Capítulo 2.
-Ginny. Ginny. Ginny! - algum ser muito malvado gritou ao meu ouvido, e eu respondi com um resmungo infeliz.
-Me deixa dormir, por favor... - foi só o que eu consegui dizer.
-Para de drama e levanta logo, hoje vamos pra Hogsmeade. - ouvi a voz de Hermione.
Eu tinha esquecido do passeio daquele sábado. A única razão pela qual eu me levantei era que o Harry ia comigo. Fui ao banheiro e quando saí abri o armário, encarando minhas roupas. Me vesti e desci para tomar café.
Não vi Harry na mesa da Grifinória; ele só chegou mais tarde porque preferiu comer em Hogsmeade. Quando ele chegou, senti meu coração bater mais forte.
-Oi, Ginny - ele me deu um selinho e eu sorri, satisfeita.
-Oi, Harry. Vamos? - segurei a mão dele e saímos lentamente do castelo. Me peguei pensando no dia maravilhoso que teríamos juntos e senti que nada poderia nos atrapalhar. Merlin sabe como eu gostaria de estar certa.
Chegamos em Hogsmeade e corremos para a Dedos de Mel. Compramos algumas coisas e decidimos ir até a Zonko's. Quando saímos, senti mais frio do que sentia antes; percebi que Harry também. Enquanto nos perguntávamos, silenciosamente, o que causara aquilo, seres encapuzados passaram por todos os lados. Ouvi alguém gritar. Estremeci com o frio que aumentou ainda mais, se é que aquilo era possível. De repente, fui tomada por uma tristeza profunda e senti como se nunca mais fosse ser feliz. Dementadores.
Os donos das lojas saíram para ver o que estava acontecendo, assim como o restante dos alunos. Tentamos repelir os dementadores; nós estávamos em maior número, mas eles eram mais fortes. Enquanto Harry impedia uma maldição, percebi vários olhares se voltando para o céu. Olhei também e não pude deixar de ficar surpresa. Ela estava lá, pairando no céu. A Marca Negra. Alguém tinha sido morto.
Enquanto os dementadores continuavam atacando, pudemos perceber alguns Comensais aparecendo. Mas quem? Quem havia morrido? Uma Maldição da Morte quase acertou Grayback, Lucius Malfoy estuporou McGonagall, Flitwick e Snape de uma vez só. Enquanto eu e Luna lançavamos feitiços certeiros em três comensais que caíram no chão, estuporados, Ron lutava contra Greyback. Vi de relance Hermione travando uma batalha violenta com Bellatrix Lestrange, Flitwick se levantando e lançando vários feitiços para todos os lados. Ao olhar para trás percebi o motivo da Marca Negra ter sido conjurada; Madame Rosmerta jazia deitada na neve, seus olhos estavam arregalados e ninguém parecia fazer questão de tirá-la de lá. Todos chutavam seu corpo ao passar, alguns tropeçavam, outros tentavam empurrá-la para o mais longe possível na tentativa de não atrasar nem prejudicar algum combatente. Os nossos estuporados estavam voltando à si, mas o número de Comensais presentes ia aumentanto com uma rapidez alarmante. Seria impossível deter todos eles.
Por sorte, os Comensais se retiraram. Até hoje eu não sei exatamente o porque e garanto que muitos outros também não. Muito provavelmente eles sentiram a Marca arder e foram se juntar ao seu mestre, mas porque Voldemort quis que eles voltassem para junto dele quando estavam derrotando quase todos os combatentes do outro lado eu não sei dizer.
Antes que pudéssemos dizer algo, ouvimos a voz de Dumbledore, ampliada, falando, aparentemente de dentro do castelo: Informamos que outros Comensais estão escondidos em Hogsmeade. Ordeno que voltem todos para a escola. Todos voltamos de carruagem para o castelo, que eram mais rápidas do que ir a pé. No caminho, ninguém disse muita coisa. Todos estavam aflitos. Mas por que os Comensais haviam invadido Hogsmeade? Como tinham conseguido? Como?
Fomos instruídos a ir para o Salão Principal, onde seria servido o jantar e, obviamente, Dumbledore iria conversar conosco.
_Devido aos acontecimentos presenciados por quase todos vocês, as visitas ao povoado de Hogsmeade estão proibidas até segunda ordem.
_Ah, ótimo. - ironizou Ron - Tudo o que eu mais queria era ficar trancado em Hogwarts o fim de semana inteiro.
Hermione fez um sinal para ele ficar quieto; Dumbledore ainda não havia terminado.
_As suas provas serão antecipadas para esta segunda-feira, sendo assim, vocês poderão entrar em férias mais cedo, uma vez que todo o conteúdo já foi dado. - ninguém pareceu realmente desapontado. Parecia que o que todos mais queriam era ir para casa. - Então, começem a estudar neste fim de semana. Sei que se sairão bem. Bom apetite.
Os pratos se encheram de comidas aparentemente deliciosas, mas ninguém comeu muito. Todos pareciam ter perdido o apetite.
_Perceberam como praticamente ninguém se manifestou quanto à entrar em férias mais cedo? - disse Hermione.
_É, todos parecem satisfeitos. Sair de Hogwarts, estar em casa com a família... - Ron disse. Diferente dos outros, seu apetite não mudou e ele estava mastigando um pedaço particularmente grande de frango.
_Mas por que? Por que todos querem ir pra casa? Estamos falando de Hogwarts! Não tem nada mais seguro, não é? - disse Neville, curioso.
_Parece que Hogwarts não é mais segura como antigamente. A proteção está diminuindo. Cada vez mais aurores ficam sobre o efeito da Imperius, os feitiços de proteção vão ficando mais fracos... Hogwarts não é a mesma de antes. Não estaremos mais seguros aqui do quem em nossas casas. - disse Harry, aflito.
Hermione hesitou, mas, por fim, disse:
_Não consigo imaginar um lugar em que estejamos seguros. Corremos perigo a cada segundo. Precisamos enfrentar a realidade.
Hoje, segunda, na aula de Feitiços, Malfoy foi falar comigo. Disse que queria me ver depois do almoço, durante o meu horário vago, antes da nossa prova de Transfiguração. Não sei o que ele quer comigo e temo só de imaginar.
Continuei a prestar atenção na aula, ou fingir prestar. Finalmente o sinal bateu.
Quando o almoço terminou, Hermione se despediu de mim e foi para a aula de Runas Antigas, que eu, por sorte, não me inscrevi. Lembrei que Malfoy queria me ver e me dei conta de que nós não marcamos um lugar para nos encontrarmos. Talvez fosse melhor assim, talvez ele não me encontrasse. Mas eu queria saber o que ele tinha para falar comigo, então fui andando lentamente até o pátio e sentei na grama, esperando ele me achar. Fiquei olhando para frente, sem prestar atenção no que estava fazendo. Meus pensamentos voaram para longe dali, voaram para Harry e para todos os momentos felizes que passamos juntos. Me dei conta do perigo que estávamos correndo. Ele poderia ser tirado de mim a qualquer instante, assim com eu poderia ser tirada dele... Mas eu não devia pensar nisso. A situação já estava bem complicada sem eu sofrer por antecipação. Foi quando eu ouvi uma voz no mínimo extremamente sexy sussurar no meu ouvido:
_Sabe Weasley... Eu vou te beijar.
Me virei, um tanto quanto irritada, desejando saber quem tinha dito aquelas palavras. Dei de cara com Malfoy me encarando com aqueles olhos acinzentados. Rapidamente ele segurou meu braço, me levantando e me beijando ferozmente. Eu fiquei sem ação, enquanto aquele garoto desprezível me beijava. Em alguns segundos eu empurrei ele.
_MALFOY, O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - eu berrei, dando tapas nele.
Foi aí que notei que todos estavam olhando para nós. Malfoy me olhou e eu entendi que, se fosse reclamar, deveria ser em voz baixa. A expressão de Harry era de raiva, assim como a de Rony.
_Quem foi que te deu o direito de me beijar, Malfoy? - eu disse, em um sussuro quase inaudível.
_Eu não preciso de direitos, Weasley. Eu sou Draco Malfoy. Consigo tudo o que quero - disse ele, com um sorriso debochado. Piscou para mim e saiu, voltando para dentro do castelo e me deixando totalmente paralisada.
Acredita nisso? Acredita que Draco Malfoy me beijou? Aposto que não, já que nem eu acredito. Depois disso eu fui prestar o exame de Transfiguração, e eu acho que me saí bem. O único problema é que Malfoy fez a prova na mesma sala que eu e ficava me olhando o tempo todo, como se esperasse que eu agarrasse ele no meio da prova como ele fez comigo mais cedo. De volta a Sala Comunal, ninguém conversou muito. Trocamos algumas palavras sobre como foram os exames e começamos a estudar para a prova de Poções que teríamos no dia seguinte. Hermione parecia aflita, o que eu descobri ser por causa de seu exame de Runas, que ela jurava ter errado metade das questões e temia não passar. Só para melhorar a situação, haviam acontecido alguns ataques em várias aldeias próximas e o cerco estava se fechando cada vez mais em torno de Hogwarts. Harry estava preocupado e quando podia dava umas escapadas para a Sala Precisa para treinar. Estávamos indo para os dormitórios mais cedo, as aulas fora do castelo foram trocadas de horário para não acontecerem ao anoitecer e não era permitido ficar fora da Sala Comunal depois do jantar. Todos estavam assustados e preocupados, inclusive eu.
-Srta. Weasley, será que você poderia largar essa porcaria em que está escrevendo e prestar atenção na aula?
-Han?
-15 pontos a menos para Grifinória. - disse McGonagall. Larguei o diário.
-Mas, Ginny, você realmente estava escrevendo no diário, não é?
-É, mas... Ah, Hermi, pára de defender os professores!
-Eu não defendo os professores, eu só... - ela parou de falar e me olhou assustada.
Estávamos no corredor, indo para o salão comunal, e eu reclamava abertamente. Já ia perguntar para Hermi porque parara de falar quando virei para a direção em que ela olhava. Parei repentinamente de andar e tapei minha boca com as mãos a fim de não gritar.
-É um... E-elfo Doméstico... - falei num sussurro rouco e amedrontado. - Será que ele.. será que... - não pude mais falar.
Havia um elfo doméstico deitado no chão, ensangüentado. Seus olhos estavam abertos e mostravam um horrível temor. Hermi caiu de joelhos e fechou os olhos. Ouvi passos e virei para trás. Avistei Malfoy e, sem me controlar, gritei para ele.
-Malfoy! MALFOY! - ele olhou pra mim e piscou. - MALFOY, VEM AQUI!
-Sabe.. eu sempre quis que você me chamasse de Draco. - respirei fundo, cheia de raiva.
-DRACO, VEM AQUI! ENCONTRAMOS UM ELFO DOMÉSTICO MORTO! - gritei e em seguida também caí de joelhos ao lado de Hermi. Malfoy se aproximou. - Foram os Comensais... eles estão escondidos na escola, não sei como, só sei que estão. Mas você já deve saber, já que seu pai é um deles e você, a essa altura, também já deve ser...
-Não - percebi, pela sua expressão e pelos seus olhos, que ele ficou irritado. - Não diga uma coisa dessas. Eu nunca vou ser como meu pai. - ele me puxou pelo braço, fazendo com que eu me levantasse. Olhou bem em meus olhos. Viu o medo exposto neles. - Tome cuidado. Eles devem estar por aí. Eu vou até a sala do Dumbledore contar para ele. Levante a Sangue-Ruim e vá com ela até o Salão Comunal de vocês. Fique alerta.
Ele já havia se virado, mas eu agarrei seu braço, fazendo-o se voltar para mim. Por algum motivo eu me preocupei.
_Malfoy... - ele me encarou e deu um sorriso - Draco, você acha que eles estão atrás de você? Quero dizer, se o seu pai é um fiel Comensal da Morte.. Será que eles não estão te procurando para fazer você lutar contra.. - respirei fundo antes de continuar. - contra nós?
_Acho. - ele abaixou a cabeça. - Mas se é isso que eles estão achando que eu vou fazer, estão completamente enganados. Não se preocupe. Eu não estou do lado deles. - ele deu um sorriso amarelo antes de andar rapidamente até a escada mais próxima.
Estávamos indo subindo as escadas quando vimos um vulto atrás de nós. Estava indo para as masmorras.. Talvez achem que Draco está lá.
Passei meu braço pela cintura de Hermione, que parecia aflita, em um incentivo para continuar andando. Um incentivo para não desisitir.
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