Blinding Lights



Alguém gritou bem alto quando ele entrou. Harry achou que devia ser Luna, mas não teve certeza, porque no segundo seguinte ele se viu cercado por uma multidão de pessoas que foram falar com ele, dar palmadinhas nas suas costas, parabenizá-lo, agradecê-lo. Houve até uma proposta de jogá-lo para o alto aos gritos de “Potter é nosso rei!”, feita, é claro, pelos Gêmeos Weasley, mas a Sra. Weasley apareceu depressa e acabou com a brincadeira.

Apesar de estar cansado, ele não reclamou em nenhum momento. Mas quando Lisa Turpin o parou para agradecê-lo por ter salvado seu irmãozinho menor de ter sido esmagado por uma tora de madeira que caíra do telhado, ele já estava exausto. Juntamente a isso, uma preocupação começava a crescer dentro dele – já vira muitas pessoas, mas não a que mais procurava desde que pisara em Grimmauld Place.

Depois que a conversa com Lisa acabou, se viu obrigado a desviar de Padma Patil para conseguir chegar até Lupin. Estava junto com Tonks, que hoje exibia cabelos roxos e compridos.

“- Oi, Harry!” – cumprimentou ela, parecendo bem animada. Lupin fez um aceno discreto.

“- Não se preocupe, eu não vou fazer discursos sobre a sua bravura. Sei que você já está irritado de tanto ouvi-los.” – Harry deu um sorriso aliviado.

“- Obrigado. Escuta, você viu o...”

“- Draco?” – completou ele – “Não. Eu acho que não. Não o vejo desde pouco antes do começo da festa.”

“- Eu o vi.” – afirmou Tonks depois de dois goles de cerveja amanteigada. Tomou outro gole antes de continuar – “Ele estava bem aqui, com Molly, quando ouviu a menina chorar. Como chora aquela criança!” – fez uma pausa para rir; Harry pensou se não estaria um pouco bêbada – “Bem, o fato é que ele subiu. Depois as pessoas começaram a chegar, e, pouco depois, você apareceu.”

“- Ele está lá em cima?”

Tonks confirmou com a cabeça. Lupin olhava para ela parecendo prestes a cair na risada.

“- Está sim. Harry, é verdade que a Bárbara é sua...”

Mas ele já estava subindo as escadas.


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Draco não sabia porque ela estava chorando tanto.

Já considerara todas as hipóteses, desde fralda suja até cólicas. No final, acabara tendo que aceitar a hipótese que ela devia ter se assustado com a forma de uma sombra.

Crianças pequenas definitivamente se assustam muito fácil.

Ela estava chorando sem parar fazia quase meia hora quando os soluços começaram a diminuir, dando lugar a choramingos e, por fim, ela dormiu como se absolutamente nada tivesse acontecido. Draco encarou a filha, abismado, sem entender nada.

Por via das dúvidas, continuou a niná-la por mais alguns minutos. Estava fazendo uma promessa mental que nunca mais teria filhos tão emotivos e inconstantes como Bárbara quando ouviu a porta ranger e uma voz familiar, mas não ouvida há quase vinte dias, ressoar:

“- Você realmente leva jeito para cuidar de crianças, Draco.”

O tempo parou por um instante.

Em circunstâncias normais, sua reação seria imediatamente largar tudo o que estava fazendo e correr para os braços dele, mas aquela não era uma situação normal; estava com Bárbara no colo. Portanto, não se mexeu – ou melhor, não conseguiu se mexer.

Teria ficado assim por um longo tempo se Harry não tivesse vindo até ele e o abraçado pelas costas. Ele sentiu a respiração quente do ex-grifinório no seu pescoço; a vontade de colocar Bárbara no berço começou a crescer.

“- Eu posso segurá-la?” – era um pedido quase tímido. Draco escorregou de seus braços e passou-o o bebê com o maior cuidado que conseguiu. Harry a recebeu com igual cuidado e a segurou de forma que pudesse ver bem o seu rostinho.

Foi quando Draco percebeu o quanto eles eram parecidos.

Ela ficou pouco tempo no colo do pai que não via há tempos. Logo depois, Harry colocou o bebê de volta no berço. Ficou algum tempo observando-a dormir e respirar calmamente. E foi então que ele se virou para Draco.

Houve silêncio por alguns segundos. Quando o loiro começava a tremer nas bases, Harry o puxou e o beijou.

Era como se jamais tivessem se separado de forma tão abrupta. Não havia qualquer frieza provocada pela distância; na verdade, era como se o fogo não tivesse só sido preservado como havia crescido de intensidade. Draco estava tão inebriado que mal percebia que Harry o estava empurrando de forma sutil – só percebeu o movimento quando a parte de trás dos seus joelhos se chocaram contra a cama e ele caiu nela.

Harry não perdeu tempo. Puxou as cortinas correndo, arrebentando algumas argolas na pressa, e fez um gesto com a varinha para fechar a porta antes de ir para os braços do outro.

A certa altura do campeonato, Draco se perguntava se não acabaria morrendo por falta de ar. O moreno simplesmente não parava de beijá-lo e passar a mão em todos os lugares que conseguia – parecia que estava cobrando os vinte dias de separação.

Draco pessoalmente achava aquilo ótimo.

Ele já estava a meio caminho de tirar seu suéter quando se lembrou. Parou o beijo de forma brusca. Harry, já sem as vestes, pareceu confuso e frustrado.

“- O que...”

“- A festa lá embaixo!” - Harry pareceu refletir a respeito por alguns segundos.

“- Não vamos, oras.” – e voltou a beijá-lo. Depois de uns instantes, Draco, usando toda a resistência que ainda tinha, empurrou de novo.

“- Draco!” – exclamou ele.

“- A festa é para você!” – dessa vez Harry não gastou preciosos segundos para pensar.

“- Eu não pedi.” – e recomeçou a tirar o suéter do outro. Draco não conseguiu pensar em nada decente para responder. Quando terminou de tirar a parte de cima da sua roupa, Harry se dedicou ao seu pescoço, beijando e dando leves mordidas.

E foi aí que Draco não conseguiu pensar em nada decente mesmo.

“- E, ficar aqui é melhor...” – começou a concluir ele, entre uma mordida a outra – “porque não há ninguém para fazer discursos sobre o meu heroísmo.” – deslizou a mão até os quadris do outro.

Draco tinha que concordar plenamente.


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“- Ron...” – ele levantou a cabeça do colo da namorada.

“- Ahn?”

“- Você não viu o Harry?” – ele voltou a deixar a cabeça cair.

“- Não. Só bem no início, quando ele chegou. Porquê?”

Hermione esperou Pansy, que ria escandalosamente, passar com um Blaise Zabini particularmente feliz, para responder.

“- Nada, só estou querendo saber onde ele está.”

Ron pareceu satisfeito com a resposta.

“- Ron?” – ele não se deu ao trabalho de levantar a cabeça; apenas arqueou uma sobrancelha.

“- Sim?”

“- Você podia subir e ver se ele está com Draco.” – sugeriu ela.

Ron murmurou algo indecifrável e não se mexeu. Hermione lhe deu um cutucão.

“- Ei!”

“- Ron, por favor!”

Ele olhou para ela, aborrecido, e amaldiçoou todas as suas técnicas de persuasão. Levantou-se e já dera alguns passos em direção à escada quando ela o chamou de novo.

“- Ron...”

“- Sim?”

“- Bate na porta antes de entrar.” – sugeriu ela, séria.

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