Um pouco de você em mim
Conseqüências daquela noite
Autora: Christine Waters
N/A1: Harry Potter e Cia. não pertencem a mim. Eu continuo pobre escrevendo sobre eles ou não. Quem ganha dinheiro com eles é tia J.K.. Ai ai...
Capítulo 3:
“ Draco? Draco? Você está bem?” – a voz oca de Crabbe vinha do outro lado da porta do banheiro onde Draco Malfoy havia passado os últimos trinta minutos vomitando.
“ Estou bem.” – respondeu o loiro com voz pastosa, limpando a boca com a manga da camisa – “ Não precisa me esperar.”
“ Se você acha...” – concordou Crabbe. Em seguida, Draco ouviu passos apressados se afastando do dormitório e descendo as escadas, com certeza para devorar o café da manhã o mais rápido que aquelas pernas de tronco de árvore permitissem. Apenas quando teve certeza que aquele gorila estava bem longe, levantou-se do chão de granito onde estivera ajoelhado e tentou restabelecer-se, jogando um pouco de água no rosto. Havia sido só um mal estar passageiro, estava tudo bem, tentou convencer-se. Sentindo-se um pouco melhor, enxugou o rosto de traços delicados com a toalha e virou-se para sair do dormitório.
Não havia chegado nem a porta do banheiro quando um novo acesso de vômito subiu-lhe pela garganta, dando-lhe tempo somente para correr para o vaso sanitário de novo. Maldita ânsia de vômito que não o deixava em paz.
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“ Sr Potter, o que pensa que está fazendo?” – a voz do professor de Poções, Severo Snape, ecoou pela masmorra úmida. O garoto de olhos verdes levantou a cabeça da poção verde-vivo a sua frente para encarar os olhos gelados do detestado professor.
“ A poção do ressucitamento, professor “– respondeu Harry com um tom mal disfarçado de irritação na voz. A masmorra, normalmente silenciosa, ganhara como trilha sonora as risadinhas dos sonserinos, divertindo-se antecipadamente pelo seu esporte predileto, ver o diretor de sua casa caçooar do Cabeça Rachada.
“ Só em seus sonhos, Potter” – disse Snape num tom de fina ironia. As risadinhas aumentaram de volume, algumas chegando ao escandaloso – “O resultado final dessa poção teria que ser verde-claro e não...” – Snape estendeu a cabeça para ver melhor a poção de Harry, e seus labios finos e brancos curvaram-se num sorriso divertido –“ ... verde-vivo.” – Fez um simples gesto de varinha com a mão ossuda e a poção de Harry desapareceu. Emília Bulstrode deu algo parecido uma gargalhada no fundo da sala enquanto Snape voltava à sua mesa, resmungando satisfeito algo como “ Mais um zero para sua coleção”, deixando um Harry Potter cheio de fúria contida na mesa, com Hermione Granger tentando acalma-lo.
Algumas mesas atrás do Garoto-Que-Sobreviveu, uma certa pessoa não achava a menor graça na cena. Quer dizer, achava, mas não tanto quanto acharia a 2 meses atrás. Draco Malfoy, tentando ignorar o crescente enjôo que sentia ( e as vozes estridentes de Julie Oddonn e Pansy Parkiston ao seu lado), observava cuidadosamente cada ato irritado que o moreno grifinório fazia, desde de seu gesto aborrecido consultando o relógio até sua impaciência para colocar os livros na mochila, socando todos com raiva lá dentro.
Há 2 meses, mais especificamente quando descobrira que passara a noite com Potter na festa ( que por sua vez já era tratada como se fosse uma lenda), Draco estranhamente sentia-se ligado a ele. Claro que sua primeira reação foi susto, seguido por raiva, nojo e a agora... ele não sabia exatamente o que sentia. Ele tinha conhecimento que o grifinório também sabia que haviam ficado juntos, pela cara de horror que fizera naquela manhã no Salão Principal, ou pelo menos o que Draco conseguira captar antes de cair duro no chão. O sonserino não havia falado nada com ele sobre aquela noite, muito pelo contrário. Aquilo havia sido uma noite para ser esquecida, um erro para ser apagado. O fato de não ter falado com ele sobre aquilo durante aqueles dois meses exigira todo o seu auto-controle, já que ele queria saber...
Draco sabia que não havia sido só a bebida. A bebida havia ajudado muito, é claro, já que nenhum dos dois em condições normais agarraria o outro em um banheiro. Claro que o sonserino sabia disso. Mas havia uma vozinha pertubadora na sua mente, que dizia em alto e bom som que a bebida havia sido só uma justificativa... “Você nem estava tão bêbado assim... ” E naqueles últimos dias, a vontade de falar com o moreno havia sido quase incontrolável. Como se algo os puxasse, os unisse contra a sua vontade, com se...
O som estridente da sineta arrancou-lhe de seus pensamentos. Forçando-se a parar de pensar naquele assunto, arrumou a mochila de forma bem pouco delicada, jogou-a sobre os ombros e rumou para a saída, tendo duas faladeiras Pansy Parkinson e Julie Oddonn em seus calcanhares.
Antes de alcançar a porta, porém, ele sentiu.
Foi como se o enjôo que sentia desde manhã começasse a avulumar-se e crescer, enchendo seu estômago e subindo pela sua garganta, numa sensação sufocante. Então tudo começou a confundir-se e misturar-se, num redomoinho de cores e sons enlouquecedor. E tudo começou a ficar negro...
A última coisa que Draco Malfoy sentiu antes de desmaiar foram as mãos de Pansy tentando evitar que ele caísse. Depois, tudo escureceu completamente e ele perdeu os sentidos.
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“ Sr. Malfoy?”
Draco estava confuso. Que voz era aquela? Ele a conhecia de algum lugar, mais não lembrava aonde...e onde diabos ele estava?
“ Sr. Malfoy? O senhor está bem?”
Agora ele se lembrava... sim, ele havia desmaiado na aula de Poções...maldito enjôo... e agora devia estar na...
“ Sr. Malfoy?”
Draco abriu vagarosamente os olhos. Inclinada diante dele estava Madame Pomfrey, com uma espécie de ampola em suas mãos, olhando apreensiva para ele. Estava deitado em uma das camas da enfermaria, e o sol pelas cortinas abertas era intenso.
“ O que houve comigo?”, ouviu-se perguntar com voz embargada. A expressão da enfermeira mudou de repente, tornando mais austera.
“ Precisamos conversar, Sr.Malfoy.”
“ O que houve?”
“ Uma coisa muito séria. E muito rara.” – a voz da mulher pareceu reboar no ambiente silencioso. Sentindo que a coisa era mesmo séria, Draco sentou-se na cama, de frente para a mulher. De repente seu sexto sentido despertou e ele se arrepiou todo ao sentir a sensação já conhecida de tempos passados.
Algo estava errado. Bem errado.
“ O que houve?”, perguntou pela segunda vez, a voz estranhamente rouquenha. Algo está errado...
Pomfrey levantou-se da beirada da cama de onde o sonserino estava, as feições claramente demonstrando preocupação. Draco reparou que ela ainda segurava a ampola.
“ Sr.Malfoy...” – começou ela, a voz hesitante – “ Vou lhe fazer uma pergunta extremamente indiscreta, mas é essencial que o senhor a responda.”
“ Dependendo da pergun...”
“ Sr. Malfoy, você andou se deitando com algum amiguinho seu nos últimos dois meses?” – Pomfrey mal esperara ele terminar ele falar e soltou a frase em uma só respiração, claramente nervosa.
Draco gelou. A única pessoa que ele transado era Potter, mas Pomfrey não tinha necessidade real de saber isso... Por que ela estava perguntando aquilo, afinal?
“ Sr.Malfoy, volto a perguntar: O senhor se dei...”
“ Eu entendi a pergunta! Por que quer saber isso? O que eu tenho?” – disparou Draco como uma metralhadora, sentindo-se mais nervoso a cada segundo que passava. Será que Potter havia lhe passado alguma doença ou algo do tipo?
Pomfrey inspirou profundamente e começou a rodar a ampola nas mãos. Draco reparou que ela estava cor de rosa.
“ Sr.Malfoy...” – começou, cuidadosa – quando o senhor chegou aqui, pensei em lhe administrar uma poção especial para despertar, já que os Enervates comuns que o professor Snape lhe aplicou não foram suficientes. De repente, eu percebi que Enervates só não funcionam em pessoas em duas situações... – Pomfrey inspirou fundo mais uma vez e olhou para Draco firmemente – Quando a pessoa está morta ou então quando...
“ O que eu tenho, afinal?” – perguntou Draco angustiado, interrompendo a enfermeira. Essa se limitou a lhe olhar e inspirar outra vez, continuando, num tom mais tranqüilo agora:
“ Eu fiz um teste especial no senhor, sr. Malfoy “ – Draco nem mais respirava a essa altura – “ Normalmente não o aplico em homens, mas como o senhor tinha todos os sintomas, resolvi fazer... além disso, já havia acontecido isso antes com outros bruxos, então eu pensei que o senhor...”
“ O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?” – berrou Draco saltando da cama, já completamente desesperado e sem paciência. Pomfrey largou a ampola numa mesinha e segurou-o nos braços, tentando acalma-lo:
“ Sr. Malfoy...acalma-se...por favor...senhor...” – visto que Draco continuava muito agitado, resolveu soltar tudo de uma vez:
“ SR. MALFOY! – chamou-o um pouco mais alto do que o costume, e Draco olhou direto para ela, olhos cinzentos nos castanhos claros – “ Acalme-se, Sr.Malfoy, ou pode prejudicar o bebê!”
Seguiu-se silêncio. Draco se soltou dela e desabou sentado na cama, a mente tentando processar o que acabara de ouvir...
“ O quê?” – perguntou, num tom baixo e silencioso de quem não acredita em algo. Pomfrey se aproximou dele delicadamente e sentou-se ao seu lado, uma mão ossuda segurando a sua e a outra na sua barriga:
“ O senhor espera uma filha de dois meses, senhor Malfoy.”
Para Draco, foi como se tudo se estilhaçasse num toque. Não era possível...simplesmente não podia... ele e Potter...
“ A senhora tem certeza?” – perguntou baixinho. Pomfrey apontou com a cabeça a ampola cor de rosa em cima da mesa.
“ Absoluta. O teste é infalível.”
Para Draco, a cena parecia irreal. Ele ouvindo que iria ser pai...ou mãe... ah, um genitor de uma coisinha que estava no seu ventre... O fato dele ser homem nem era problema, afinal gravidez masculina era uma coisa conhecida pela ciência bruxa... Rara, mas conhecida. Agora, os problemas nem eram esses,,,mas sim o pequeno fato de que o outro pai da pequena vida que estava dentro dele era ninguém mais, ninguém menos que o maior inimigo de sua família.
Harry Potter.
Draco nem percebeu quando as lágrimas chegaram ao seu rosto, nem mesmo notou que instantes depois estaria chorando compulsivamente nos braços de uma surpresa Madame Pomfrey. Ele só pensava em quanto realmente parecia ele estava perdido.
Parecia mesmo o fim.
CONTINUA....
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