Parkins Valley
Ele podia sentir a grama úmida comprimir em seus pés descalços a cada passo. O céu sem nuvens, totalmente limpo, o tom de um azul turquesa, e o sol brilhava como nunca no meio dele. Por algum motivo, ele corria com um sorriso no rosto e de vez em quando parava para conseguir respirar, foi quando esticou a sua mão e outra mão, macia e delicada, tocou a dele suavemente. Harry levantou o olhar e lá estava ela, Hermione, ele vislumbrou seus cabelos esvoaçantes por causa do vento, e então, ela se aproximou, deslizando lentamente a ponta do nariz pela face dele. Harry se deu conta de que nunca tivera sentido tamanha felicidade em sua vida, era tão espontânea e vívida, e tudo que ele conseguia sentir naquele momento era ternura, respeito e amor por aquela mulher. Hermione parou quando viu outro homem vindo de longe se aproximar deles, Harry franziu a testa e ao conseguir visualizar a feição daquele homem, sua cabeça deu um nó. Era Harry. “Acorde!” – ele disse. E tudo se transformou em um chiado.
Harry deu um pulo. Acordou tão assustado, que quase caiu desajeitado no chão, seus pensamentos ainda não estavam completamente no lugar, desejara nunca ter acordado daquele sonho, e agora o seu peito doía de verdade, a realidade era difícil de ser encarada.
“DROGA!” – gritou ele.
Harry saiu da cama e começou a procurar desesperadamente por uma calça, meias, camisa, qualquer coisa, enquanto repetia sem parar: “Droga, droga... merda! Sirius vai me matar!”. Há semanas atrás, Harry tinha prometido para Sirius que estaria presente na reunião do Quartel General dos Aurores para discutir e definir novas localizações de Aurores em algumas cidades e vilarejos. Agora, tudo o que ele conseguia imaginar eram as expressões de insatisfação e reprovação dos Aurores no momento em que ele chegasse atrasado à reunião. Ele se vestiu rapidamente, colocando o primeiro paletó que viu pela frente no armário e desceu correndo as escadas. Gina estava sentada à mesa, tomando um café reforçado e fazendo algumas anotações em um caderno velho, quando viu Harry frenético, andando de um lado para o outro na sala.
“Você viu minha maleta?” – disse ele se virando para Gina, esperançoso.
“Serve aquela ali?” – Gina apontou para um canto da sala e continuou “O que você tem? Não vai tomar café?”
“Eu gostaria, mas eu estou atrasado para a reunião, aquela que eu te falei dos Aurores... Sirius vai me matar.” – Harry correu até o canto da sala e segurou a maleta, já ia se despedir, mas Gina falou antes.
“Você realmente não deveria se preocupar com esse tipo de coisa, ora. Você é o Ministro, tenho certeza que eles irão entender o seu atraso.” – disse ela, calmamente.
“Sim, eu sou o Ministro. Mas isso não me dá o direito de não cumprir com os meus compromissos...” – Harry já estava impaciente e completou “... te vejo mais tarde.”
Sua pressa era tanta que ele nem teve a simpatia de esperar por uma resposta de Gina. Caminhou depressa até a lareira e assim, foi transportado até o Ministério. Harry dava passos rápidos entre as tantas pessoas que iam e vinham em diversas direções, os que conseguiam perceber que se tratava do Ministro passando apressado por elas, o cumprimentava, ao que Harry apenas acenava rapidamente. Não estava com tempo e sentia uma onda de irritação, não apenas com o atraso, mas também com o comportamento de Gina naquela manhã e principalmente, pela decepção de acordar e ver que nada se passava de um belo sonho, o qual a cada dia ele ansiava que se tornasse realidade. Como Harry previra, ele chegou atrasado à reunião. Depois de alguns puxões de orelha de Sirius, Lupin, Ana e do restante das pessoas presentes, eles mergulharam em uma longa conversa. Bruxos de Elite também estavam presentes na reunião e apresentaram a Harry os novos índices de criminosos em algumas regiões, os Aurores por outro lado, discutiram sobre possíveis sinais de bruxos que estariam praticando magia negra e Harry ordenou imediatamente que estes bruxos fossem vigiados por certo período para certificar. A reunião demorou o suficiente para que Harry começasse a sentir pontadas de dor na cabeça, o que era estranho, pois ele adorava participar de qualquer coisa relacionada aos Aurores, já que isso o fazia lembrar-se da época em que trabalhava ali. Harry saiu depressa da sala, temia que Sirius puxasse alguma conversa e conseqüentemente, o pressionasse sobre o que havia contado para seu padrinho há algumas semanas atrás. Harry foi direto para o elevador, queria chegar logo no seu gabinete, queria o silêncio, mas antes que as grades do elevador se fechassem, Harry viu Aberle Brown, seu assistente, entrar no elevador totalmente atrapalhado.
Entre todas as pessoas que se inscreveram para ocupar o cargo de assistente do Ministro, Harry escolheu Aberle pelo simples fato de que sentiu que era alguém em que ele podia confiar e ao longo do tempo, passou a nutrir um grande afeto por ele. Aberle era totalmente atrapalhado, usava óculos, o qual constantemente apertava em seu rosto, seu cabelo era oleoso e desarrumado e possuía uma grande cicatriz que ia do queixo até o pescoço, resultado de um duelo. Harry ainda não sabia se era por admiração ou por respeito, mas Aberle sempre ficava nervoso na presença dele, gaguejava e tinha um tremelique na mão direita. Naquele momento em específico, Aberle carregava um amontoado de papéis em cima de uma caderneta em uma mão e na outra, uma pena.
“Se-senhor... Harry, digo... Ministro. Eu estava te procurando” – ele arrumou os óculos em seu rosto.
“Ab, quantas vezes eu vou ter que dizer que você pode me chamar de Harry, hein?” – Harry disse, segurando-se em uma das barras de ferro. “Como vai Martha? E Júlia?”
“Oh Se-Harry...” – ele consertou desengonçado. “... elas estão fantásticas. Martha está um pouco triste é claro... Júlia parte logo mais para Hogwarts e ela não está acostumada a ficar sozinha em casa.”
Harry sorriu. Por um breve momento se lembrou da primeira vez em que andou no expresso de Hogwarts, na primeira vez em que vira o castelo da escola tão amada por ele.
“Bem, mas temos assuntos importantes a discutir.” – Aberle remexeu no amontoado de papéis e colocou um deles por cima. Naquele instante o elevador parou e a porta se abriu, Harry saiu primeiro e foi caminhando até seu gabinete ao que Aberle ia o acompanhando.
“Por favor, me diga que não é outra reunião, eu...”
“Não, não se trata disso.” – Aberle o interrompeu. “É sobre Parkins Valley.”
“Parkins Valley?” – Harry perguntou enquanto entrava em seu gabinete, parecia lembrar-se de algo, o nome não lhe era estranho. “Essa não é aquela cidade, do cantor daquela banda, como é o nome mesmo?” – ele estalava os dedos enquanto perguntava, a testa franzida.
“Braxton Hall! Sim, é a cidade onde nasceu o cantor dos Sereianos”
“ISSO!” – exclamou Harry. “Hermione adora essa banda, embora eu ache o nome dela um pouco estúpida, você não acha?”
“Com toda a certeza, Harry!” – Aberle sacudia a cabeça.
“Mas o que tem Parkins Valley?” – Harry jogou sua maleta em cima da poltrona e em seguida se escorou na mesa, cruzando os braços.
“É aniversário da cidade! E vai acontecer algumas festividades e eles...”
“Oh Deus! Mais uma homenagem?”
“Não é uma homenagem, bem, é e não é! Eles só querem a sua presença lá. Há anos eles estão tentando que você compareça no aniversário da cidade, Parkins Valley é uma cidade segura graças a você.”
“É o que todos dizem sobre todas as cidades.” – Harry levantou as sobrancelhas.
“O que você me diz? São apenas três dias, eu preciso dar a resposta hoje.”
“TRÊS DIAS?”
Aberle fez uma cara feia para a reação de Harry.
“Bem...” – quando Harry parou para pensar no convite, viu um escape de tudo aquilo que estivera passando nas últimas semanas, ele estaria longe de casa e o plano era botar as idéias no lugar, finalmente decidir o que era melhor para ele, para todo mundo. “... pode confirmar! Só me diga, eu posso levar alguém?”
“Mas é claro! Eu vou imediatamente comunicar ao prefeito!” – Aberle parecia rabiscar diversas vezes o papel. “Eu vou...” – ele se virou, perdido em meio às anotações e quando abriu a porta, deu de cara com Hermione.
“Perdão, perdão...” – disse ele, todo desajeitado enquanto saia do caminho para Hermione passar.
“Ah não foi nada, Aberle.” – Hermione sorriu e quando Aberle saiu, ela fechou a porta, voltou-se para Harry, que estava balançando o rosto de uma forma negativa.
“O que você está fazendo aqui?” – perguntou ele.
“Que quer dizer? No seu gabinete?” – ela não entendeu, pois franziu a sobrancelha preocupada.
“TRABALHANDO!”
Hermione suspirou.
“Harry, você não esperava que eu ficasse plantada em casa todo esse tempo, não é? Quero fazer algo, quero ocupar meu tempo!” – Hermione caminhou até a mesa de Harry e despejou os papéis que estava segurando até então, começou a dividir em duas pequenas pilhas.
Harry a entendia, provavelmente se isso acontecesse com ele, também ia querer ocupar a mente, assim como fez quando ela esteve longe durante a viagem de lua de mel.
“Ok.” – ele encarou os papéis em cima de sua mesa. “Espero que isso não seja mais problema! Hoje cheguei atrasado a uma reunião...”
“Atrasado? Você é um péssimo Ministro.” – Hermione cerrou os olhos para ele.
“Você sempre diz as coisas certas para mim.” – disse ironicamente.
“Mas então, esses daqui são os documentos oficiais do Festival de Música e Variedades, são permissões das bandas e das barracas, pequenos ajustes, assine todos...” – disse ela, apontando para a primeira pilha – “... e esses de cá, são as delimitações do terreno escolhido, onde as pessoas poderão aparatar e desaparatar. Não queremos pessoas indo e vindo no meio do evento, não é? E também tem alguma coisa sobre o Feitiço Anti-Trouxas.”
Harry deslizou rapidamente os olhos sobre as folhas, passando-as entre os dedos, e então, esticou-se até alcançar a sua pena em cima da mesa, molhou a pena na tinta e começou a assinar os papéis.
“Você não vai ler?” – ela implicou com Harry.
“Bem... eu confio em você!” – Harry levantou o olhar por um momento e sorriu para ela, depois voltou a assinar os papéis.
Houve um silêncio depois disso, Harry ainda assinava os papéis, queria puxar algum assunto, perguntar se tudo estava bem, mas ele sabia a resposta de Hermione. Terminou com os papéis e juntou todos eles em uma única pilha, “Pronto!” – ele murmurou. E antes que pudesse pensar direito sobre o assunto, antes que Hermione saísse pela porta e seu gabinete, ele soltou.
“Ei, você conhece Parkins Valley?”
“É claro, é a cidade onde nasceu Braxton. Você sabe que eu o adoro e a sua banda também!” – Hermione fez uma cara de uma adolescente apaixonada.
“Sim, eu sei! Viajo pra lá esse final de semana, acho que vou ficar uns três dias... é aniversário da cidade e sou convidado de honra.” – disse ele, fingindo uma pose de metido.
“Isso é ótimo! Que inveja, Harry. Ele vai estar lá? Você vai conhecê-lo?” – Hermione aproximou dele, curiosa.
“Provavelmente!” – ele tentou não rir da empolgação de Hermione. “É por isso que... eu queria que você fosse comigo.” Era estranho, mas o coração de Harry batia forte naquele momento, parecia que tinha acabado de pedir Hermione em casamento ou coisa parecida.
“Ah Harry, isso séria ótimo, mas...” – disse ela, num tom desanimado, “... eu não sei. E Gina? Não vai contigo?”
“Bem... eu pensei em Gina...” – Harry mentiu – “... mas provavelmente ela não vai querer ir quando souber que são três dias, principalmente agora que ela está tão penetrada nesse livro. Pelo menos eu acho que ela não vai querer ir, então, eu pensei em você.”
Hermione estava realmente indecisa, seria maravilhoso poder viajar, esquecer do trabalho e de todas as coisas que estavam a incomodando ultimamente, e ainda por cima, poderia conhecer Braxton pessoalmente e ora, era uma viagem com Harry, que ela sempre julgou ser uma ótima companhia. Hermione fazia careta enquanto pensava em uma resposta, enquanto Harry lutava internamente com uma dor de barriga, por causa da ansiedade pela resposta dela.
“O que você me diz?” – ele perguntou impaciente.
“Ok, tudo bem. Eu vou! Mas e se Gina quiser ir?”
“Se isso acontecer, vamos fingir que...”
“Essa conversa nunca aconteceu, certo?” – Hermione completou.
Harry assentiu triste, mas ele sentia que Gina não ia querer ir, pelo menos era o que ele mais desejava. De qualquer modo, se Gina fosse, ela atrapalharia o plano de Harry, que era aplicar o conselho de seu padrinho. Quando ele voltou a si, Hermione já estava na porta, pronta para ir embora, mas ela virou-se para Harry antes disso.
“Eu estava brincando àquela hora, você sabe não é? Você é um ótimo Ministro.”
“Eu sei.”
E então, ela foi embora.
Harry permaneceu pensativo em seu gabinete, sentiu arder no peito uma pontinha de esperança de que Gina recusasse seu pedido para acompanhá-lo. Considerou até em dizer de uma vez para ela que, num impulso, convidou Hermione e que agora estava sem graça de retirar o convite, mas ele sabia que Gina ficaria chateada e pior do que isso, ela iria começar a discorrer a tese que Harry ouvira durante todos esses anos, a de que Hermione era sempre a primeira opção dele. No entanto, ela parou quando Harry disse grosseiramente que se isso fosse verdade, ele teria se casado com Hermione. E agora ele se perguntava onde estava com a cabeça por não ter se casado de fato, com ela. Aberle entrou na sala, atrapalhando todos os pensamentos de Harry naquele momento e informou que o Departamento de Transportes Mágicos, mais precisamente, a Comissão de Regulamentação da Rede de Flu, precisava urgentemente da sua presença. Harry foi acompanhado do assistente até o Departamento e assim, passou o resto do seu dia, sendo chamado de cá pra lá, voltando para o seu gabinete de vez em quando, passando em frente à sala de Hermione disfarçadamente, até o seu dia no Ministério acabar e assim, ele pôde ir para a casa.
Harry ficou assustado ao pisar em casa, pois viu Gina deitada no sofá, bastante pálida e com uma péssima feição, que ao vê-lo chegar pela lareira, levantou-se e o chamou para deitar-se junto dela. Ela se aconchegou sobre o peito de Harry e então, começou a acariciá-lo lentamente. Harry não estava se sentindo confortável e agora não fazia idéia de como iria entrar no assunto de Parkins Valley já que Gina parecia estar doente.
“O que aconteceu com você? Você está bem?” – Harry perguntou, tentando olhar para ela.
“Calma...” – ela sorriu como se estivesse caçoando da preocupação dele - “... tá tudo bem. É só cansaço, ando trabalhando demais durante esses dias, quase não tenho tempo para nada, mas bem... disso você sabe.”
“Sim, eu sei! Mas desisti de fazer você desistir, você não me ouve. Você precisa descansar.” – ele disse, friamente.
“Eu vou descansar. E não fale assim comigo.” – disse ela, agora se virando para ele e fazendo uma cara triste.
“Desculpe...” – Harry suspirou – “E por falar em trabalho, como anda o seu livro?”
“Está tudo correndo perfeitamente bem. Aquela biblioteca é realmente incrível, assustadora, porém deslumbrante. Ontem mesmo achei um livro sobre a história dos melhores goleiros de Quadribol que já existiram, histórias exclusivas” – ela contava entusiasmada – “Ron iria adorar ler, mas infelizmente não posso retirar os livros de lá.” – Gina fez uma careta de insatisfação.
“Nós dois sabemos que Ron pode ser fã de Quadribol, mas de leitura... E você sabe que não é minha culpa.” – ele replicou.
“É... muito bem! Enfim, e o seu trabalho? Como foi hoje?”
Harry pensou “esse é o momento”, teria que contar para Gina da homenagem e esperar que um milagre acontecesse.
“Muito bom você ter perguntado, eu tenho uma novidade pra contar”
“Novidades? Eu adoro novidades, conte, conte tudo.” – Gina levantou-se do peito de Harry e ficou sentada, encarando-o curiosa.
“Esse final de semana, Parkins Valley vai comemorar o seu aniversário e eu sou um convidado de honra.”
“Parkins Valley? Não acredito, sempre quis ir até lá. Quando vamos?” – perguntou ela, animada.
Ele pôde sentir o desânimo tomando conta de cada pedaço do seu corpo. No fundo, Harry sabia que Gina ia querer acompanhá-lo, afinal ela sempre achou fantásticas as homenagens que ele recebia, mas ele queria acreditar que daquela vez, alguma coisa, alguém, ia interceder por ele e o seu pedido seria atendido.
“Sabia que você ia adorar! Então arrume as malas. Nós vamos ter três longos dias...” - disse ele, levantando-se para ficar sentado ao lado de Gina.
“Espera... três dias?” – ela perguntou espantada – “Não, não, não... três dias... isso é impossível, Harry. Três dias são várias horas perdidas, eu não posso abandonar meu projeto, justo agora que está tão perto do final! Você vai sozinho, tenho certeza que se sairá muito bem.”
“Ahh Ginny...” – Harry se esforçava para fingir que estava desapontado, mas na verdade, queria sair pela sala cantarolando em comemoração. – “Mas eu não quero ir sozinho.”
“Infelizmente eu não posso ir, meu amor. Você sabe como eu gosto desses eventos, mas não há nada que eu possa fazer... olhe, converse com Sirius ou com Neville, eu tenho certeza que eles irão adorar te acompanhar.”
“Sirius não pode ir, ele tem andado ocupado com algumas coisas do... Ministério.” – Harry enrolava para arranjar desculpas – “E Neville, bem, você conhece Neville... ele nunca iria em qualquer lugar sem a Luna, e não quero ficar de vela dos dois, né?”
“Ah, isso é verdade! Seria lamentável, então vamos pensar...” – ela franziu a testa.
“Eu poderia chamar... Hermione” – disse ele, cauteloso e com medo da reação de Gina.
“Sabe que não seria uma má idéia? Ron está pisando na bola ultimamente com ela, eu preciso conversar com ele depois. Vai ser bom pra Hermione, você deveria levá-la.”
Harry mal pode acreditar no que tinha acabado de ouvir. Gina concordando com a idéia de levar Hermione à Parkins Valley. E ele comemorou de forma tão intensa, internamente, que sua mão apertou o sofá com uma força absurda. Mas de repente, suas vistas escureceram e ele sentiu seu estômago revirar por alguns segundos, voltou a se apoiar no sofá. “Harry, Harry, fale comigo... o que foi?” – Gina dava leves tapinhas na face de Harry, que foi se recuperando lentamente, ainda sentindo o suor gelado no seu corpo.
“Eu senti... uma tonteira...” – disse ele, atordoado.
“Já chega! Assim que você voltar dessa viagem, nós vamos ao St. Mungus. É a 7ª vez que você passa mal, a última vez foi no casamento de Ron. Eu não estou gostando disso.” – disse ela, afiadamente.
“Já passou! Estou me sentindo melhor, eu acho que nós estamos compartilhando da mesma doença: TRABALHO DEMAIS! Nada que um banho não resolva.” – Harry deu um beijo no rosto de Gina e levantou-se do sofá.
“Um banho e um peixe defumado! O que me diz? Vou preparar agora mesmo em comemoração a mais uma homenagem ao meu marido.” – disse ela, que agora estava exalando saúde e com um sorriso enorme.
“Eu acho ótimo, estou morrendo de fome! Já desço!” – e ele seguiu em direção ao quarto, enquanto Gina saiu em disparada para a cozinha, apontando a varinha para as panelas. No caminho para o quarto, Harry prometeu a si mesmo que assim que chegasse da viagem iria ouvir o pedido de Gina e marcaria uma consulta, apesar de ter a certeza de que aquilo era apenas estresse. Mas a sua mente só estava ocupada com uma coisa: Hermione. Havia alguma coisa em passar três dias com ela, sem Gina, sem Ron, sem o Ministério ou qualquer outra pessoa que eles conheciam que o deixava eufórico. Seria aquela a oportunidade de aplicar o conselho de Sirius? E se o que ele visse não o agradasse? E se o que ele visse o agradasse? Então, o que fariam de suas vidas? Tantas perguntas. Nenhuma resposta.
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