De Perigos Iminentes



Nos dias que se passaram, Lunare e Snape evitaram tocar no assunto de Vocês-Sabem-Quem. Ele era obrigado a conviver com aquilo, mas queria evitar que ela sofresse por isso. Ela, tendo percebido a dor nas palavras dele, também preferiu calar.

Aquele ano estava sendo muito difícil para ele. A Marca Negra queimava sempre que Voldemort se aproximava e tudo indicava que Quirrell tinha algo a ver com aquilo. A certeza viria no dia de Halloween. Lunare percebia que ele estava mais tenso a cada dia, mas com duas recusas à sua oferta de ajuda, ela desistiu, preferindo não insistir.

Finalmente chegara novembro e o primeiro jogo de Quadribol em Hogwarts. Lunare não era exatamente uma fã de esportes, mas não deixou de comparecer, ainda mais que seria um clássico: Sonserina versus Grifinória. Snape também não parecia muito animado, mas estava certo de que sua casa manteria a primeira posição.

O jogo ia bem, a Sonserina se mantinha alguns pontos à frente, mas de repente a vassoura do jovem Harry Potter começa a se desgovernar.

- Severus, ahn... Olhe, que estranho, o que será que está havendo com o Potter?

À vista da vassoura corcoveando como se tentasse derrubar o garoto, Snape automaticamente volta seu olhar à Quirrel, do outro lado da arquibancada, que obviamente pronunciava uma azaração: mantinha contato visual com Potter e mexia os lábios discretamente.

- Alguém está azarando a vassoura!

- Vou comunicar Dumbledore...

- Não há tempo! Vou tentar segurá-lo com um contra feitiço!

Lunare observava intrigada os movimentos de Harry no ar enquanto Snape murmurava as fórmulas devidas. Quem poderia querer machucar um aluno? Claro, ele não era um simples aluno... Era certo que os únicos que poderiam querer isso seriam os Comensais da Morte, mas Hogwarts estava protegida contra eles! Se algum estivesse lá Dumbledore decerto perceberia! - pensava Lunare, inquieta.

De repente, Snape deu um salto, assustado.

- Que droga! Algum desses pestinhas me pôs fogo na capa! - ele verificava o local afetado - Já apagou...

- Olhe! A vassoura de Potter voltou ao normal... Quem poderia ter feito uma coisa dessas?

- Bem... Certamente foi algum moleque irresponsável... Essas crianças não conseguem medir as conseqüências de suas brincadeiras. - ele se esforçava para dissimular a preocupação na voz, fazendo o episódio parecer uma simples casualidade. Não queria alarmar Lunare.

- É... - ela estava envergonhada. Quase entrara em pânico pensando em Voldemort e seus comensais e nem se dera conta que estava rodeada de crianças prontas às mais diversas travessuras. Aquilo provavelmente tinha sido uma brincadeira irresponsável.



Toda a Sonserina estava revoltada com o resultado do jogo. Potter agarrara o pomo com a boca, por mero acaso! Infelizmente não haviam regras que invalidassem o lance.

Malfoy estava especialmente irritado, não era nenhum segredo sua aversão pelo apanhador da Grifinória e já tivera vários atritos com ele. Aurea, Allard e Pansy concordavam com a opinião, afinal, aquele Potter era admirado por algo que nem mesmo fizera, a Fortuna o tornara alguém especial e a grande multidão o louvava como a um herói. Além disso, todos o tratavam bem com a desculpa que "o coitadinho" ficara sem os pais, mas - pensava Allard - quantas crianças, como ele estivera, não estavam lá no orfanato sem família e sem nenhum gesto de carinho?

Mas ainda naquela semana viria uma ótima chance de tirar Potter de seu pedestal de glória: Passando pela mesa da Grifinória durante o almoço, Draco ouvira Harry conversando com Rony e Hermione sobre um dragão escondido... Conseguira ouvir apenas uma nesga da conversação, mas foi o suficiente.

- Lunare, Parkinson e Warrick; eu irei esta tarde até a cabana do guarda-caças averiguar o que eles estão aprontando... Venham conosco, se lhes interessar... Crabbe e Goyle vão nos dar cobertura.

- Claro!

- Mas será que eles têm mesmo um dragão?

- Bem, foi o que eu ouvi, por isso quero verificar...

- Bem, eu vou!

- Eu também estou com vocês.

Horas mais tarde, eles se postaram escondidos perto da casa de Hagrid. Já havia começado a nevar e estava realmente frio. Logo chegaram os três grifinórios e eles se juntaram silenciosamente à janela, observando.

De um grande ovo sobre a mesa saiu um desajeitado dragãozinho negro em uma cena única. Boquiabertos, eles viram o bebê alado se espreguiçar desajeitadamente e tentar reconhecer o lugar. As meninas estavam encantadas, quando Draco as acordou do êxtase:

- Vamos agora, se ficarmos mais, eles podem nos ver rondando e desconfiar...

Os três saíram céleres e correram até o salão comunal, onde se encolhiam junto à lareira, aquecendo-se do frio e secando os sapatos úmidos.

- Ah, Aurea, você viu que bonitinho?!

- Sim! Ah, eu queria um dragãozinho pra mim!

- Sem dúvida seria um animal de estimação bem interessante, mas deve dar muito trabalho... - falava Draco.

- Pois é... Mas, mudando de assunto, agora precisamos garantir que alguém tome uma atitude quanto à isso.

- Sim... Quem sabe eles demitam aquele Hagrid... Aposto que ele é descendente de gigantes...

- Eu também acho! Imagine, deixar um gigante andando assim solto! Eles são perigosíssimos!

- Que horror... Só de olhar para ele eu tenho arrepios!

E assim foi a conversa, cheia dos mais diversos planos e idéias, mas sem nenhuma conclusão.

Dias depois, o Weasley mais novo foi para a enfermaria devido à mordida que o dragão lhe dera em uma das mãos e Malfoy não pôde deixar de ir visitá-lo com a intenção de fazê-lo ter certeza que ele sabia do dragão. Foi com a desculpa de pegar um livro emprestado e voltou mais alegre do que os amigos esperavam.

- Vocês não vão acreditar! Olhem o que eu encontrei!

Era uma carta, que estivera dentro do livro, dizendo que num dia próximo, à meia-noite, algumas pessoas viriam buscar o dragão.

- Esta é a nossa chance! Vamos deixar que a informação chegue até Filch e eles estarão encrencados!

- Ótimo!

A noite daquele dia chegara e Draco não conseguia conter sua curiosidade. Revirava-se na cama e simplesmente não podia dormir. Decidiu esgueirar-se até o local combinado, a Torre de Astronomia, para assistir a cena. Decidiu não acordar os amigos que já dormiam sono pesado. Além disso, se fossem em grupo, chamariam mais a atenção que se fosse apenas um.

Vestiu-se e foi. Estava correndo tudo como o esperado, logo Potter e seus amigos chegariam e ele não ia perder nada! Mas eis que chega a professora MacGonagal. Filch a avisara, certamente, mas ela chegara cedo demais...

- Sr. Malfoy! O que faz aqui a uma hora destas?

Sentiu o chão ruir à seus pés.



Mas Potter viera e fora descoberto. Não, o dragão não fora visto, mas o Grifinório também estava encrencado. As casas perderam pontos e ficou certo que eles pegariam detenção, embora não houvesse sido dito o que exatamente seria.



- Ah, Draco! Que pena...

- Pelo menos Potter vai junto.

- Mas que droga! O dragão nem foi descoberto! Se tivesse dado certo, ele seria capaz de ser expulso da escola!

- Puxa... Espero que sua detenção não seja muito ruim...

- Ah, vai ficar tudo bem. Com certeza o professor Snape só vai mandar copiar alguma coisa...



Mas não foi bem como ele esperava, fora obrigado a andar pela Floresta Proibida e acabou vendo algo que o deixou tenso por vários dias, embora os amigos o tentassem acalmar. Ele sabia que tinha visto Voldemort. Tinha em mente que não precisava temê-lo, mas a visão fora aterradora demais! Ele emanava algo estranho que lhe deixara com uma terrível sensação que ele não sabia explicar...

Com o passar do tempo e a chegada do Natal, acalmou-se. Estaria novamente em casa com os seus.

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