One-Shot - Draco e Hermione



Como sempre havíamos discutido, como sempre eu a havia ofendido com o que de pior eu sentia por seu sangue em meu coração. Discursos que foram plantados ali por meus ancestrais, mas que há muito tempo não faziam sentido algum para mim.



Mais uma vez ela correu, antes que virasse o rosto, percebi a lágrima que escorria por sua face. Não me contive, a segurei pelos braços, a impedindo de seguir em frente. A olhei profundamente, buscando algo em seus olhos que respondesse a pergunta que sempre estava em minha mente: quem era verdadeiramente Hermione Granger?


- Me solta. – Ela gritou.– Pare de me encarar. – Pediu.


Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.


Embora o correto fosse soltá-la, libertá-la do meu toque, eu não conseguia. A atração que sentia por ela era mais forte. Será que ela não percebia que por trás das minhas palavras, existiam outras que clamavam para serem ouvidas. Palavras que finalizariam com toda a minha angústia, me libertaria da opressão de meu pai, palavras de amor...



Desculpa, Tudo que vivi foi muito profundamente...



A ensinei quem sou da pior forma, ela conheceu apenas o pior de mim. Sempre preocupado em manter as aparências, sempre preocupado em não demonstrar os meus sentimentos, quando o meu real desejo era de tê-la em meus braços, sentir o seu beijo, o seu toque...mas não podia, eu, Draco Malfoy e ela, uma ‘sangue ruim’. Sei que para nó dois não existiam chances, brecha de algo bom, estávamos condenados ao ódio um pelo outro...



Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.



- Lamento. – Declarei ao soltar o braço dela.

- Pelo o que? – Perguntou-me impaciente, me olhando nos olhos pela primeira vez.

- Pelo o que não houve entre nós.



Ela me olhou assustada ao ouvir as minhas palavras. Mas antes que disesse qualquer coisa, levemente coloquei os meus dedos sobre os seus lábios.



- Não precisa dizer nada. Apenas quero que saiba, pelo menos dessa vez, que nunca me importei com a opinião dos outros ao meu respeito. Sei quem sou e como sou, porém você me ignora, me destrata e essa atititude sua me machuca por dentro. Você é um enigma para mim e não me importa até onde eu vá chegar, um dia vou te decifrar.



Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?




- Por que você é assim? – Perguntou-me enfurecida. – Por que é tão prepotente, convencido? Você é um tolo Malfoy, se pensa que sinto algo por alguém tão preconceituoso.



Reclama de mim, como se houvesse possibilidade...
De me inventar de novo.



- Por que você não confessa que gosta de mim. – A provoquei – Por que não confessa que sente atração por mim? Não adianta fingir Granger, eu sei...

- Você é ridículo. Jamais senti qualquer coisa por você, jamais...


Eu precisava saber se o que ela havia acabado de dizer era verdade. Me aproximei o bastante para sentir a sua respiração junto a minha, toquei o seu rosto, lindo, suave, perfumado, não resisti, a beijei.

Não sei quanto tempo aquele momento durou, segundos em meu coração, em câmera lenta na minha mente. Ouvi o barulho dos livros que ela carragava na outra mão cairem, senti os seus dedos por entre os meus cabelos.

A puxei mais perto de mim pela cintura, o gosto da boca dela na minha me completava. Seu beijo era melhor do que eu imaginava, era delicioso...

Num súbto de sanidade ela me empurrou.



- Afaste-se de mim! Eu te odeio.

- Desculpa...desculpa se desperto em você o que não queria sentir...

-Você não desperta nada em mim, você é...



Não a deixei terminar a frase, lhe dei um outro beijo, cheio de desejo, com todo o sentimento que eu não permitia que saisse de mim.


Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente, rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.



Ao se libertar de mim ela correu, antes de correr, senti o ardor de suas mãos em meu rosto, um ‘tapa na cara’ que eu não esperava. Mas o que eu queria? Que depois de anos sendo ofendida por mim, ela caisse em meus braços e se entregasse? Ela jamais faria isso e era essa personalidade forte que tanto me atraia nela.



A ponto de ver a estrada...
Onde ficam seus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos!




Decidi correr atrás dela que desacelerou os passos ao me ouvir aproximar.



- Se não gosta de mim, se não sente nada por mim, por que correr, fugir?

-Você não vai me usar, não sou descartável como umas e outras que você costuma ficar...

- Não sabia que minha vida amorosa te interessasse tanto. Como sabe com quem eu fico?



Ela cruzou os braços muito nervosa. Conhecia aquela expressão em seu olhar, ela iria me ofender com certeza.



-Você é ridículo. Se pensa que eu sinto algo por você está muito enganado. Você é mal educado...

-Só com quem merece. – Respondi.

-Joga sujo...

- Para alcançar meus objetiovs eu faço qualquer coisa, não sou covarde.

- Convencido...

- Isto é qualidade

- Tem forte tendência para o mal.

- Ninguém é 100% bonzinho.

- Você...você...

-Eu sou tudo o que você precisa. Assuma, se eu não fosse assim, você não perderia o seu tempo aqui discutindo comigo.



Eu não vou renunciar a mim; Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser Vibrante, errante, sujo, livre, quente.


- Sou ‘sangue ruim’ esqueceu?

-Não, mas para mim isso deixou de ser algo intolerável há muito tempo...



Me aproximei dela, passei a mão pelos seus cabelos castanhos...



-Malfoy, não devemos...



Não a deixei terminar, dei-lhe outro beijo. Senti a sua boca profundamente na minha. Quanto tempo aquele momento iria durar eu não tinha a menor ideia, mas enquanto eu pudesse vivê-lo, ficaria ali, a sentindo profundamente.



Desculpa...
Ana Carolina
Composição: Fabrício Carpinejar

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