A segunda vez






Há alguns metros da Toca, próximo a uma das grandes árvores, Rony estava sentado no gramado, sozinho, abraçando as próprias pernas, o olhar perdido em algum ponto do céu azul.



Estava tudo estranhamente calmo. O silêncio ainda era perturbador. As pessoas ainda pareciam assombradas, não mais pela guerra ou pelas incertezas, mas pelas perdas... pela dor...



Ainda era estranho pensar que tudo estava acabado, era estranho saber que não teriam que fugir a qualquer momento.  Harry estava livre. O mundo bruxo estava livre... Mas Fred estava morto.



Um bolo se formou em minha garganta com a força desse pensamento. Lembrei do olhar vazio e distante da minha mãe, ela parecia tão mais velha, tão machucada...



A brisa que soprava mansamente bagunçava os fios do meu cabelo, e o sol fraco, que aquecia meu corpo, era bem-vindo.



Fechei os olhos por breves instantes, tentando colocar os pensamentos em ordem. Muitas coisas iriam mudar, muitas decisões precisariam ser tomadas.



Sabia que minha vida começaria agora. Não era mais um menino, teria que fazer escolhas, trilhar um caminho... e isso era mais assustador que qualquer guerra; talvez fosse até mais assustador do que enfrentar uma floresta cheia de aranhas gigantes...



Suspiro resignado e abro os olhos sentindo uma onda de pânico percorrer minha espinha. Havia tantas dúvidas, tantas incertezas... E havia Hermione, e o medo de ser rejeitado.



Apertei os olhos com força, angustiado... “Foi ela...” Argumentei pouco convicto em pensamento.



Hermione me beijou, ela deu o primeiro passo. Eu não deveria temer, mas era incontrolável. Eu nunca havia sido a primeira escolha de ninguém. Era só mais um Weasley, sem nenhum talento especial.


 


Virei a cabeça para a direita e pude avistá-la. Os cabelos presos num rabo de cavalo bem feito, o vestido florido e a meia marrom pareciam ter deixado-a ainda mais radiante. Hermione vinha andando lentamente em minha direção, as bochechas rosadas, encantadora.


 


Rony sabia que nenhum sol poderia aquecê-lo tanto quanto saber que Hermione estava viva, que estava bem.


 


Uma semana, hoje fazia exatamente uma semana que tudo havia acabado e recomeçado. Sim, tudo estava recomeçando... e tinha esperança que o tempo amenizasse todas as feridas...



A guerra havia finalmente terminado, e pela primeira vez em anos nenhum de nós estava em perigo.



“Uma semana!” repeti mentalmente, a verdade é que parecia que tudo havia acontecido há anos...



Aquele dia ficaria marcado para sempre, eu sabia que mesmo se vivesse 100 anos, os gritos e o medo ecoariam em meus ouvidos durante todos os dias e todas as noites, para o resto da minha vida...



Mas havia uma lembrança que me fazia pensar no quanto valia a pena estar vivo, no quanto valia a pena ter lutado...



Em meio a tanta dor e desespero, uma luz havia tocado seu coração, aquecendo-o de uma forma única, fazendo-o acreditar que um dia poderia voltar a ser feliz.



O primeiro beijo... Olhou mais uma vez para Hermione, que agora estava há apenas alguns passos.


 


A primeira vez que Hermione me beijou foi tão surpreendentemente inesperado que precisei de dois segundos para entender que tinha os lábios macios dela pressionando os meus. Foi um beijo urgente, quase desesperado, em que tentávamos mostrar tudo que sentíamos um pelo outro.



Por breves instantes esqueci da guerra, de Harry e de Voldemort. Só existia Hermione e seus lábios rosados contra os meus, só existia seu cheiro e seu gosto devastando meu cérebro, me levando a um mundo paralelo em que a única coisa que importava era beijá-la para sempre até não ter mais forças.



Se alguém duvida que a magia existe é porque nunca sentiu os lábios da garota que ama contra os seus.



- Oi – Hermione disse baixo, sentando ao meu lado.



- Oi – disse meio sonhador, a lembrança do nosso primeiro beijo ainda confundindo minha mente. Devia estar com uma expressão aparvalhada, a qual certamente me fazia parecer patético, mas ela não parecia se importar.



Ficamos em silêncio por alguns instantes, apenas observando o horizonte, como se estivéssemos tentando descobrir o que se escondia atrás das colinas.


 


- É meio estranho estar em casa, não é? Digo... – ela corou, seus olhos envergonhados fugindo dos meus. Precisei conter todos os músculos para não puxar seu rosto de encontro ao meu e mergulhar minha língua nos seus lábios rosados.
 


Ainda temia uma aproximação, era ridículo, sabia disso, mas o medo de ser rejeitado me assombrava desde o dia seguinte ao nosso primeiro e inesperado beijo.



- Eu entendo o que quer dizer, Hermione – falo sorrindo de uma forma triste para ela, mas comovido por saber que ela sentia em casa ali, na minha casa.



Hermione ergue os olhos e me brinda com um daqueles sorrisos que fazem meu coração disparar num acelerado descompassado.



- Ron...



O modo como ela sussurra meu nome me causa um arrepio e um tremor involuntário.



Olho para ela, uma vontade cada vez mais incontrolável de me aproximar, de sentir o corpo dela contra o meu, os lábios dela nos meus.



Hermione parece entender o que os meus olhos dizem, ela se inclina levemente, os olhos castanhos brilhando com intensidade, e novamente cola seus lábios nos meus.



Dessa vez não precisei nem meio segundo para puxar seu rosto para mais perto e afundar minha língua na sua boca quente e macia. O mundo de repente gira mais depressa, sinto algo se contorcer de forma engraçado no meu estômago... Meu coração bate num ritmo alucinado, sinto meu peito arder, enquanto sinto os lábios dela se encaixarem como se tivessem sido moldados exclusivamente para me beijar...



Quando nos afastamos, arfantes e corados, tudo que consigo pensar é que a segunda vez que Hermione me beijou foi ainda melhor...



Dessa vez ela não se jogou nos meus braços; não havia pressa, embora eu estivesse ansioso para sentir o gosto dela mais uma vez preenchendo minha boca, e o toque delicado aquecendo meu coração, me trazendo aquela acolhedora sensação de bem-estar e felicidade, e dessa vez não havia Harry para atrapalhar. Era apenas Hermione e eu!



- Tive medo. – Confesso rouco, a testa colada a dela.



- Do quê? – Ela pergunta sorrindo de um jeito tímido.



- De que você esperasse mais sete anos para me beijar outra vez. – Hermione abre a boca, mas não deixo que ela diga nada, reivindico os lábios dela num beijo intenso e cheio de significados.


 


E essa foi a primeira vez que Rony beijou Hermione... A primeira de infinitas vezes...


 





 


.........................


N/A: Mais um devaneio sobre Ron e Hermione após o fim da guerra.


Obrigada a todos que leram, e um agradecimento especial a Viviane Barreda pela betagem e dedicação :)


Beijos a todos! 


OBS.: Caso queiram comentar, o que vou gostar muito, peço, se possível, que o façam na home da fic. Grata! :)

Disomers

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Comentários (15)

  • Diênifer Santos Granger

    Morri! Muito bom!

    2013-12-13
  • Paty_F

    ADOREI!

    2013-07-18
  • Camys Lovegood

    Lindo

    2012-10-23
  • Andye

    Muitoo fofo mesmo!

    2012-03-04
  • Arienne Weasley

    Adorei!!!!!

    2011-08-16
  • Yoná Virges

    Fofo *-* escreva uma fic maior, por favor! Você escreve muito bem! :DD

    2011-08-15
  • Nicole Smicelato

    linda mesmo, parabéns !

    2011-08-13
  • Mariana Malfoy

    Ai meu pobre coração, mais uma dessas e eu infarto, meu coraçãozinho se derretendo dentro do peito, quero um Rony estilo Disomers pra mim, oh my Merlim, até a próxima.                                                          M.M

    2011-08-01
  • Hermione Rosier Black Malfoy

    ai...que emoção . voce escreveu divinamente bem,a fic ficou maravilhosa , linda , amo as suas fics , essa fic ficou extremamente linda , perfeita . parabens !!!

    2011-08-01
  • Karolline Weasley

    lindaaaaaaaaaaaa amo mt fic desses dois fofos =) =***** mt boa sua fic

    2011-07-29
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