A Proposta _ por Mathew O'Lear
Estou numa sala de interrogação e a minha frente está o homem mais carrancudo que eu já vi.
- Não conseguimos falar com sua mãe. – ele diz com um jeito automático.
Baixo a cabeça assentindo.
Faz duas horas que estamos aqui e ele só obteve as mesmas respostas, a verdade.
O que eu poderia dizer? Ele não acreditaria em min mesmo.
- Só me diz uma coisa Mathew... – ele se inclina para frente – como você conseguiu derrubar tudo aquilo e ainda sair ileso?
Estremeço ao lembrar do que aconteceu.
Ele suspira e revirar os olhos.
- Escuta aqui mocinho, podemos fazer isso de uma forma fácil ou de uma forma mais difícil. Se você não colaborar vamos ter que apelar e não é isso que queremos... e aposto que você também não. – ele se endireita e se faz uma expressão ameaçadora – diga, o que aconteceu?
- Você já sabe. – digo inexpressivo.
Ele se levanta e me pega pelo colarinho e se aproxima tão próximo de min que posso sentir seu hálito quente.
- Acho bom você dizer, porque eu não vou perguntar denovo – enquanto eu processo a informação, alguém bate na porta e uma mulher baixa entra.
Eles cochicham um pouco e então ele se vira para min e sorri.
- Hoje deve ser seu dia de sorte – e sai pela porta.
Nos minutos que fico sozinho penso em minha mãe, já são quase nove horas da noite e ela deve estar preocupada. Mais porque será que não conseguiram encontra la?
Penso também em Huly e uma raiva cega toma conta de min, eu juro pra min mesmo que não vou deixar barato o que ele fez.
A porta se abre mais não me viro para ver quem é. Provavelmente um novo interrogatório está para começar.
Um homem alto, magro e com uma barba que o deixa parecido com um bode velho. Seus cabelos caem na altura de seu ombro e ele parece ameaçador com sua capa negra.
Ele senta na minha frente e então sorri.
- Olá Matt, parece que você está em maus lençóis – a forma como ele diz meu apelido, e a forma como ele tenta sorrir me deixa apreensivo. Já vi isso em uma série de filmes e seriados, ele só quer parecer bonzinho quando na verdade é um tira louco para arrancar a verdade de você.
E mesmo sabendo disso, eu não tenho outro recurso a não ser suplicar.
-Por favor, foi um engano, foi um erro. Eu estava lá sim, mais não fui eu quem matou aquele guarda, eu juro que não fui eu... – paro de falar porque sinto lagrimas em meu rosto.
- Eu sei – ele diz simplesmente.
Demoro uns instantes para absorver as palavras.
- Você... sabe?
- Sim. Eu sei de tudo que aconteceu Matt, sei do seu amigo e sei do acidente. – ele fala naturalmente – você tentou protege los Matt, e veja só onde você está... e não acredito que eles aqui vão te deixar sair, eles não vão acreditar que não foi você.
Estou atônito, minha cabeça gira freneticamente.
- Quem é você? – pergunto ofegante.
Ele sorri como se essa fosse a pergunta que ele estava esperando ouvir desde que entrou aqui.
- A pergunta aqui é: quem é você Matt? – ele se inclina para frente –Você sabe que mora com a sua mãe cuja mentalidade não é sempre boa, sabe que foi abandonado pelo seu pai antes mesmo de você nascer... Mais é só isso o que você sabe Mathew O’ Leary?
Pisco duas vezes porque aquilo não pode estar acontecendo.
- O que mais você sabe sobre você?
- Nada. Não sei mais nada senhor. – Abaixo a cabeça.
Ele sorri com desdém e se aproxima ainda mais.
- Deixe-me te ajudar então. Coisas estranhas acontecem com você, você consegue fazer coisas que nenhuma outra pessoa que você conhece faz. Eu sei o que você fez com aquelas prateleiras, sei como você sobreviveu a elas.
Congelo no assento.
Como esse estranho pode saber tantas coisas sobre min?
Olho para o lado e como se lesse meu pensamento ele responde simplesmente.
- Eles não podem nos ouvir.
- O que é você? – tento parecer corajoso, mais minha voz vacila.
- Sabe Matt, já ouviu histórias sobre bruxos e varinhas e vassouras? Então elas são reais!.
Engulo em seco quando ele se levanta e se coloca atrás de min.
- Somo iguais Matt, você só não percebeu isso ainda. Somos bruxos.
Dou uma gargalhada alta, e então o encaro com descrença.
- Bruxos do tipo Abracadabra? Isso é... – e antes que eu pudesse terminar a frase ele agita uma varinha e minhas algemas se rasgam como papel.
Isso só pode ser brincadeira.
- Você pode escolher Matt. Vim comigo e deixar eles no esquecimento, ou ficar aqui e ir para uma escola para garotos problemáticos.
Penso, penso e ai penso mais um pouco. Que alternativa eu tenho afinal de contas?
Juntos saímos da sala de interrogatórios e do lado de fora todos os policiais e guardas estão desacordados.
- Não se preocupe – diz ele ao ver minha cara espantada – eles vão acordar logo.
Saímos pela porta da frente e pegamos o primeiro táxi.
Fico em silencio por um bom tempo tentando colocar os pensamentos em ordem.
- Sabe Matt, você é um bruxo muito poderoso. É uma pena que tenha perdido a idade escolar, você poderia entrar no Instituto Durmstrang, ou em Hogwarts se preferisse.
Olho para ele confuso.
- São escolas de Magia – diz ele como se fosse a coisa mais natural do mundo – Descemos aqui, grita ele para o taxista.
Descemos do carro e caminhamos pela rua deserta e fria da minha casa.
- Amanhã é seu aniversário Matt, e eu estou aqui justamente para te fazer uma proposta.
- Que tipo de proposta?
- Ah do tipo... – ele parece ansioso. – deixe me explicar. Há muito tempo surgiu um grupo de elite para lutar contra bruxos que utilizavam das artes proibidas. Chamam se Aurores e eu ficaria lisonjeado se você pudesse participar do grupo.
- Tipo um policial para bruxos?
- Sim exatamente – foi o que ele disse, mais pelo seu olhar não era exatamente isso.
Penso sobre o assunto. Não posso deixar minha escola e minha mãe, não posso dar trela a um cara que mal conheço.
- Não sei – digo e respiro fundo.
Ele não parece abatido.
- Você sabe o que eu fiz para te ajudar? – Ele parece irritado
- Sim, e agradeço. Agora é melhor eu ir andando, minha mãe deve estar preocupada.
Me viro e caminho para casa. Com um estalo ele já está na minha frente.
- Você não terá escolha jovem bruxo. O nosso mundo não tão seguro assim como eles pregam. – Ele se tornou ameaçador – Em questão de horas eles saberão da sua existência e viram até aqui, você não está seguro jovem bruxo. A não ser que se junte a min.
Ignoro ele e continuo andando.
- Você virá atrás de min– Grita ele.
Me viro impaciente e disparo.
- Eu nem mesmo sei seu nome.
Ele sorri e seu sorriso me parece macabro.
- Me chamo Dennis. Dennis Creevey.
Entro em casa, vou até o quarto de minha mãe e coloco mais uma coberta sobre ela.
Texto o telefone velho que fica em seu quarto, está funcionando normalmente.
No meu quarto, olho pela janela.
A rua está deserta exceto por um cachorro negro parado na frente da minha janela.
Deito em minha cama e tento dormir, crente de que quando acordasse nada disso passaria de um sonho.
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