Ala Hospitalar



N/a: Muito obrigada pelo comentário Ana Slytherin, você não sabe o quanto isso é importante para mim. E se tiver mais alguém lendo, por favor deixe um comentário, não precisa ser nada de mais, só um "bom capítulo!" ou "interessante..." ou mesmo um "estou lendo" já faria meu dia!

                                             ***
                                           Ala Hospitalar


Tudo estava confuso. Eu segurava um bebê pequeno e delicado, com a pele morena e macia. Por algum motivo ele me parecia pesado demais, como se eu não fosse conseguir aguentá-lo por muito tempo. Era como se tivesse algo de errado com ele. Então repentinamente os olhos do bebê se abriram e eu estava olhando para Fred, preso nos olhos azuis arregalados do bebê. Eu o larguei e corri apavorada, mais e mais, ainda vendo aqueles olhos tão familiares e tão azuis me encarando em desespero, implorando pela minha ajuda. Corri até trombar com Hermione chorando, eu me virei para perguntar o que tinha acontecido, mas era como se ela nem tivesse me visto, e, chorosa, infeliz e determinada, ela andou até a beirada da torre de astronomia, onde somente agora eu percebia estar, e olhando uma última vez para o vazio a sua frente, ela se deixou cair. Eu corri e me debrucei sobre a beirada berrando o nome dela, tentando segurá-la, mas ela já estava solta pelo ar, em uma queda que parecia eterna. Eu comecei a chorar e a berrar o nome dela com mais e mais intensidade até que alguém me abraçou pelos ombros e me afastou dali. Tão logo eu estava longe da beirada a figura, que eu percebi ser Malfoy, me abraçou protetoramente, porém pouco a pouco seu abraço foi enfraquecendo, até que ele escorregou para o chão, com os olhos arregalados e a boca aberta, congelada em um grito que ele jamais soltaria. Atrás dele, ainda brandindo a varinha, estava Harry.

-Você está a salvo Gina – Ele sorriu com o olhar vazio – Confie em mim...
Tentei me afastar dele, tropeçando nos meus próprios pés enquanto andava de costas até esbarrar com força na beirada da torre. Eu comecei a me desequilibrar para trás, ameaçando cair, quando ele segurou meus pulsos, seus olhos estavam enormes e continuavam a crescer, mais e mais, me engolindo naquele verde espesso como copas de árvores. E aquele verde foi me envolvendo, me sufocando, até que eu percebi que já não se tratava mais de Harry e sim de uma árvore com folhas verdes e espessas e galhos fortes, que crescia ao meu redor, e me afastava cada vez mais do chão, enquanto seus galhos afagavam gentilmente meus cabelos. Eu tentei escapar da armadilha de seus galhos, mas logo havia tantos galhos me cercando que eu estava imobilizada por eles, e mesmo assim eles e suas folhas continuavam a crescer, me sufocando mais e mais, até que eu fiquei sem ar.
Levantei a cabeça repentinamente, sentindo algo escorrer de meus cabelos, e então inspirei fundo, me sentindo finalmente livre, e me vi a salvo, na silenciosa enfermaria, ainda debruçada sobre a cama de Malfoy. Me endireitei rapidamente na cadeira ao ver que ele olhava para mim. Ele estava com as faces coradas e a boca estava em uma linha fina de raiva, seus olhos arregalados de susto. Rapidamente ele encolheu a mão, estendida em minha direção.
-Você...? – Eu comecei confusa levando a mão a minha cabeça, no ponto onde os galhos haviam afagado meus cabelos. E então eu percebei, não tinha sido um sonho, ele é que tinha estado mexendo nos meus cabelos.
-Só te cutuquei para que você acordasse e sumisse daqui – Ele anunciou rápido demais, na defensiva – Não preciso de babá!
Me levantei e espreguicei, sentindo dores por ter dormido sentada.
-E porque você estava dormindo na minha cama? – Ele resmungou irritado, olhando para as próprias mãos – Não deveria estar zelando pelo seu querido irmão?
Eu já ia responder que eu tinha passado a primeira metade da noite sentada na beira da cama do Rony, mas que, quando levantei para andar um pouco pela enfermaria e esticar as pernas, ele começou a se revirar e falar coisas de novo e eu sentei ao seu lado para observar se era algo sério ou não e, nesse processo, tinha acabado pegando no sono. Eu ia explicar tudo isso, mas assim que ele falou do meu “querido irmão” eu percebi que ele não estava mais ali e uma urgência de descobrir se ele estava bem se apoderou de mim.
-Cadê o Rony? – Perguntei a Madame Pomfrey assim que a vi andando de um lado para o outro, atarefada com algo que não entendi.
-Com a Srta. Stead – Ela esclareceu seca, parecendo ter dormido ainda menos que eu durante aquela noite – Ela achou que depois das besteiras que ele fez ontem, podia estar precisando de alguém com quem conversar.
-Srta. Quem? – Perguntei franzindo a testa. Mas Madame Pomfrey já tinha sumido de novo, resmungando coisas ininteligíveis sobre poções e pessoas preguiçosa e encrenqueiros e algo sobre o ministério da magia.
-A mulher que McGonagall contratou para “nos ajudar a lidar com o pós-guerra e suas possíveis sequelas psicológicas” – Malfoy falou entediado, revirando os olhos.
-Você já teve uma consulta com ela? – Perguntei surpresa.
-Me arrastaram para uma – Ele murmurou irritado – Na qual tive que ouvir sobre como eu estou com mania de perseguição e que na verdade eu é que não deixo as pessoas ficarem próximas de mim, que na verdade eu interpreto as tentativas de aproximação de todos como ataques a mim. E que eu me autoisolo de todos e fico imaginando que todos me odeiam porque eu acho que é o que eu mereço devido a culpa que carrego pelas minhas más decisões tomadas durante a guerra – Ele falou ficando mais e mais irritado a cada palavra.
-UAU – Foi tudo que eu consegui dizer – Então na verdade você é que está construindo barreiras nas tentativas do Harry de se tornar seu melhor amigo? Tipo quando ele derrubou da vassoura como um sinal de queria que vocês fossem mais próximos?
-Basicamente isso – Ele assentiu deixando uma sombra de sorriso passear pelos seus lábios.
-E eu brigando com o Harry quando deveria estar é aplaudindo a bondade dele! – Brinquei antes de perceber o que tinha dito.
-Você discutiu com o Harry me defendendo? – Ele parecia incrédulo – Isso é o que, sua boa ação do dia? – Ele falou com um que de desprezo na voz.
-Gina! Você está acordada!
Eu me virei rapidamente, grata por poder adiar minha conversa com Malfoy e vi Rony, parecendo bastante abalado, cambalear em minha direção.
-Ron... – Eu corri e abracei ele.
Ele me abraçou de volta e então, tão logo meu alívio por vê-lo bem passou eu comecei a bater nele, com força.
-Idiota! Idiota! Mil vezes idiota! – Gritei enquanto ele tentava segurar meus punhos.
-Gina sua louca! O que é que eu fiz? – Ele perguntou parecendo realmente assustado.
-Nossa família já está um caos e você ainda resolve sair por ai se autodestruindo e destruindo a Hermione por consequência, qual é o seu problema?! – Eu berrei as palavras uma após a outra, assustando até a mim mesma com a velocidade e a altura com as quais as pronunciava.
Rony ficou parado, de olhos arregalados, sem dizer nada, parecendo em choque demais para reagir da forma que fosse quando eu ouvi um risinho. Aquilo já era demais.
-E nem me faça começar a falar sobre você! – Eu me soltei de Rony determinada, me virando de volta para Malfoy – Sério! Você consegue uma chance de voltar a Hogwarts, está ferido, se recuperando e daí simplesmente pensa: “Ah, por que não sair por ai e me enfiar em uma casa abandonada para que eu possa ter um treco e quase morrer?!”, VOCÊ. É. LOUCO! – Eu cuspi as últimas palavras em cima dele, vociferando.
Repentinamente percebi que Rony estava me segurando por trás, impedindo-me de avançar sobre Malfoy.
-Madame Pomfrey – Ele chamou com a voz fraca – Uma ajudinha?
-Eu não dormi essa noite – Ela respondeu mal-humorada – Na verdade eu não durmo a uma semana, se vocês quiserem destruir essa enfermaria e promover um massacre aqui dentro, a hora é essa – Ela anunciou antes de sumir de vista.
-Sério! Você percebe o que fez? Você não pode simplesmente sumir e deixar todos loucos de preocupação! No que você estava pensando? – Eu continuei incrédula, cada vez mais frustrada com o silêncio de Malfoy.
-Você ficou “louca de preocupação”? – Ele perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
-Eu deveria ter te deixado morrer naquela casa! – Gritei irritada antes de me virar e sair andando.
-Fica longe da minha irmã. Ou você vai se arrepender – Eu ouvi Rony, ainda fraco, rosnar, antes de ouvir os passos dele atrás de mim – Gina, espera! Temos muito que conversar – Ele avisou enquanto saiamos da ala hospitalar com um olhar assustadoramente sério.

Continua...
 

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Comentários (1)

  • vritupotter

    Madame Pomfrey simplesmente não estando NEM Aí = muito bom demais da conta. E que tudo poder mergulhar em mais um sonho da Gina, pensando na árvore a segurando como uma armadilha...

    2021-03-03
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