Fire Whisky







- Harry, que fedor! – exclamei. Ele me levara até um beco fedorento que havia atrás da lanchonete.


- Não reclame, é apenas por uns segundos. – respondeu, tirando a capa da invisibilidade. Sorrindo maroto, jogou-a em mim. - Não sabia que era tão esnobe.


- Não sou esnobe! – briguei. O cheiro era horrível, parecia que algum cadáver putrefato tinha sido deixado aqui.


- Shiiii, vão achar que sou louco de estar falando sozinho! Siga-me e procure não tropeçar. –  falou risonho, enquanto começava a caminhar. Xinguei baixinho e pensei em diferentes maneiras de fazê-lo se arrepender de ter me chamado de esnobe. Foi quando uma senhora apareceu na esquina e começou a caminhar em nossa direção. Estava bem atrás de Harry, de tal maneira que se fala-se alguma coisa poderiam achar que era ele. Sorri malevolamente e pigarreei. Quando a senhora passou bem ao nosso lado falei com voz rouca:


- Garota sexy! – Harry parou repentinamente e tive que me apoiar em seu corpo para não cair. Ele virou apenas a cabeça, olhando para a senhora que o observava horrorizada. Seu rosto ficou a centímetros do meu, sentia sua respiração.


- Desculpe, hormônios adolescentes. – a voz de Harry saiu calma e natural, como se estivesse falando do tempo.


“Que porra, será que não ganho nenhuma?”


 Sabia que estava sendo criança, mas estava me fazendo bem ser tão...descolada. Ainda sentindo seu hálito, aprecei o passo para acompanhá-lo. Caminhei em silêncio, tomando cuidado para não tropeçar na capa. Harry assobiava de maneira irritante, parecia que estava se vangloriando de ter me vencido. Revirei os olhos, se alguém estava sendo mais infantil que eu era Harry Potter, mas isso me deixava feliz, vê-lo tão descontraído e animado me deixava estranhamente satisfeita.


Segui Harry bem de perto, mas quando ele tirou a chave para abrir a porta meu estômago embrulhou, e me senti a ponto de ser repreendida por estar fazendo algo errado. Respirei fundo, controlei meu instinto de “filha-perfeita-que-não-comete-erros” e entrei colada a ele na casa. Não perdi tempo observando a decoração nem nada, estava muito ocupada em escapar do som da televisão e das vozes de pessoas conversando. Harry subiu as escadas devagar, provavelmente com medo que pisasse na capa. Meu coração batia acelerado e minhas mãos suavam, mas a sensação não era ruim, muito pelo contrario, era emocionante.


Não acreditei quando entramos por uma porta e segundos depois Harry a fechava. Ele virou para mim, sem nem duvidar o local onde poderia estar, e retirou a capa. Havia uma expressão travessa em seu rosto, imagino que no meu também já que começamos a rir baixinho.


- Conseguimos Mi! – ele sorriu feliz e me abraçou, levantando-me do chão.


- Shiiii, se continuar falando tão alto vão achar que trouxe todo um time de quadribol para o quarto! Preciso fazer os feitiços logo. – falava baixinho e com voz preocupada, mas não largava o pescoço de Harry, muito pelo contrario, o abracei ainda mais apertado.


“Solte o pescoço Hermione”. Estava mesmo pagando mico, já que ele não estava mais me abraçando. Sorri amarelo e finalmente o soltei.


  “ Será que apenas o sobrenome me deixava inteligente? Desde que descobri que meu verdadeiro nome é Gryffindor ando meio tapada, retardada.”


Parei de pensar em besteiras e tirei a varinha do bolso. Fechei os olhos e com suaves movimentos fui isolando o quarto. Os feitiços sonoros eram fáceis de executar, os que eram mais complicados eram os de sensoriamento, que detectavam a intenção das pessoas de entrar. No fim, tranquei a porta com um simples aceno de varinha, fazendo Harry rir.


- Acho que poderia ter deixado que tranque a porta, pelo menos girar uma chave posso. – ele sorriu irônico.


- Não seja reclamão, falta pouco para que faça 17. – respondi, enquanto me dirigia até a cama e sentava com minha bolsa no colo. – O que vamos fazer? – provavelmente minha expressão parecia a de uma criança perguntando qual seria a brincadeira do dia.


- Temos duas opções: não fazer nada e dormir. Sinceramente, gosto mais da segunda. – Harry se jogou na cama, fazendo-me revirar os olhos. Ele não poderia estar com sono, eram só 21 horas.


- Vamos Harry, pense em algo, deve ter algum jogo aqui, eu não tenho sono! -  Levantei e caminhei até o escritório. Pela primeira vez desde que entrara no quarto parei para observar como era o ambiente. Tudo estava cheio de poeira, provavelmente os tios de Harry não se importavam se ele teria um quarto descente quando voltasse. O quarto era frio e sem nenhuma decoração. Harry não merecia isso! Senti meu sangue ferver, uma coisa era certa: odiava injustiças.


 Tirei o casaco e o pendurei na cadeira juntamente com minha bolsa. Peguei novamente minha varinha e comecei a executar feitiços de limpeza. Fiquei entretida arrumando o quarto, mas sentia o olhar de Harry em mim, observando cada passo. Não sabia se era certo, mas com simples movimentos de varinha pintei as paredes do quarto com as cores da grifinória e fiz aparecer posters de jogadores de quadribol que Harry gostava. Quando finalmente acabei o quarto tinha um cheiro de lavanda e parecia ter vida.


- Obrigada Mi. – ele me encarava profundamente.


- Faria o mesmo por mim. – sentei na cadeira. – Pensou em algum jogo?- estava com uma louca vontade de fazer algo novo. Sempre que tinha algum tempo livre estudava ou lia, agora era diferente, sentia que tinha deixado de viver muitas coisas por ser tão paranóica com os estudos. Quando fora a ultima vez que fora para uma festa? Uma festa de verdade, com bebida, pegação? Nunca.


- Bom, eu pensei em algo, algo diferente, mas não sei se...


- O quê? – interrompi a fala de Harry, encarando-o com expectativa.


- Nunca joguei verdade ou consequência, se quiser podemos tentar. Os gêmeos me deram duas garrafas de Whisky de Fogo, poderíamos fazer duas coisas novas: jogar e beber. – ele sorriu sapeca.


Levantei uma sobrancelha, nunca fora muito de beber, na realidade tinha medo de beber e ficar uma retardada completa. Mas qual era o problema de beber? A maioria das pessoas bebia quando tristes, por que eu também não poderia?


“Chega de pensar Hermione, é hora de agir. Afinal, qual é o problema de jogar verdade ou conseqüência com Harry? São como irmãos, e se contarem alguma besteira ficara apenas entre vocês.”


- Sim, mas temos um problema... – meu rosto estava sério.


- O quê? – o sorriso alegre dele se desfez com a mesma rapidez com que tinha se formado.


- Não pode beber, ainda não tem 17 anos. Acho que vou ter que ficar com as duas garra...- o travesseiro voou em minha direção acertando em cheio meu rosto. – Isso não foi nem um pouco educado. – falei com falsa rispidez. Harry já estava ajoelhado na frente de seu malão, desarrumando-o.


- Sou mais alto, mais forte e as garrafas são minhas. Vai abrir uma exceção esta noite, monitora? – o rosto tinha um ar arrogante e malicioso. Ele parado em minha frente, com uma garrafa em cada mão, não lembrava em nada meu amigo, meu melhor amigo. Procurei disfarçar meu constrangimento por estar observando-o como homem pela primeira vez e respondi:


- Bom, tendo em vista seu histórico limpo e sem nenhuma detenção, acho que posso. – minha voz estava repleta de ironia, que fez Harry rir enquanto se sentava no tapete com um leão. Levantei da cama e me sentei na sua frente. Tirei a varinha do bolso para conjurar uma garrafa honesta, mas Harry me impediu.


- Vamos primeiro brindar. – o sorriso dele me fez pensar que merda estava acontecendo comigo para de uma hora para outra começar a reparar no quão bonito Harry era. Sorrindo nervosamente, abri as garrafas com um aceno e Harry me deu uma delas.


Uma garrafa inteira para mim? Não ia terminar a noite apenas bêbada, mas em coma alcoólico. Harry riu, como que lendo meus pensamentos.


Cada um estava com uma garrafa, nos encarávamos fixamente.


- Vamos brindar a oportunidade de ter uma noite atemporal, em que apenas somos dois amigos aproveitando a juventude. – Harry estendeu sua garrafa após terminar de fazer seu brinde, um tanto melancólico mas verdadeiro, apenas Merlin sabia quando teríamos a oportunidade de ter mais uma noite como esta.


- Vamos brindar a oportunidade de ter esta noite para realmente nos conhecermos, sem mascaras, sem preocupações, sem o mundo nos exigindo para sermos diferentes de quem realmente somos. – levantei devagar minha garrafa, Harry me olhava de uma maneira nova, que me fez desejar poder entrar em sua mente como conseguia fazer na das outras pessoas. Sorrimos quando nossas garrafas bateram, mas um flash me assustou. Harry estendeu sua mão livre e pegou a minha:


- Para registrar o momento. – Ele bebeu um pequeno gole e fez uma careta. Olhei minha garrafa e bebi também. Engasguei. Essa coisa queimava horrivelmente. Levantei para pegar a foto, não queria que Harry visse que meu olhos estavam marejados por causa da bebida. Ao olhar a foto não pude deixar de rir: Harry e eu fazíamos o brinde e depois nos dávamos as mãos, até parecia uma cena romântica, se não fosse pela careta de Harry ao beber e de eu quase morrer engasgada no fim.


- Ninguém mais pode ver. – falei enquanto sentava novamente no tapete, entregando-lhe a foto. Já recomposta me aventurei a beber mais um gole, e por mais bizarro que pareça gostei do sabor. Sorrindo feliz por conseguir beber sem engasgar conjurei a garrafa honesta, ignorando a risada de Harry na parte em que quase morria engasgada na foto.


- Sabe, essa foto ficou de morrer! – revirei os olhos.


- Que piada horrível. – mas um sorriso de canto formou-se em meus lábios. Harry ria ainda, mas quando viu que tinha conjurado a garrafa honesta ficou mais sério.


- Ela fica verde quando falamos a verdade e vermelha quando mentimos, não? – a pergunta era inútil, toda garrafa honesta era igual, por isso não resisti e respondi:


- 10 pontos para a grifinória pela brilhante dedução do Sr. Potter. – Harry mostrou-me a língua, fazendo com que ria. – Vamos começar? – bebi mais um gole e Harry me acompanhou. Girei a garrafa enquanto ele ainda bebia.


- Não vale, eu queria girar a garrafa primeiro! – ele fez um falso biquinho, que piorou quando a garrafa ficou em tal posição que eu perguntava.


- Verdade ou Consequência?  - meu sorriso era incrivelmente inocente, já tinha minha pergunta na ponta da língua. Bebi enquanto esperava sua resposta.


- Verdade. – os olhos de Harry estavam estreitos e ele bebeu um longo gole, como que para se preparar. Fiquei impressionada com a rapidez do whisky em fazer efeito, o rosto de Harry já estava levemente avermelhado


- Há boatos em Hogwards que teve um sonho erótico com Pansy Parkinson, é verdade? – mantive minha expressão séria a muito custo, já que o queixo de Harry literalmente caiu.


- Claro que nunca tive um sonho, quero dizer, um pesadelo com ela. Quem espalhou esse boa... – mas ele parou de falar ao me ouvir rir. Harry revirou os olhos. – Não acredito que cai nessa. – ele estendeu sua garrafa para brindar, sorri e bati a minha na dele antes de beber.  Ele aproveitou para girar a garrafa. Quase engasguei ao ver que novamente perguntava. Sorrindo superiormente perguntei:


- Verdade ou consequência?


- Verdade. - ele pegou sua garrafa e bebeu vários goles. Vi que ele já bebera ¼ e fiquei pensando quanto tempo demoraria para que ficássemos realmente bêbados. Não muito, levando em conta o alto grau alcoólico e o fato de nunca bebermos.


- Qual foi a primeira garota que amou? – movida por uma força maior perguntei, era como se precisa saber quem fora a primeira. Era irracional, sabia toda a vida de Harry, mas queria ouvir de sua boca dizer que ela fora o seu primeiro amor. Olhei minha garrafa e vi que bebera um pouco mais do que Harry. Por isso minha cabeça estava tão leve, pensei. Como conseguira beber tanto em tão pouco tempo não tenho a mínima ideia.


Harry bebeu bastante antes de responder, sua garrafa já estava na metade quando finalmente respondeu. Suas bochechas estavam vermelhas e seus olhos levemente embaçados. Estávamos bebendo o whisky como se fosse água, literalmente.


- Acho que nunca, realmente, amei uma garota. Não sei o que é amar uma garota. – nossos olhos se encontraram. Não precisava olhar a garrafa honesta para saber que ele estava falando a verdade. Nunca esperara tal resposta, achei que ele diria sem duvidar o nome de Gina. Harry desviou os olhos e girou a garrafa. Finalmente era sua vez.


- Verdade ou consequência? – ainda estava perdida pela ultima resposta dele, mas pisquei duas vezes e me concentrei no jogo. Minha mente parecia lenta, não estava conseguindo raciocinar como normalmente fazia.


- Veldade. – minha língua enrolou ao falar, e caímos na risada, era uma risada sem sentido, mas riamos como se tivéssemos escutado uma ótima piada. Sim, já estávamos bêbados. Essa noite ia entrar para a história, tínhamos nos embebedado em 10 minutos


- Bom, já que escolheu veldade...- e novamente gargalhamos até nossas barrigas doerem. – Bom, qual foi o primeiro garoto que beijou? – “Que merda, com tantas perguntas para fazer, ele justamente faz a que não quero responder” Meu rosto já corado pela bebida deveria estar ainda mais vermelho de constrangimento. Desviei meus olhos para a garrafa honesta, pensando que deveria ter escolhido conseqüência. – Oras Mi, não é como se fosse me confessar que foi o Malfoy. – Harry ria porque não sabia qual era a resposta.


“Bom, dane-se, tenho que responder de qualquer jeito mesmo.” Perdendo a vergonha por causa do álcool respondi:


- Eu nunca...beijei – enquanto falava ia erguendo meus olhos até os de Harry. Vi primeiro surpresa, depois descrença e finalmente incredulidade. Ele olhou rapidamente a garrafa, ao ver que estava verde, voltou a me encarar.


- Mas e o Krum? – Harry me olhava curiosamente.


- Era só um amigo, como sempre fiz questão de deixar claro. – Harry continuava me encarando curiosamente. – Que saco, não é nada demais eu nunca ter beijado.


- Claro que é! Como uma garota bonita e legal como você nunca quis beijar alguém? – Harry bebeu bastante enquanto esperava minha resposta.


- Eu acredito em amor, um beijo é uma demonstração de carinho que deve ser feita com amor...Harry, acho que eu também não sei o que é amar alguém. – levantei minha garrafa para mais um brinde. – A nossa incapacidade de amar! – sorrimos e bebemos.


- Acho que bebemos muito rápido, já passei da metade e não estamos jogando nem a 15 minutos. – Harry colocou sua garrafa ao lado da minha para ver quem tinha bebido mais, estávamos quase empatados. - Essa coisa é forte pra caramba, minha cabeça esta dando voltas de uma maneira interessante


- Minha cabeça também esta estranha. – falei sorrindo.


- A língua também. – ele riu novamente.


- Acho que sou daquelas bêbadas que fala enrolado. – bebi um pouco mais e girei a garrafa novamente. Eu perguntava.


- Essa garrafa só pode estar viciada, não é justo! – Harry fez biquinho.


- Verdade ou consequência? – ignorei sua birra


- Consequência, não quero saber o que me perguntara depois que a fiz confessar que nunca beijou! – ele sorriu


- Não prefere gritar pela janela? Acho que algumas pessoas ainda não ouviram. – “Que merda, tomara que Harry seja um daqueles bêbados que esquecem tudo”.


- Calma Mi, minha boca e um tumbo, ops, um tumulo! – ele começou a rir e eu o acompanhei.


- Pelo visto não sou a única com problemas na língua. – falei sorrindo inocentemente.


- Esse sorriso me deu arrepios. – Harry me olhava preocupado, pelo visto ele já se arrependera de ter escolhido conseqüência.


- É para ter arrepios mesmo! Pode se levantar Sr. Potter? – sorri ainda mais inocentemente. Harry levantou-se com trabalho, já que estava meio tonto, rimos muito de sua primeira tentativa de levantar, já que caira com a bunda no chão. Estar bêbada era a coisa mais divertida que já fizera, tudo parecia engraçado, inclusive a coisa mais ridícula.


- Pronto, essa era a consequência? – ele me olhava com as sobrancelhas erguidas.


- Não meu caro amigo, esta é a consequência. – com um simples aceno de minha varinha a roupa de Harry transformou-se. Comecei a rir descontroladamente. Sua expressão horrorizada ao ver o flash da câmara me fez rir ainda mais.


- Esta uma gata! – e ri ainda mais.


- Isso não teve graça nenhuma. – e colocou as mãos na cintura, fazendo com que me dobre ao meio de tanto rir e mais um flash aconteceu.


- Teve sim. – respondi quando finalmente consegui controlar meu riso. A saia preta acima dos joelhos deixava a vista as pernas peludas de Harry. A mini regata preta colada, mostrava os braços de um jogador de quadribol e não mais os de um menino. E o tanquinho, nossa! “ Agora sou também uma bêbada tarada!” Pensei enquanto transformava novamente sua roupa. Harry sentou novamente e girou a garrafa, havia um brilho diferente em seu olhar, um brilho que prometia vingança.


- Minha cara amiga, verdade ou consequência? – finalmente parei de encará-lo e vi que ele girara a garrafa.


- Verdade, não tenho nenhum outro segredo! – sorri maliciosa.  – Acho que vou ver as fotos enquanto pensa em uma pergunta. – Harry segurou meu braço, impedindo que me levante.


- Já tenho uma pergunta. – ele sorriu mostrando todos os dentes e apenas uma palavra veio a meu cérebro embotado: ferrou. – Já teve algum sonho erótico? – ele ainda segurava meu braço quando fez a pergunta e me encarava fixamente. Meu rosto deve ter ficado pior que o dos Weasley. Por que fui aceitar jogar?


- Olha Harry... que merda de pergunta foi essa? – estava brava comigo mesma por não conseguir contornar a situação. Respirei fundo, ele sorriria ainda mais se isso fosse possível. – Sim, já tive, mas não adianta nem perguntar com quem foi, porque no sonho só via um casal apaixonado fazendo aquilo. – respondi da melhor maneira que pude, omitindo os detalhes de com quem o casal se parecia. Sonhara no quinto ano, e ficara tão constrangida que procurara esquecer. Bebi bastante assim que ele soltou meu braço.


- Hermione, a sabe-tudo de Hogwarts tendo um sonho erótico, nunca imaginaria. – ele me olhava enquanto bebia. Aproveitei para girar a garrafa e sorri aliviada quando vi que era minha vez de perguntar.


O jogo não teve mais perguntas constrangedoras, e passamos a maior parte do tempo rindo à toa, rindo de besteiras. Num dado momento Harry disse que nunca imaginara que fosse possível ficar bêbado em 10 minutos. Foi mais ou menos nessa hora que ele foi buscar no malão o bilhete que recebera dos gêmeos junto com as garrafas. Rimos muito de nossas tentativas frustradas de tentar ler ser embaralhar as letras. Pensei em fazer um feitiço leitor mas não sentia mais segurança em executar magia. Mas pelo pouco que conseguimos ler entendemos que apenas dando um gole na bebida já ficaríamos bêbados, ou seja, o Whisky estava adulterado.


- Já deveria imaginar, nenhum presente vindo dos gêmeos seria normal. – Harry terminou sua garrafa de um gole e girou a garrafa honesta. Estávamos jogando a quase uma hora, fazendo apenas perguntas sobre nossas infâncias e férias. Era sua vez de perguntar.


- Verdade ou consequência? – Harry me olhava com expectativa, como se após ler a carta dos gêmeos algo tivesse mudado.


- Consequência. – a palavra simplesmente saiu, era como um robô sendo guiado por uma força maior. Olhei Harry de uma maneira assustada, algo no fundo de minha mente sabia porque escolhera consequência, eu sabia que consequência Harry me daria. Eu queria a consequência que ele me daria. Bebi o restante de minha garrafa e quando a coloquei vazia no chão Harry finalmente falou:


- Beije-me. – não era uma ordem, nem uma pergunta, era uma sugestão. Nossos olhos estavam fixos um no outro, não de uma maneira mágica, mas de uma maneira extremamente familiar, era como se tivéssemos nascido para nos olhar assim, carinhosamente.


Não sei como, mas me ajoelhei após empurrar a garrafa honesta e segurei o rosto de Harry entre minhas mãos. O encarei com todos os sentimentos confusos que passavam por minha cabeça e finalmente colei meus lábios nos dele. Nossos olhos começaram a fechar lentamente, suas mãos eram como plumas em meu pescoço. Nossos lábios antes imóveis abriram-se, nossas língua se tocaram e em nenhum momento senti como se estivesse beijando pela primeira vez. Em pouco tempo estava sentada no colo de Harry, abraçando seu pescoço, suas mãos passeavam por minhas costas, arrepiando-me.


Um beijo não foi suficiente, milhares não seriam.  Nosso controle já não mais existia, tínhamos nascido para fazer isso, nos amar, era tão natural como respirar. Estávamos tão perdidos com nossas caricias que apenas o flash da câmara nos fez voltar a realidade. Nos encaramos assustados, preocupados.


- Eu sinto muito Mi, não tinha o direito de fazer isso. – sua mão subiu e colocou meu cabelo atrás da orelha, acariciando meu rosto. – Disse que queria que fosse com alguém que amasse e eu simplesmente...


- Harry, de certa maneira eu te amo, então não tem do que se desculpar, não poderia ter escolhido outra pessoa com quem quisesse aprender a beijar. – encostei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos por uns segundos. Não conseguia distinguir o certo do errado, mas sabia que no dia seguinte ia corar ao lembrar do beijo.


- Bebemos muito. – ele beijou minha bochecha e me retirou de seu colo. Levantamos e nos olhamos de uma maneira que os antigos Harry e Hermione, os melhores amigos, nunca se olhariam. Ele desligou a luz, pegou minha mão e me levou até a cama. Deitamos sem falar nada, ambos sabíamos que não estava em condições de conjurar uma cama. Seu braço rodeava minha cintura e minha mão segurava a dele.


- Eu sei como se sente Mi. – a respiração de Harry batia em minha nuca, arrepiando-me. Sim, ele sabia como estava me sentindo. Ele também perdera os pais, sabia como isso doía. Mas principalmente, ele também estava confuso com o que acontecera hoje, era como se por anos tivéssemos estado com uma venda nos olhos e recém agora estivéssemos nos vendo de verdade.


- Eu sei Harry. – respondi fracamente, apertando sua mão.


- Eu te amo. – murmurou com voz sonolenta.


- Eu te amo mais. – respondi, sentindo que ia perdendo a consciência aos poucos


 "Essa foi, provavelmente, a noite mais inocente da vida dos dois. A aura de paz e amor que preenchia o quarto fez com que dormissem tranqüilamente. As fotos, abandonadas no chão, retratavam o começo do grande amor, do amor imortal, que uniria Harry Potter e Hermione Gryffindor pela eternidade."


 


N/A: Bom, sim, eles dormiram de conchinha! Hssahuahsuhsuhaush Mas quem esta achando que eles já vão engatar um romance acho melhor se acalmar, pois muita água ainda vai correr. Tenho muitas surpresas para os próximos capítulos, que vão ser muito reveladores. Espero que comentem e que tenham gostado. Quero agradecer a todos os que comentaram, mas principalmente a Rosana Franco, Pammy Potter e Wanessa Potter que são minhas fieis leitoras ( sempre comentam). Muito Obrigada! O próximo capitulo é dedicado a vocês três. Bjs, Sophi Potter

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Comentários (12)

  • Nanda R. Pereira

    Amei, perfeito,to sem palavras para descrever o quanto eu gostei desse capitulo.

    2011-07-20
  • Priscylla R

    Simplesmente perfeito, não tem como definir melhor. ♥

    2011-07-20
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