Dama de honra

- Pontas, desculpe se estou invadindo seu espaço, mas honestamente, não aguento mais a Lil. - Disse Marlene entrando no quarto em que Tiago se arrumava. Ele assentiu vagamente para a amiga. Marlene riu. - Bem, você colocou a gravata do lado errado, Pontas. Ou isso é a última moda?

- Qu...? Ah, desculpe! - Ele tentou ajeitar a gravata, mas só fez com que essa se enroscasse mais no colarinho.

- Não precisa se desculpar comigo. - Disse Marlene se adiantando para arrumar a gravata. - A propósito, onde está o Sirius?

- Bem que eu gostaria de saber. Era só o que me faltava ele esquecer que o casamento é hoje, daí vai vir com um daqueles: "foi mal, cara"...

- Pontas, se acalme! Ele provavelmente só saiu com Rabicho...

- Que ótimo dia para se sair!

- ... para buscar os seus pais. O que há com você? - Tiago sacudiu a cabeça.

- Eu não sei. E que, cara, quero dizer, moça, EU vou entrar primeiro. Se a Lílian der os canos serei EU que vou ficar lá parado, com cara de retardado.

- A Lílian não vai dar os canos, Tiago. Ela quer casar com você.

- É. Sim. Sim. Aposto que ELA mandou você dizer isso.

- POTTER! - Silvou Marlene. - Se controle!

- Desculpe, Agridocicada. Eu acho que são os nervos.

- Ah, você acha? Pois bem... - Nesse momento a porta abriu e Sirius entrou por ela rindo.

- Ah, Pontas, você por aqui? - Perguntou com seu sorriso brincalhão, mas com leves toques de arrogência, de sempre.

- Hoje não é dia para brincadeiras. É MELHOR VOCÊ FAZER O SEU PAPEL DIREITO OU NUNCA MAIS FALO COM VOCÊ!!!! OUVIU?! - Gritou Tiago.

- Não. Acho melhor você gritar um pouco mais alto, daí poderei perguntar àquela adorável senhora trouxa de 89 anos, que perdeu 90% da audição e mora no quarteirão seguinte, o que você disse. - Tiago bufou e se atirou numa poltrona.

- Sirius, controle-se. Pontas está beirando um ataque. - Aconselhou Marlene. Mas novamente ela sentia a vontade inescrupulosa de dar risada de Tiago por estar se casando tão cedo.

- Oba, ataque! - Sirius revirou os olhos. - Qual é, Pontas? Desde quando você virou um covarde?

- Não virei um covarde. - Resmungou Tiago, lá de seu canto.

- Então prove! Você está aí, tremendo de medo, com um monte de temores que nunca vão se concretizar. E cara, HOJE É O SEU DIA!

Marlene tremeu, Sirius se saiu melhor que ela em consolar Tiago, e nesse momento ela sentiu que amava tanto seu namorado que chegava a arder em sua garganta. Então, lembrou que não era ela a se casar com Sirius agora e sentiu lágrimas escorerem pelas faces.

- Tem razão, cara. Eu... Agridocicada, você está chorando?

- Quê? É, é tudo tão... Vou tomar um ar. - Engasgou-se Marlene, dando as costas a Tiago e a Sirius e quase correndo para fora da salinha.

No jardim, onde seria realizado o casamento, Marlene se permitiu chorar até soluçar. Se controlou quando ouviu passos fortes na grama, a respiração profunda e sempre no mesmo ritmo a fez reconhecer a pessoa sem mesmo se virar.

- Oi, Aluado. - Saudou secando as lágrimas com pressa. - Eu estou só tomando um ar, se foi a Lílian que o mandou, diga a ela que...

- Não. - Disse Remo parando na frente de Marlene. - Eu vi você passar correndo pelo corredor e achei que você quisesse companhia.

Marlene sorriu para ela. Ela ainda sustentava a opinião sobre Remo que tinha há anos: ele era uma das pessoas mais leais, corajosas e honestas que ela conhecia, mas também, uma das que mais sofriam com a injustiça.

- Você é tão empático! - Adimirou-se ela.

- E você está muito bonita essa noite, Marlene. Belo vestido. - Elogiou Marlene, ela aumentou o sorriso. Usava um vestido longo, tipo sereia, num rosa pálido, como as pétalas de uma rosa. Ela não conseguiu mais se segurar, então disse:

- Tem um problema nesse vestido, Remo. - Ela fitou o amigo nos olhos. - Ele não é branco.

Remo franziu as sobrancelhas.

- Tenho certeza que o seu dia vai chegar. Se Tiago amadureceu o suficiente para se casar, tenho certeza absoluta que Sirius também vai. Talvez não esse ano, mas algum dia, com certeza. Ele te ama muito, Marlene. É sério.

- Eu sei. Mas ele podia demonstrar algum interesse! Me dar qualquer sinal de que ele deseja casar, ter filho e envelhecer comigo!

- Bem, não sei se você se lembra, mas Sirius nunca ficou com a mesma garota por quase quatro anos antes. - Marlene sorriu novamente para Aluado.

- Você vai encontrar uma pessoa legal um dia, Remo. Uma moça mais nova, para ser mais irresponsável que você, e então vocês se completarão perfeitamente. - Foi a vez de Remo sorrir:

- Eu espero que não, não quero estragar a vida de alguém que a tenha toda pela frente.

- Você nunca vai estragar a vida de alguém, Aluado. Você é uma das melhores pessoas do mundo. - Remo revirou os olhos e Marlene o abraçou fraternalmente.

- Epa! - Disse Sirius, aparecendo ao lado deles. Marlene e Remo se separaram automaticamente. - Desculpem, vou sair, assim você pode agarrar minha namorada à vontade, Remo.

- Sirius, na verdade, ele... - Marlene foi interrompida pela irmã de Lílian e seu marido corpulento.

- Ela pediu para vocês já se posicinarem. Já está na hora. - Resmungou a moça, olhando para os sapatos deles.

- Claro, obrigado, Petúnia. - Disse Remo, grato por terem sido interrompidos, mas Petúnia não respondeu, o marido, tampouco.

- Que gente simpática! - Disse Marlene sarcástica e audivelmente. Remo e Sirius gargalharam, o desentendimento esquecido.

　

- Esse foi o casamento mais lindo de todos os tempos! - Disse Marlene, enquanto ela e Sirius se preparavam para ir até o apartemento de Sirius pela rede de Flu (tontos demais para aparatar ou usar a moto).

- Com certeza. - Concordou Sirius. - Só queria que a festa tivesse durado mais.

- Lílian e Pontas tinham que pegar o trem logo. Eles vão para longe.

- Tudo isso para andar de tapete mágico... - Disse Sirius pegando o pó de Flu e o entregando a Marlene. - Bem, primeiro as damas. - A moça sorriu.

- Verei você em breve. - Disse Marlene antes de jogar o pó e dizer: "Apartamento do Sirius Black".

Enquanto experimentava a sensação estranha de ser tranportada por Flu, ela tinha medo de uma única coisa: de ser sempre a dama de honra, mas nunca a noiva.

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