O grande primeiro dia
Fui acordado por uma balde de água gelada. Sirius pegou pesado dessa vez. Corri atrás dele, berrando, enquanto ele ria e fazia um monte de caretas engraçadas. Até que o Remus nos lançou um feitiço que nos fez parar e olhar pra ele:
- Remus, me deixa bater nesse pulguento! Primeiro dia de aula, ele não precisava me acordar assim! – ele tinha usado o Levicorpus em nós dois. Muito bom, Reminho!
- Aluadozinho, não deixa não, você sabe que se não fizesse isso, ele não iria acordar e perderíamos o primeiro dia!
- Como se você quisesse ir! – rebati. Ponto pra mim.
- É claro que não quero ir. Mas eu não posso perder o café da manhã da beleza, entende? Como você acha que vou manter esse meu corpo sarado sem uma boa alimentação? – ele não devia ter entrado pro time de Quadribol, ficou todo metido depois disso. Quer dizer, metido ele sempre foi, só piorou...
Remus nos liberou e todos nos arrumamos e ficamos gatões pro primeiro dia (menos o Peter).
- Cadê o Frank? – Peter indagou e aí finalmente eu me lembrei do Frank. Esse é um bom amigo nosso, é do nosso ano, e namora a Alice. Ou melhor, ele quer namorar a Alice. Ele não é do marotos, ele é meio diferente de nós, mas mesmo assim, um grande amigo.
- Já desceu, disse que queria ver a Alice antes das aulas. – Remus respondeu enquanto pegava a mochila e colocava nas costas.
- Almofadinhas, na hora do almoço, tu podia mandar uma carta pro papai pedindo pra ele mandar o mapa, né? Já que a culpa é sua de ter esquecido.
- Tá, eu mando, chefe! – Ele fez pose de militar batendo continência. Gargalhei. Sério, ele consegue fazer uma cara de ironia tão grande que fica muito engraçado.
Descemos pro Salão Principal, com o estômago roncando. Quando nós 4 entramos, o salão se calou. Deixa eu dizer o efeito que causamos: os 4 caras mais populares de Hogwarts entraram no salão. As meninas suspiram, os meninos ficam com aquela cara de que mais uma vez não vão arranjar menina nenhuma, já que nós ficamos com todas. Enfim, somos fodas.
Nos sentamos na mesa e olhamos pra mesa dos professores. Dumbledore estava em pé e ia começar seu discurso:
- Crianças, hoje será o primeiro dia de aula, espero que estejam animados! Após vocês se deliciarem com o café, venham até os diretores de suas respectivas casas que eles lhe darão seus horários. Aproveitem o café! – e por incrível que pareça, ele fez esse discurso com um sorriso no rosto. Eu realmente acho que ele só quer tirar uma com a nossa cara. Animado pro primeiro dia? Onde já se viu...
Comecei a comer, até que eu me lembrei da Lily. Procurei por ela com o olhar em toda a mesa e não achei. Ela não é de perder o café da...
- Porque a Lily ta ali na mesa da Corvinal conversando com o Mitche? – Eu ouvi Sirius dizer isso, ao meu lado.
Acompanhei o olhar dele e vi: ela sentada ao lado do Mitche, conversando alegremente! Ela estava até sorrindo!
- Remus, o que significa isso?
Ele engoliu em seco, e eu fiquei com um olhar desconfiado.
- Me conta logo, seu lobo de uma figa! – acabei falando alto, sem querer.
- Pontas! – ele me repreendeu, mas eu não briguei. – Como eu posso te dizer isso? Ahn... Eles saíram no último dia de aula, e no meio das férias de verão, eles começaram a namorar.
Meu mundo caiu. Juro. Eu senti que estava ficando pálido a cada segundo que estava ali, e sem eu perceber, uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto. Os 3 ficaram preocupados, e começaram a falar comigo, mas eu não respondia. Eu levantei da mesa muito rápido, fiquei meio tonto, e saí do salão, sendo seguido por muitos olhares. Pensei em algum lugar em que poderia ficar sozinho com meus pensamentos, e lembrei da Sala Precisa. Fui direto pra lá, apesar de que eu não precisava ir pra Sala, já que eu sabia que nenhum dos 3 iriam vir atrás de mim, porque eles me conhecem melhor do que eu, e sabem que quando eu fico mal, eu preciso ficar sozinho pra depois desabafar.
Entrei na Sala, ela havia se transformado numa aconchegante sala. Sentei-me em um dos puffs que tinha lá e fiquei olhando pro nada. Que primeiro dia! Mas sabe porque isso aconteceu? Porque é uma segunda-feira! Aposto que se fosse terça, ela não estaria namorando. Ok, loucura, loucura. Por que o Remus não me contou antes? Ela deve ter contado ontem pra ele e ele não queria que eu ficasse sabendo assim, queria que eu assistisse às aulas. É, é isso. Outra lágrima escorreu.
Por que será que ela nunca quis sair comigo ao menos uma vez? Tá. Eu sei o porque. O último ano que eu poderia tentar conquistar ela, eu perdi. Tão rápido assim. Não acredito. Por que eu tenho essa sensação de perda, se eu nem ao menos, a tive por um momento? Como eu posso sentir falta de algo que nunca tive? Adormeci.
Acordei assustado, porque eu não tinha noção do tempo. Saí correndo da Sala Precisa, e vi pela janela que o sol estava se pondo. Fui andando calmamente até o Salão Principal, já que daqui a pouco seria o jantar. O sinal tocou quando eu estava quase chegando no Salão. Entrei e fui pro meio da mesa da Grifinória, esperar meus amigos. As pessoas foram entrando aos poucos e quando me viam, cochichavam uns para os outros. Não liguei. Quando aqueles três me viram, saíram correndo até mim, sorrindo.
- Achei que ia ficar uma semana sem te ver cara! Já estava com saudade! – Sirius fingia chorar, o que me fez esboçar um sorriso.
- Pontas, eu não te contei antes, porque... Na verdade, é porque eu não botei muita fé no namoro dos dois, e achei que ia acabar rápido essa história e você nem ficaria sabendo.
- Tudo bem Aluado, não tem problema.
- A McGonagall me mandou entregar seus horários e te dizer uma coisa: “se você já quer começar esse ano faltando, então irá começar o ano com detenção também”.
- Ah, a tia Mc ta chateada porque não fui a aula dela, ela me ama! – falei enquanto olhava meus horários e vi que tinha uma aula com ela logo depois do almoço. – Mas como foi hoje? Muitas matérias?
- Até que não, todos os professores só falavam sobre os N.I.E.M’s, falaram que agora temos que nos preparar pra nossa vida adulta e tal... – Peter rolava os olhos.
- Não perdi muita coisa, então, né?
- Perdeu só o fora do Marco, da Lufa-Lufa – Sirius gargalhava.
Eu olhei pro Remus com um olhar que parecia uma interrogação e ele me explicou:
- Ele foi chamar a Chris pra sair, e ela deu um fora nele. Então o Sirius ficou feliz, porque acha que ela está apaixonada pelo nosso pulguento aqui. Enfim, uma conclusão super nada a ver. – ele falou rolando os olhos. Bem, não só ele, eu rolei os olhos também.
Frank sentou ao meu lado, e percebi que ele estava com um sorriso bobo no rosto, coisa que ele não fazia muito. Só quando falávamos NELA. Descobrimos a garota que Frank gostava no 4º ano. Pois é, bastante tempo. Essa garota chama-se Alice e é uma das amigas da minha querida Lily. Peter ao ver Frank, foi logo direto ao ponto:
- O que houve Frank? A Alice te olhou hoje? – Deixa eu dizer uma coisa: Alice e Frank não se falam. Frank morre de vergonha de falar com ela, e ela só troca bom-dia com ele.
- Ela vai ser minha parceira na aula de Poções, galera! – ele exclamou feliz.
Jantamos, falando mais um monte de besteira e eles contando sobre o dia deles. Claro que não foi tão divertido, já que não fui à aula. Subimos para o Salão Comunal e tava lotado de gente, mas expulsamos uns primeiranistas do sofá e sentamos lá. Rolei os olhos pelo salão e achei meu alvo: Lilian Evans. Ela estava com o uniforme de Hogwarts, mas continuava linda.
- Tiago, cara, dá pra me escutar? – Sirius bateu na minha cabeça.
- O que você quer, Almofadas?
- Quero arranjar uma garota pro Remus.
Nisso, percebi que o Remus não estava com a gente.
- Onde ele está?
- Tá fazendo ronda por aí, cara. Você tava tão distraído que nem o viu anunciar que ia fazer a patrulha noturna, adivinha com quem...
- COM A EVAAAAANS? – berrei, e todo mundo olhou pra mim.
A Evans estava ali perto, olhou pra mim:
- O que tem meu nome aí, Potter, posso saber?
- Nada minha querida, só estava dizendo o quão bonita você é – dei um sorriso que mostrava todos os meus lindos dentes.
Por incrível que pareça, ela só virou de costas, balançou o cabelo, disse algo para as amigas dela e saiu do Salão. O que foi isso? Ela normalmente diria: quem é você pra ficar falando essas coisas sobre mim? Te dei essa liberdade? MAS NÃO! ELA NÃO DISSE NADA!
Subimos para o dormitório, eu e meu ego. Fiquei tão feliz que fui dormir mais cedo, sem ouvir nenhuma história do Sirius, do Frank ou do Peter.
- LEVICORPUS! – Quando percebi, estava de cabeça pra baixo, pendurado pelo pé.
- SIRIUS, JÁ TE FALEI QUE ESSE FEITIÇO FOI CRIADO PRA GENTE USAR NO RANHOSO, NÃO EM MIM! – Não sou tão difícil de acordar assim. Tá, sou sim. Mas não precisa me virar de cabeça pra baixo!
-Me ensina um jeito de acordar que não seja esse e jogar água gelada e eu uso pra sempre. – ele ria pra caramba, não me agradou.
Ele me pôs no chão e eu fui pro banheiro me arrumar. Peguei o material e desci com os marotos e Frank.
- E aí Remus, o que a ruivinha disse de bom ontem? – Sirius cutucou o Aluado na barriga.
- Po, nada de especial.
O Aluado então levou um susto ao ver alguma coisa no corredor que não conseguimos ver e disse que nos veria só na hora da aula, que precisava fazer algo pra Mcgonagall. Eu olhei pro Sirius e ele estava com um ponto de interrogação na cara, da mesma forma que eu. Continuamos nosso caminho para o Salão Principal, ainda meio desconfiados. Chegamos lá, sentamos bem no meio da mesa da Grifinória e Mcgonagall veio até mim:
- Potter, você precisa marcar o dia para os treinos de quadribol para ter novos batedores. Pense num dia bom pra você e me avise pra reservar a quadra. E vê se não falta as aulas hoje. Espero que o Lupin tenha lhe dado meu recadinho.
- Tia Mc, isso tudo é saudade? Da cá um abraço! – levantei e abri meus braços, o que fez com que as pessoas que estavam perto rissem. Ela deu um meio sorriso e saiu.
- Isso que eu chamo de um bom vácuo, Pontas! – Sirius gargalhava a minha frente, enquanto eu apenas sorria.
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