Capitulo II
Adaptação de um livro de Helen R. Myers.
Detalhes no inicio da historia.
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CAPITULO II
Sirius não poderia se sentir mais aturdido do que já estava, mas infelizmente as pessoas a seu redor não o poupavam. Tanto James e seus companheiros na polícia quanto os fofoqueiros do hospital se empenharam em lhe perguntar a cada segundo qual seria o nome do bebê. A indagação de Hermione só provava que o martírio continuaria.
— Diga-me você! Não ouviu nada do que eu disse? Ainda não fomos formalmente apresentados. Apenas presumo que a criança seja de Marlene, e, até que ela admita...
A pequenina começou a chorar. Sirius fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Até o presente, considerara-se uma pessoa calma, mas, graças a essa situação, começava a julgar-se um sujeito sem nenhum autocontrole.
O olhar de Hermione foi significativo. Passou a ninar a criança, até que sossegasse. Fez Sirius se lembrar de seus dias de escola, quando recebia olhares reprovadores por conversar na sala de aula ou mandar bilhetinhos a suas namoradinhas.
— Sinto muito — murmurou, assim como já fizera dito, doze, quinze vezes ou mais. Sorriu debilmente, esperando que funcionasse.
Após alguns segundos Hermione deu-se por vencida. - Você está sob muita pressão, mas terá de controlar o tom de voz. Um bebê pode não entender as palavras que diz, mas percebe quando fala de maneira furiosa.
— Não estou furioso, apenas apavorado e frustrado. Mas sei que o que você falou faz sentido. — Tudo o que saía da boca de Mione fazia sentido. E, quando ele falava, as coisas davam errado! — É muito boa nisso. Em se adaptar às situações, quero dizer.
— Estou com a parte mais fácil. A responsabilidade não é minha.
— Obrigado por entender... que é um choque para mim. — Refletiu se Hermione realmente compreendia a profundidade da gratidão que sentia por ela.
— Mas você terá de pensar em um nome para a criança.
Ele franziu a testa.
— Olhe, eu já lhe disse... — Fez uma pausa. Reconsiderou. — Será que devo? Quero dizer, provavelmente ela já tem um nome.
— Black!
Era uma advertência e, novamente tomado pela realidade, Sirius experimentou um estranho sentimento. Olhou para a pequenina e avaliou a freqüência com que estivera, nos últimos anos, pensando na possibilidade de um dia se casar e ter filhos.
Sua infância não fora muito boa; os pais se divorciaram cedo e ele se mudara de uma casa para outra durante anos, de acordo com a animosidade reinante entre os pais, que o usavam em suas brigas. Jurara que nenhum filho seu iria passar por tamanho tormento.
E ali estava alguém que tinha seu sangue! Era um enorme problema, e ele simplesmente não conseguia vencer o torpor que o dominava.
Perdido em pensamentos, não notou Hermione levantar-se até que ela ficou bem próxima e lhe estendeu o bebê.
— O que... Eu não acho...
— Pegue-a. Seja cuidadoso em amparar a cabecinha e o pescoço. Os ossos são incrivelmente frágeis nessa idade.
Sirius sentiu-se alarmado. A criança não era pequena, era minúscula! Já pegara travesseiros que pesavam mais. Segurá-la deu-lhe um pânico enorme, como se ela pudesse se quebrar em seus braços.
— Parece que está abraçando um milagre, não é?
— Algo extremamente quebrável.
— É um homem de sorte.
A despeito do pavor que sentia, Sirius não sabia se acreditava em Mione. Felizmente, aquela era uma criança adorável, mas as circunstâncias nas quais entrara em sua vida o deixavam apavorado.
— Como acha que deve se chamar? — murmurou, fitando a nenê.
O sorriso que perenemente estava nos lábios de Jenny sumiu.
— Um nome que você goste, suponho. De certa maneira, seria interessante que Marlene opinasse. O que acha? Normalmente, as pessoas dão às filhas nomes da avó, da mãe, de alguém que apreciam muito...
— Bem...
Ele pensou em sua família, ou na falta dela. Infelizmente não era grande coisa.
Após vários segundos, Hermione prosseguiu:
— Sua mãe é viva, não é?
Era curioso como alguns medicamentos davam mais dor de cabeça do que curavam.
— Lembrei-me de algo. Eu colocaria o nome de Peperoni, em homenagem à minha mãe.
— Certo. Suponho que o divórcio de seus pais ainda seja intragável para você. Está bem, então deve haver outro nome que lhe seja especial. Algo como Ann ou Kathy ou Mary. Nomes fortes, como Taylor ou Madison. Que tal...
— Mary.
— Gosta?
— O que há de errado com ele? Foi você quem sugeriu algo tradicional.
— Eu sei, mas é... talvez... muito fora de moda. Para você, quero dizer.
E desde quando ele não devia ser fora de moda? O nome tinha uma doçura reconfortante. Além disso, queria que sua filha possuísse um nome que a fizesse pensar duas vezes antes de seguir os passos de seus pais, antes de agir de maneira tão inconseqüente.
— Quero que seja Mary — falou, resoluto. — Mary... Assim está ótimo.
Hermione acarinhou a cabecinha da nenê, contemplando-lhe a beleza.
— Olá, Mary Black. Muito prazer em conhecê-la. — Ao falar isso, pegou a pequenina mão na sua.
Pareceu que a criança lhe sorriu. Sirius respirou profundamente.
— Viu?
— Acho que você tem uma jovenzinha muito esperta aqui, Black.
— Sim. — Ele se sentiu invadido por uma onda de orgulho. E... isso era tão bom!
— O que acha de receber algumas aulas de como trocá-la?
— Trocá-la? — As palavras o trouxeram de volta à terra.
— Em outras palavras, acho que o leite que acabei de lhe dar como alimento começou a funcionar. Devo introduzi-lo através dos processos de mudança agora, assim você não terá de me chamar às duas da manhã, em pânico.
— Você está certa, é claro, mas... Hermione!
— Vovó fez algumas fraldas com camisetas que tínhamos, mas espero que você compre algumas descartáveis. Algo me diz que não se dará bem lavando fraldas.
Hermione tinha esse direito. E ele teria de lidar com a idéia de que, quando partisse, levaria o bebê consigo.
— Espero que esteja se divertindo. E pensar que em todos esses anos não fui capaz de dizer nada tão engraçado...
— Quem você pensou que tinha como vizinha, uma freira?
— Não exatamente.
Talvez alguém cujo nome fosse "srta. Melodia". Mas ele não tinha o direito de esperar que Mione fosse diferente das outras pessoas. Por outro lado...
— Pobre Black! Como parece um sofredor neste silêncio...
— Acho que me sinto até pior.
Hermione fez um gesto afirmativo com a cabeça, estudando-lhe as feições.
— Não é a situação que fez surgir em mim este meu lado, digamos, zombeteiro — ela começou a falar com gentileza —, mas talvez a maneira como você se portou. De fato não me conhece, Sirius.
— Certo, você venceu. — E, para não alongar o assunto, tornou a olhar para a filha.
— Pare de agir assim e venha aqui. Vou lhe mostrar o que fazer. — Alguma coisa nova e atraente brilhou nos olhos de Hermione. — Talvez você deva tirar algumas roupas primeiro.
— Como assim?
— Tire o paletó e a gravata. — Pegou Mary no colo. — E arregace as mangas. Como já lhe disse, trabalhar com bebês pode arruinar seu guarda-roupa.
Sirius estava muito preocupado com o que enfrentaria. Com uma sensação de fatalidade, obedeceu e a seguiu. Foram para o lado oposto ao que Fiona tomara, mas o som da mulher costurando, e da televisão ligada no último volume, se fazia ouvir com toda intensidade.
No corredor próximo à escada, Sirius observou velhas fotografias na parede. A maioria referia-se a diversos estágios da infância de Hermione: com o costumeiro ursinho, o primeiro dia na escola, ao lado do Papai Noel...
Ela, porém, não lhe deu tempo para ficar observando muito, e Sirius apressou-se em segui-la. Quem gostaria de se lembrar que Hermione fora uma criança adorável e bonitinha, afinal?
Uma vez no banheiro cor-de-rosa, o bebê foi colocado sobre uma toalha. Os movimentos precisos denotavam aos atentos e assustados olhos de Sirius que Mary já fora trocada ao menos uma vez durante sua ausência.
Havia um pote com algodão e outro com loção para bebês. Ele observou com atenção Hermione colocar água na pia e deduziu o que fazer. Isso explicava a pele maravilhosa e o perfume fresquinho da moça: ela mesma costumava usar a loção.
O perfume delicado funcionou como um lembrete: era conveniente manter a máxima distância possível. Seduzido por produtos infantis... Ridículo!
Apenas quando fechou a torneira e colocou o cotovelo dentro da pia foi que ele perguntou:
— O que está fazendo?
— Checando a temperatura. O que é aceitável para seus dedos pode queimar a pele delicada do bebê. Os cotovelos e os pulsos são normalmente mais sensíveis. Tente fazer isto.
Erguendo ainda mais as mangas da camisa, Sirius obedeceu.
— Parece bom para mim.
— E mais que suficiente para ela. Agora, vá em frente e tire-lhe a roupinha.
Ele franziu a testa.
— Eu preferia ver... pelo menos a primeira vez. — Seu olhar suplicava misericórdia.
— Sabe muito bem que se aprende mais rápido quando se pratica. E você não faria nada que pudesse machucar a nenê.
Suas palavras se mostraram verdadeiras. Nos minutos seguintes, Mione o corrigiu diversas vezes, enquanto o supervisionava e assistia. Mais uma vez Sirius admirou-lhe a destreza em lidar com a pequenina. E como tinha a capacidade de ser gentil enquanto ensinava! Sentia-se imensamente grato por Hermione não agir como a avó.
Havia um certo porém. Talvez a aula pudesse ter envolvido menos contato físico. A toda hora suas mãos se encontravam ou Hermione lhe colocava um braço ao redor do corpo para mostrar como ajeitar a criança durante o banho, como aplicar loção, onde era necessário tomar mais cuidado. E pensar que poderia ter encerrado seus dias sem saber que a pele dela competia com a de recém-nascidos na suavidade, sem sentir os seios macios pressionados contra seu braço ou mesmo descobrir que seu corpo era belo e agradável ao toque...
Quando o banho terminou, Sirius sentiu a boca seca, tão atemorizado estava. Para piorar a situação, certas partes de seu corpo simplesmente desobedeceram ao aviso para se manter comportadas.
— Parabéns! — disse Hermione, batendo palmas baixinho. — Em mais alguns dias estará apto para fazer isso rapidamente.
— Espero que não. Não posso me imaginar agindo assim doze vezes por dia — ele murmurou, usando a manga da camisa para enxugar pingos de água que espirraram em seu rosto. — Sinto como se tivesse corrido uma maratona.
Hermione riu.
— Não exagere. Você será maravilhoso para ela.
— Agora está forçando a situação, garota.
Mantendo-se a uma distância segura, Sirius deixou seu olhar passear pelos cabelos, pelo perfil preciso dela. Não sabia se era a intimidade do momento ou sua imensa gratidão, mas sentiu-se vulnerável ao fitá-la nos olhos. Bastava inclinar-se e dar uns dois passos para que pudessem unir seus lábios. Então poderia saber se eram tão bons quanto pareciam, tão doces quanto a compota que estava na cozinha.
Mas foi Hermione quem se virou. Com um movimento seguro, terminou de enxugar o bebê.
— Nós dois estamos cuidando bem de você, querida? Fizemos tudo direitinho? — perguntou a Mary enquanto a erguia nos braços.
Sirius ficou sozinho no banheiro e só então deu-se conta de quão docemente fora manipulado. Deu um salto e apressou-se em seguir Hermione.
— O que quis dizer com nós dois? Sou eu quem devo aprender a lidar com ela durante a noite. Isto é, a menos que você possa ir à minha casa toda vez que eu precisar.
— Um convite?
Ele merecia a ironia, já que nunca a convidara a visitá-lo. Sua autodefesa era um motivo mais que justo, mas jamais confessaria isso, ou estaria perdido.
— Se espera ver sapatinhos de cetim e gorrinhos, vai ficar desapontada. — A resposta parecia o quadro da inocência. Ótimo!
— Duvido que seja assim.
Após dizer isso, ela comentou que devia informar à avó onde estava e o deixou por um momento. Sirius usou a oportunidade para tentar compreender o que acontecia; Hermione tinha a perturbadora tendência de fazê-lo se esquecer das coisas.
Após anos lidando com os olhares e os mudos convites dela, o comportamento de há alguns momentos atrás o deixara surpreso. Sinalizara que Mione não o queria. Mas... e o que vira em seus olhos? O que diabos estava acontecendo?
Hermione voltou e eles deixaram a casa. Só lá fora notaram quanto o tempo tinha mudado. O céu estava bem escuro e o vento soprava mais forte. Ela colocou o cobertor sobre o rosto de Mary, para protegê-la, e Sirius até pensou em abraçá-las, mas achou perigoso. Após destrancar a porta da frente, permitiu que ambas entrassem e foi até o carro, pegar as coisas que comprara em uma loja de produtos para crianças.
— Temos um cercado para bebês no porão. Acho que poderá usar — Hermione lhe disse assim que ele entrou e colocou as caixas sobre a mesa da cozinha.
— Obrigado, mas não tenho certeza se ficarei com a nenê tempo suficiente para me preocupar com isso.
Ela ficou muito séria.
— Eu pensei... Você não disse que não aprovava o que Marlene fez?
— Se ela for a mãe. Lembre-se, eu também disse não ter provas. Até que a encontre, e que ela admita ser a mãe, toda decisão sobre o bebê deverá ser adiada.
A expressão de Hermione mostrava aborrecimento.
— E como é que você vai conseguir que Marlene faça isso? Acaso sabe onde ela está?
— Não, mas James me falou a respeito de um detetive. Disse que é uma pessoa razoável. Então, vou tentar fazer uns telefonemas e, se não funcionarem, apelarei para a ajuda dele.
— Parece-me que, se Marlene se deu ao trabalho de deixar Mary sem falar com você, não vai atender suas ligações.
Isso já lhe ocorrera.
— Mas terei de tentar.
— Uma pena que isso custe sua filha.
— Aprecio seu apoio, Mione, mas não coloque os fatos desta maneira, está bem?
— Uma coisa leva à outra, Black. — Ela apressou-se em dar um sorriso gentil. — Então esta é a aparência de sua casa!
Deu uma olhadela ao redor. A cozinha era de um azul claro, oposta ao amarelo, verde e branco da sua. Também se notava a falta de apetrechos, já que Sirius raramente preparava as próprias refeições.
— "Lar doce lar"... — Hermione apontou para o quadrinho na cozinha. — Vai me levar para conhecer os outros cômodos?
— E apenas uma casa. Quatro paredes e alguns móveis.
— E seu lar, e sua filha vai dormir aqui. Se for muito gelado, abafado ou poeirento, alguém tem de dizer.
Ele não queria que Hermione ficasse andando por sua casa, analisando ou julgando. Não importava a maneira como a decorara, ou como seria o futuro, aquele era o seu canto. E até então vivera perfeitamente, sem a opinião de ninguém. Mas agora havia Mary, e com ela a incansável Hermione.
— Juro que preferia trabalhar cinqüenta vezes mais a passar por isto — murmurou baixinho, passando a mão pelos cabelos.
— Sim?
— Quis dizer que não sou o melhor dono de casa do mundo — corrigiu-se.
— Não diga isso. Tudo me parece muito bonito. Ela beijou o bebê na testa e caminhou em direção à sala de estar. Estava escura, a despeito das paredes brancas. Era decorada em tons de verde e marrom, com móveis velhos mas sólidos, a maioria dos quais não haviam sido repostos desde que o pai de Sirius comprara a casa. No centro, uma imensa televisão e uma coleção de fitas de vídeo.
— A única coisa que eu mencionaria é que este lugar está muito escuro — ela comentou. Dirigiu-se então às prateleiras onde havia as fitas. Sirius não se lembrava da última vez que lhes tirara a poeira. — Isto é uma surpresa! Ele aproximou-se.
— O que é?
— Sua coleção de vídeo poderia ser minha: algumas comédias, dramas...
— Tenho o gosto bem diversificado.
— Eu também. Vovó gosta de ação e filmes de bangue-bangue.
— Eu sei. Quando está calor e Fiona trabalha com a janela aberta, coloca a televisão tão alto que eu escuto. Faz com que dormir até mais tarde aos sábados e domingos seja quase um desafio.
— E por isso que uso fones de ouvido quando estou trabalhando — Hermione respondeu com olhar compreensivo. — Mas não se preocupe, ela vai se comportar, pois agora há um bebê na casa. — Após pegar mais algumas fitas, dirigiu-se aos discos e murmurou, surpresa: — Quem pensaria nisso?
— Como? — E agora, de que Hermione estava falando?
— Rock suave, clássicos, blues e Nova Era. Nova era! Que termo para arte e filosofia tão antigos!
— Essa música é muito suave após um dia estressante.
— É verdade. Gosto de ouvir durante um longo e relaxante banho de espuma.
Que bela ajuda dos céus! Era fácil demais imaginar Hermione com o cabelo preso no alto da cabeça, a pele maravilhosa... Felizmente, um barulho chamou-lhes a atenção.
— Talvez seja melhor terminar o passeio — disse ele. — Antes que a eletricidade vá embora e já não consigamos ver as coisas muito bem.
Como a dela, a casa de Sirius tinha dois andares. Hermione observou a salinha com aparelhos de ginástica.
— Então é assim que se mantém em forma, hein?
— Bem, voar não é uma ocupação que demande esforço físico. Se não fizer algo, ficarei fraco.
— Costumava correr. Por que parou?
— Correr e jogar tênis prejudicaram meus joelhos. Optei por não desistir do tênis. Então deixei de correr e passei a trabalhar a musculatura nessas máquinas.
— Oh, que belas plantas! — Hermione comentou enquanto as apreciava.
— Procurei por coisas fáceis de cuidar. Não tenho tempo suficiente para tomar conta da casa adequadamente. — Não quis demonstrar quanto a admiração de Hermione lhe fez bem; então encorajou-a gentilmente a se mover. — Venha. Deve ver o restante da casa.
Fez um gesto em direção à escada e deixou que ela fosse à frente. Assim protegido, olhou cuidadosamente a maneira como Mione carregava o bebê, os movimentos dos quadris esguios, o corpo perfeito. O suspiro involuntário poderia tê-lo traído e demonstrava quão frágeis estavam suas defesas mas... Jenny bem poderia ter andado mais devagar.
A casa era um pouco maior do que a dos Granger's. Tinha quatro quartos; a outra, apenas três. Após caminharem pelo closet, passaram ao quarto que fora dele quando garoto e então a outro, o banheiro principal e finalmente aos dois dormitórios que ficavam mais aos fundos.
— Aqui Mary provavelmente ficará bem — Hermione disse, indicando o quarto que tinha a cama principal.
Sirius franziu a testa.
— O que há de errado com meu quarto antigo ou o de hóspedes?
— Ficam muito distantes.
— Apenas um pouco.
— Mas isso faz toda a diferença. Se estiver em sono profundo, não vai ouvir se ela chorar.
— Mas eu uso aquele quarto como escritório!
— Então mova a escrivaninha, adapte-o. Não será nenhum trabalho pesado para um homem forte como você.
Elogios não iam levar a lugar algum.
— Está determinada a fazer com que eu não tenha um só minuto de sono tranqüilo, não é?
— Não é este o ponto. Está bem, que tal colocá-la em seu quarto... por enquanto?
— Oh, não!
— Pessoas fazem isso com freqüência.
Mas será que dormiam nuas, como ele? Sirius achou melhor não falar nada.
— Não quero.
— Então definitivamente sugiro o quarto ao lado do seu.
— Vou pensar nisso — falou, tentando ganhar tempo.
Hermione presenteou-lhe com o olhar de quem nem entendia nem aprovava a maneira como agia e foi em direção ao quarto dele. Era o que Sirius mais temia. Ao menos tivera tempo de fazer a cama pela manhã, e tudo estava em ordem.
Como nos outros aposentos, as paredes eram brancas, a carpete creme e os móveis, simples e funcionais. Monótono. E, enquanto Hermione ficava de pé diante da cama enorme, de costas para ele, Sirius ficou pensando na decoração e tudo o que pôde imaginar foi um cenário onde a estendesse sobre uma colcha estampada de azul e verde e então cobrisse o corpo dela com o seu. Hermione se pareceria com uma fada, os cabelos espalhados em sensual desalinho...
— É diferente do que eu esperava.
A fantasia foi embora como uma bolha de sabão.
— Eu lhe disse que procurei por uma decoração descomplicada, fácil de ser mantida.
— Não disse que não gostei. É interessante, muito prática. E isso é importante para o bebê.
Sirius sorriu. Como ela sempre procurava algo agradável para dizer!
Ele passara ali grande parte de sua vida, isto é, quando não fora obrigado a percorrer metade da Europa com a mãe e o último marido. Nada comprou nas viagens, nem presentes para ninguém. Mesmo seus apetrechos de esporte da escola haviam sido colocados em caixas e estavam bem guardados.
Os únicos adornos do quarto eram um antigo relógio e dois abajures de um profundo tom azul. Havia também uma caixa de couro, onde colocava o relógio, o anel de colégio, alguns prendedores de gravata.
— Pelo menos você não tem de lidar com o sol quente das tardes...
Enquanto Sirius divagava, Hermione movera-se em direção à janela. Ficava na mesma posição da dela.
— Seria mais fresco se você baixasse as janelas quando fosse dormir — ele ousou provocar, mas recriminou-se imediatamente.
— Eu sei, mas gosto muito de olhar a lua e as estrelas antes de adormecer.
Gostava é de deixá-lo louco, com suas camisolas sensuais e shorts de cetim. Sirius sentiu-se enrubescer. A chuva começou a bater muito forte no vidro da janela. Era seu tempo favorito, ideal para uma tarde de descanso.
— Pensei que fosse me ajudar a instalar o bebê — pediu, quase desesperado.
— Claro, mas você ainda não decidiu em qual quarto ela ficará. Por enquanto acho que será aqui, não é, Mary? — Hermione falou, colocando a nenê no meio da cama.
Para desespero de Sirius, ela sentou-se e começou a ajustar os travesseiros em volta da criança, para protegê-la. Que cena... Hermione parecendo uma flor, o rosto levemente rosado, os cabelos maravilhosos caindo-lhe por sobre os seios a cada movimento... E a nenê, linda, brincando com ela. Muito em breve Mary não apenas a estaria amando mas também dependendo de sua presença.
Se não tomasse cuidado, acabaria no mesmo caminho. Era um pensamento aterrorizante; teria de evitar que isso acontecesse.
— Tchauzinho. — Hermione deu em Mary um beijo carinhoso e então levantou-se, indo em direção a Sirius. — Está tudo bem?
— Eu...
Ele levantou uma sobrancelha ao vê-la se aproximar, pegar a jaqueta e o casaco que estavam em suas mãos e colocá-los em uma poltrona.
— Tudo certo? — Hermione repetiu. — Agora Mary vai dormir e nós poderemos conversar.
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Adaptação de um livro de Helen R. Myers.
Detalhes no inicio da historia.
Ola pessoal bom antes de tudo quero agradecer a Fafa por ser a primeira a comentar ...
Fafa: olaaa acho que nao demorei muito, neh? sim, vou continuar a postar mesmo que sejam poucos os comentarios :) beijooo
Bom espero que comentem... Beijoooooo
Comentários (3)
Ameeeeeeeeeeeeei!
2014-06-29Mora a 500 anos do lado da Mione, recou-se a sair com ela diversas vezes e por causa de um bebê, está todo erissado?! A vida é uma caixinha de surpresas!!
2011-07-13Adorei, mas sou suspeita para falar! rsrss Adoro Sirius/Hermione! bjs
2011-07-10