Despedida

O garoto percorria os corredores atrás de sua namorada.

Já perguntara aos outros monitores e eles lhe disseram que naquele horário a ronda da garota era no quarto andar.

Ele sorria enquanto andava. Tinha uma surpresa para ela, agora só faltava encontrá-la.

Seu amigo, Harry, dissera a ele para ir com calma com a garota, em respeito a ele e a ela. Rony disse que seria calmo com qualquer coisa, mas era Hermione. A sua maravilhosa Hermione.

O garoto passou por alguns corredores no quarto andar, mas não a encontrou. Ia desistir, quando sem querer, viu uma abertura escondida em uma das paredes do corredor.

Se aproximou e viu que ali tinha uma escada. Curioso, começou a subi-la.

Ouviu algumas risadas na parte superior e logo depois reconheceu a voz de quem procurava.

_Você é um idiota, isso sim. Manda o Malfoy ir se ferrar e pronto.

Rony subiu mais alguns degraus. Estava curioso pra saber com quem a garota conversava, principalmente porque Draco era o assunto. Parou a poucos passos da passagem onde poderia ver quem a fazia companhia, quando ouviu a voz de um homem.

_Ele é meu amigo, sua idiota.

Rony ouviu um barulho alto e um resmungo.

_Sua doida! Que mania é essa de ficar me lançando feitiços?!

_Mania? Zabini, você me chama de idiota e quer que eu fique quieta? – a voz da garota não era mais de brincadeira.

Zabini? Como assim? O que aquele garoto fazia com Hermione?, Rony perguntou a si mesmo subindo mais um degrau. Já começava a ver a luz projetada pela lua no chão da escada.

_Ta bom, desculpa.

_Desculpa. Desculpa. É sempre assim. – ela resmungou.

O garoto estranhou aquilo e subiu os poucos degraus que faltavam, ainda sem poder ser visto.

Ele viu a sombra do garoto se abaixando.

_Ta. – o garoto riu um pouco. – Ta complicado, sabia? Esse negócio da Pansy… Draco agora não larga do meu pé, já está me torrando a paciência.

_É como eu disse, manda ele…

_Ta, ta. Se a pequena Weasley começasse a te encher dizendo que você tá a fim do Potter, você mandaria ela pastar? – a garota não respondeu. – Ta vendo, é a mesma coisa. Draco é meu amigo, eu só tenho que arrumar uma forma dele entender que eu não to com a Pansy.

Rony estava estático. Era impressão sua ou os dois, Blásio e Hermione, estavam discutindo como se fossem amigos? Pensou em aparecer para os dois, mas seus pés não obedeceram ao comando. Ele se contentou em ficar ouvindo, ainda confuso com a situação.

_Já pensou em arrumar uma namorada? – ele resmungou algo que Rony não conseguiu entender, mas que fez a garota rir algum tempo. – É sério. Você quer uma solução, não vai morrer se arrumar alguma garota para ficar sério por algum tempo.

_Eu não tenho nenhuma garota… Ah, Granger, ta a fim de namorar comigo? – o garoto disse com uma risada.

_Humpf. – a garota suspirou e Rony desceu alguns degraus.

Sua garota não respondera. O que aquilo significava? Será que Hermione estava tendo alguma coisa com Blásio?

_Tenho que ir. – a garota disse e Rony resolveu descer. Chegou ao fim da escada e parou.

Resolveria aquela situação ali.

Se Hermione estivesse tendo alguma coisa com o outro garoto, ele teria que saber.

Em alguns segundos, a garota descia a escada quase pulando.

Acordara feliz aquele dia. Estava tudo indo bem. Até aquele momento.

Ela parou pouco antes de chegar ao fim da escada. Rony estava parado em sua frente, um pouco mais baixo que a garota. Hermione o olhou assustada e o garoto lhe dava um olhar de gelo.

_Rony. – ela disse baixo ao vê-lo ali. Desceu os últimos degraus com um sorriso fraco.

_O que você estava fazendo com o Zabini lá em cima? – o garoto foi direto.

A garota havia levantado os braços para abraçá-lo, mas os deixou cair ao lado do corpo ao ouvir as palavras do garoto.

_Za… Za…

_É, Zabini. Eu sei que você estava lá em cima com ele. – a voz do garoto começou a aumentar e ele apontava escada acima enquanto falava.

O rosto da garota estava vermelho. Ela estava com medo de Rony naquele momento. O garoto parecia prestes a voar em cima de alguém e ela torcia para que não fosse em cima de si.

_Ron…

_Você está me traindo? – o garoto disse sem pensar e mesmo sem ter certeza, se arrependeu.

A garota fizera um cara de sofrimento.

E ela realmente estava naquele momento. Não só porque sua consciência pesara, mas também pelo garoto não ter pensado duas vezes ao falar aquilo. Isso mostrava que era a única ideia que o garoto tivera e que talvez pensasse que ela fosse capaz de fazer.

Mesmo tendo traído o garoto algumas vezes, estava arrependida – em parte. Aquilo devia contar em alguma coisa.

_Não… - sua voz saiu rasgada e ela respirou um pouco pra tentar se acalmar.

Não podia chorar ali.

Rony pensou em se aproximar da garota para consolá-la, mas desistiu. Sabia que a garota se magoara com suas palavras – ele estava arrependido – e que não o deixaria se aproximar.

Os dois silenciaram algum tempo.

Hermione sabia que devia explicações ao garoto, então resolveu começar logo.

_Nós só estávamos conversando…

_Tem certeza? – Rony disse novamente inconscientemente.

Por que não estava conseguindo se manter de boca fechada?

O garoto se lembrou de certa vez, quando Draco Malfoy dissera a ele para tomar cuidado com quem deixava a sangue-ruim da namorada andar, pois ele poderia ficar de fora da história no fim.

Rony não ligou imediatamente, afinal, era Draco quem estava falando. Mas agora ali, o garoto vendo Hermione com Blásio, em um local secreto, as palavras de Draco de duas semanas atrás causaram efeito. Ficar de fora provavelmente significa que eles estão juntos e que ela pode terminar comigo a qualquer momento, pensou o garoto.

_O que está insinuando? – a garota mudara sua expressão para desespero e ao mesmo tempo raiva. O garoto estava mesmo duvidando dela?

O garoto não respondeu. Estava falando as coisas e se arrependendo imediatamente de dizê-las.

_Eu e ele estávamos apenas conversando. – ela disse baixo observando o garoto.

_Claro. Uma conversa de pessoas muito íntimas, de quem já se conhece há um bom tempo. – ele disse com raiva.

Hermione se assustou. Então Rony ouvira a conversa dos dois. Merlin, que ele não tenha escutado tudo, pensou lembrando de certo momento que Zabini a provocou, dizendo o quão gostosa ela era de calcinha.

_Ta bom. – a garota disse um pouco mais alto. – Nós conversamos já tem algum tempo. Mas só conversamos, Rony. Eu não…

_Só conversam? Ah claro, tenho certeza disso. – o garoto provocou.

_O que você está pensando, hein? Que eu e o Zabini estamos de casinho, é isso?

_Ele até te pediu em namoro…

_Aquilo foi uma brincadeira Rony! Uma brincadeira! – a garota disse exaltada.

O garoto sabia que havia sido uma brincadeira, mas não conseguia acreditar que a garota estivesse apenas de conversa fiada com um sonserino. Um sonserino!

Mas também não conseguia acreditar que Hermione fosse capaz de ter alguma coisa com aquele garoto. Sua namorada era ajuizada o bastante para não traí-lo com aquele tipo de gente. Isso era o que o garoto pensava.

Na verdade, era o que qualquer pessoa pensaria da Santa Granger. Até ela mesma pensava assim, antes de perceber que aquele garoto não a deixava pensar direito. Logo, ela não percebia a insanidade de seus atos enquanto ele estivesse próximo o bastante.

_Eu não tenho nada com o Zabini. – ela afirmou. O garoto continuou quieto.

Hermione desceu os degraus que faltavam e se aproximou do garoto. Rony a observou sem dizer nada.

_Eu não to te traindo Rony. – ela disse passando os dedos no cabelo do garoto.

Ele mordeu o lábio inferior.

_Certo. – ele disse sem olhá-la.

A garota ficou na ponta dos pés e beijou o garoto longamente.

_Eu nunca faria isso com você. – ela disse quando ele aproximou o corpo dos dois pela cintura.

_Desculpe. – ele disse beijando a garota. – Desculpe, mas eu não acredito totalmente.

O garoto foi sincero ao dizer aquilo.

Hermione o olhou sem reação. Seu corpo enrijecera nos braços do garoto, mas ele iria até o fim com a ideia que tinha em mente. Seria a única forma de ele ter certeza que a garota não estava traindo-o.

_Quê? – a voz da garota saiu sufocada.

_Sinto muito, mas… - ele soltou a garota quando ela tentou se afastar.

_Você está duvidando de mim? – ela pediu sem acreditar.

O garoto desviou os olhos. Hermione deu uma risada forçada.

_Você prefere a mim ou a ele? – o garoto pediu baixo.

_O quê? – a garota soltou assustada. Estava começando a achar que o garoto estava perdendo o juízo.

_Você prefere a mim ou ao Zabini?

_Que tipo de pergunta é essa, Rony? Onde você quer chegar.

_Eu só quero saber quem você prefere. Se você escolher o Zabini, a gente acaba aqui. – a garota o olhava boquiaberta. – Responda. – o garoto disse autoritário.

_É claro que você. – a garota disse assustada.

Não tinha intenção de ser submissa, mas estava chocada demais com as palavras do garoto para conseguir coordenar os pensamentos.

_Quer me provar que não tem nada com o Zabini? – ele disse baixo olhando a garota.

_Quê? Não tenho que provar nada.

_Tem sim. – a garota olhou-o aturdida. – Se não me provar, Hermione, nós terminamos agora.

O próprio garoto estava se impressionando com a firmeza de suas palavras. Ele só queria ter certeza que a garota era sua. Sua e apenas sua. Não tinha intenção de tentar ser seu dono, mas a situação pedia isso dele.

_Certo. Eu faço o que você quiser. – ela disse tremendo um pouco com o que poderia vir, mas confiava o bastante em Rony para ter certeza que não seria nada demais.

_Jura? – ele olhou a garota intensamente.

_Juro, oras. Mas repito, eu não tenho nada com o Zabini.

O garoto balançou a cabeça concordando.

_Eu quero que você pare de vê-lo.

A garota o olhou chocada.

_Rony, mas… ele é meu amigo.

Estava esperando qualquer coisa, menos aquilo. Se a garota estivesse em seu estado normal, teria sido o primeiro pensamento, mas estava desnorteada com a atitude do garoto.

_Amigo? – o garoto pediu sarcástico. – Seu amigo sou eu, Hermione. Harry, Gina. Não o Zabini. – ele reclamou e a garota se encolheu um pouco.

Usara a palavra errada para o garoto. Amigo? Era bom demais para Blásio.

Os dois se encararam alguns minutos em silêncio.

A garota pensou que não poderia deixar Rony, Harry e Gina por Blásio. O garoto era inseguro e a relação deles era complicada o bastante. Então é claro que seria mais fácil viver sem ele do que sem os outros três.

_Certo. – a garota disse desviando os olhos de Rony.

O garoto suspirou vitorioso.

_Mas pra ter certeza, - a garota levantou a cabeça temerosa do que viria a seguir. – você terá que desistir do cargo de monitora-chefe.

_O QUÊ? – a garota gritou. – Você está louco? Não vou desistir do meu cargo assim do nada.

_Então quer dizer que você prefere o Zabini!

_Quê? Não já decidimos que eu não o verei mais? Rony! Falta um mês para o fim das aulas, eu não posso desistir do meu cargo por um motivo qualquer.

_Não é um motivo qualquer. – o garoto resmungou. – Você quem sabe. – ele mexeu os ombros como se não se importasse.

Mas no fundo queria acabar logo com aquilo e com Hermione segura ao seu lado. O sonserino poderia querer armar alguma coisa para a garota e então ele se sentiria mal. O problema é que Hermione estava agindo como uma garota ingênua, confiando no garoto.

Ela deu um riso sarcástico.

_Ta Rony, se é isso que você quer... – ela empurrou o corpo do garoto para poder passar e chegou ao corredor.

O garoto a segurou pelo pulso.

_É pro seu bem, Mione… - ele não terminou porque a garota afastou suas mãos e começou a andar para um dos lados do corredor sem se importar com o garoto.

Rony olhou para a escada. Pensou em subir e tirar satisfações com o garoto lá em cima, mas desistiu. Hermione não o veria mais e era aquilo que importava. Se ele tentasse se aproximar dela novamente… bem, aí seria outra história.

 

O garoto estava encostado na mureta de seu local preferido. Mas não olhava a paisagem e sim para a entrada. Sabia que a garota não iria aparecer, mas tinha esperança.

Era a última noite em Hogwarts. A última chance de se encontrar com ela. Sentir o perfume de flores. Ver os olhos castanhos… era o último dia para tudo ali. A última chance de vê-la antes de irem embora.

Suspirou desistindo.

Iria voltar para o dormitório. Ficara acordado até as duas da madrugada, que foi quando pediu à garota que aparecesse. Teria a última prova dali a algumas horas e precisava descansar. Já estava caminhando na direção da saída quando ouviu passos na escada.

Pensou em se esconder, mas desistiu.

Se fosse Filch, o veria ali e não poderia fazer mais nada. Era o último dia, não poderiam lhe dar mais nenhuma detenção.

Ele sorriu ao ver os cabelos castanhos esvoaçarem com o vento. A garota fez um coque rapidamente e se aproximou do garoto a passos rápidos.

_Fala logo, se alguém… - a garota começou, mas Blásio não a deixou terminar.

Puxou a garota pela blusa em sua direção e lhe beijou. Pensou que seria o último que lhe daria.

Ofegou um pouco ao se afastar. Esperou algum tapa, feitiço ou qualquer coisa, mas nada disso o atingiu. Ele colocou o rosto entre o pescoço da garota como fizera no ano anterior e sentiu a fragrância. Era a mesma. Tão delicada…

A garota se arrepiou com a ação do garoto. A respiração dele batia contra sua pele a fazendo suspirar. E sem ela esperar, o garoto a afastou. Ela não gostou. Estava quente em seus braços, não queria se afastar, mas não disse nada.

Blásio deu um passo para trás apenas para garantir que não faria nada com a garota a sua frente.

Com o silêncio, Hermione achou seu dever falar alguma coisa.

_Certo. O que queria falar comigo?

_Falar? – ele pediu confuso mexendo a cabeça. – Não queria falar nada. Só queria te ver de perto uma última vez. – ele suspirou.

Olhou a garota e viu seu olhar confuso. Ele deu um passo a frente, voltando a posição anterior, ainda um pouco afastado da garota.

_Você mexe comigo, sabe? Demais. Eu só queria poder te ver mais um vez. Te beijar. – ele disse desenhando a boca da garota com o polegar, o que a fez fechar os olhos. – Sentir seu perfume. – ele levou a mão ao coque que a garota fizera minutos antes e soltou seu cabelo. – Ver seus olhos me encarando desse jeito. – o garoto disse mordendo a lábio inferior, o que fez a garota mudar a direção do olhar. – Você foi tão idiota.

A garota voltou a olhá-lo assustada. O que ele queria? A chamava ali para dizer aquelas coisa e depois a xingava?

_Idiota… - ela repetiu.

_Você foi tão submissa, como nunca pensei que pudesse ser.

_Quê? Do que você está falando? – ela pediu confusa.

_Da gente. – ele disse tão baixo, que a garota não entendeu. – Eu tô falando de quando o Weasley mandou que você escolhesse entre nós dois. – a garota corou. Então Blásio também ouvira a conversa dos dois, assim como Rony ouvira a deles antes.

_O que tem?

_O que tem? Você não é o tipo de garota idiota, que faz o que o namoradinho quer, Hermione. – ela tremeu quando ele disse seu nome, como algo pessoal. – Você tem suas próprias opiniões. Você cuida de si. Se ele não estava confiando em você, mesmo que você o tivesse traído, problema dele então. Mas não, você abaixou a cabeça como se fosse uma qualquer e fez o que ele queria.

_Não é isso. Harry ficaria magoado comigo e provavelmente contaria a Rony aquela vez que você me beijou em um corredor e ele viu. Então Rony teria certeza de que eu o traía.

_Besteira. Isso é apenas desculpa. E foi isso que você virou agora: uma garota de desculpas.

_Para de falar de mim dessa forma. – a garota disse um pouco mais alto.

_Você disse que preferia o Weasley a mim, sem pestanejar.

_O que você queria que eu fizesse? Que desistisse de meus amigos pra ficar batendo boca com você pelas noites? Por favor!

_Não era desistir de seus amigos. Era mostrar a eles que existem outras pessoas pra você socializar.

Ela balançou a cabeça.

_Rony terminaria comigo se…

_Se fosse por falta de namorado, eu ficava com você. – ele disse com raiva.

A garota o olhou surpresa. O que o garoto queria dizer?

Se tinha uma coisa que a garota tinha certeza sobre Blásio, é que ele amava a liberdade que tinha. E pra continuar livre, um namoro não estava em seus planos.

_Eu… você… namoraria comigo?

O garoto passou a mão no pescoço nervoso. Por que dissera aquilo? Namorar a garota? Que ideia de girico era aquela?

_Esquece. – ele resmungou olhando a garota.

Reparou no que a garota vestia. Estava com uma roupa trouxa. Uma camiseta laranja e uma bermuda jeans.

_Você também ficou acordada até agora, não foi? – a garota abaixou a cabeça envergonhada confirmando. – É realmente uma pena.

O garoto disse pensativo acariciando o rosto da garota. Hermione o olhou curiosa.

_O que é uma pena? – ela pediu levando a mão de encontro a do garoto.

_Que a gente não tenha nada a vê.

A garota estarreceu-se.

_O que quer dizer? – ela perguntou ainda segurando a mão dele, agora em seu ombro.

_Você é uma garota legal, sabe? Eu teria coragem de namorar você, se não tivéssemos igualdade apenas em uma coisa. – ele olhou rindo para o corpo da garota.

Primeiramente a garota se ofendeu, mas depois riu com o garoto.

Ele não estava mentindo. O contato que eles tinham era realmente intenso. Ela sabia disso, porque ao seu lado, não se controlava muito bem.

Os dois ficaram apenas se olhando algum tempo. Blásio aproveitando os olhos intensos da garota. Hermione aproveitando os olhos desejosos do garoto. Sem dúvida sentiriam falta daquilo.

Os olhos de Rony não chegavam nem perto de demonstrar o que os de Blásio demonstravam quando a olhavam.

Hermione se aproximou do garoto. A última vez que machucaria Rony, sem ele saber, era naquela noite.

Com o polegar direito, desenhou o olho esquerdo do garoto. Desceu para os lábios dele e depois colocou a mão sobre seu peito.

Blásio abriu os olhos lentamente no momento que a garota jogava os braços ao redor de seu pescoço. Ele, um pouco aturdido, devolveu o abraço, um pouco sem jeito.

A garota apoiou a cabeça no ombro do garoto. Era tão bom estar com ele. Pensou nas palavras do garoto. Era verdade, ela realmente estava sendo submissa a Rony, mas o que poderia fazer? Não queria perdê-lo.

_Um dia nos vemos por aí. – o garoto sussurrou em seu ouvido.

Ela pensou um pouco.

_Se você continuar mexendo comigo, como faz agora, eu realmente espero nunca te encontrar no futuro. – ela se afastou com um sorriso nos lábios e se divertiu com a expressão surpresa do garoto. – Eu pretendo casar e construir uma família e você, com toda a certeza, não está em minha lista de pretendentes. – ela completou.

_É com o Weasley que pretende se casar? – ele pediu com uma careta.

Ela mexeu os ombros.

_Sei lá, talvez.

Ele riu.

_O casamento de vocês não vai durar muito. – ele disse sob o olhar surpreso e raivoso da garota. – Você fazendo o que ele quer dessa forma, o casamento de vocês, se acontecer, vai pro buraco em pouco tempo.

Hermione se afastou e o empurrou no ombro com força.

_Para de jogar praga para o meu casamento antes que ele aconteça! – ela disse fazendo o garoto rir.

Ficaram quietos mais algum tempo.

_Tenho que ir. Daqui a pouco temos prova e se eu me ferrar por sua causa, eu acabo com você.

_Acaba nada. – ele disse cruzando os braços sobre o peito em desafio.

A garota o olhou por dois segundos, aproximou-se novamente e o beijou. O garoto ficou surpreso.

Quando a garota se distanciou, ele afastou os braços do peito. Levou as mãos ao seu rosto e a beijou. Não um beijo possessivo como os outros que dera na garota, mas um singelo, calmo. Ele queria marcar o fim para os dois. Nunca mais teria a chance de provar o beijo doce da garota, aquele era o último. E ele queria guardá-lo em sua mente.

Quando se afastaram, a garota estava um pouco tonta.

_Tchau. – ela disse andando para a saída de frente para o garoto.

_Acho que adeus funciona melhor. – ele deu um sorriso retribuído pela garota.

Ele viu os cachos castanhos uma última vez, antes que a garota descesse a escada.

Aquele era o fim.

Pensou um segundo se poderia ter sido diferente. Talvez se ele não fosse um sonserino. Apenas se ele não fosse, porque sua Casa dizia tudo sobre ele. Sendo o que era, Blásio se importava apenas consigo mesmo e ele sabia que Hermione não aguentaria viver com ele sendo como era.

Rony, em sua opinião, mesmo sendo um pobretão idiota, se importava com a garota. A mantivera longe de si apenas como uma proteção a Hermione.

Blásio nunca se importaria em proteger Hermione porque ele não se importava com a garota. Se importava apenas consigo mesmo. Aquela era a regra básica de um sonserino.

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