Passado e Presente
Aí está galera, mais um capítulo. Espero que gostem. Mais uma vez muito obrigado pelos comentários, continuem assim. Vou tentar sempre postar um novo capítulo todo domingo, mas não posso prometer. Já sabem né, COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM
P.S: Onde vocês lerem “passado” ou “presente”, significa que estamos caminhando no tempo, voltando no tempo ou permanecendo no presente.
P.S.2: Se alguém se interessar em ser meu beta-reader vou achar ótimo.
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Capítulo 16: Passado e Presente
Ron sentia um misto de alívio e tensão ao chegar ao Ministério. Alívio porque era o último dia de depoimento. Tensão porque estava prestes a reviver os piores três meses de sua vida. Chegaram cedo e tiveram que aguardar os outros chegarem. Ron caminhava impaciente de um lado para o outro enquanto Harry permanecia sentado, mas igualmente nervoso. Blásio Zabini chegou logo depois deles, mas nem os cumprimentou. Historicamente havia uma disputa entre Grifinória e Sonserina e era costume que os integrantes dessas duas casas não se falassem, mesmo depois de formados. Apesar de seu ar pomposo, Harry logo percebeu que o sonserino também estava meio abalado com tudo que vira até então. O rapaz ficou calado no seu canto, definitivamente infeliz de estar ali. Depois de dez minutos, que pareceram horas, os outros começaram a chegar. Quando estavam todos reunidos, o ministro bateu na borda da penseira com a varinha e o líquido começou a girar. No segundo seguinte estavam todos mergulhando nas lembranças de Rony.
Voltaram à mesma sala de pedra, fria e escura. Rony agora estava deitado no chão, quase inconsciente. Respirava com dificuldade. As letras em seu peito estavam escarlate, como se ainda queimassem. O garoto não conseguia se mexer e gemia baixinho. De repente a cena mudou e agora eles viam novamente Rony sendo preso às correntes. O ruivo já não resistia, parecia estar começando a desistir.
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- Você vai morrer aqui, seu idiota. Cadê Harry Potter? – Ron simplesmente ficava em silêncio. Os comensais batiam, açoitavam e torturavam sem dó e mesmo assim ele não dizia uma palavra. Não gritava mais, o que parecia irritá-los profundamente.
- Esse aí não vai falar, Lúcio. Não adianta.
- É o que me parece. Acho que você devia ir atrás da menina – Rony logo entendeu que devia se tratar de Hermione e arregalou os olhos. Greyback assentiu com a cabeça e saiu. Lúcio se virou para Rony.
- Quem sabe quando eu pendurá-la ai ao seu lado, você não resolve falar – para a surpresa de todos, o garoto começou a rir.
- Tá rindo de quê hein?
- Você é patético – as risadas aumentaram. – Pra quê você quer o Harry hein? Seu queridinho Voldemort está morto, você não pode mais impressioná-lo. Acha que torturar outra pessoa te faz um grande machão, mas você está enganado. O mundo bruxo tem vergonha de você. Seu filho e sua esposa tem nojo de você. Você vive fugindo dos aurores e a única coisa que você ainda consegue fazer é descer aqui pra espancar uma pessoa indefesa. Acho que até mesmo os comensais deviam ter vergonha de ter você como aliado. Você sempre se achou muito superior ao resto, mas agora você é tão importante quanto os ratos que vêm me visitar toda noite – aquilo pareceu tirar Lúcio do sério. Atacou Rony impiedosamente. Usou todos os artíficios de que dispunha. Espancou-o sem piedade e lançou mão dos feitiços mais horríveis que se possa imaginar. Ainda sim, Ron permaneceu em silêncio. Somente quando o garoto já estava desmaiado é que ele parou, sem fôlego. Olhou para o menino, certo que o tinha matado, mas quando ia se retirando, ouviu uma voz muito fraca.
- Isso é tudo que você tem? – novamente, Ron usava o mesmo tom desdenhoso. Lúcio sacou mais uma vez a varinha, roxo de raiva e apontou pra ele. Ficou encarando-o por um tempo, quando falou.
- Avada... – antes que pudesse terminar, foi interrompido por Greyback.
- Consegui, peguei a menina – Ron imediatamente aprumou o corpo e arregalou os olhos. Lúcio sorriu e abaixou a varinha. Se aproximou do ruivo e disse com um sorrisinho no rosto.
- Você vai preferir a morte depois de vir o que iremos fazer com sua namoradinha – virou as costas e saiu. Ron continuava com a mesma expressão de terror no rosto. Greyback soltou as correntes. Ron caiu no chão e desandou a chorar. Acabou desmaiando e tudo ficou escuro novamente.
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Harry olhava horrorizado pra tudo aquilo. Desde o episódio do dia anterior, os outros bruxos também pareciam mais suscetíveis àquelas imagens. Ron definitivamente não estava nada bem. O sequestro de Hermione era um blefe, mas naquela época e naquelas condições ele não tinha com saber. Ficou relembrando como tinha se sentido naquele dia e precisou se segurar para não chorar. Zabini também não estava se sentindo bem. Harry começou a imaginar que o rapaz estava realmente arrependido de ter aceitado a proposta de Malfoy de presenciar tudo aquilo.
- Como está se sentindo? – o ministro veio perguntar a Rony.
- Péssimo. De que outra maneira eu poderia me sentir – Kingsley simplesmente assentiu e se afastou. O investigador, retomando seu ar pomposo, veio perguntar.
- Você poderia nos dizer se em algum momento a Maldição Imperius foi usada? – Ron levantou o rosto para encará-lo.
- Não vai demorar muito e o senhor terá sua resposta – e ele estava certo. As imagens novamente se alteraram e viram mais uma vez Malfoy e Greyback descendo as escadas.
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Agora era possível ver que os dois sequestradores deixavam alguma fonte de luz no quarto de Rony, mesmo depois de saírem, então ficava muito mais fácil entender o que estava acontecendo. Depois de um tempo, Greyback desceu as escadas e prendeu novamente Ron às correntes. Lúcio veio falar com ele.
- Sua namoradinha não está querendo falar, então eu voltei pra você. Como você já está bem maltratado, acho que será mais fácil agora. A Maldição Imperius deve abrir sua boca – Ron se assustou diante da perspectiva do que estava por vir. Malfoy se afastou, apontou sua varinha pra ele e disse.
- Imperio.
Tudo ficou branco. Ron sentia como se alguma força estivesse abrindo sua boca contra sua vontade. Tentou lutar, mas naquele estado era muito difícil. Seus lábios começavam a se mover e ele teimava em continuar lutando. Lembrou que não via o amigo há muito tempo, então não tinha realmente certeza de onde ele estava. Isso enfraqueceu um pouco a maldição. Vislumbrou a Toca e todos os seus familiares. Ficou imaginando quantos comensais poderiam atacá-los caso abrisse a boca. Fez ainda mais força, mas parecia que sua voz queria sair, que precisava sair. Lembrou então daqueles cabelos castanhos, do perfume, do olhar. Se lembrou dos beijos fortuitos que trocaram. Se falasse, eles o matariam e caso realmente estivessem com Mione, iriam fazer o mesmo com ela. Fez um pouco mais de força e então sua mente se fechou. Ele se viu retornando à sala e abriu os olhos. Lúcio havia sido jogado pra trás diante da incapacidade de controlar a mente de Rony. Depois de se recuperar o comensal se aproximou e repetiu o feitiço. Dessa vez foi mais fácil resistir. Foi muito mais fraca e ele tinha certeza que nada poderia superar a força das lembranças de sua família, seu amigo e do amor de sua vida. Resistiu e abriu o olhos a tempo de ver Lúcio Malfoy subir as escadas furioso e envergonhado. Dessa vez Greyback não soltou as correntes e ele ficou mais algumas horas pendurado. O lobisomem reapareceu para mais uma sessão de espancamento. Ron estava se acostumando, se é que fosse possível, mas percebeu que Greyback pegou um pouco mais leve dessa vez. Ficou imaginando o porquê, mas nada veio à sua cabeça. Depois de um tempo, foi solto das correntes. Dessa vez alcançou o colchão antes de desmaiar.
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Até mesmo Ron ficara boquiaberto com o que aconteceu. Não sabia de ninguém que havia resistido à Maldição Imperius. Os outros pareciam sem fala.
- Você, você resistiu à Maldição? – o investigador perguntou, claramente atônito.
- Resisti. Não me pergunte como. Simplesmente lutei contra ela e fechei minha mente – quando o investigador ia falar o ministro se adiantou.
- Lúcio nunca fora muito bom com essa Maldição, isso pode ter ajudado um pouco. Mas nunca vi nada parecido. Nem nas sessões controladas do treinamento dos aurores eu vi alguém conseguir resistir, quanto mais nessas condições. Isso é um feito incrível senhor Weasley, realmente incrível – ele olhou para Rony, ainda muito sério. Aparentemente todos ali concordavam com o ministro.
- Eles tentaram usar a Maldição Imperius mais alguma vez? – o chefe dos aurores perguntou sem levantar os olhos do pergaminho que tinha à sua frente.
- Tentaram. Acho que mais duas ou três vezes – o auror concordou com a cabeça e continuou a anotar.
- Ainda precisamos elucidar a participação do elfo. O senhor poderia nos dar alguma informação a esse respeito? – o investigador retomara o interrogatório.
- Não me lembro muito bem. Já estava começando a enlouquecer, falando com as paredes e com os ratos que passavam. Mais ou menos nessa época, a comida que me mandavam estava ficando mais escassa então Monstro não aparecia muito – os bruxos anotavam freneticamente. O especialista em memórias já havia preenchido mais dois pergaminhos. A cena continuava a mesma. Ron deitado no seu colchão. Agora era possível ver que ele realmente conversava com as paredes e por vezes ele se virava e continuava falando, talvez com um rato que tinha ali. Depois de um tempo, notaram que Monstro se reaproximava.
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Ron se recostou na parede com muita dificuldade. Monstro segurava uma bandeja na sua frente, contendo duas fatias de queijo e um pedaço minúsculo de pão. Ron quase não comia. Havia perdido alguns dentes e sentia muita dor ao mastigar. Tinha certeza que morreria. Ainda não havia se entregado porque sempre se lembrava que não poderia morrer sem antes conseguir olhar pra ela de novo. Como sempre, Monstro se mostrava arredio e distante, e se recusava a olhar pra ele. Depois de alguns minutos tentando mastigar seu alimento, Rony falou.
- Você sabe quando alguém descobre que está ficando louco? – Monstro olhou pra ele assustado, como sempre fazia quando o garoto tentava puxar conversa. Rapidamente olhou de volta pro chão.
- Hein Monstro, você sabe? – Muito relutantemente o elfo balançou a cabeça em negação. Ron deu uma risada e respondeu.
- Quando você começa a falar com as paredes. Você sabe quantas pedras tem nessa sala? Já contei. São treze mil setecentas e trinta nove. Mas isso não é o pior. Você realmente sabe que está ficando louco quando começa a dar nome a elas – Ron soltou outra risada, que definitivamente deixou o elfo apavorado.
- Essa aqui é Cinthia, essa é Stephanie, essa é Lilá, essa é Minerva, essa é Laura – ele foi falando os nomes das pedras, como se as tivesse apresentando a Monstro. O elfo rapidamente recolheu suas coisas e se preparou pra sair. De repente Ron ficou muito sério e segurou seu braço.
- Eu não vou durar muito mais. Você precisa me ajudar. Todo o tempo que estive com você naquela casa eu te tratei muito bem. Você não pertence à família Malfoy, você sabe disso. Por que está servindo a eles? Me ajude, por favor – no final Ron já tinha um olhar quase suplicante. Monstro tinha os olhos arregalados e se recusava a falar. Desvencilhou-se de Ron e saiu depressa da sala. Ron deixou-se cair na cama novamente e passou a conversar com suas pedras.
- E essa aqui é Dumbledore. Está vendo, tem um pelinho preso nela, como a barba dele – a imagem foi morrendo e novamente tudo ficou escuro. Por um bom tempo, não houve nenhuma movimentação. Mais alguns dias se passaram e Monstro retornou com a comida. Dessa vez, o ruivo comeu em silêncio, apesar de lançar olhares ao elfo de vez em quando. Para a surpresa do rapaz, antes de sair, Monstro falou.
- Eles não pegaram a Srta. Hermione. Não mesmo. Monstro ouviu os dois conversando e eles disseram que era só um blefe. Eles só queriam que o senhor Weasley acreditasse neles. Eu achei que o senhor Harry Potter havia morrido durante a guerra, então eu procurei o parente mais próximo da minha antiga família e era a Sra. Lestrange. Como ela também morreu eu pensei que agora devia servir a irmã dela, Narcisa Malfoy. Por isso Monstro está aqui – Monstro fez uma reverência e saiu. Ron ficou calado olhando pra ele. Pensou em dizer alguma coisa, mas o elfo já havia se retirado. Conseguiu abrir um leve sorriso e nem ligou pra dor que sentiu ao fazê-lo. Era tudo um blefe. Apesar da situação em que se encontrava, sentiu um tremendo alívio.
Mais tarde naquele dia, Lúcio retornou e tentou a Maldição Imperius mais uma vez. Dessa vez foi quase impossível resistir. Ron inclusive chegou a dizer algumas palavras, mas nada que denunciasse o paradeiro de Harry ou dos outros. Conseguiu fechar sua mente antes de revelar alguma coisa importante. Naquela noite, Malfoy usou o Sectusempra diversas vezes, e quase todas as costas de Ron ficaram sangrando. O garoto mais uma vez foi deixado à beira da morte.
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Aquela devia ter sido uma das cenas de tortura mais fortes. Ron ficou claramente muito abalado. Harry não se encontrava em estado muito melhor e se sentia levemente nauseado. O ministro sugeriu que parassem para o almoço. Os outros prontamente concordaram e saíram juntos da penseira. De acordo com os cálculos do especialista, faltava apenas pouco mais de um mês para ser revisto. Assim que se viu de volta à sala de interrogatório, Ron saiu rapidamente sem falar com ninguém. Harry foi atrás dele e encontrou-o sentado no refeitório do Ministério. Uma garçonete vinha trazendo uma xícara de chá. Harry sentou-se de frente ao amigo, mas não disse nada.
- Você deve estar achando que eu sou louco, certo. Conversando com as paredes e tal – o ruivo falou, sem olhar para Harry.
- Claro que não. Fico imaginando como você conseguiu suportar tudo isso. Eu acho que já teria sucumbido há muito tempo.
- Eu não conseguiria aguentar muito mais. Já estava ficando sem nomes para dar às pedras – Harry soltou uma gargalhada e esperou o amigo fazer o mesmo, mas não aconteceu. Ron ficou olhando pra ele e Harry logo pensou em pedir desculpas. Para sua grata surpresa, o ruivo desandou a rir em sua frente. Harry o acompanhou e os dois ficaram assim por algum tempo. Quando pararam de rir, Harry falou.
- Pra mim a mais bonita é a Dumbledore, com barbicha e tudo – as risadas recomeçaram. Apesar do que presenciaram ainda há pouco, era a primeira vez que Ron conseguia sorrir desde o início do depoimento. Os dois tiveram um almoço até muito alegre. Para desapontamento de Ron, o ministro não demorou a aparecer, chamando-os de volta à sala. A expressão de alegria no rosto do ruivo sumiu e reapareceu aquele semblante triste e abatido. Harry também não se sentia muito empolgado a voltar, mas levantou-se e acompanhou os outros dois.
Ao chegarem para a última sessão, todos pareciam esgotados, mental e fisicamente. Blásio estava mais abatido e até mesmo o pomposo investigador do Ministério se mostrava menos disposto a continuar. O chefe dos aurores e o especialista pareciam os menos abalados entre todos. Se reuniram e voltaram à penseira.
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Ron tinha acabado de sofrer mais abusos na mão dos comensais. Dessa vez foram mais cruéis e só saíram depois de Ron ficar com a perna quebrada. Mais uma vez o garoto não gritou, mas quando os dois saíram, o ruivo começou a chorar. Já vinha aceitando sua morte, mas um fato inusitado mudou um pouco as coisas. Monstro reapareceu carregando a bandeja de sempre, mas dessa vez não tinha queijo estragado ou pão mofado. Ele trouxe sanduíches de bacon, empadão de carne e rins, frutas, hidromel e uma jarra de suco de abóbora. Ron ignorou a dor e o terror que sentia e devorou tudo como se fosse a última refeição de sua vida. O elfo levou também um pouco de essência de dítamo, que aliviou bastante vários dos ferimentos do rapaz. Depois de alimentado, Ron perguntou.
- Por que decidiu me ajudar? O que te fez mudar de ideia? – Monstro ficou pensando alguns segundos antes de responder.
- Monstro não concorda com o que eles estão fazendo. O senhor Weasley sempre tratou Monstro muito bem. Apesar de preso aqui embaixo, você me trata melhor que aqueles dois – Monstro cuspiu no chão ao se referir a Lúcio e Greyback. – E além do mais, meu mestre é o senhor Harry Potter e enquanto ele estiver vivo eu não tenho que servir à família Malfoy – Ron esticou sua mão quase esquelética para cumprimentar Monstro. O elfo ficou barbarizado.
- Mas, mas, senhor Weasley, bruxos não cumprimentam elfos – Ron esboçou um sorriso.
- Você é muito melhor que muitos bruxos que existem por aí. Você está agindo contra as ordens de gente muito perigosa e me ajudando. Por isso te cumprimento como a um igual – Monstro estava aturdido. Demorou a processar o que foi dito. Finalmente estendeu sua mão minúscula e cumprimentou o ruivo. Fez uma reverência muito profunda, a ponto de seu enorme nariz encostar no chão e saiu. Ron logo percebeu que de barriga cheia era muito mais fácl se manter otimista. Se virou de lado e passou a conversar com suas duas novas amigas; Nathalie e Julia.
Lúcio iria tentar fazer Ron falar mais uma vez. Ele e Greyback atirariam a Maldição Imperius juntos. De barriga cheia, Rony percebeu que era muito mais fácil resistir. Não disse nada, o que enfureceu os sequestradores. Daquele dia em diante, Lúcio ordenou a Greyback para que mantivesse Rony constantemente preso. Depois de alguns dias, o ruivo já não tinha quase sensibilidade nenhuma nos braços.
Sempre que conseguia, Monstro trazia muito mais comida do que era destinado a Rony. Alguns dias o garoto se recusava a aceitar grandes quantidades porque não queria que os comensais desconfiassem de nada. A essência de dítamo só era usada quando apareciam ferimentos muito grandes. Greyback quase nunca o retirava das correntes depois da sessão de tortura. Em um certo dia, Monstro vinha descendo com a bandeja cheia de comida e Ron ainda não sabia que dali a pouco tempo sua sorte mudaria.
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Já estavam ali há quatro horas. Zabini já nem prestava atenção no que acontecia. O único que continuava a fazer anotações era o especialista. Quando viram Monstro descendo as escadas, Ron falou.
- É agora – todos se viraram para ele. O chefe dos aurores perguntou.
- O que acontece agora?
- É agora que eu consigo escapar – os outros bruxos se aprumaram. Os que não estavam realizando anotações, começaram a recolher pena, pergaminho e tinteiro. Ficaram muito atentos ao que ia acontecer.
* Ron se lembrava claramente de tudo o que aconteceu. Se lembrou de Monstro alimentando-o quando foi descoberto por Greyback. Se lembrou do pequeno confronto entre o lobisomem e o elfo. Não se lembrava muito bem como se livrou das correntes, mas logo tudo ficou claro. Se lembrou de Lúcio aparecendo. Viram a hora em que Monstro, propositalmente, chamou a atenção dos bruxos e foi assassinado. Viram a hora em que Ron pegou a varinha no chão e então tudo aconteceu. Ron disparou um Avada Kedavra primeiro em Lúcio, que mantinha a varinha apontada pra ele. Greyback disparou como um maníaco pra cima dele e pouco antes de ser alcançado, disparou outra maldição no lobisomem, que caiu morto. O rapaz então recolheu sua varinha, pegou o corpo de Monstro e se arrastou pra fora de casa. Ron pôde reconhecer as figuras de Draco e Narcisa Malfoy aparecendo no momento em que desaparatara pra fora da propriedade dos Malfoy.
Tudo ficou escuro e no instante seguinte, estavam de novo na sala de interrogatório. As memórias haviam terminado. Ficaram em silêncio, sem saber muito bem o que fazer. O ministro pediu a Ron que o seguisse. Harry teria esperar em outra sala. Ron saiu atrás do ministro, assim como o investigador. Harry ficou esperando no corredor. Blásio Zabini foi embora rapidamente, mas visivelmente perturbado.
- Como eu havia dito, após o depoimento eu devolveria sua varinha. Basta você assinar esse documento – ele estendeu um pergaminho a Ron, que examinou seu conteúdo e assinou. O ministro e o investigador assinaram logo depois.
- Muito bem Rony. Você já pode usar magia. Você receberá notícias à medida que o processo for se desenrolando – o ministro já ia guardando suas coisas quando Rony perguntou.
- O que devo esperar agora? – dessa vez quem respondeu foi o investigador.
- Eu e os outros escreveremos nossos relatórios e a Suprema Corte dos Bruxos irá analisar e decidir se seu caso irá ou não a julgamento. Mas já adianto que em casos assim, o julgamento é o procedimento mais comum.
- Ok então. Preciso ir, estarei esperando mais notícias – Antes de sair, o ministro falou.
- Nunca vi nada parecido Ron. Você é um verdadeiro guerreiro e um ótimo amigo. Meus parabéns – ele estendeu a mão e Ron o cumprimentou. Fez um gesto com a cabeça para o investigador e saiu. Encontrou Harry no corredor.
- Então, como está se sentindo?
- Aliviado. Agora ficou provado a todo mundo que eu estava apenas me defendendo. Mas, mesmo assim, é muito difícil passar por tudo isso de novo.
- Pegou sua varinha? – Rony assentiu com a cabeça e os dois se dirigiram à saída. Harry falou de novo.
- Vamos desaparatar?
- Com certeza – ele e Harry rodopiaram no ar e no segundo seguinte estavam em casa. Alguns familiares de Ron apareceram na porta pra ver quem era, mas ficaram meio receosos de se aproximarem. Ron guardou sua varinha no bolso e caminhou em direção à entrada.
- Pronto, acabou – ele disse assim que entrou em casa. Sua mãe largou o que estava fazendo e veio dar um abraço no filho.
- Calma mãe, assim você me sufoca – ele conseguiu sorrir. Sua mãe finalmente o largou. Um a um os outros vieram cumprimentá-lo. Gina e Mione foram as últimas a aparecerem. Quando todos terminaram de falar com ele chegou a vez da sua namorada. Quando a garota ia falar alguma coisa, o ruivo a puxou e chapou um beijaço nela. Quando os dois se separaram, Mione queria enfiar a cabeça num buraco e sumir do mundo. Ron segurou sua mão.
- Eu te amo – ela ainda não conseguia olhar pra ele.
- Eu também te amo, mas precisava disso? – todos riram e Hermione conseguiu relaxar um pouco. Eles se sentaram no sofá e ficaram conversando até a hora do jantar. Depois da refeição, Ron e Harry, que estavam exaustos, foram dormir. Gina e Mione permaneceram na sala mais um tempinho e também foram dormir.
No outro dia de manhã, os dois garotos acordaram tarde. Os Weasley já tinham ido trabalhar e Molly foi visitar Andromeda Tonks para ajudá-la a cuidar de Ted. Só restaram em casa Harry, Gina, Ron e Mione. Apesar de tudo estar terminado, o ruivo ainda permanecia muito calado. Mione permanecia ao seu lado, mas quase nunca se falavam. Gina e Harry conversavam a outro canto.
- Ele continua assim. Mesmo depois de tudo terminado – a garota falou enquanto alisava o cabelo do namorado deitado ao seu colo.
- Dá um tempo pra ele. Você não faz ideia das coisas que vimos. Até eu ainda me sinto mal – Harry, sentindo que havia falado demais, se calou e resistiu às tentativas de Gina de fazê-lo falar. No outro canto, Ron finalmente falava com Hermione.
- Me desculpe por estar tão calado, mas ainda está tudo muito vivo na minha memória. Foi tão horrível – ela colocou o livro que estava lendo de lado e se aconchegou mais próxima a ele.
- Já disse que não tem problema. Estou aqui pra isso – Ron deu um beijo na bochecha da namorada e agradeceu. Passado um tempo, ele se levantou, enxugou uma lágrima que teimava em descer e saiu puxando a garota. Ela se levantou espantada e os dois caminharam até onde os outros se encontravam. Ron parou diante deles e disse.
- Não aguento mais ficar em casa remoendo as coisas. Tive uma ideia. Que tal a gente fazer um programa totalmente trouxa hoje. A Mione deve saber o que os trouxas fazem pra se divertir. O que vocês me dizem? Deixamos nossas varinhas aqui e passamos o restante do dia sem usar magia – Hermione achou a ideia espetacular. Harry e Gina ainda ficaram em silêncio, pensando. Eles acabaram concordando. Como a morena era a única que realmente conhecia os costumes dos trouxas, ela voltou correndo pro quarto pra organizar o roteiro do dia. Ron resolveu esperar ao lado dos outros dois.
- Por que essa ideia, assim tão de repente?
- Ah, Gina, preciso arrumar uma maneira de tirar minha cabeça de tudo o que aconteceu. Ficar parado em casa, sem nada pra fazer é muito ruim. E além do mais, vocês viram como ela ficou empolgada. Aposto que ela deve estar adorando preparar isso pra nós.
Ron estava certo. Enquanto os outros três esperavam no andar de baixo, Mione estava sentada no seu quarto, com um pedaço de pergaminho e uma pena na mão. Rabiscava o papel sempre que tinha alguma ideia e o pergaminho já estava ficando cheio. Ao ver que horas eram, desceu correndo, afinal, se quisessem fazer tudo que ela planejara teriam que andar rápido. Parou em frente ao outros e, se sentindo muito importante, começou a falar.
- Bem, eu adorei a ideia. Pensei em algumas coisas e acho que consegui preencher bem o nosso dia. Primeiro nó vamos passear por Londres da maneira correta. Sem aparatação, varinhas, chave de portal ou coisa assim. Tem alguns lugares que eu quero que vocês conheçam, especialmente o parque que tem perto da minha casa. Depois, se tudo der certo, nós vamos passar lá em casa pra vocês conhecerem meus pais. À noite nós iremos ao shopping, jantamos por lá e por último vamos ao cinema – ela estava muito empolgada quando terminou de falar. Apenas Harry, que foi criado entre os trouxas parecia ter entendido o que ela disse. Ron e Gina não entenderam nada e ficaram olhando confusos para ela. Mione se apressou em explicar o que era tudo aquilo e eles logo entenderam. A morena lembrou aos outros que tinham muita coisa pra fazer e que deveriam sair logos. Cada um se levantou e foi se arrumar. Hermione não se aguentava de tanta expectativa pelo dia que iriam ter. Quando Rony ia passando por ela, ela segurou sua mão e disse.
- Adorei sua ideia. Foi ótima – ele sorriu e se abaixou pra dar um beijo na amada.
- Sabia que você ia gostar, por isso eu sugeri. Só não imaginei que iria conhecer seus pais hoje – ele soava levemente assustado. Mione logo o tranquilizou.
- Não se preocupe, você vai adorá-los. Além do mais, eu já falei tanto de você para eles, que eles nem devem te considerar um estranho mais – se aquilo era para acalmar Ron, definitivamente não funcionou. E se ele não fosse tudo aquilo que ela falou que era? E se eles não gostassem do namorado da filha? A garota logo percebeu que Ron estava nervoso e tentou tranquilizá-lo. Quando o garoto finalmente subiu para se arrumar, não parecia nem um pouco mais calmo.
Os quatro finalmente se reuniram na sala, prontos para saírem. Harry, Gina e Ron já tinham guardado suas varinhas e estavam prontos para um dia totalmente sem magia, somente Hermione carregava a sua.
- Mas nós combinamos de passar um dia sem nossas varinhas – Gina falou ao olhar a amiga com a varinha na mão.
- Eu sei, eu sei, mas como é que vamos chegar até Londres hein? Não temos nenhum outro meio de transporte. Eu estava pensando em aparatarmos daqui, então eu prometo que guardo a varinha e não a uso mais – os outros três se entreolharam e acabaram concordando. Foram até os jardins e de lá aparataram.
Ao chegarem ao seu destino, Hermione se sentiu um pouco tonta, afinal teve que carregar três pessoas junto com ela. Ron veio ao seu auxílio e depois de um tempo ela conseguiu se recuperar.
- Então, meu amor, onde estamos? – Ron perguntou enquanto olhava em volta.
- No pátio da minha antiga escola. Há um tempo atrás ela mudou pra outro endereço e esse prédio ficou abandonado. Imaginei que seria o lugar ideal porque quase nunca tem ninguém aqui.
- Perfeita, como sempre – Ron sorriu e Mione corou um pouquinho. O ruivo deu um beijo na amada, mas foram interrompidos por Gina.
- Já entendemos, agora vamos. Como a gente sai daqui?
- A saída é logo no final desse pátio – ela apontou pro outro lado e saiu andando. Os outros a seguiram e logo estavam em frente a um portão de ferro alto e muito desgastado. Hermione apontou sua varinha para o portão, mas antes que pudesse falar alguma coisa, Ron segurou seu braço e a interrompeu.
- Nada de magia, lembra?
- Mas como vamos sair? Eu vou só abrir o portão e guardo a varinha.
- Não senhora. Trato é trato. Vamos ter que achar outra maneira de sair – para surpresa de Hermione, Harry e Gina concordaram com Rony e ela teve que guardar sua varinha. O ruivo então se aproximou e ficou analisando o portão.
- Vamos ter que pular. Eu vou na frente – então o garoto começou a subir o portão de ferro. Em alguns pontos tinha dificuldade de se equilibrar e quase caiu umas duas vezes. Há um bom tempo ele não precisava usar muletas para caminhar, mas escalar um portão era totalmente diferente. O velho portão rangia e se retorcia todo com o peso do menino, mas Ron finalmente conseguiu passar pra outro lado e de lá saltou pra rua.
- Vamos Mione, você agora – a garota não sabia muito bem o que fazer. Tentou começar a subir, mas sempre voltava ao chão. Com muita ajuda de Harry e Gina ela conseguiu chegar à metade. Parecia aterrorizada e ficou paralisada. Ron subiu pelo outro lado e parou de frente a ela.
- Você consegue, meu amor. Eu vou ficar aqui com você – Hermione simplesmente negou com a cabeça. Continuava paralisada. Depois de mais um tempo de conversa, ela retomou a escalada e acabou chegando ao topo. Ron a ajudou a passar por outro lado e juntos saltaram à rua.
Gina e Harry foram os próximos e conseguiram passar pelo portão sem nenhuma dificuldade. Mione se sentiu um pouco envergonhada pelo fato de só ela ter tido tanto trabalho para escalar o portão. Depois que os quatro estavam reunidos novamente do outro lado, a morena começou a guiá-los. Viraram em algumas ruazinhas desertas e depois de uns cinco minutos de caminhada estavam na Trafalgar Square. Harry, Ron e Gina ficaram olhando abismados, como um grupo de turistas que ia a Londres pela primeira vez. Hermione estava nervosa imaginando se o roteiro que havia planejado para aquele dia agradaria todo mundo. Ela pediu que os três a acompanhassem e Ron segurou sua mão. Ela sorriu pra ele e os dois começaram a caminhar como namorados pelas ruas de Londres.
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E aí, gostaram? Daqui a pouco essa história vai ficar muito mais Ron e Mione, aguardem. Enquanto isso, COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.
* Para quem quiser saber mais detalhes sobre a fuga de Ron, sugiro que leiam o final dos capítulos 3 e 5.
Comentários (1)
gostei muito do capitulo. a ideia do ron foi otima, tbm depois de passar por tanto sofrimento ele merece se divertir um pouco. bjs! ate a proxima!
2011-08-15