O EXRESSO
O trem começou a se deslocar, e Alvo sentia-se inteiramente em êxtase, pronto para encarar o que viesse.
Acompanhou o turbilhão de emoções que passava pelo rosto de seu pai, até que a visão tornou-se complicada devido a distancia.
O último vestígio de vapor se dispersou no ar de outono. O trem fez uma curva, e então Alvo soube que aquele seria o inicio, o inicio de sua nova vida.
- Vamos procurar uma cabine. – disse Rosa, cutucando-o.
- Está certo. – concordou, e os dois começaram a procurar alguma que estivesse vaga.
Passaram algum tempo tentando se mexer em meio aquela confusão de alunos.
As cabines estavam sendo devoradas rapidamente, e era difícil competir com os mais velhos.
- Aqui! – Rosa gritou, apontando para uma cabine vazia.
Entraram, e logo trataram de acomodar-se.
- Mas seu irmão é mesmo um idiota! – reclamou Rosa, abrindo um pouco a janela.
Ele olhou-a, esperando por um discurso irritante sobre como Tiago era displicente e mal-intencionado. Sabia perfeitamente todos os argumentos que Rosa usaria para afirmar isso, entre eles o fato dele ter os largado para ficar com seu melhor amigo, Lucas Jordan, o ser mais bagunceiro de que já se teve noticia.
- Sabia que ele agiria assim! Mas eu não vou fazer isso com o Hugo ano que vem, não vou mesmo. Irei ajudá-lo sempre e zelarei por seu bom andamento acadêmico. –começou estufando o peito, cheia de orgulho.
Alvo ouvia o que sua prima dizia, mas suas palavras chegavam distorcidas até seu cérebro. Na versão correta seria: “Vou ficar no pé dele, serei sua sombra. E vou dobrar todos os deveres passados pelos professores, porque é melhor prevenir do que remediar.”
- Está me ouvindo, primo? – perguntou, estalando os dedos para chamar sua atenção.
- Não sou surdo. – deixou escapar.
Rosa fechou a cara no mesmo instante.
- Desculpe. – pediu, sem muita vontade.
- Tudo bem, sei que falo um bocado quando estou com fome. – confessou ainda com a cara amarrada.
Alvo suspirou, refletindo tristemente sobre isso. “Mas ela sempre está com fome!” Pensou.
A porta da cabine se abriu e um garoto com longos cachos negros amarrados em um rabo de cavalo mal feito entrou desastradamente.
Rosa e Alvo o encararam, confusos.
- Desculpe. Não sabia que estava ocupado. – apressou-se em dizer ao notá-los.
- Não, está tudo bem. Pode ficar, se quiser. – disse Alvo, empolgado por conhecer alguém.
- Ah, nesse caso... olá, sou Crispo Aloysius Morgan. – apresentou-se, sentando-se ao lado de Rosa.
- Eu sou Alvo Potter e essa é minha prima, Rosa Weasley. – Alvo disse educadamente, estava realmente contente com a possibilidade de fazer um amigo.
O garoto abriu a boca, completamente descrente.
- Você é o filho de Harry Potter? – perguntou, boquiaberto.
- Que eu saiba, sim. – brincou, divertindo-se com a expressão do menino.
Alvo não saia muito, portanto não passava por muitos momentos como aquele.
- Deve ser tão maneiro ser filho de uma pessoa tão famosa. Meu pai não é muito famoso, na verdade, não é nada famoso. Excerto pela vizinhança, ele é famoso por ser bastante engraçado. Às vezes ele diz que é uma pena eu ter saído assim, tão mongolóide, mas não entendo o que ele diz mesmo. – o garoto explodia em palavras, parecia nunca ter fim.
- Finalmente um adversário à sua altura, Rosa. – brincou Alvo.
A menina revirou os olhos, suspirou lentamente, e decidiu concentrar-se em admirar a paisagem.
- Então, estão empolgados para o primeiro ano? É o primeiro ano de vocês, certo? – Crispo perguntou eufórico.
- Sim. Estou bastante empolgado, vou ser da Grifinória. – o moreno antecipou-se.
- Você é a criatura mais teimosa da face da terra. – ressaltou Rosa.
- Não ligo, é o que eu quero. Vou ser da Grifinória. – bateu o pé.
- Pra mim, você fala como um perfeito Sonserino. – contestou.
- Eu não acho, você deve ir para a Grifinória, assim como seu pai. – incentivou Crispo.
Alvo sorriu para seu novo amigo. Poderia considerá-lo assim, não?
- E você? Acha que vai pra onde? – Rosa encarou Crispo, desdenhosa.
- Não sei, minha família é uma mistura muito grande. A família do meu pai tem sido da Corvinal há anos, mas a da minha mãe tem gente de todas as casas, até Sonserinos. – explicou, entusiasmado.
- Nossa, tomara que você não vá para a Sonserina. – disse Alvo, repleto de receio.
- Meu pai disse que, provavelmente, o chapéu seletor tenha um colapso nervoso assim que o aproximarem de mim.
- Seu pai me parece um homem sensato. – Rosa não pode controlar-se.
Alvo lançou-lhe um olhar irritado.
- É a fome. – sussurrou.
Os três começaram a conversar mais harmoniosamente. Rosa estava tentando esquecer a história da fome, por isso não parava de falar um segundo se quer.
Alvo e Crispo tentavam ignorá-la o máximo possível, mas era meio difícil. Aliás, os dois estavam se entendendo perfeitamente, pareciam conhecer-se por uma eternidade, então ficava menos nauseante ter a presença da faladeira Rosa Weasley.
Enquanto conversavam, o trem saiu de Londres. Agora corriam por campos cheios de vacas e carneiros. Ficaram calados por um tempo, contemplando os campos e as estradinhas passarem num lampejo.
Excerto por Rosa, que tagarelava sozinha alguma coisa sobre “As desventuras de Ptolomeu”.
Por volta do meio-dia e meia, ouviram um grande barulho no corredor e uma mulher sorridente abriu a porta e perguntou:
- Querem alguma coisa do carrinho, queridos?
Rosa arregalou os olhos e começou a cantar uma lista de guloseimas que havia sonhado a viajem toda.
A mulher pegava com cuidado tudo que lhe era pedido para não enrolar-se com a lista quilométrica da menina.
Alvo teve um sobressalto, lembrou-se da história que seu pai lhe contara sobre sua primeira viajem no Expresso de Hogwarts.
- Um de cada, por favor. – disse e deu a mulher onze sicles de prata e sete nuques.
Rosa revirou os olhos para ele, recolheu seus doces, e encarou-o como quem olha o mais perfeito idiota do século.
- O que foi?
- Você é um idiota. – quis deixar claro.
- Obrigado.
Resolveu voltar a ignorar sua prima, e lançou alguns doces para Crispo.
- Mas o que é isso, Alvo? Não é preciso. – disse, enquanto desembrulhava um bolo de caldeirão.
Ele riu do mais novo amigo, e pegou uma varinha de alcaçuz.
Foi então que Rosa atacou seus doces, e aquela fora, provavelmente, a pior visão de suas vidas. Era impossível alguém ser tão gulosa como aquela garota.
- Olha só, feijõezinhos de todos os sabores! – Alvo exclamou alegre, erguendo o saquinho.
- Vamos, o desafio a comer um! – Crispo quase berrou.
Alvo pôs a mão dentro do saquinho e tirou um feijãozinho amarelado, colocou-o na boca o mais rápido possível para não arrepender-se.
- Eca! – cuspiu rapidamente – Acho que isso é remela de Trasgo! – exclamou enojado.
- Você come muita remela de Trasgo, não é mesmo? – ironizou Rosa, com a boca cheia de sapos de chocolate.
- Minha vez! – Crispo apressou-se em dizer, para evitar uma briga entre os dois.
Ele pegou um feijãozinho, e ficou grato ao sentir o gosto de bacalhau. Com certeza, era bem melhor que remela de Trasgo.
Os dois ficaram naquilo por um bom tempo, divertiam-se às pampas com sua competição dos feijõezinhos.
Os campos que passavam agora pela janela estavam ficando mais silvestres. As plantações tinham desaparecido. Agora havia matas, rios serpeantes e morros verde-escuros.
Ouviram uma batida à porta da cabine e uma menina com enormes cabelos loiros ensebados, que mais pareciam uma juba de leão descolorida, entrou cantarolando.
- Desculpem, mas alguém teria um pouco de repelente contra Gnôblins? Tem uma menina na minha cabine que está cheia deles. – a menina dizia com extrema naturalidade, sua voz soava como um delicioso acorde bem arranjado.
Crispo, Alvo e Rosa a encararam com certa desconfiança.
- O que é um Gnôblin? – a garota Weasley perguntou, sentindo-se meio idiota.
- São criaturinhas minúsculas que se alojam no seu couro cabeludo e sugam sua vitalidade mágica. – dizia gesticulando levemente, como se fosse coreografada.
Um breve silencio arrastou-se. Não sabiam o que dizer, jamais escutaram algo do gênero.
- Não temos isso aqui. Desculpe. – Alvo tentou ser o mais educado possível.
- Tudo bem, continuarei procurando. – anunciou lentamente com um olhar sorridente e saiu saltitando.
Alvo precisou de alguns segundos para tentar compreender a situação. De onde havia surgido aquela garota estranha?
Bem que seu pai havia dito que Hogwarts era uma caixinha de surpresas.
- Que menina... simpática. – disfarçou Crispo.
- Simpática? – Rosa reprimiu uma risada.
- Não fique zombando da garota, Rosinha. – advertiu Alvo.
- Oras! Alguém aqui já ouviu falar em Gnôblins? – começava a aborrecer-se.
- Bom, ela ouviu. – respondeu, exibindo um sorriso divertido.
- Ótimo! Agora, me passe um sapo de chocolate, por favor, Rosa? – desconversou Crispo, lambendo os lábios com os maravilhosos sapos.
- Nem pensar, são meus preferidos! – disse recolhendo-os o mais rápido possível e colocando-os junto a si.
- Mas que menina gulosa! – exclamou maravilhado.
- Olha quem fala! – a menina indignou-se.
- Desse jeito vai engordar, priminha. – Alvo não pode deixar a oportunidade passar.
A garota abriu a boca, demonstrando sua indignação, levantou-se abruptamente e começou a despejar vários insultos – desde “Seu maldito diabrete!” até o clássico sempre dito por Tiago: “Vai tomar no caldeirão!”
Alvo e Crispo tentavam revidar, mas não eram nada bons nisso. Mais tarde marcariam de treinar alguns foras, sempre era bom saber alguns para enfrentar a menina afiada.
Quando a situação estava ficando um pouco critica – Rosa estava preparando-se para lançar bolinhos de abóbora no meio da testa de Alvo – a porta abriu-se novamente.
Uma menina, já com as vestes de Hogwarts, olhava-os com uma expressão de superioridade.
- Vocês viram a garota dos Gnôblins? – perguntou rispidamente, ignorando a briguinha patética.
- Hamm, bem... ela passou por aqui... – Alvo atrapalhava-se comicamente, o fato de falar com qualquer outra garota que não fosse de sua família o preocupava um pouco, mas sabia que poderia lhe dar com isso, se quisesse. E como ele queria!
A garota olhou-o com certo desacato, e pareceu prender a respiração antes de falar:
- É melhor irem se trocar, chegaremos logo. – ergueu o nariz com ar supino – E é bom que não desperdicem comida, existem centenas de elfos silvestres passando fome por aí. – completou parecendo meio irritada, e arrastou seu olhar até Rosa, lançando-lhe um olhar de repugnância.
- Hmmm, claro. – Alvo concordou, completamente envergonhado.
A garota lançou-lhe um último olhar e saiu.
Alvo sentiu-se meio confuso, era difícil compreender a atitude da garota.
Pôs-se a pensar na forma ignorante como a menina havia agido, principalmente com Rosa. Mas por mais que pensasse não poderia entender como alguém seria capaz de irritar-se com Rosa tão instantaneamente. Normalmente demorava alguns longos minutos para começar um pequeno estresse.
- Rosa? Rosa? Você este bem? – Crispo perguntava, ao lado da menina.
Foi só naquele instante que Alvo percebeu que Rosa também havia prendido a respiração e estava mais vermelha que um pimentão.
- O que foi, prima? – perguntou ajoelhando-se próximo a garota.
- Era ela... – a garota respirou fundo.
- Quem? – preocupou-se.
- A filha dela... – respirou novamente para evitar uma explosão – Lilá Brown! – exclamou, forçando para não ter um ataque.
- Por isso todo esse drama? Deixa-a pra lá. Sua mãe ganhou e ponto. – divertiu-se incentivando a prima.
- Não é essa a questão! – quase berrou, dando um tapa no ombro do garoto.
- Ai! – exclamou, esfregando o ombro.
- Somos rivais! Lembra aquele acampamento que o ministério financiou para os filhos dos funcionários? Bem, ela estava lá. Parece que a mãe dela está trabalhando agora no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Curioso, não? É! Acontece que nesse maldito acampamento essa porcaria de garota infernizou minha vida! – dizia sem fazer pausas e sem permitir resostas. – Não quero que aconteça a mesma droga que antes. Ela é uma completa terrorista, Alvo. Acredite em mim! – parecia verdadeiramente preocupada.
- Fique tranquila, eu te protejo. – Crispo soltou, ingenuamente.
A menina olhou-o desdenhosa.
Alvo reprimiu uma risadinha e começou a pensar em algo para tranqüilizar sua prima.
- Por que não pega mais algumas tortinhas? É melhor comer para se acalmar. – falou voltando a sentar-se.
Rosa afundou-se no assento e começou a mordiscar uma varinha de alcaçuz que sobrara.
- Também serve. – observou – Bem, será que falta muito para chegarmos? – perguntou, visivelmente nervoso.
- Não sei direito, meu pai disse que dormia boa parte das viagens dele. Ninguém na sua casa disse nada sobre horário? – arriscou Crispo.
- Não. – Alvo entristeceu-se.
- Ah, Cris... passa o suco de abóbora. – ordenou Rosa depressivamente.
O garoto obedeceu prontamente.
Novamente a porta abriu-se. Alvo pediria para que não a fechassem novamente.
Aquele entre e sai já estava irritando.
- Oh, cabine errada! – exclamou uma doce voz decepcionada.
A garota à porta tinha um ar incrivelmente convencido. Seus traços eram finos e seus dentes da frente levemente separados. Sofria de palidez excessiva e suas bochechas estavam bem vermelhas, seus olhos eram muito escuros e seus cabelos em um tom castanho, queimado de sol.
- Vocês ainda não se trocaram? – admirou-se – Céus! Estamos quase chegando. – ressaltou.
- É melhor nos trocarmos mesmo. Mas e quanto a Rosa? – Crispo disse.
- Bem, obviamente ela não poderá trocar-se aqui. Ofereceria a cabine na qual estou, mas meus colegas têm sérios problemas comportamentais. Aliás, isso me parece bastante comum aqui. – dizia com a cabeça sempre erguida e um brilho que Alvo julgava estranhamente familiar em seu olhar.
- Hmm, sabe em quanto tempo chegamos? – o garoto quis saber.
- Não vai demorar muito, certamente. Em todo caso, irei dar uma palavrinha com o maquinista. – virou-se para ir, mas pareceu desistir – Ah, sugiro um revezamento. – adicionou e foi-se.
- Muito bem, vamos ouvir a garota. Espere lá fora enquanto trocamos de roupa, Rosinha. – Alvo pediu carinhosamente. A menina concordou um pouco a contragosto.
Quando ela saiu, Alvo foi espiar pela janela. Estava escurecendo. Viu montanhas e matas sob um céu arroxeado. O trem parecia estar diminuindo a velocidade.
Os dois tiraram seus paletós e vestiram vestes longas e pretas. Alvo abriu a cabine, sinalizou para Rosa, que entrou para vestir-se. Ele e Crispo esperavam do lado de fora.
Uma voz ecoou pelo trem.
— Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos. Por favor, deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.
Alvo sentiu-se completamente fora de órbita. Enquanto esperava na cabine, durante toda viajem, só conseguia pensar no quanto estava sendo demorado, mas agora que estavam prestes a chegar a seu destino começava a questionar-se por que estava sendo tão rápido.
Talvez ele não estivesse completamente preparado. Se não estivesse? Se não fosse digno de ir para Hogwarts? Se tudo tivesse sido um erro? Afinal, ele nunca fora bom em exatamente nada, jamais demonstrara talento para coisa alguma, tampouco inteligência.
Provavelmente seria a chacota da escola. Jamais seria como Tiago, muito menos como Harry.
Em outras palavras: estava frito.
Rosa saiu da cabine exibindo um de seus raros sorrisos espontâneos.
- Preparados? – indagou contente.
Os dois fizeram que sim com a cabeça e foram misturar-se ao bando de alunos afobados e cobertos de expectativa que banhavam os corredores.
O trem foi diminuindo a velocidade e finalmente parou. As pessoas se empurraram para chegar à porta e descer na pequena plataforma escura. Alvo estava ficando cada vez mais nervoso, sentia seu cérebro tremer dentro de sua cabeça. Toda aquela expectativa concentrada ali estava começando a incomodá-lo, era como se todos dissessem: “Não vai dar certo! Não vai dar certo!”
Uma lâmpada apareceu balançando sobre as cabeças dos estudantes, então Alvo e Rosa ouviram uma voz conhecida. Instantaneamente, o menino lembrou-se de alguma coisa sobre um chá.
- Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano! Todos aqui!
Rúbeo Hagrid gritava para chamar a atenção daquele mar de crianças. Ele acenou sorridente para Alvo e Rosa, que retribuíram. Alvo, porém, transparecia nervosismo.
- Mais alguém do primeiro ano? Mais alguém? Muito bem, sigam-me!
Muito desastradamente, eles seguiram-no por um caminho de aparência escarpada e estreita. Era realmente muito escuro, haviam perdido a conta de quantas vezes Crispo tropeçara.
- Logo depois dessa curva, Hogwarts lhes sorrirá pela primeira vez. – disse Hagrid sinalizando e sorrindo sem parar.
Ouviu-se um ‘ooooh’ muito alto.
O caminho estreito se abrira de repente até a margem de um grande lago escuro. Encarrapitado no alto de um penhasco na margem oposta, as janelas chispando no céu estrelado, havia um imenso castelo com muitas torres e torrinhas.
- Quatro em cada barco! - gritou Hagrid, apontando para uma fileira de barquinhos parados na água junto à margem.
Alvo, Crispo e Rosa correram para pegar um barco, a garota com bochechas inacreditavelmente vermelhas seguiu-os.
E a procissão de barquinhos disparou toda ao mesmo tempo, deslizava melodiosamente pelo lago, que mais parecia projetado para isso. Todos estavam silenciosos, os olhos fixos no grande castelo no alto. A construção se agigantava à medida que se aproximavam do penhasco em que estava situado.
— Abaixem as cabeças! — berrou Hagrid quando os primeiros barcos chegaram ao penhasco, todos abaixaram as cabeças e os barquinhos atravessaram uma cortina de hera que ocultava uma larga abertura na face do penhasco. Foram impelidos por um túnel escuro, que parecia levá-los para debaixo do castelo, até uma espécie de cais subterrâneo, onde desembarcaram subindo em pedras e seixos.
- Oh, exatamente como na descrição! – maravilhou-se quase que aos sussurros a menina das bochechas vermelhas.
Começaram a desembarcar. Subiram por uma passagem aberta na rocha, acompanhando a lanterna de Hagrid e desembocaram finalmente em um gramado fofinho e úmido à sombra do castelo.
Escalaram uma escada de pedra e se aglomeraram em torno da enorme porta de carvalho.
— Estão todos aqui? - Hagrid ergueu um punho gigantesco e bateu três vezes na porta do castelo.
Comentários (1)
Que coisa mais linda! Amiga, tá ficando mais que perfeito sz'
2011-04-10