Agridoce



Nota número um: Estranho... Eu nunca tive coragem de postar esse fic. Por 'n' razões que agora não me vem...


Isso nunca foi betado.




Disclaimer: Não. Eu não tenho um título que preste. Ou uma sinopse adequada. Ou, eventualmente, diálogos que façam sentido. Eu também não possuo nenhum personagem citado aqui.


Sinopse: Hermione estava cansada demais para pensar quando apareceu no apartamento de seu amigo. Seu casamento seria no dia seguinte e ela só estava atrás de um escape. Uma ou duas taças de vinho tinto não fariam mal...




Em Pequenas Doses (Agridoces)


Universo alternativo (por desconsiderar o epílogo)




Ela descalçou os sapatos de salto-alto e tirou, devagar, os prendedores de seu cabelo, este despencou por seus ombros como cascatas. Harry lhe ofereceu uma taça de vinho e, tomando um gole generoso, suspirou aliviada enquanto recostava a cabeça no encosto do sofá e fechava os olhos.


-É normal – ele disse suavemente. – O nervosismo antes do casamento.


Hermione sorriu, abrindo um dos olhos para encará-lo. – E em que experiência está se baseando? Não em sua própria, creio – retrucou zombeteira. – Visto que, você ainda não casou.


Harry a fitou por um momento, antes de rir. – Verdade. Mas Gui me contou que tremeu tanto no dia de seu casamento com Fleur que se questionou seriamente sobre o porquê do Chapéu Seletor tê-lo colocado na Grifinória.


Ela fez uma careta. Será que todos os assuntos a levavam aos Weasley? - Hm, Gui... – repetiu apenas, antes de sorver mais um pouco da sua bebida.


-Parece que desta vez Fleur está esperando uma menina.


"Boa sorte pra ela", pensou de maneira sarcástica, lançando um olhar desinteressado a Harry enquanto permitia-se se afogar na taça a sua frente.


Ela vagou seu olhar por vários segundos pelo cômodo. Uma sala espaçosa, adornada de forma simples, de uma maneira que não poluía a visão com uma quantidade imensa de móveis desnecessários, pintada em tons sóbrios, organizada de maneira quase displicente, era o típico lar de um homem solteiro. Como se não bastasse, todas as coisas ali pareciam lhe fazer ver Harry. Só então voltou-se ao amigo. - Não vai pergunta o porquê de eu vir aqui?


Harry meneou a cabeça negativamente. – Eu não preciso – contrapôs, antes de beber de seu próprio cálice.


Hermione o fitou e logo baixou a vista para a taça entre suas mãos. – Não sei se realmente quero, Harry – ela falou devagar. – Às vezes – a mulher riu amargamente. – Às vezes me pergunto o que, em nome de Merlin, me fez aceitar o pedido dele.


Harry, que a observava tratando de decodificar o intricado conjunto de emoções na feição da morena, ergueu a sobrancelha. - Essa é fácil – tratou de descontrair o ambiente. – O amor.


Hermione o encarou de imediato. Abriu a boca uma ou duas vezes, desistindo no instante seguinte. Franziu o cenho e, fechando os olhos um momento, sorriu. – Ah sim, o amor - ela sorveu o restante do conteúdo de seu cálice de uma vez. – Por favor, pode oferecer à sua amiga um pouco mais de vinho? – indagou lhe estendendo a taça. Harry o fez.


-Vá devagar, querida – o moreno alertou, quando Hermione tratou de virar a taça velozmente, com o conteúdo praticamente rasgando sua garganta.


A bruxa o olhou sem realmente enxergá-lo. – Sabe, Harry... – pegou a garrafa que encontrava-se sobre a mesinha de centro de mármore a sua frente. Depositou uma quantidade razoável em sua taça e voltou a pôr a garrafa sobre a mesinha. – Hoje é meu último dia como uma "mulher livre", então, por favor, não me recrimine quando estiver tentando – Hermione não continuou, expirou com força e sorriu olhando-o de lado. – Deixe-me em paz, Potter – "Porque hoje, sim, só por hoje eu quero esquecer".


O homem franziu o cenho. - Parece-me... atordoada. O que houve?


-Tirando o fato de todo um casamento amanhã? – indagou ironicamente. – Acho que nada. Ou, talvez, eu esteja um tanto quanto desesperada porque, veja bem, em plena véspera do casamento, me assaltaram dúvida incríveis sobre o que estarei eu fazendo, nesta mesma hora, amanhã no altar com Ron.


Harry a fitava incrédulo e sem reação, acabou por fazer a primeira pergunta que veio a sua cabeça, provavelmente uma das mais estúpidas:


–Está falando sério?


Hermione riu com ganas; risadas nervosas, que a faziam sentir dor por conta da angustia. - Como, francamente, eu poderei aceitá-lo como meu esposo? – seu tom não era divertido, sequer zombeteiro. A morena estava à beira de lágrimas. - Eu... – ela soluçou. – Oh, Harry, estou com medo... – disse com um fio de voz. – E... e se eu estiver fazendo a coisa errada?


-Hermione, por Deus! – Harry deixou, mas que rapidamente, sua bebida sobre a mesinha e se aproximou.


Ela sequer pensou quando o abraçou, apenas escondeu o rosto no vale entre o pescoço e ombro dele, tentando sufocar os soluços e lágrimas que explodiram dela assim que Harry tocou, cuidadosamente, seu ombro.


-Talvez – ele começou incerto. – Talvez seja apenas estresse, Mione. Você tem passado tanto tempo organizando todo o casamento que... – ele calou, sem certeza do que dizer. Hermione não parecia estar lhe ouvindo e, por Merlin, ele sabia o quanto era torpe ao redor de mulheres chorando.


A morena expirou, aferrando-se ao corpo de Harry. Ela fechou os olhos para não dar mais vazão às lágrimas, mas não adiantava.


De toda forma, e ela pensou ironicamente, era impressionante como sempre corria para os braços de Harry diante de qualquer problema, ou qualquer covardia... E ele sempre estava lá, sabia que ele não a julgaria.


Hermione sentia-se racional e equilibrada diante dele, assim como respeitada, valorizada e, por mais estranho que pudesse parecer, protegida. Estranho, pois sabia que não necessitava de ninguém quem a protegesse, mas sempre que estava com Harry sentia-se mais frágil e delicada. Suave. Mais doce...


Talvez fosse estúpido precisar do carinho desajeitado dele ou das conversas – sendo estas banais ou não – que Harry poderia lhe proporcionar. E, quem sabe, fosse mesmo errado estar ali, desejando sumir do mapa e... levá-lo consigo.


E talvez fosse ingênuo da parte dele, esperar que ela visse tudo aquilo, depois de anos, como "simples" amizade...


E ela chorou aninhada sobre o corpo de Harry. Foram horas jogando fora sua amargura. Só tinha certeza que amanhã seria novamente a noiva radiante. E ela se casaria com o homem de sua vida – ao menos, o homem o qual compartilharia o resto de sua vida.


Estremeceu inconscientemente e se aferrou mais a seu melhor amigo. Estava ciente que se dissesse "Eu não quero", Harry faria seu desejo se realizar.


-Hermione – Harry murmurou em seu ouvido, seus lábios tocando-o. – Acalme-se. – As mãos dele perpassavam desajeitadamente por seu cabelo e costas, demonstrando que Harry ainda não se acostumara àqueles tipos de consolo ou contato. – Há algo que eu possa fazer para que sinta-se melhor?


"Faça-me desaparecer" ela sorriu e fungou sob o pensamento. Esfregou o rosto no peito dele, de maneira negativa e se obrigou a contestar de forma sensata. Afinal, era ela ou não a razão do antigo trio? Esse pensamento veio inundado de desgosto. – Está tudo bem, Potter – e sorriu tratando de secar com as costas das mãos os olhos. – É apenas nervosismo.


Harry a encarou detidamente. E os braços de Hermione enlaçaram seu pescoço, ela praticamente se jogou entre seus braços outra vez e, sem querer, voltou a tremer e soluçar. "Acho que estou cometendo o mais desastroso dos atos".


O rosto dela foi ao encontro do peito dele outra vez e lá permaneceu, como se quisesse desaparecer enquanto entrava em contado com o tecido de sua camisa.


Apenas sua respiração descompassada era ouvida, Harry não pronunciava mais uma palavra sequer, ocupava-se apenas de acalentá-la. E Hermione se via grata por isso.


-x- Agridoce -x-


Harry não mais falou, continuava gentilmente acariciando-lhe a cabeça e costa. Vezes ou outra beijando-lhe o topo da cabeça. E prosseguia, perpassando as mãos sobre ela, numa caricia cadente, sutil e cuidadosa.


-Harry...


Ele não permitiu que Hermione falasse. -Eu sei. Querida – ele colocou uma mexa de seu cabelo atrás da orelha dela delicadamente. – Não seja tola. Ron ama você e a amará pelo que é, além do mais, tenho certeza, você também o fará.


-Sua teoria é muito interessante – avaliou de modo pungente. – Mas já parou para pensar se eu quero isso?


O homem não se deixou abalar por seu ar ferino. – Se não quisesse não teria aceitado seu pedido – contrapôs com ar vitorioso.


A morena riu e o abraçou. - Ah Harry... Você é doce - ela se afastou para fitá-lo. – Eu poderia amá-lo facilmente – disse tocando o rosto dele.


-Eu já o faço - Harry contrapôs num sussurro, antes de retirar a mão dela de seu rosto e beijá-la levemente, para logo soltá-la.


Hermione estremeceu e buscou novamente o abraço do amigo, suas pernas deslizando para cima dele. Ela se aproximou o suficiente para que suas testas se tocassem e fechou os olhos. Sua respiração se regulando ao sentir a dele, tão tranqüila, atingi-la.


E os lábios deles se encontraram só por um instante. Num beijo casto, sem maldade –Você será feliz - disse ele deslizando o polegar pelo rosto da mulher, retirando uma lágrima teimosa que escapara da prisão de seus olhos.


Ela riu nervosamente, mas nada disse. Não confiava muito no que poderia dizer. Se podia dizer.


Pensou que exagerara nas doses de vinho. Que, finalmente, estava bêbada.


Então sorriu ligeiramente. Meneando de modo negativo a cabeça. "Se estivesse bêbada, e isso nunca irá acontecer, eu teria ido atrás de Ron, e teria acabado tudo. Então, eu dormiria em paz, coisa que há muito não o faço".


-Eu... acho melhor ir para casa – murmurou.


–Acho que ninguém irá gostar, afinal, de uma noiva de ressaca – Harry disse zombeteiro, enquanto assentia.


A morena o fitou com o cenho franzindo. - Eu não estou... – ela cambaleou para sair de cima de Harry. - Oh, esqueça – resmungou para si mesma, ouvindo Harry rir entre dentes. – Nos vemos no altar, Potter.


Pop.


-x- Agridoce -x-


Sapatos, maquiagem, vestido, buquê em mãos... Ok.


Batidas compassadas do coração, sorriso grande no rosto.


Uma noiva linda e calma, era isso que era. Murmurou repetidas vezes para ter certeza. Sentia-se calma, lhe disseram que estava linda... Então por que a sensação de desastre eminente não saia de seu corpo?


Fechou os olhos e respirou fundo. E mais uma vez. Mas, ainda assim, quando a marcha nupcial finalmente iniciou, ela entrou em pânico. Simples, puro e imensurável pânico.


Sentiu-se orgulhosa de, ainda assim, ter conseguido chegar ao noivo, seu olhar, entretanto sequer se reteve nele um momento.


Alheia a distração da noiva, a cerimônia começou. A angustia de Hermione, entretanto, continuava atordoando-a.


-Não posso fazer isso - murmurou sem ar.


Ron a encarou de cenho franzido. – O que disse, Herms? – indagou baixinho.


Aspirando uma golfada de ar, Hermione se voltou para ele, mais que rapidamente. – Ron... Eu sinto muito.


O ruivo não entendeu sequer uma palavra. Mas ficou assombrando com a palidez da futura esposa. – Você está bem?


-Eu... – Hermione piscou confusa e demoradamente, o que queria mesmo dizer?; foi o suficiente para Ron achar que ela iria desmaiar. Ignorando a cerimônia que acontecia, ele a tomou pelas mãos e a levou para uma sala adjacente ao local onde ocorria o casamento, ele a pôs sentada num das cadeiras acolchoadas do local, sob os protestos dela e a obrigou a beber um pouco de água.


Hermione o fitou com indignação. – Você estava muito pálida – disse simplesmente, pondo-se a seus pés. – Sente-se melhor?


A morena o encarou. – Eu estou bem, Ron. Não havia necessidade de ter me trazido aqui.


Ele a fitou num misto de preocupação e incredulidade, olhando-a dos pés à cabeça. - Herms, eu achei que estava prestes a desmaiar - ela virou os olhos. – Além do mais, você está tremendo!


A morena olhou para si mesma, com descrença; só então tornou estar ciente de sua situação: estava com um vestido de noiva belíssimo e tinha um noivo preocupado a sua frente. Mas...


Ela riu. Gargalhou. Sem emoção alguma, sendo observada todo tempo por um Ron cada vez mais aflito.


... Mas ela não queria estar ali.


-Preciso de um tempo. – murmurou; sussurro que Ron não ouviu. Talvez uma eternidade, pensou consigo mesma.


-Hermione, sente-se bem? Quer alguma coisa? Do que precisa? Sabe que eu faria qualquer coisa por você. Eu te dou qualquer coisa.


A mulher se voltou pra ele e depois de um espirar, retrucou calmamente fitando-o:


– Eu quero o Harry. Aqui.


Fim




Nota número dois: Meu pequeno monstro. Espero que tenha se divertido.


Feliz dia dos namorados!

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Comentários (3)

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