Capitulo 1





CAPITULO I




 




Pelo presente, deixo como herança, à minha mui amada esposa Lilian, cinquenta por cento de toda a minha riqueza. Para meus filhos, lego o restante, que deve ser dividido em partes iguais, sob uma condição. Cada um deles deve se casar e permanecer casado com a mesma esposa, ou com o mesmo marido, por no mí­nimo um ano, antes de tomar posse da herança. Quem não cumprir essa condição pode considerar-se deserdado.




James Potter leu a nova cláusula do testamento, que o advogado incluíra a seu pedido. O documento, registrado e datado, havia chegado pelo correio.




Ele o levou ao solário, em frente ao lago de sua mansão, em Chicago, onde Lilian, sua esposa havia mais de qua­renta anos, estava separando meias.




Começou a se sentir irritado, sem saber o motivo.




—Por que não deixa que Mabel faça isso? — perguntou, enraivecido, referindo-se à governanta da casa.




Sentou-se numa cadeira de vime, em frente à esposa. Acomodada num sofazinho também de vime, ela separava com gestos elegantes as meias do marido, colocando-as sobre um acolchoado florido.




—Prefiro fazer isso eu mesma. É uma atividade que me deixa tranquila.




Havia divertimento no olhar que Lilian lançou a James. Seus cabelos grisalhos, cortados na altura dos ombros, estavam presos por um laço, ao estilo antigo.




—  Separar meias é tranquilizador? Interessante...




—  Enquanto eu conseguir distinguir a cor preta da azul-marinho, saberei que meus olhos estão saudáveis. Coisas pequenas como esta são importantes para alguém que já passou dos sessenta e cinco anos e logo chegará aos setenta — ela respondeu, e continuou calmamente a tarefa. — Que novidades o trouxeram até aqui?




—  O novo testamento acabou de chegar.




—  E mesmo?




—  Com a nova cláusula, exatamente como a discutimos.




—  Tudo legalmente arranjado? — ela indagou, como se estivesse pouco interessada.




—  Isso mesmo. Nenhum dinheiro antes que eles se casem. A partir de agora é assim, quer as crianças queiram, quer não.




—  Ou quer eu queira, quer não — murmurou Lilian, enfiando um dedo num furo que encontrou numa das meias. Colocou a peça e a que lhe fazia par de lado.




—  Já discutimos isso, querida.




—  Você discutiu. Eu só escutei.




—  Você concordou.




—  Eu assenti. É diferente.




—  Fiz o que achei melhor para nossos filhos.




—  Sei disso. E, quando você acha que alguma coisa é "melhor", ninguém mais tem direito a opinião alguma. A não ser, claro, que você mude de ideia quanto ao que é... ahn... "melhor". Admito que às vezes use de bom senso, meu caro, e então dou meu consentimento. Não quero que sofra outro ataque cardíaco. Só espero que viva o suficiente para perceber a tolice que está cometendo. Espero também que tire essa cláusula do testamento, e depressa. Se morrer amanhã, será esse o legado que deixará a seus filhos.




Ele se endireitou e respondeu, num tom doutrinal:




—O casamento traz maturidade e estabilidade aos jovens. Qualidades que nossos cabeçudos filhos precisam adquirir antes de pôr as mãos na herança. Tudo o que quero é obrigá-los a pensar seriamente sobre o casamento. Veja Harry, por exemplo. Da última vez que falamos com ele, estava na índia, estudando as monções. Esse garoto precisa começar a pensar em ter uma vida estável e casar-se. Já tem vinte e nove anos. Fará trinta daqui a alguns meses.




—  Como o pobrezinho está velho... — comentou Lilian com bom humor.




—  Está mesmo, e olhe que é nosso filho mais novo! Parece que não tem nem namorada. Vive ocupado, viajando e dando aulas na universidade. Ao menos nossas outras crianças demonstram interesse pelo sexo oposto.




—  Eu diria que demonstram muito interesse no sexo — Lily corrigiu. — E estão tão pouco inclinadas quanto Harry a ter uma vida estável.




—  Pelo menos Charles deu o bom exemplo. Casou-se, finalmente.




—  Depois de um, digamos, super-empurrão do pai...




—  Vi que era minha vez de mexer os pauzinhos e assim fiz. — James adorara bancar o cupido para o filho. — Além disso, Charles e Jenny nos deram nosso primeiro neto.




Lilian sorriu e pôs de lado as meias.




—  Estou tão preocupada com Leslie Ann quanto você. E sei que foi por esse motivo que você mexeu no testamento. Quer ter mais netos antes de sair desta vida.




—  E se for isso? Não é uma coisa normal?




—  Muito. Mas a maioria dos pais não ameaça deserdar os filhos só para vê-los casar-se e procriar.




James deu de ombros.




—  Talvez meus métodos sejam... diferentes dos da maioria. Sempre fiz as coisas acontecerem. Nunca esperei que ocorressem. Foi assim que me tornei multimilionário.




—  Pois não devia interferir na vida de seus filhos. Eles não são "negócios".




—  Não estou interferindo — James objetou, levantando-se. — Estou simplesmente estabelecendo parâmetros.




—  Sente-se. Não precisa ficar zangado. Relaxe. Faça um pouco do seu trabalho manual.




James tornou a acomodar-se na cadeira e pegou a sacola, que continha seu mais novo projeto: uma pintura em tecido que simbolizava a celebração do matrimónio. Mostrava um coração feito de flores, e dentro dele um espaço para a colocação dos nomes dos noivos e da data do casamento. Em­bora ainda não houvesse data alguma, James já vinha pen­sando nos nomes que poria ali.




Começara a fazer aquele trabalho depois do infarto, para manter-se ocupado durante a recuperação. Descobrira na­quele passatempo algo muito relaxante. Mas, à medida que olhava para a pintura, cada vez mais avançada, dava-se conta de que seus benefícios terapêuticos não o ajudariam naquele momento. Por isso, tornou a colocá-la na sacola. Não queria que a esposa reparasse no que estava fazendo. Lily o observou pôr o trabalho de lado.




—  Não vou discutir com você — disse ela num tom sincero.




—   Simplesmente tenho outro ponto de vista. Como já lhe falei, o dinheiro é seu. Foi você que o ganhou. Por isso, faça com ele o que quiser.




—  Você é minha companheira nesta vida, Lily. O dinheiro também é seu.




—  Quando o conheci, você era pobre. Eu me casei com James Potter, não com sua conta bancária. Claro que aprecio nossa bela casa, as roupas que posso comprar, o fato de ter mandado nossos filhos às melhores escolas. Mas acumular riqueza e investi-la é habilidade sua. Por isso, faça o que achar melhor. Tenho certeza de que, com o tempo, você acabará usando o bom senso. — Fitou-o, como se fosse falar mais alguma coisa. Ficou quieta, porém.




—  Se eu viver o bastante, você quer dizer. Então acredita que um dia eu tenha o "bom senso" de tirar essa cláusula do testamento, hein?




—  Espero que sim. Mas posso estar enganada. Nesses quarenta e tantos anos em que estamos juntos, o bom senso sempre prevaleceu. Às vezes você leva anos para reconhe­cê-lo, mas no final sempre acaba descobrindo onde ele está.




James mudou de posição, sentindo-se tão pouco à vontade como quando chegara ali. Lilian costumava acertar quan­do se referia à família e a seu relacionamento. Mas ele não admitiria isso naquele momento. Ainda queria acreditar que seu ponto de vista sobre o assunto era correto.




—Bem, então vamos esperar para ver — limitou-se a comentar. — Será interessante observar a reação de cada uma das crianças quando eu contar a novidade.




—  Certamente — respondeu Bea, levantando cinicamente uma das sobrancelhas.




—  Por quê? Como acha que eles irão reagir?




—  Não tenho certeza. Com exceção de Harry. Acho que ele vai lhe dizer o que fazer com a nova cláusula. Lembre-se de que nosso filho não aprova a riqueza. Fica embaraçado com o dinheiro que a família tem.




—Ele pode mudar de ideia quando descobrir que não herdará coisa alguma se não arrumar uma esposa — disse James, sentindo-se finalmente otimista. — Tudo bem zombar da fortuna quando ela está ao alcance da mão e quando não se precisa de dinheiro. Mas tire-a de perto dele e verá o que Harry pensará do assunto. Lilian apenas balançou a cabeça.




—Você nunca compreenderá nosso filho.




Harry Potter estava em sua casinha, perto do campus de Madison da universidade de Wisconsin. Concentrava-se na elaboração do exame final que daria aos alunos de me­teorologia quando o telefone tocou. Pegou-o no canto da es­crivaninha. No mesmo instante reconheceu a voz do pai.




— Papai! Como estão as coisas em Chicago? A tempestade de neve castigou muito a cidade?




— Ficou alguns centímetros acima do nível do solo. Mas hoje o dia está claro.




— Ainda frio, porém. Agasalhe-se bastante se tiver que sair e não fique muito tempo fora de casa. Se não se cuidar, poderá ter hipotermia.




—Ei, quem é o pai aqui? Você ou eu? — rosnou James. Harry sorriu. O pai tivera o infarto há mais de um ano e a família continuava a tratá-lo como a uma criança.




—Sinto muito. Sei que mamãe cuida bem de você.




—Posso discernir perfeitamente quando devo colocar um casaco de lã e um cachecol.




—Só queremos vê-lo bem — respondeu Harry. — Não aja como se eu tivesse ferido seu orgulho, papai.




—Se quer cuidar de alguém, por que não se casa e tem um filho?




Harry semicerrou os olhos, paciente.




— Talvez algum dia eu faça isso.




— Espero que sim, porque é por esse motivo que estou telefonando. Decidi ligar a meus filhos para informá-los so­bre uma mudança no testamento.




Harry franziu a testa. O que seria aquilo agora?




— Mudança?




— Vou ler-lhe a nova cláusula.




Ele permaneceu em silêncio, à escuta, enquanto o pai fazia a leitura do texto. Quando assimilou tudo direitinho, recostou-se e soltou um suspiro impaciente.




— Entende o que isso significa? — indagou James ao terminar.




— Acho que sim. Se eu permanecer solteiro, não recebo minha parte da herança — Harry respondeu, girando o globo sobre sua mesa.




— Exatamente. — Fez-se um longo silêncio, pois o filho não disse nada. Finalmente, James prosseguiu: — Bem, o que acha disso?




— Nada.




— O que quer dizer com "nada"?




— Que não me importo nem um pouco com o seu dinheiro — Harry respondeu com orgulho e irritação. — Portanto, você não pode usá-lo para me ameaçar ou para me obrigar ao casamento.




— É uma bonita atitude — comentou o pai, irónico.




— Como minha irmã e meus irmãos reagiram?




— Além de você, só telefonei a Charles.




— Imagino que tenha sido uma ligação sem problemas, uma vez que ele já preencheu o requisito. Está casado há mais de um ano com a mesma mulher — respondeu Harry com sarcasmo. — Que foi que o maninho falou?




— Simplesmente comentou que ainda vou viver muito.




— Acredito que os outros vão dizer exatamente isso.




— Mas agora estamos falando em você.




— Papai, as cláusulas de seu testamento mudam ao longo do tempo, mas eu permaneço o mesmo. Estou pensando em dar noventa por cento de minha parte para financiar pes­quisas ambientais. Assim, deserdar-me é tirar dinheiro do conhecimento científico do mundo do futuro. Espero que isso o ajude a dormir melhor esta noite.




        Veja a coisa por outro ângulo, meu filho. Se encontrar uma esposa, então terá esse dinheiro e poderá doá-lo à ciên­cia. Os dez por cento que sobrarem serão suficientes para torná-lo, e a seus filhos, milionários. Isso não fará com que você durma melhor?




Harry olhou para o teto. O pai sempre fora especialista em torcer as coisas para que ficassem de acordo com seus objetivos.




—Por que é tão importante que todos os seus filhos se casem?




— O casamento é uma instituição estabilizadora, e quero que meus filhos ganhem maturidade. Desse modo, usarão a herança com sabedoria.




— Pois eu acho que tudo o que você quer é um monte de netos.




A voz de James tornou-se mais autoritária e forte:




—Engano seu. Quero meus filhos estabelecidos e seguros antes que eu vá embora daqui. Fico preocupado ao lembrar que vocês todos, com exceção de Charles, ainda estão des­preocupados, desorientados e solteiros.




Harry levantou-se, furioso. Não admitia ser chamado de despreocupado e desorientado, não importava quão frágil fosse a saúde do pai.




—Enquanto você se preocupa com o que vai acontecer a seu dinheiro, sr. Potter, eu me interesso pelo que poderá ocorrer com a atmosfera da Terra. Meu objetivo é contribuir o máximo possível para a pesquisa sobre a camada de ozônio e o efeito-estufa. Existem muitas coisas acontecendo neste planeta para que eu me preocupe com o casamento e com quem vai herdar os milhões de dólares da família!




—  Você sempre coloca as coisas desse modo grandioso?




—  Estou pondo o tema numa perspectiva. Para mim, estudar a Terra é o maior projeto da ciência —respondeu Harry com sarcasmo.




—  Nunca se preocupa consigo mesmo?




—  Estou feliz com a vida que levo.




—  Jamais se sente sozinho?




—  Não tenho tempo para isso — retrucou ele, aborrecido com a pergunta do pai. — Quando este semestre terminar, irei até a Antártida. Faço parte de um grupo de cientistas que viajarão num avião especialmente equipado para medir os gases atmosféricos e para monitorar o buraco na camada de ozônio.




—  Grande. Algum desses cientistas é mulher? Harry suspirou.




—  Não sei. Mas acho que não.




—  Você não gosta de mulheres?




—Claro que sim! Mas há coisas mais importantes às quais me dedicar, em especial agora, enquanto sou jovem e tenho capacidade física para aguentar climas duros e projetos extenuantes. Posso me casar e ter filhos quando estiver com cinquenta anos.




—Cinquenta? — Houve uma longa pausa. — Não estarei mais aqui, e não poderei ir à cerimónia. — A voz de James soou triste e envelhecida.




Uma pontada de emoção ardeu no peito de Harry.




— Sinto muito, papai, mas não posso planejar minha vida de acordo com seus desejos. Tenho muito a fazer.




— Quer dizer que salvar o planeta é mais importante do que fazer seu pai feliz?




Harry encostou o cotovelo na mesa e colou a testa numa das mãos.




— Por que você tem de entender as coisas desse jeito?




— Já tentei todas as táticas com você. O sentimento de culpa é minha última cartada. Você não pode salvar a Terra e casar-se?




— Uma esposa atrapalharia meus projetos. As mulheres gostam de atenção. Além disso, procurar alguém é gastar um tempo precioso. Na maioria das vezes, são necessários vários encontros para conhecer uma mulher que esteja interessada em mim e no que faço, não no dinheiro da minha família. E, mesmo que eu venha a conhecer alguma que não esteja atrás de fortuna, e que aceite minha peripatética vida, então talvez seja apenas uma questão de meses, ou anos, para descobrir que somos incompatíveis. Não pretendo me meter nesse tipo de encrenca. E não quero assumir ou­tras obrigações. Já me dedico integralmente aos meus alu­nos e às conferências que tenho feito, sobre os estudos at­mosféricos, à comunidade científica internacional. Não te­nho tempo para sair por aí escolhendo candidatas a esposas. Harry passou os dedos por entre os cabelos pretos, procu­rando palavras que convencessem o pai da importância de seus objetivos de vida, perguntando-se se algum argumento faria alguma diferença àquele velho teimoso. Desistiu, e tentou uma abordagem mais leve:




—Vamos entender a coisa deste modo: se quer mesmo me ver casado, por que não procura uma esposa para mim? Não vou perder tempo com isso.




Fez-se silêncio absoluto por um segundo. Quase sentindo o cérebro do pai trabalhando, Harry experimentou a descon­fortável sensação de que nunca deveria ter dito aquilo.




Na recepção do casamento de Charles, o irmão lhe contara como o patriarca fora a extremos para desempenhar seu papel de cupido. Chegara a trancar Charles e Jenny na loja de departamentos da família, em Chicago, por uma noite inteira, na esperança de que um finalmente se interessasse pelo outro.




Ao que tudo indicava, tinha conseguido. Harry afirmou a si mesmo que, ali em Wisconsin, estaria fora do alcance do pai.




—  É um bom desafio — disse James por fim, quebrando o silêncio e usando um tom curiosamente jovem, otimista.




—  Ouça, fiz uma brincadeira. Só queria mostrar como minha situação ficaria impossível caso...




—  Nada é impossível para quem deseja realmente alguma coisa. Pode ficar com seus buracos de ozônio. Eu vou tratar de lhe arrumar uma esposa. É um compromisso agradável.




—   Papai, eu estava só brincando! James riu.




—  Sei disso. Agora pare de se preocupar com o assunto, meu filho. Quando irá à Antártida?




—  Na próxima semana.




—  Quanto tempo ficará lá?




—  Duas semanas.




—  Bom. Ouça, cuide-se para não ter uma hipotermia, certo? E para não cair nas garras de algum urso polar.




—  Os ursos vivem no Artico, papai. No pólo norte.




—  Ah, sei. E que tipo de animal vive na Antártida?




—  Pinguins.




—  Perfeito. Gosto deles. Parecem sempre vestidos a caráter para um casamento! Faça uma boa viagem e ligue-me quando voltar.




—  Claro que sim, mas... — Antes que Harry pudesse lembrar mais uma vez o pai de que estava apenas zombando quando lhe sugerira procurar uma esposa, James desligou. — Seu grande estúpido! — censurou-se ele. — Por que foi dizer aquilo?




Sentou-se e recostou-se na cadeira. Talvez tivesse reagido de maneira exagerada. O pai ainda daria telefonemas para o resto da família e sem dúvida receberia um monte de críticas por causa da cláusula testamentária. Isso o distrai­ria. Quando terminasse de falar com os filhos, na certa já teria esquecido da piada de Harry.




Além disso, onde James Potter encontraria uma esposa para o filho? Que outros tipos conheceria, em Chicago, além de debutantes? Não acharia ninguém que quisesse aborre­cer-se com um meteorologista em Wisconsin. Até mesmo a logística de um encontro, por causa da distância, apresen­taria dificuldades.




Começou a rir. Aquela ideia era mesmo um despropósito.




—  Quer sair para jantar, Lily? — James indagou, feliz, correndo para o solário assim que desligou o telefone.




—  Claro — ela respondeu, surpresa. — Como foi sua conversa com Harry?




—  Grande!




Bea pareceu ainda mais surpresa. Piscou.




—  Funcionou?




—  Bem, ele me pediu que lhe arranjasse uma esposa.




—  O quê?




James levou dois dedos à testa.




—Palavra de escoteiro como vou achar. A mulher o observou atentamente.




—  Tenho a impressão de que você não está me contando tudo... — Viu o marido sorrir e ouviu um resumo da conversa. — Ora, Harry estava apenas brincando.




—  Sim, estava. — Fitou-a. — E por que isso iria me deter?




—James!




—  Encontrei uma esposa para Charles, não foi? — Juntou as mãos, como numa prece. — Será um desafio e tanto, mas estou pronto para enfrentá-lo.




—  Você não pode estar falando sério. O que o faz pensar que... Como pode imaginar que nosso filho... Harry não é tão fácil de lidar como Charles, e você sabe disso.




— Serei capaz de cruzar montanhas para conseguir alguém para ele. Primeiro tenho de garantir-lhe uma esposa. E por isso que pretendo jantar fora. Que tal uma pizza no Tucci's?




Lily mal podia conter o divertimento. Formaram-se rugas em volta de seus olhos, e um sorriso quase se desenhou em seus lábios.




—   Pizza? É algum tipo de charada?




            James assentiu:




—  É.




—  Se você está pensando naquela garçonete, Gina...




—  Acertou!




—  Mas...




—  Sei que ela não foi educada como Harry, mas o fato é que a moça é espirituosa, tem energia e um excelente coração. Gosto do modo suave como ela diz "sr. James". E sempre pára o que está fazendo para indicar alguma pizza especial para minha dieta. Posso até vê-la ao lado de Harry...




—  Querido...




—  Não diga que a garota não é boa o bastante por causa da profissão que exerce. Quero que meus filhos se casem com mulheres que conheçam o valor do trabalho duro e do dinheiro.




—  Concordo. Mas, da última vez que estivemos lá, Gina mencionou que planejava casar-se. Lembra?




O comentário teve nele o efeito de um soco.




—Lembro. Droga! — Havia se esquecido desse detalhe.




Recostou-se à soleira e baixou a cabeça, momentaneamente vencido. Não gostara de escutar a moça falar do noivo. Le­vantou a cabeça.




— Ela já marcou o casamento?




Lily ponderou a pergunta.




—  Se não me engano, Gina me disse que ambos estavam preocupados com os negócios e que primeiro queriam abrir um café juntos. O casamento viria depois.




—  Tenho o mau pressentimento de que ela porá a cabeça a prémio. Pensei em alertá-la, mas... não fiz isso. — Coçou o queixo enquanto recordava os detalhes. — Não pude. Ela ficou muito ocupada por causa de um grupo enorme que chegou e... — Sorriu e murmurou: — Talvez seja obra do destino. Acho que vou começar a bordar o nome dela junto ao de Harry, na pintura.




—  Pintura? O nome dela? Mas de que você está falando?




—  Bem...




James baixou o olhar, ciente de que fora longe demais. Nunca conseguira esconder nada da esposa por muito tempo.




— Vai me dizer que está pintando outra capa de almofada? Como aquela que fez para Charles e Jenny antes que os dois ficassem juntos?




James levantou as mãos.




—  Preciso iniciar um novo projeto depois que terminar as almofadas de Leslie Ann...




—  Então foi por isso que andou escondendo esse trabalho de mim, certo? E eu pensando que fosse alguma surpresa para nosso aniversário de casamento! Ouça, só porque Charles e Jenny se casaram, não significa que todo casal para quem você fizer uma capa de almofada irá terminar aos pés do altar!




—  É o pensamento positivo que move o mundo, querida. A almofada faz com que a ideia de uma nova união feliz passe a existir no universo. Os céus, depois, se encarregam do resto... com uma pequena ajuda de minha parte, claro.




—  Eu não queria dizer-lhe isso, mas as pessoas andam comentando que você vem se tornando excêntrico. E estou começando a acreditar nelas!




—  Nunca leve os boatos a sério, meu bem. Podem atrapalhar sua mente e sua vida. — Suspirou pausadamente e levantou os ombros, com uma expressão saudável e bem-humorada. — Bem, o que me diz? Faz algumas semanas que não vamos ao Tuccfs. Por que não damos um pulinho lá, para ver o que Gina tem feito?




— Escute, se ela estiver de casamento marcado, não tente acabar com o romance apenas para...




— Não, não, prometo não ir tão longe. Mas quero ter certeza de que ela ainda não se casou. Se ainda estiver solteira, será a esposa perfeita para Harry.




Lily balançou a cabeça, em muda resignação.




— Como sabe disso?




— O sobrenome da moça é Weasley, que significa "servir ao tempo". Quer algo mais adequado para a futura esposa de um meteorologista?


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N/A: Meus amores me desculpem pela demora e que eu estava em semana de prova, mas ta ai o capitulo um, o capitulo Dois eu posto segunda dia 27/06!!


Caderninho Azul: Obrigada por gostar do prológo, esse primeiro capitulo e só o começo espera pra ver que tem mais!!


Ana Eulina: Pode começar a ler já, e manda mais comentarios pfv!!


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Bjs


Raquel Radcliffe

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Comentários (4)

  • Edwiges Potter

    Cadê o resto da fic??? Nao pode ser abandonada!!! É muito boa pra isso!!!

    2013-09-29
  • Serenasalvatore

    To gostando da fic... Confesso q quando li o prologo fiquei meio insegura e desanimada, mas começei a ler e percebi que é uma boa historia, com um enrredo solido e bem escrito. Parabens.Tambem escrevo, três fic: Cidade dos Anjoa, Assassina e O homem errado .

    2012-01-31
  • Camila Rosa

    Ai minha nossa mal começou e já estou me acabando de rir. James é muito divertido.. Harry está tão ferrado depois do que falou. Coitado. Está ótimo. Beijos

    2011-08-29
  • B Inoue Weasley

    mal começou e ja deixou gostinho de quero mais! otima fic, adorei! mal vejo a hora de ver o primeiro momento deles dois, parabéns. ,muito bem escrita e organizada! até o proximo capitulo (só uma pergunta, vai ser so Harry/Ginny ou vai ter algo com Ron/Hermione? beijo!

    2011-08-02
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