No Expresso de Hogwarts



Capitulo 3. No Expresso de Hogwarts.


“A saudade é a inconfortável esperança de um reencontro.” Evandro Luiz.


*~*~*~*~*~*~*


   Enquanto estava sentada na cama em seu quarto, Ariana pensava no que acontecera de estranho naquela manhã. Primeiro, havia descoberto que era bruxa. Sua mãe ficara tão chocada quando Ariana a contou que soltou “seu pai também é...” não conseguiu descobrir mais nada. Leu todo o pergaminho e a lista de matérias. “Onde irei comprar isso tudo?Como saberei em que lugar ir?” pensava ela, passando a mão distraidamente em cima de sua cicatriz em forma de raio na testa. Sua pergunta foi respondida com o leve som da campainha.


   Ariana desceu as escadas com a testa franzida, quem seria?Abriu a porta e deu de cara com uma mulher alta, com uma aparência bastante severa e com o cabelo preto preso a um coque apertado. Usava roupas verde-esmeralda e um chapéu pontudo e torto estava em sua cabeça. Ela olhava com curiosidade para Ariana.


   -Hum...o que a senhora quer?-perguntou Ariana, envergonhada.


   -Vim aqui buscá-la, senhorita Starwood, para comprarmos seus matérias. Também serei sua professora em Hogwarts – ela falou, polidamente. Ariana deu passagem para a mulher, que entrou na casa observando tudo com seus olhos severos.


   -E você ensina o que, Profa...-falou. A mulher se virou para ela.


   -Sou a Profa. Macgonagall e ensino transfiguração – ela respondeu, calmamente.


   -Eu não tenho tanto dinheiro assim, e são muitos matérias...-Ariana começou, olhando para a professora, tristemente.


   -Não precisa se preocupar, querida, temos um...fundo para os alunos que não tem pais mágicos – a professora a tranqüilizou.


   -Sei que meu pai era, minha mãe me falou sem perceber – Ariana a corrigiu, olhando distraidamente para os seus sapatos.


   -Bem...vamos?-perguntou Macgonagall, abrindo a porta.


   -Mas minha mãe...-Ariana choramingou, a mãe havia saído há algum tempo.


   -Não se preocupe, iremos deixar um bilhete para ela – Macgonagall disse, pegando sua varinha. Apontou-a para um pedaço de papel e uma caneta, que imediatamente começou a escrever vorazmente.


   Depois de que o papel voltou a cair sobre a mesa, Ariana saiu de casa em companhia da Profa. Macgonagall. As duas andaram até a cerca da casa, depois a professora parou e Ariana também.


   -Segure o meu braço – ela disse secamente. Ariana obedeceu, e logo estava sufocada, era como se alguém tivesse a colocado em um pequeno quarto que se encolhia cada vez mais. De repente, o ar voltou aos seus pulmões. A primeira coisa que fez foi abrir os olhos e olhar em volta.


   Estava em uma rua cheia de pessoas que passavam, apressadas. Havia varias lojas de livros mágicos, instrumentos mágicos, enfim, o lugar era pura magia. Ariana olhava, chocada e maravilhada, as lojas pelas quais passavam enquanto era guiada pela Profa. Macgonagall  a um grande prédio branco. Quando entraram, Ariana viu o aviso para avisar os ladrões e sentiu medo. O que haveria naquele lugar?Chegaram em uma sala cheia de criaturinhas estranhas e medonhas.


   -Esses são duendes, eles tomam conta do Banco Gringotes, não fale nada – a professora a instruiu enquanto se dirigiam a um deles. Ela lhe deu uma pequena chave de prata. O duende chamou outro, que as levou a um vagonete. Entraram e o vagonete começou a descer como um maluco. Ariana quase vomitou.


   Pararam de chofre no cofre 690. Ariana suava frio, apoiando-se na parede. Depois que conseguiu ficar em pé direito, foi até a porta do cofre que foi aberta pelo duende. As pernas de Ariana tremiam e ela quase desmaiou. Dentro do cofre havia três montes enormes, compostos de moedas empilhadas. Uma das pilhas era de moedas de prata, outra de bronze e a ultima de ouro. A Profa. Macgonagall pegou um pouco de cada pilha e colocou em uma bolsa, que deu para Ariana. A professora a explicou sobre o dinheiro bruxo e as duas voltaram para o vagonete.


   -Esse dinheiro é para o fundo?-perguntou Ariana, depois de saírem de Gringotes.


   -Não. Aquilo é só seu, Ariana – a professora respondeu. Ariana percebeu um brilho no olhar de Macgonagall, e aquela fora à primeira vez que ela a chamara pelo nome.


   -Mas eu não tenho dinheiro bruxo e nunca tive. E minha mãe é uma “trouxa” – ela falou, olhando para os sapatos enquanto entravam em uma loja – Madame Malkin, roupas para todas as ocasiões.


   -Aquele dinheiro era de seu pai, Ariana, e ele deu para você – ela a olhou severamente. Uma atendente chegou – Há, precisamos de uniformes para Hogwarts...


   Depois de sair de Madame Malkin, elas foram para a farmácia, que tinha o pior cheiro que Ariana conhecia. Depois foram comprar seus livros, Ariana ficou tão entusiasmada que comprou vários outros livros que não estavam listados para a compra. A Profa. Macgonagall a observava escolher os livros, parecia ligeiramente surpresa e orgulhosa. Depois de que já haviam comprado quase tudo, Ariana comprou um sorvete e o tomou rapidamente, o sabor era incrível, nunca havia provado algo tão bom. Foram até a loja Oliveras para comprar a varinha de Ariana. Ela quicava, inquieta, enquanto andavam em direção a loja.


   -Pare com isso, Ariana Starwood, não vai querer ganhar uma detenção antes mesmo de que o ano letivo comece?-perguntou Macgonagall, divertida.


   -Me desculpe, é que eu estou ansiosa – disse Ariana, quando entravam na loja.


   -É só uma varinha, Ariana, nada de mais – respondeu Macgonagall. Ariana discordava profundamente da professora. Sentia que era algo mais do que uma varinha, era como uma prova. Uma prova de que aquilo não era um sonho.


   Esperaram pacientemente, até que um velho bruxo apareceu. Seus olhos eram cinzas e davam medo. Mas ele era muito simpático. Algumas tentativas depois, Ariana foi finalmente foi escolhida por uma varinha: Vinte e oito centímetros, flexível, feita de cerejeira e núcleo de corda de coração de dragão. Saíram da loja, Ariana sorrindo, satisfeita.


   -Que tal algum bicho?Sapo, gato, coruja, rato?-perguntou Macgonagall, olhando para a loja de animais do beco diagonal. Ariana concordou e entraram. Logo saiam, Ariana segurando um gato branco com manchas pretas nos braços.


   A Profa. Macgonagall mandou as coisas de Ariana para a casa dela com um aceno da varinha. As duas novamente “aparataram”, coisa que Ariana achou horrível.


   -Nos encontramos em Hogwarts, Ariana – a professora lhe falou, antes de ir embora.


   Ariana correu para dentro de casa, cumprimentou a mãe e subiu para o seu quarto. Seu gato, que decidira chamar de Joe, estava deitado preguiçosamente em sua cama, a olhou como se falasse “venha deitar comigo, deixo você me fazer até um cafuné”. Mas ela não foi, arrumou todas as suas coisas no malão e pegou um dos livros que comprara e se sentou na ponta da cama. Leu até cair de sono na cama. Olhos verdes a acompanharam em seus sonhos até o dia nascer.


...


   Ariana estava na estação de trem, entre a plataforma 1 e 2, sua mãe a suplicava que se comportasse e outras coisas que ela não ouvia. Era dia 1 de Setembro. O dia finalmente havia chegado. Iria para Hogwarts. Estava nervosa e ansiosa. Viu quando um homem e um garoto vinham na mesma direção que elas estavam. O homem puxava um carrinho de bagagem que tinha um grande malão. Ariana não prestava atenção nisso, olhava para o garoto, para seu cabelo negro e rebelde. De repente, seus olhares se cruzaram. E Ariana finalmente os viu, finalmente os encontrou. Os olhos verdes com que tanto sonhava. Sentiu-se estranha. Seu coração batia acelerado, estava com tanta vergonha e agora tinha pensamentos como “será que minha blusa está do lado certo?” ou “será que ele gosta de mim?” Estava ficando maluca.


   -Ariana, você está me ouvindo?-sua mãe perguntou, a tirando de seus devaneios, mas não dos olhos do garoto.


   -Não – ela respondeu, francamente. O homem que estava com o carrinho de bagagens com uma coruja branca presa em uma gaiola parou com o garoto a poucos metros delas e os dois conversaram rapidamente.


   -Bem, acho que alguém aqui está com a cabeça nas nuvens, então, vou embora. Tenha um bom ano letivo – Aurora falou, suspirando. Deu um beijo e um abraço em Ariana e saiu. Ariana observou o carro até este ter desaparecido.


   -Hum...-alguém murmurou atrás dela. Levou um susto tão grande que deu um pulo. Virou-se e encontrou novamente aqueles olhos verdes. O garoto usava roupas comuns trouxas e também óculos. “como ele é lindo...o que é isso, Ariana, como você pode pensar isso de alguém que acabou de conhecer?”, sua razão falava, uma voizinha na sua cabeça respondia, irritada “você sonhou com ele todo esse tempo, como pode dizer que não o conhece?”


   -Oi – ela falou, finalmente, corando. Os olhos do garoto brilharam quando ele viu seu rosto todo vermelho. Corou mais ainda – eu sou...- “espere, qual é meu nome mesmo?” – Ariana Starwood.


   -Eu sou Harry Potter – ele disse, lhe estendendo a mão. Ela colocou a sua lentamente em cima da dele, tremendo. De repente, a imagem de duas pequenas mãozinhas lhe passou pela mente – você vai para Hogwarts também, não é?Sabe o caminho para a estação?


   -Não – ela começou, mas naquele momento uma mulher ruiva acompanhada de mais cinco garotos passou, falando “...e ainda mais, cheio de trouxas...” Os dois se olharam, sabiam que a mulher era uma bruxa.


   -Vamos – Harry falou, pegando seu carrinho e puxando a mão de Ariana. Ela, atordoada, com o cheiro da pele do garoto, o acompanhou. Não queria, não podia, soltar a mão dele. Mal sabia que ele sentia a mesma coisa.


*~*~*~*~*~*~*


 


   Harry seguia a mulher, mas seus pensamentos estavam na garota que estava ao seu lado. Seu cheiro o inebriava, suas mãos eram quentes e seguravam as dele com força, como se ela tivesse medo que os dois se separassem. Ele correspondeu entrelaçando seus dedos nos dela.


   Conseguiram chegar até onde à mulher estava e viram três garotos correrem em direção ao muro entre a plataforma nove e dez, mas sempre algum grupo de pessoas passava e ele não conseguia ver. Não entendendo nada, Harry soltou a mão de Ariana, e foi até ela e perguntou:


   -Por favor, eu não sei como...


   -Chegar à plataforma?Há, é muito fácil. Só tem que ir a direção ao muro, pode correr se quiser, vão com Rony, ele também vai entrar esse ano – disse ela. Os três ficaram lado a lado, Harry segurou a mão de Ariana sem nem perceber. Correram, Harry fechou os olhos, esperando o impacto, mas ele não veio. Viu-se em uma estação cheia.


   Harry e Ariana se dirigiram para uma cabine, mas estavam com dificuldade em colocar as malas. Dois dos meninos com cabelo ruivo vieram e os ajudaram.


   -Obrigada – Ariana agradeceu, sorrindo.


  -Não há de que, senhorita – disseram juntos, depois desviaram sua atenção para Harry – somos Fred e Jorge Weasley.


   Harry, que estava afastando o cabelo da testa, sorriu para eles. Logo os garotos olhavam espantados para a testa de Harry, e Ariana também.


   -Você é Harry Potter!-disse Jorge, admirado, e já ia abrir a boca para perguntar alguma coisa quando a mãe deles os chamou.


   Harry se sentou, esperando Ariana começar a fazer perguntas a ele ou até começar a falar o quanto o admirava, como alguns bruxos haviam feito quando entrara no Caldeirão Furado, mas ao invés disso, Ariana sentou-se ao seu lado e pegou sua mão. Seus olhares se cruzaram novamente. Harry suspirou baixinho, tinha encontrado os olhos azuis com que sonhava. Simplesmente teve a enorme vontade de perguntar a garota se ela gostava dele, mas guardou-a para si.


   -Sinto muito por seus pais – a garota disse, abaixando a cabeça. Harry ficou comovido.


   -Queria que eles estivessem aqui – ele falou. De repente, estava com a cabeça de Ariana no ombro. A garota lhe dava um abraço, e ele a envolvia, enquanto sentia o cheiro de seu cabelo, tinha medo que ela sumisse, tinha medo que ela desaparecesse. Conhecia ela há poucos minutos e ele já se sentia assim em relação a ela. O que estava acontecendo com ele?


   Separaram-se rapidamente quando ouviram a porta da cabine se abriu, um garoto de cabelos ruivos entrou.


   -Posso me sentar aqui?As outras cabines estão todas cheias – ele perguntou. Harry e Ariana concordaram com a cabeça, Ariana um pouco corada.


   O resto da viagem foi tranqüilo, Harry se contentou em olhar de relance para Ariana. Harry e Rony se tornaram bons amigos depois de alguns minutos. Será que isso também era possível entre ele e Ariana?Ou havia algo a mais entre eles?Perguntas que ele não sabia se obteria respostas.

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Comentários (2)

  • Gina Evans

    Vai ser muito legal. Ando planejando os proximos capitulos, estou confusa com a quantidade de ideias que tive. Espero que goste. =)

    2011-05-13
  • rosana franco

    Fiquei curiosa do motivo dela tb ter uma marca,tomara que ela e o Harry consigam conversar e tenham coragem de contar logo sobre os sonhos.Tb quero saber quem é o misterioso pai dela.

    2011-05-13
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