria de colégio, indo para o primeiro ano. A filha era inteligente, ela sabia, mas não achava que poderia ser tanto assim, para a professora cogitar que ela pulasse algum ano escolar.


 


- Agradeço muito seu conselho professora Cohen. - Disse Hermione orgulhosa e feliz.


 


- Não há de quê! - Falou a professora. - Rose é muito querida, gosto muito dela.


 


Hermione se despediu da professora e saiu. Encontrou Rose e Hugo mais a frente, conversando no corredor.


 


- É um Rabo-Córneo! - Disse o menino parecendo irritado.


 


- Parece mais um Verde-Galês! - Falou Rose olhando o dragão de massinha de modelar de Hugo, mais de perto.


 


- Mamãe, diz pra ela que é um Rabo-Córneo? - Pediu Hugo fazendo cara de choro, assim que a viu.


 


- Rose, se Hugo diz que é um Rabo-Córneo, então é. - Falou caminhando com os filhos até a porta, para irem embora.


 


- Só disse que eu achava que era um Verde-Galês, mamãe. - Disse Rose com um sorrisinho.


 


Os dois adoravam conversar sobre os animais do mundo bruxo. Hermione já tinha pedido para tomarem cuidado com o que falassem, dependendo do lugar onde estivessem. Uma vez, numa festa na casa dos avós maternos, Rose e Hugo conversavam com um casal, amigos dos avós, e contaram que tinham vassouras voadoras. A mãe de Hermione teve que intervir e dizer ao casal que os netos estavam falando de um jogo de computador que os dois gostavam.  Os dois, que nada entendiam de jogos de computador, acreditaram afirmando somente que sabiam da existência desses jogos.


 


- Porque o papai não veio? – Rose perguntou.


 


Ela e Hugo adoravam quando o pai ia buscá-los na escola. Hermione preferia que ela mesmo fosse, pois o marido poderia falar algo, sem querer, sobre o mundo bruxo ou não saber responder as perguntas das professoras e dos outros pais. Às vezes a mãe de Hermione era quem buscava as crianças, quando ela estava ocupada demais no Ministério.


 


Eles passaram por maus bocados no dia em que Rose chegou em casa dizendo que na semana seguinte teria o dia da profissão dos pais, e que as crianças teriam que ir com seus pais na escola. Ron achou melhor que só Hermione fosse, pois ele poderia se atrapalhar todo e não saber responder as perguntas das crianças ou dos outros pais. Rose ficou muito triste e insistiu que ele fosse também. Acabou que ele e Hermione foram. Na hora da apresentação deles diante da classe, se apresentaram como Advogada e Investigador da polícia. Hermione não ficou nervosa, pois conhecia muito bem o mundo trouxa e saberia responder as perguntas das crianças. Ron ficou muito nervoso, mas conseguiu “adaptar” as resposta sobre a sua profissão, como ele e Hermione já haviam “treinado” em casa, no dia anterior.


 


Rose ficou muito feliz em poder apresentar os pais aos seus coleguinhas, principalmente a Kelly, sua melhor amiga.


 


Eles entraram no carro. Hugo e Rose sentaram-se no banco de trás, enquanto Hermione se sentava ao volante.


 


- Vocês se lembram do que conversamos antes das aulas começarem? - Perguntou Hermione, quando já estavam na estrada.


 


- Que não podemos falar do nosso mundo. - Disse Rose, rapidamente.


 


- Isso mesmo. - Afirmou Hermione. - Nada sobre vassouras, varinhas, feitiços ou qualquer outra coisa.


 


Ela olhou para Hugo, através do retrovisor. O menino parecia pensativo.


 


- Não podemos contar pra ninguém quem somos. Vocês se lembram?


 


- Sim. - Disseram os dois em coro.


 


Hermione achou melhor não dizer ao filho que soube do que ele andou falando na escola. Daria uma segunda chance para ele, afinal ele tinha somente três anos, falava mais do que pensava nas consequências. Faltava apenas uma semana para o fim do ano letivo, então não deveria haver muitos "estragos" até as férias. Durante aquele ano, essa foi a única vez que a professora dele falou sobre aquilo, então o episódio era recente na escola. 


Apesar de tudo estava orgulhosa dos filhos, que estavam adaptados completamente ao mundo trouxa. Os dois se dando muito bem na escola, aprendendo e fazendo amigos, além de se divertir. Isso era o que importava.



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N/A: Primeiro capítulo da sexta fic da série!

Leia e comente!

Bjus! 

P.S: Os que comentaram nas fics anteriores, fiz um agradecimento especial individualmente!
 

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Comentários (4)

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