Ron Weasley, o salvador do dia



Conseqüências daquela noite

Autora: Christine Annette Waters

N/A1: Harry Potter, Draco Malfoy, Pansy Parkinson, Ron Weasley, Hermione Granger e todos os outros não pertencem a mim. Pertencem a tia J.K., ou J.K. Rowling.

Até porque... se pertencesse a mim... não seria exatamente uma obra infanto-juvenil... se é que vocês me entendem, claro.

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Capítulo 11:
Um mês depois

Sejamos francos, Draco Malfoy jamais gostou de Poções.

Tudo bem que era de longe a aula mais divertida, com o professor Snape tirando no mínimo 20 pontos da Grifinória a cada classe. Tudo bem que era realmente engraçado ver o professor implicando com a poção verde clara de Neville Longbottom, porque ela deveria estar azul. Tudo bem que Snape era o diretor da Sonserina e jamais tiraria pontos dos alunos da casa da serpente, mesmo que eles explodissem a masmorra. E Poções nem era tão difícil assim, bastava saber cortar os ingredientes direito e mexer para o lado certo. A coisa mais irritante nas aulas era a cara de superioridade de Granger quando tirava outro dez nos trabalhos. Mas, tirando isso, Poções não era exatamente chata.

Mesmo assim, desde o primeiro dia Draco não gostou da disciplina. Jamais contou isso para ninguém, claro, nem para as pessoas mais íntimas, no caso Pansy, Blaise, Terêncio, e, mais tarde, Harry. Para um sonserino, não gostar de Poções era equivalente a um jogador de quadribol não gostar das aulas de vôo. Simplesmente não dava.

Então, porque Draco não gostava de Poções?

Pelo simples fato que as poções feitas em aulas o enjoavam. Draco nunca fora o que se possa chamar de resistente.

Principalmente agora que ele estava de oito meses de gravidez.

Fazia um dia ventoso e frio naquele mês de junho. O tempo havia realmente enlouquecido nas cercanias de Hogsmeade, de forma que em plena véspera de verão os alunos estavam precisando usar as capas de inverno e os cachecóis. Portanto, ninguém reclamou muito para entrar na masmorra cheia de poções que soltavam uma fumaça quente e muito boa.

E enjoante.

Nos últimos lugares da masmorra, sentado ao lado de Pansy, que mexia febrilmente a poção, Draco cortava as raízes de mandrágora tentando controlar o enjôo que subia pela garganta. Se isso acontecesse a alguns meses atrás, quando ele estava com uns quatro ou cinco meses, iria ser aceitável, e até normal, mas agora ele estava com oito meses.

E, segundo Pomfrey, enjôos fortes depois dos sete meses só podiam significar uma coisa.

Há algo errado com o bebê.

Relaxando a concentração da Poção contra Enjôo um pouco, Pansy permitiu-se encostar na cadeira e descansar um pouco. Ela não gostava muito de mexer poções, principalmente aquelas que tinham um cheiro terrível. Mas, como Draco tinha já um histórico de problemas em sua gestação, Pasifae decidiu colocá-lo para fatiar os ingredientes. Era uma medida de preucaução. Sabe-se lá que efeitos aquela poção teria sobre a menina, se Draco ficasse muito perto.

Porém, bastou olhar para o lado e ver Draco com um cara de quem ia vomitar dali a pouco para perceber que afastá-lo de contato direto com a poção talvez não tivesse sido o suficiente.

Há algo errado.

Pansy se curvou rapidamente para a frente e apoiou sua cabeça na mesa, de forma que o rosto dela e de Draco ficassem muito próximos, já que ela ia ter que falar baixo. Se Harry Potter, que estava duas carteiras adiante, se virasse naquele exato momento, simplesmente iria morrer de ciúme pela proximidade entre o namorado e a sonserina, mas naquele momento realmente não havia outro jeito.

Pomfrey me pediu para cuidar dele, caramba!

“--- Draco?” – chamou ela sussurrando o garoto que estava verde – “Draco? Você está bem?”

“--- Não.”- respondeu o garoto com voz pastosa – “Eu estou passando mal.”

Mal não, muito mal.

“--- O que você está sentindo?” – perguntou a garota, ainda sussurrando.

“--- Enjôo. Muito enjôo.”

Pansy olhou para os lados antes de perguntar:

“--- Draco, você quer que eu te dê um pouco da poção? Eu tenho certeza que está certa.”

“--- Não, não. Brigado. Daqui a pouco passa.”

Pansy o encarou severamente:

“--- Draco, você sabe o que a enfermeira disse! Enjôos depois dos sete meses...”

“--- ... significam algum problema com o bebê, eu sei.” – completou o garoto, com voz fraca – “ Depois que a aula terminar, eu vou na enfermaria. Pomfrey me passa alguma coisa e fim.”

Pansy permaneceu em silêncio durante alguns segundos. Depois, disse:

“--- Tudo bem, nós iremos na enfermaria depois da aula.”

E voltou sua atenção para a poção. Draco, que já havia acabado de picar os ingredientes, empurrou-os para o lado e apoiou a cabeça nos braços, esperando que o enjôo passasse rápido.

Passaram-se alguns minutos. Pansy continuava a prestar atenção na Poção contra Enjôo, acrescentando os ingredientes finais que Draco havia fatiado, porém examinava com atenção o garoto loiro. Havia decidido que, se ele piorasse, ia mandar para o inferno toda a discrição e ia embora com Draco direto para a enfermaria. Porém, a pele do garoto estava começando a voltar a ficar com um saudável rosado. Cada vez mais a cor verde doentia estava sumindo. Talvez nem fosse necessário ia na enfermaria, no final.

Graças a Merlin, ele está melhorando.

Draco mal podia acreditar. Estivera com um enjôo terrível nos últimos dez minutos, e, de repente, ele havia começado a sumir. Se sumisse completamente, era capaz que nem fosse a enfermaria. Havia sido apenas um mal-estar passageiro. Mas uma pergunta insistente continuava a martelar na sua cabeça: porque aquele enjôo surgira tão de repente?

Depois de alguns minutos que demoraram a passar, Draco se sentia quase perfeito. Claro que ele ainda estava um pouco enjoado, mas também tinha que levar em conta que Pansy estava cozinhando a Poção contra Enjôo a menos de um metro dele. Assim que saísse dali, ele se sentiria melhor. Estava decidido: ele não iria a enfermaria.

Vendo que o garoto visivelmente recuperava a cor do rosto, Pansy deixou de lado a poção e curvou-se novamente para Draco. Tomara que Harry não estivesse olhando.

“--- Draco, você está melhor?”

“--- Estou bem melhor” – respondeu o loiro, relaxando na cadeira – “ Foi só um mal-estar. Já passou.” – e baixando a voz – “Acho que nem vou a enfe...”

Mas ele não terminou a frase. No momento seguinte, seu rosto ficou tenso e perdeu completamente a cor, enquanto ele, involuntariamente, agarrava as laterais da cadeira e fincou os pés no chão.

Pansy ficou alarmada:

“--- Draco? O que que aconteceu?” – o garoto não respondeu – Draco?”

Quando o garoto respondeu, gaguejava e tremia, perdendo o ar:

“--- Pansy... eu... acho... eu acho... que está na hora.”

Naquele momento, Pasifae Parkinson sentiu o mundo desabar a sua volta. Mal conseguiu formular uma frase:

“--- Mas como? Eu pensei que...”

“--- Era daqui a três semanas, eu sei.” – pela cara, Draco estava quase chorando de dor – “ Mas ela resolveu chegar antes.”

Apesar de ser muito calma na maioria das vezes, Pansy percebeu que estava começando a entrar em pânico. Respirou profundamente várias vezes para recuperar a calma:

“--- Draco, precisamos tirar você daqui agora. O bebê não pode esperar meia hora até o final do tempo.”

Draco já estava com tanta dor por causa das contrações que nem conseguia falar.

“Bem, estou sozinha”. Agora ela precisava de muita calma para decidir como agir. Do seu lado, Draco se curvou novamente sobre a mesa, dessa vez para abafar os gemidos de dor. O bebê estava chutando forte demais. Por milagre, nenhum dos colegas das mesas vizinhas havia escutado.

Antes de ir com Draco para a enfermaria, Pansy precisava avisar Harry do que estava acontecendo, para depois arranjar alguma forma de contar a Snape para poder sair. Mas, no momento, Harry estava cercado pelos seus colegas grifinórios, e o professor estava ocupado em dar outro sermão em Neville. Sem saídas.

Que ótimo, estou ferrada.

Pansy estava começando a entrar em pânico novamente.

Mas a intuição é mesmo algo fantástico. Naquele exato momento, movido por uma força que não sabia de onde havia saído, Harry se virou exatamente para o lado em que ela e Draco estavam. Em uma fração de segundo, viu Pansy em pânico e Draco visivelmente passando mal. Entendeu tudo bem rapidinho, ficando mortalmente pálido e arregalando os olhos. Hermione virou-se logo em seguida e analisou Pansy e Draco com sua rapidez habitual, compreendendo tudo num segundo e também ficando branca como um fantasma.

Mas ninguém fez nada. Draco, a essa altura, já estava quase desmaiando de dor.

Ron, que estava ao lado de Harry e Hermione, também acabou se virando. Olhou Pansy, depois olhou Draco, ficando ainda mais branco que o habitual. Mas não ficou paralisado.

Numa fração de segundo, virou-se de novo e olhou para a poção dele e de Harry, que estava de uma cor cinzenta deprimente. Sem nem ao menos pensar no que estava fazendo, arrancou um fio de cabelo seu e jogou na poção, que imediatamente começou a borbulhar e a ficar roxa.

Demorou apenas alguns segundos para explodir.

Boa parte da classe, incluindo Snape, ficaram cobertos por uma coisa pegajosa dos pés a cabeça. Como era de se esperar, todos entraram em pânico imediatamente, principalmente as garotas, cujos berros agudos frustavam as tentativas do professor de impor ordem à sala em polvorosa. Harry olhou primeiro para as garotas que berravam, depois para o professor melecado dos pés à cabeça, antes de tomar sua decisão.

Demorou apenas alguns segundos para correr até um Draco quase inconsciente, e, junto com Parkinson, ir com ele nos ombros até a porta, em direção à enfermaria.

No pandemônio das masmorras, ninguém percebeu a ausência dos três estudantes.


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A enfermeira de Hogwarts, Madame Pomfrey, esperava ter uma tarde realmente tranqüila. Armados de capas de inverno e cachecóis, os estudantes não davam mais entrada na enfermaria por resfriados ou gripes, problemas comuns naquele tempo estranho que estava fazendo. Pomfrey esperava passar a tarde tranqüilamente, lendo seu Semanário Bruxo e bebendo uma caneca de chocolate quente. Estava especialmente interessada na matéria sobre a cantora Celestina, que recentemente se separara do marido em meio a acusações de adultério. Pomfrey decididamente não resistia a uma boa fofoca.
Porém, sua tranqüilidade foi interrompida por um furacão que usava um cachecol verde e prata. Pansy Parkinson abriu a porta com estrondo, completamente despenteada pela correria.

“--- Madame Pomfrey! Madame Pomfrey! O Draco está passando mal!”

Pomfrey quase pulou da poltrona cor de vinho aonde estava sentada, ao mesmo tempo que Harry entrava pela porta com Draco nos ombros.

“--- Madame Pomfrey” – começou ele, arfante – “O Draco está...”

“--- Eu sei, eu sei! Coloque-o ali” – pediu a medi-bruxa, apontando uma das camas da enfermaria. Harry colocou o sonserino lá, com todo o cuidado que pode. Draco ainda estava consciente, mas respirava com dificuldade. Afastando-se da cama, Pansy uniu as mãos numa forma de reza, enquanto Pomfrey examinava a barriga do garoto. Harry andava de um lado para o outro, distanciando-se, parecendo apreensivo.

Pomfrey acabou de examinar o loiro e começou a procurar algo nos armários do lado da cama. Harry aproveitou a chance para correr para o lado do namorado, nervoso. Definitivamente , estava na hora. Agora, sem o feitiço de ilusão, a barriga do sonserino endurecia e relaxava a intervalos regulares. A menina parecia mesmo desesperada para sair.

A enfermeira finalmente achou o que procurava no armário: um pote roxo com um líquido incolor. Quando Pomfrey destampou o pote, Pasifae torceu o nariz a dois metros de distância. O negócio tinha um cheiro simplesmente horrível.

Depois de expulsar Harry da cama, onde o grifinório estivera sentado, Pomfrey derramou o líquido numa espécie de lenço roxo e colocou sobre o nariz e a boca de Draco, que arregalou os olhos, enojado. Mas ele não teve tempo de dizer nada. Depois de um leve estremecimento, ele caiu nos braços de Morfeu, adormecendo profundamente, a cabeça pendendo levemente para o lado. Ao lado de Parkinson, Harry soltou uma breve exclamação de espanto, mas não falou nada.

Depois de certificar-se de que Draco estava completamente inconsciente, Pomfrey se virou para os dois:

“--- OK, está na hora.” – um silêncio tenso pairou no ar por alguns segundos – “ Agora, vocês dois, FORA.”

“--- Fora?” – começou a protestar Harry – “Espera aí, eu tenho que ficar, eu sou o ...”

“--- Sr. Potter” – começou Pomfrey, a voz irritada – “Você aqui só vai atrapalhar as coisas. Eu repito, vocês dois, FORA! ”

Harry já ia começar a discutir, mas Pansy pegou-o pelo braço e arrastou-o para a ante-sala da enfermaria. A medi-bruxa bateu a porta atrás deles. A garota ouviu claramente o barulho de uma chave sendo virada, trancando a porta.

Agora era só esperar.

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