Capitulo III
Adaptação de um livro de Helen R. Myers.
Detalhes no inicio da historia.
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CAPITULO III
Conversar... Conversar... Conversar. O comentário de Hermione perturbou Sirius durante toda a noite. Devia ter antecipado tanta frieza; seria a forma de ela se habituar à rotina do bebê e conseguir algum espaço na vida daquele solteirão. "Mas chega de devaneios", ordenou-se. Era preciso ter objetividade para sobreviver, e isso significava voltar-se para a preocupação seguinte: checar se a criança estava segura na cestinha e então tentar dormir um pouco.
Mais ou menos às quatro da manhã ele se levantou e às cinco já havia tomado banho, vestido o uniforme, trocado e alimentado a nenê e... mudado as fraldas novamente. Já estava saindo do quarto quando deu uma olhadela na casa ao lado, para ter certeza de que Hermione já acordara. Era hora de levar Mary para a vizinha. Se não a deixasse às seis, pegaria um trânsito infernal.
Perder mais um vôo não estava em seus planos, mas ir até a residência ao lado e enfrentar Hermione depois dos acontecimentos da noite anterior era um grande desafio.
— Vamos lá, Black. Tudo o que você tem de fazer é entrar lá e sair.
Era exatamente isso que deveria fazer. Sem cenas, conversando muito pouco. Daria conta disso. Com um pouco de sorte, ela rapidamente pegaria a criança de seus braços e sequer perceberia sua fuga.
As luzes da cozinha estavam acesas e Sirius pôde ver Hermione andando de um lado para outro, preparando o café, assando algum bolo, deixando um aroma tentador ao redor. Conseguira organizar muito bem sua vida; parecia ter encontrado a maneira ideal de conciliar o pequeno negócio com os afazeres domésticos.
Foi pegar o bebê. Mary adormecera e fez alguns barulhinhos enquanto era carregada na direção da casa dos granger's. A chuva do dia anterior limpara o ar, permitindo que as deliciosas fragrâncias das flores do jardim mexessem com os sentidos de Sirius enquanto subia os degraus que conduziam à porta da cozinha. Estava quase batendo quando Hermione surpreendeu-o, abrindo-a.
— Bom dia! Entre, entre.
— Ela está dormindo — Sirius sussurrou. Hermione fez um gesto afirmativo com a cabeça e manteve a porta aberta.
— Como foi a noite passada? Não parei de pensar em você.
Então era por isso que ele não dormira direito! Com tanta energia mental fluindo de uma casa para outra, não tivera um segundo de sossego. Mas escondeu os pensamentos com um sorriso inocente.
— Muito bem.
— Verdade? Mas está com olheiras.
— Sempre tenho, a essa hora.
A camiseta lilás que ela usava ressaltava as curvas femininas e lhe dava uma romântica aparência, lembrando uma pintura impressionista. Sirius ajeitou a jaqueta, tentando respirar com normalidade e evitar algum contato físico, temendo que o mais leve toque pudesse quebrar-lhe a resistência.
— Você poderia tentar colocar fatias de pepino sobre os olhos. Ou melhor: saquinhos de chá gelado.
— Chá gelado para quê?
— Aliviará seus olhos. O chá ajudará também a reduzir as olheiras. — Hermione deu uma olhadelinha bem atenciosa à nenê. — Como é preciosa! Manteve-o acordado toda a noite?
— Não exatamente. — Era algo que queria esconder de Hermione. — Nem acordou para a mamadeira das duas horas da manhã.
— Então de que se queixa? Eu apenas disse que ela poderia acordar. E afortunado por ter um dos bebês mais perfeitos do planeta.
— Onde devo colocá-la? Não deve ser exposta a muito barulho. — Não se importou com o sentido do que falava. Para seu alívio, Hermione fez um gesto, concordando.
— Deixe-a na sala de estar, por enquanto. Mais tarde, depois que vovó acordar e ligar a televisão, encontrarei um lugar melhor. Aqui.
Quando esteve na butique para bebês, Sirius fora aconselhado por Faith Harper a comprar uma grande bolsa para colocar os apetrechos da garotinha. Enquanto Hermione colocava a bolsa numa cadeira da cozinha, Sirius ajeitava Mary sobre o sofá da sala de estar. Uma estranha contração atingiu-lhe o coração, um sentimento tolo.
Apenas haviam ficado juntos poucas horas, certamente não muito para que se sentissem realmente ligados um ao outro. Mas, ao olhar para a expressão doce e serena, ele soube que, se tivesse alguma chance de sucesso, telefonaria para a Gulf-West e pediria que alguém o substituísse. Com um suspiro, levantou-se e dirigiu-se à cozinha.
— Que tal uma xícara de café? — Hermione perguntou, os enormes olhos, românticos e límpidos, fitando-o.
— Melhor não. Preciso ir para o trabalho. — Pôs a mão no bolso e tirou de lá um papelzinho. — Aqui estão alguns números de telefone, caso precise.
— Tudo correrá bem.
— Sim, mas deverá ter condições de me localizar. Deixarei um recado no aeroporto, para que saibam que, se você ligar, devem entrar em contato comigo imediatamente.
— Obrigada. Acho muito bom que se mantenha à disposição.
Nem tanto. Agora já não haveria a menor possibilidade de se esconder quando Hermione quisesse encontrá-lo. Não haveria escapatória da voz melodiosa, não poderia mais evitar pensar nela. Impossível esquecer que teria de lidar com Hermione todos os dias, quando voltasse para casa.
— De qualquer forma, coloquei na bolsa um pouco de tudo o que comprei. Se não for suficiente... — Começou a abrir a carteira.
Hermione segurou seu braço.
— Não faça isso. Não se preocupe.
Sirius deu um jeito de se desvencilhar, mas de algum modo não queria. Subitamente viu-se apertando-lhe os dedos. Olhou para baixo, para avaliar quão maior e mais forte era em comparação a ela. E quanto a pele clara era delicada. Isso trouxe de volta uma familiar curiosidade e uma tentação que sempre o assolava quando na presença de Hermione.
Tinha de dizer algo.
— Não posso descrever quanto aprecio o que tem feito, Mione.
— Sei que sim. Está escrito em seu rosto.
O que mais ela conseguia ver ali? Esses sentimentos perturbadores e a atração que sentia? Que Deus o ajudasse! Hermione era uma garota decente, uma mulher no sentido mais belo e profundo da palavra. Merecia alguém melhor do que um covarde emotivo como ele.
Alguns de seus sentimentos deviam ter se tornado transparentes, porque, antes que pudesse se afastar, ela ficou na ponta dos pés e beijou-lhe o rosto.
— Não se preocupe, Black. Sua garotinha está em boa companhia. — A próxima coisa que percebeu foram mãos delicadas o empurrando para a porta. — Agora saia daqui antes que perca mais um vôo e me prive da presença adorável de sua filhinha.
— Mas eu ainda preciso pegar minha mala e dar uma olhadela na casa!
— Se quiser telefonar quando chegar, sinta-se à vontade.
— Isso soa bem. Provavelmente vou ligar.
— Tenha um vôo seguro.
Mione o seduzia a cada instante: a mão no seu ombro para afastá-lo, a maneira como lhe ajustava o colarinho, a forma como o fitava. Era tudo que Sirius não queria.
Mas não parecia tão esperta assim, ou não se afastaria em certas ocasiões. Bem sabia que a proximidade da maravilhosa boca da srta. Granger era capaz de quebrar-lhe a até então ferrenha resistência.
— Obrigado — murmurou ele segundos depois que a porta se fechou. Olhou por cima do ombro, contemplou a casa e então falou baixinho: — Tchau.
Hermione pressionou o ouvido contra a porta, para ouvir Sirius partir. Tinha um sorriso tolo nos lábios. Preocupada, quase não ouviu o barulho de passos às suas costas.
— Exatamente o que está fazendo?
Devia saber que o radar humano a trairia. Com uma expressão inocente, fitou a avó.
— Bom dia. Acordou mais cedo que o usual. Vou pegar seu café.
— Não tão rapidamente. Eu vi o sorrisinho no seu rosto e isso me preocupou.
— Desde quando é crime ser gentil e ter uma atitude positiva? Não está sempre murmurando a respeito de como odeia seu hábito de ficar emburrada? Estou tentando evitar que a mesma coisa aconteça comigo. Nem um músculo no rosto da avó se moveu.
— Você herdou a mente ligeira e a língua ágil de seu avô.
— Tenho alguns de seus genes também. — Temendo que a avó lhe jogasse algum objeto, porque ela costumava fazer isso, afastou-se um pouco. Mas sabia ser muito querida. Dirigiu-se à cafeteira. — E qual o problema de eu estar feliz com a maneira como as coisas estão se encaminhando?
— Chama isto de "encaminhando"? Nosso vizinho se meteu numa bagunça e pediu ajuda porque lhe é conveniente. E você, cega, não vê nada à sua frente a não ser um buquê de noiva.
— Não seja tão dramática.
Fiona sentou-se e comentou alguma coisa enquanto aceitava a xícara de café fumegante e acrescentava um pouquinho de leite.
— Não sei onde errei.
— Não errou.
— Eu a criei com o máximo cuidado, imbuindo-a de respeito pelas pessoas, de orgulho de sua casa. Você conseguiu ter uma reputação excelente, como alguém que se importa com o que é seu. Tem os mais charmosos e responsáveis solteiros de New Hope batendo à sua porta...
— Resultado dos namoros que tenta arrumar para mim quando vai à igreja ou ao mercado, vovó.
— Arrumar? Que tipo de palavra é essa? Nunca ouvi você falando assim dentro de casa!
— Mas é o que você faz, querida.
A senhora a advertiu com o olhar.
— Sou sua avó. É meu privilégio. E por acaso isso surte algum resultado com você? Não. Apenas tem olhos para um homem que nunca pára em casa e que voa numa altura tão imensa que acaba lhe afetando o cérebro.
— Vovó!
— Bem, que outra explicação existiria para um homem que não reage como pessoas normais e decentes?
Hermione olhou para o alto, frustrada demais por não encontrar um pouquinho de paz e quietude.
— Deve estar delirando. E devia entrar para a política. Sua habilidade em aplicar teorias e fazê-las parecer lógicas é sem dúvida incrível.
Como se nada tivesse ouvido, a avó tomou calmamente um gole de café. Parecia uma matriarca oriental, no robe esmeralda que Jenny lhe dera no último Natal.
— Faça suas piadas — Fiona falou, os olhos escuros astutos em seus setenta e cinco anos. — Sou apenas uma mulher idosa. Quem se importa com o que sinto ou acho? Logo encontrarei seu avô, e que ele esteja em paz. Então não haverá ninguém para salvá-la de cometer o maior erro de sua vida.
— Ele sente atração por mim, vovó.
— E quem não sentiria? Você é adorável, doce, trabalhadora...
— Esqueceu que sou uma ótima dona de casa?
A avó estreitou os olhos.
— Mas que boca!
— Definitivamente, herdei da senhora.
— É pouco provável.
— Pare com isso, vovó.
— O que estou tentando dizer é que o Sr. capitão Black provavelmente se sente atraído por diferentes mulheres a cada dia. Talvez não possa se conter. O ponto é que ele não é o homem certo para você. Faça-se um favor: não se deixe, enganar.
— Não tenho me enganado — respondeu Hermione, sabendo não falar a verdade. — Acaso me viu cortejá-lo?
— Em todas as oportunidades que teve, desde seus treze anos.
— Eu era uma criança e ele, um ídolo.
— Corrija-me se estiver errada, mas não foi a senhorita quem o convidou para jantar no Natal passado?
— Isso não conta. Sirius mora sozinho e então... teríamos ficado muito isoladas se ele não houvesse se juntado à nossa festa.
— Acho que é impossível pôr algum bom senso em sua cabeça.
Hermione colocou um braço ao redor do pequeno ombro da mulher.
— Pare de se lamentar. Vamos dar uma olhadela no bebê.
Isso afastou todos os argumentos, embora Hermione não pudesse chamá-los assim. Achava que a palavra "bobagem" era muito mais adequada.
Não demorou muito tempo até descobrir que devia tomar cuidado com a opinião da avó; não importava quanto tentasse suavizar o que dizia, tinha uma força imensa.
Concluiu que poderiam passar o resto de suas vidas brigando. A não ser que usasse seu senso de humor e sua inteligência para contornar a situação da melhor maneira possível.
Mas, naquele dia, confrontavam-se de maneira muito direta. Amor e respeito, porém, deviam ser preservados a qualquer custo.
— Não é linda? — Hermione sussurrou enquanto se curvavam sobre a cesta.
— É claro. Nós estamos falando a respeito do bebê de outra mulher, minha querida.
As palavras foram gentis, permitindo a Hermione fazer um gesto de afirmação e continuar falando com carinho:
— Uma mulher que provou ser uma terrível mãe. Mary merece algo melhor.
A avó olhou do bebê para Hermione durante vários segundos, como se as palavras a tivessem conduzido a conclusões próprias.
— Algumas vezes as coisas não acontecem como têm de ser, não importa quanto tentemos provar o contrário.
— Mas não será assim dessa vez.
— Você realmente insiste nisso, hein?
Talvez, pensou Hermione enquanto sentia as mãos da avó em sua cintura. Mas tinha o pressentimento de que, quando alcançasse seus mais secretos sonhos, valeria a pena o preço a pagar.
— Foi um bom vôo, Sirius — Remus Lupin disse enquanto o 737 se dirigia à última parada. O co-piloto alargou o cinto de segurança e fez algumas anotações finais. — Gostaria de tomar um lanche antes de voltar a Dallas? Sua aparência indica que precisa se alimentar.
"Preciso de algo, sim, mas não é comida", Sirius pensou.
— Obrigado, mas não posso. Preciso dar alguns telefonemas.
— Problemas?
Remus voava com ele há seis meses, mas já eram amigos há cerca de três anos. Por isso, Sirus não ficou surpreso ao notar que o co-piloto percebera que algo mudara em sua vida. Respondeu com honestidade:
— Posso dizer que sim.
— Tem algo a ver com o fato de não ter vindo trabalhar ontem?
— E como tem! — Sirius encarou o parceiro de tem — Descobri que... possivelmente... sou pai.
O homem levantou as sobrancelhas e indagou, atônito
— É mesmo? Como descobriu?
— Assim que vi um bebê em um cesto na porta da minha casa.
Rapidamente relatou-lhe sua história. Sentiu-se melhor em conversar com Remus a respeito, já que era muito embaraçoso falar com Hermione. O amigo mostrou-se sinceramente preocupado com a situação.
— Como se sente?
— Perplexo... confuso... apavorado!
Remus sorriu.
— Aposto que sim, mesmo com o afeto que nutre pelo bebê. Acha que conseguirá localizar Marlene para ter certeza disso tudo?
— Não sei. Quando deixou a cidade, ela nem me deu seu telefone ou endereço. Para ser honesto, nem pedi. Mas ela é quase uma celebridade e certamente não será difícil encontrá-la.
— Acho que tem razão. — Inevitavelmente, entretanto, a expressão de Remus tornou-se mais tensa. — Bem, achei que você seria pego numa situação dessas mais cedo ou mais tarde, mas...
— Ei, ainda não fui pego. Mesmo que encontre Marlene, e que se comprove a paternidade, não tenho intenção de me casar. Tudo o que importa é que Mary consiga uma boa família e tenha cuidados apropriados.
— Vai ficar com ela?
Era a questão mais importante de todas.
— Para ser honesto, não sei. Que qualificações tenho para criar um bebê? Eles precisam de coisas como conselhos, alimentação, atenção.
— Estamos falando sobre um bichinho de estimação ou uma criança?
— Interação. E melhor falar assim. Um pai tem de estar presente para dar atenção à criança. Levá-la para passear, passar finais de semana jogando futebol... Minha vida não tem nada disso.
— Porque você não quer.
Era tão típico de Remus falar assim! Afinal, tinha um filho de dois anos de idade.
— Acho que eu faria mais estragos do que coisas boas. — Sirius não sabia se poderia julgar a atitude de Marlene. Haviam ficado juntos, e não se importaram com as conseqüências. — Mas acho que não me afastaria dela. É por isso que vou usar o intervalo que tenho; para checar algumas coisas.
— Faça isso. Mas procure se conter. Você importa muito mais do que pode imaginar.
Após agradecer a Remus pelos conselhos, Sirius encontrou uma cabine telefônica vazia. No topo de sua lista estava Hermione. Queria assegurar-se de que tudo ia bem com o bebê.
Ela atendeu ao primeiro toque.
— Mione? Sou eu.
— Oi!
Como gostava da voz melodiosa e da energia que ela irradiava!
— Estou em Los Angeles e gostaria de saber se está tudo bem.
— Que bom você ter ligado. Mas infelizmente não foi em hora apropriada. Não posso conversar.
Ela não podia estar falando a verdade, não depois do que lhe dissera.
— Importa-se se eu lhe perguntar como está minha filha?
— Quem?
— Mione!
— Oh... sua filha. Achei que não tivesse ouvido direito. Bem, ela está ótima. Melhor do que nunca. E por que não estaria?
— Não quis sugerir...
— Ouça, se eu não desligar o telefone, algo vai queimar no fogo e vou ter de passar horas limpando.
A imaginação de Sirius lhe dizia que não era somente por isso que ela queria desligar tão rapidamente.
— É claro. Não sabia que estava... Mione, mas foi você quem me pediu para ligar.
- Eu sei. Mas este é um momento crítico. Adeus
Durante vários segundos Sirius ficou em pé, o fone na mão. Quem ela pensava que era? Confiara-lhe seu bebê e Hermione o tratava como se fosse... sabia-se lá o quê!
Desligara o telefone na sua cara! Mesmo ocupada, tinha de entender sua necessidade de saber se estava tudo bem com Mary. Por mais que apreciasse o sacrifício e os esforços da vizinha, não deixaria que ninguém o tratasse como se fosse um tolo.
Aborrecido e determinado, novamente colocou o cartão de crédito no aparelho telefônico.
— Operadora, preciso de algumas informações...
Após quarenta minutos, Mitch consultou o relógio e decidiu que era melhor voltar para o avião. As chamadas que fizera depois do telefonema a Hermione não foram bem-sucedidas. De fato, o único resultado positivo foi que o detetive desejava vê-lo à noite, para discutir pormenores da investigação sobre o paradeiro de Marlene.
Sirius decidira ligar para o homem após concluir que seria impossível localizá-la sozinho. As diversas conversas com as muitas operadoras do serviço de informações provaram ser perda de tempo. E ficou óbvio, após o bate-papo com James, que o amigo também não conseguira nenhuma informação; quanto ao chefe de polícia, deixara-o ainda mais nervoso.
Imensamente preocupado, ele não viu a jovem que lhe atravessava o caminho. Esbarrou nela e teve de segurar-lhe o corpo para evitar que caísse.
— Stacy?
— Sirius!
Ele rapidamente deu uma olhadela na linda moça vestida de vermelho, branco e azul, uniforme que a fazia parecer Cleópatra, extremamente sedutora.
— Pensei que estivesse no trajeto Nova York-Grécia... — ele falou, tentando parecer natural.
— E estou. Mas tirei alguns dias de folga para visitar minha família. Há muito tempo não os vejo. Você parece maravilhoso! Como sempre.
— Você também.
Trocaram abraços e os pensamentos de Sirius rumaram para os dias em que haviam ficado juntos. Parecia ter sido há tanto tempo...
— Estou indo tomar um lanche. Gostaria de me acompanhar?
O convite o tentou. Quando Stacy começara a fazer a rota Nova York-Atenas, quisera algo mais do que um breve romance. Sirius optara por manter as coisas como estavam. Vê-la novamente o fez pensar se tomara a decisão correta. Mas, para sua surpresa, conseguiu definir o sentimento como... afeição. Nada mais.
— Eu gostaria de acompanhá-la, mas preciso voltar para Dallas em uma hora.
A expressão dela tornou-se fria.
— O que há de novo em sua vida?
Se ao menos Stacy soubesse! Mas ele não tinha vontade de falar sobre problemas.
— Minha vida anda diferente porque decidi que não quero machucar ninguém. Nunca quis magoá-la.
— Sei disso. — O sorriso mostrava que ela havia sobrevivido e se recuperado, mas ainda via em Sirius uma tentação. — Está saindo com alguém que eu conheça?
— Não. Estou atrapalhado com negócios. A bem da verdade, atrapalhado demais para poder namorar. — Sorriu, sem jeito. — E você?
— O mesmo. Estou ajudando minha irmã mais nova a abrir um café por aqui e isso tem me mantido muito ocupada. Bem, se mudar de idéia, sabe onde me encontrar.
— Sim. Foi muito bom vê-la novamente.
Ele ficou parado durante vários segundos, vendo-a afastar-se por entre a multidão que vinha de Tóquio.
— Você foi muito corajoso — congratulou-se. — Que homem deixaria uma mulher tão sensual e decente escapar?
Stacy não lhe pedia um anel de casamento. Tudo o que queria era um caso, um acordo para que não namorassem outras pessoas enquanto estivessem juntos.
Mas ele não quisera nada, nenhum compromisso.
Sacudindo a cabeça, continuou a caminhar em direção à garagem. Ficou pensando que, caso mudasse de idéia... Bem, mas o casamento de seus pais dera muito trabalho e ele não queria se colocar em tremenda enrascada.
Era uma coisa que teria de considerar, entretanto, já que ele e Mary eram uma família. A criança precisaria de muito carinho, mesmo quando ele não estivesse por perto.
Escolhera Hermione porque estava próxima e parecia adorar crianças, mas... teria sido um erro confiar tanto nela? Não seria muito ocupada para cuidar de um nenê? Bastara-lhe uma noite com a pequenina e ele já fazia idéia dos cuidados que uma criança exigia...
— Você parece pior do que antes.
Sirius deu uma olhadinha e viu Remus a seu lado.
— Estou bem.
O colega colocou-lhe a mão sobre os ombros.
— Seu trabalho de detetive não funcionou?
— Se Marlene estiver em Los Angeles, o número não consta da lista. Conhecendo-a bem, sei que provavelmente está acompanhada.
Não, Marlene não ficaria só. Certamente estaria com alguém que pudesse manter-lhe o luxuoso estilo de vida.
— Bem, então qual é o próximo passo, capitão papai?
Sirius riu.
— Obrigado, Lupin. Você realmente sabe como...
— Capitão o quê? Será que ouvi a palavra "papai" ser atribuída a seu nome, capitão Black?
Com uma careta, Sirius olhou por sobre os ombros para descobrir a atendente de vôo sênior bem atrás deles.
— Lily, vou pagar para você e seu marido um jantar no restaurante de sua escolha se esquecer o que ouviu.
A moça de cabelos ruivos deu uma sonora gargalhada fazendo-o lembrar-se de Hermione.
— E tentador, mas não há acordo. Confesso que não vou resistir; subirei num palanque para fazer uma declaração pública.
Ela poderia fazer isso. Conhecia Lily há muitos anos e já haviam voado milhares de milhas juntos. Mas aborreceu-se ao sentir um momento tão delicado de sua vida ser partilhado com tantas pessoas.
— Você está olhando para um homem que vem sofrendo muito — Remus interveio. — Ele precisa ser tratado de maneira gentil.
— Oh, tenho de ouvir cada coisa... — respondeu Lily. — Mas me diga, capitão... O maravilhoso rebento já nasceu?
— Já — falou Sirius, sentindo-se enrubescer. — O nome dela é Mary. É linda, inocente e não merece tornar-se centro de uma discussão ridícula como a nossa.
Lily o fitou, surpresa.
— Céus... Você realmente fala como um pai, Sirius. Por acaso conheço a mãe?
— Não. É alguém de meu passado.
— E então, o que vai acontecer?
— Não sei.
— Ele descobriu que é pai ontem — Neil sussurrou.
Lorna fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Não é à toa que está com uma aparência tão ruim... Bem, tudo o que posso dizer é que esta vai ser a maior novidade do mundo! — Colocou uma mão nas costas de Sirius. — Não quero magoá-lo, mas espero que não aguarde por milagres. Essas coisas acontecem.
No momento em que pousou em Dallas, Sirius sentiu um peso imenso nos ombros. Dirigiu para casa, nervoso. Pegou estradas vicinais para evitar o tráfego pesado, mas isso não ajudou. Nem mesmo ouvir o rádio o deixou tranqüilo.
Sabia que mais confusão o aguardava. E que, mesmo que sobrevivesse a isso, no dia seguinte teria de passar por tudo novamente. A idéia era apavorante. Mas não parecia nada, quando comparada à responsabilidade de cuidar de uma vida humana pelos próximos dezoito ou vinte anos.
Nesse momento, Sirius pegou a rua de casa. Não queria nada a não ser chegar, tomar uma cervejinha e um banho demorado, frio. Mas, no minuto em que desceu do carro, Hermione colocou a cabeça para fora da janela da cozinha e dirigiu-se à porta.
— Apresse-se, Black. Você chegou exatamente na hora de dar o jantar à sua filha.
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Adaptação de um livro de Helen R. Myers.
Detalhes no inicio da historia.
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Cà estou eu com mais um capitulo, espero que gostem !!! :)
Para relembrar, esta historia não é minha! Apenas a adaptaçao a Sirius/Hermione!! :b
E agora respondendo aos comentarios:
FaFa: que bom que gostaste :D Eu vou ser sincera Sirius/Hermione é o meu casal de perferencia :B beijoo
Flavia: claro que tem continuaçao :p eu tambem nao gosto da coisa pela metade :D beijoo
Leticia Franciele Borghi: Jà esta a continuaçao :p sim é verdade a historia esta muito bem escrita mas com eu ja referi NAO e minha, eu simplesmente a adaptei ao meu casal favorito :D tabem acho a vida é mesmo uma caixinha com muitas surpresas :B espero que gostes :b beijooo
continuem a comentar, porque um comentario faz uma autora ( ou como eu a pessoa que adaptou a historia) FELIZ!!!
beijooo
Ines Granger Black
Comentários (2)
Também amei esse cap. Mas tome cuidado ao esquecer de trocar os nomes dos personagens! Beijinhos!
2011-07-16eu ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
2011-07-14