capítulo 4.



 


 


Dois dias haviam se passado e Luna permanecia naquele riacho, esperando por Draco. Ela não dormiu e nem comeu, apenas esperou. Luna sentiu seu coração apertar. Ela estava com Neville sentada no riacho que ela jurou esperar pelo resto de sua vida seu verdadeiro amor.


 


 


Draco estava no seu terceiro dia de marcha, haviam chegado a pequena cidade de Krouf e se assustaram ao ver a devastação do lugar. Draco se sentiu incomodo e logo percebeu o que se passava: Uma emboscada.


_ TROPAS. ELES ESTÃO AQUI!


E como dito, os Hunos surgiram de trás dos destroços e resto de casas.


_ Comandante Draco. Nos encontramos novamente. _ disse o homem enorme que saia de trás de uma casa.


_ Átila... Preparado para morrer?


_ Acho que eu teria que perguntar isso para você.


_ AGORA. _ gritou Draco.


A guerra tinha começado.


Draco lutou bravamente ao lado de seus soldados, a lamina prateada de sua espada cortou muitas cabeças. Os Romanos e os Hunos estavam parelhos, mesmo os Hunos estarem com mais ou menos cinta soldados a mais, os Romanos tinham vantagem, emparelhando o número de soldados com facilidade.


Átila estava assistindo a guerra em cima de seu cavalo preto e brilhante. Até que chicoteou o chão, assustando o cavalo e fazendo ele correr. Draco percebeu a movimentação do grandalhão Átila, e se preparou! Sabia que ele seria o alvo mais fácil para Átila.


Agarrou as rédeas do cavalo e partiu para o choque com o chefe dos Hunos com toda a velocidade! Draco agarrou sua espada com força e a apontou para frente. Quando chegou perto do cavalo que vinha em sua direção ele pulou para cima do cavalo de Átila, assim, jogando o enorme Huno no chão. Com pressa, Draco pressionou sua lâmina na garganta do dele.


Átila foi perdendo os movimentos e a se debater, Draco estava com as mãos com sangue quente e muito vermelho. Ele soltou a espada e respirou fundo, sentiu-se muito aliviado.


O alivio de Draco foi sumindo quando foi golpeado por trás.


A lâmina que foi enfiada em seu coração ele desconhecia a origem, e o dono também. A guerra continuava a frente de seus olhos. Mas ele não a via, apenas lembrava-se do rosto de Luna, aquela que havia deixado seu coração vivo e ter feito toda sua vida valer a pena.


Se lembrou das sensações da noite que passou com ela, dos toques, perfumes e sabores que ela tinha. Ele sentiu o ar sumir e tentou procurá-lo, sem sucesso. Ele estava morrendo.


_ Luna, eu te amo. _ sussurrou ele para o mundo.


Tinha aprendido que além das palavras e ensinamentos, ele tinha que aprender a Linguagem que o Mundo tinha. A Linguagem que Roma tinha, era o medo. O medo de errar, de sair das regras e de cair. A Linguagem do vilarejo que ele encontrou Luna, tinha união. União por criar aquele lugar que ele destruiu, por ficarem juntos até quando eles estavam perdendo o que haviam construído. A Linguagem de Luna, era simples: Coragem. Ela teve coragem de impor-se aos soldados, conversar e desafiar um comandante, e mais do que isso amar. Amar de verdade, algo que poucas pessoas sentem de verdade. E ela mesmo sendo jovem sentiu. O amor não tem idade, apenas a intensidade e a verdade misturadas em ondas de prazer e sofrimento.


Draco parou de lutar, se entregou a terra que havia naquele lugar, e esperou sua morte. Que não demorou. Ele sentiu o cheiro da morte, e ela cheirava a algo que ele não sabia decifrar. Não sabia se era flores ou uma fruta. “Talvez fosse o cheiro de Luna então seria suave, simples e doce.”, pensou ele. E assim, a morte levou ele.


 


 


 


 


38 anos depois...


 


 


 


_ Porque você conversa com aquela velha maluca? _ perguntou Tiago.


_ Ela é minha tia avó Tiago! _ respondeu Lílian, indignado.


_ Ah Lily, não leve a mal, mas ela tem uma casa do lado de um chafariz.


_ Sabe porque ela mora lá?


_ Não...


_ Vamos até lá. Vai ser bem legal ela receber uma visita nova.


E os dois amigos de dezenove anos partiram para o casebre de madeira ao lado do riacho que se encontrava ao centro da cidadezinha.


_ Tia Luna?


Perguntou Lily, demorando um pouco a ter a resposta.


_ Sim querida! _ disse uma mulher com o rosto com muitas rugas e uma aparência cansada. Ela aparentava ter entre cinqüenta e sessenta anos.


_ Trouxe uma visita... Esse é o Tiago.


_ Olá querido _ cumprimentou Luna.


_ Oi _ respondeu o garoto, entrando na casa e um pouco desconfiado.


_ Posso lhe pedir algo titia?


_ Claro querida.


_ O Tiago não sabe porque você mora na beira deste riacho, pode nos contar?


_ Claro _ respondeu a bondosa velha _ Mas não de barriga vazia. Tenho um bolo no armário e posso passar um café.


Os dois adolescentes sorriram.


Após passar um café e os três estarem na varanda da casa, em cadeiras de balanço e uma brisa vinda do Sul estar começando, Lílian resolveu que era hora de voltar ao assunto que tinha feito ela visitar a tia de seu pai, Neville.


_ Titia, pode nos contar...


_ Ah, quase que me esqueci, desculpe querida. _ disse Luna, colocando o copo com café na mesinha da varanda. _ É para contar tudo?


_ Por favor.


_ Desde o inicio?


A garota fez que sim com a cabeça.


A senhora respirou fundo, e começou a olhar para o horizonte, aonde parecia tirar forças para continuar a viver.


_ Quando eu estava no auge de meus vinte anos, esse vilarejo foi invadido por soldados vindo da capital. Eu e o pai de Lily, estávamos tentando nos esconder na casa de meu pai, mas fomos descobertos. Em uma luta bem brusca e sem resultado com o soldado _ ela riu _ me feri no ombro. O comandante das tropas desceu de seu cavalo branco e brilhante e caminhou até mim. O bondoso e rude homem me estendeu um lenço de pano, creio que como desculpas pelo ferimento, e assim foi a primeira vez que o vi.


“No dia seguinte, esse mesmo comandante ordenou que derrubassem todas as casas e montassem um galpão ao centro da cidade, que hoje em dia serve como a Igreja. Meu pai estava muito velho e não agüentaria, então eu me ofereci para ir ao lugar dele. Mais uma vez um soldado se pôs contra mim, mas dessa vez eu não podia falhar. E mais uma vez, o comandante chegou perto de mim... e acabou liberando meu pai do trabalho.


“À noite, eu tentei fugir para conseguir algo para meu pai comer e ele estava de prontidão. Conversamos parte da madrugada e depois caçamos veados na Floresta. Quando amanheceu o dia meu pai faleceu. Fiquei ao lado dele e ele morreu segurando minha mão. A tarde o comandante liberou os reféns para tomar sol, e mais tarde mandou assar os veados que eu e ele haviam matado na madrugada para todos os moradores do vilarejo.


“Ele não estava na hora da comida, então eu fui atrás dele e levei um pedaço de carne para ele. Ele estava no lago da Floresta e aquela noite, nos amamos a noite inteira. Aquela noite eu pude receber o que eu esperei com mais excitação a minha vida toda, amor. Ele me concedeu esse sentimento único parte da noite, e eu sabia que ele era o amor da minha vida.


“Quando o sol nasceu, um mensageiro real veio até o vilarejo informar que o Império havia caído, e os Hunos estavam a caminho. Foi naquele dia que o meu comandante se foi. Depois que ele se foi, eu prometi a mim que esperaria ele até o fim de minha vida por ele, neste riacho”.


A senhora respirou fundo, não parecia algo bom lembrar de tudo isso mas ela se esforçava.   


_ Obrigada tia _ disse Lily.


_ Você acha que ele voltará? _ perguntou Tiago.


Lily deu uma cotovelada em seu amigo. E a senhora sorriu.


_ Ele já voltou muitas vezes _ disse a senhora clara. _ E continua voltando.


_ Como? _ perguntou o garoto.


_ Quando sonho. Podemos interpretar nossos sonhos como um aviso, uma vontade de Deus, algo que vivemos ou vamos viver... No meu caso, creio que seja uma vontade que Draco teve antes de partir.


_ Você é bruxa? _ perguntou Tiago, com um pouco de medo.


A senhora sorriu de novo, ela aparentava ser calma e sempre era suave em suas palavras.


_ Se você entende bruxa uma pessoa que enxerga o mundo como eu, posso ser uma bruxa.


Tiago olhou para Lily.


_ Adorei sua tia.


 

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