Pós-festa



N/a: Mil desculpas por ter sumido por tanto tempo, mas aqui está finalmente o novo capítulo. Muito obrigada pelos comentários  Ana Slyterhin e Sabrina Lopes e as explicações sobre ela e o Neville virão em breve. Quanto as reações do Harry aos amigos da Gina, elas estão só começando...

                                                     ***
                                                Pós-Festa

Acordei com algo gelado me enforcando. Eu estava sem ar. Comecei a me debater desesperadamente lutando pela minha vida quando consegui me sentar e voltar a respirar. Aquela coisa gelada ainda estava em volta da minha garganta e foi somente quando eu a puxei com violência, retirando-a de mim, que percebi que era apenas a corrente do colar. Aquele colar que tinha passado pelas mãos da Angelina, que ela tinha escolhido. Repentinamente eu conseguia ver a cena, ela sugerindo para o George o modelo com um sorrisinho extremamente indiscreto antes de mostra-lo ao Fred, dando-lhe um beijo como se nada tivesse acontecido. As imagens queimavam minha mente e me sufocavam com a mesma ferocidade com que o colar o fazia antes. Eu o joguei do outro lado do quarto e, finalmente, consegui respirar aliviada e tentar me acalmar. Somente então me preocupei em ter acordado alguém, mas o quarto estava vazio, com as camas exatamente as mesmas da noite anterior. Havia algo errado ali. Algo muito errado.

Me vesti e desci as escadas com cuidado, procurando alguém que me explicasse o que estava acontecendo, mas encontrei apenas dois meninos e uma menina que deveriam estar no primeiro ou no segundo ano parecendo tão confusos como eu, sentado ao redor de uma mesa com quatro bandeja. Três estavam sendo esvaziadas pelas crianças, que comiam seu conteúdo um tanto quanto cautelosamente, e a quarta estava intocada, ao lado do bilhete “Ginevra Weasley”. Sem entender nada me sentei ao lado de um dos meninos e comecei a comer.
-Onde está todo mundo? – Perguntei quando não consegui me conter mais.
A resposta foi um coletivo dar de ombros e olhares confusos que pareciam dizer que se alguém ali deveria saber a resposta, esse alguém era eu, e não eles.
Tão logo terminei de comer fui até o salão principal em busca de respostas, e acho que as encontrei, na forma de todos os meus colegas, parecendo sofrer terrivelmente ouvindo um sermão de McGonagall, que parecia não ter fim, enquanto limpavam o salão.
Agora havia apenas poucas evidencias de que uma festa tinha acontecido ali, somente uma ou outra poça de líquidos que terminavam de ser secas e alguma coisa que parecia uma espécie de spray que era limpa das paredes, na parte mais próxima ao teto.
-Uau... – Murmurei sem acreditar.
-Me tira daqui – Sussurrou Lydia agarrando meus braços tão logo me viu. Seus olhos estavam arregalados e sua cara pálida e assustada, com profundas olheiras, sua voz estava entrecortada e ela tremia um pouco – Ela ficou louca! Ela vai matar a gente! – Ela choramingou lançando olhares aterrorizados por sobre o ombro para McGonagall.
-Srta. Howe – A voz da diretora soava impassível e até um tanto cruel – Eu já lhe avisei que ninguém deixa esse salão até ele estar brilhando de tão impecável então se quer ir embora é melhor voltar ao trabalho!
Lydia começou a choramingar terrivelmente enquanto se arrastava pesadamente de volta a massa de zumbis que trabalhava quase que mecanicamente.
-E você Srta. Weasley, ou vá aproveitar seu dia de folga generosamente proporcionado pelos seus colegas festeiros ou pode se unir a eles – Ela tinha um sorriso um tanto assustador no rosto enquanto dizia aquilo que me fez pensar não ser uma boa ideia contraria-la.
-Eu... – Comecei a dizer enquanto já andava para trás, fugindo dali.
Tudo aquilo me parecia muito estranho, porque eles iriam fazer uma festa em um lugar tão obvio de ser percebido e porque a diretora estaria tão rígida naquela manhã? Ela era rígida naturalmente, mas... Eu sentia algo meio... Sinistro em tudo aquilo. Como se nada ali fosse natural. Foi então que eu estaquei sob o impacto da revelação que eu tinha tido: Com todos presos no salão eu tinha uma manhã inteira (e possivelmente parte da tarde) sem ter que conversar com ninguém e nem lidar com todos aqueles assuntos desagradáveis que se acumulavam em cima de mim. Eu estava em paz. Tudo o que eu tinha desejado na noite anterior, abraçada ao colar de Fred e Jorge... Era minha culpa.
Esperei a onda de culpa que tinha como certa que viria, mas ela nunca veio. Eu simplesmente estava contente e aliviada demais com aquilo para me sentir mesmo que um pouco culpada. E era obvio que tinha sido uma coincidência, aquilo não poderia realmente ter funcionado... Poderia? Claro que não, conclui balançando minha cabeça para afastar tais tolices de minha mente. E assim, resolvi aproveitar aquela bendita paz, enquanto eu ainda a tinha.



Depois de ter desisto de fazer as lições de poções e feitiços que tinha recebido e ter dado uma volta comprida pelo jardim eu voltei para o castelo e andava a esmo quando me deparei com uma figura em um estado muito melhor do que as que eu tinha encontrado três ou quatro horas antes.
-Harry?
-Olá – Ele cumprimentou sério, parecendo descansado e bem.
-Você...? – Parei confusa, fitando-o sem saber nem o que perguntar.
-O que foi?
-É só que... Quando eu vi todo mundo. As pessoas pareciam estar morrendo... E você parece bem... – Falei me sentindo uma retardada, e sabendo que soava como uma.
-É que quando a festa foi surpreendida pelos professores, um grupo me escondeu e me mandou fugir para que eu não metesse em encrenca então eu estava dormindo ao invés de estar limpando o castelo como todos os outros... Sério você não imagina a festa que foi! Começou na sala precisa e de repente estava no castelo todo! E dai...
-Pera! – Eu o interrompi, sentindo-me como se tivesse levado um soco no estomago – Você fugiu e deixou todo mundo levar a culpa enquanto você dormia?!
-Gina! Não foi assim! Todos eles eram culpados também! Não é como se eles estivessem sendo responsabilizados por algo que apenas eu tinha feito! – Ele protestou indignado – Eu só não queria me meter em confusão e vi um jeito de fazer isso! E eu ter ficado lá não ia ter mudado nada – Ele disse tentando me fazer entender, mas eu não conseguia confiar nos meus ouvidos.
-Você está realmente falando isso? – E sem nem mesmo esperar que ele respondesse prossegui – Harry, o que fizeram com você?! Esse não é você!
-O que você quer dizer com isso? – Ele perguntou subitamente na defensiva.
-Que o Harry que eu conheço não foge! – Eu disse sabendo que aquilo o machucaria, mas sem conseguir me conter – Que ele não é um covarde, que ele fica e luta porque se recusa a abandonar os outros quando as coisas ficam feias.
-Gina você está louca! – Ele exclamou irritado – Isso não era uma batalha nem nada assim – Ele revirou os olhos – Ninguém estava correndo risco de vida.
-Por isso mesmo me surpreende tanto que você tenha agido assim! – Eu protestei revoltada por ter sido chamada de louca – Quer dizer...
-Corta a lição de moral, pode ser? – Ele soou irritado e cansado – Se quer mesmo discutir algo sobre covardia, você deveria ir conversar com seu queridíssimo Malfoy e não comigo.
-Harry... – Eu suspirei – A gente pode não conversar sobre isso?
-Claro que pode! – Ele disse irônico de um jeito que eu nunca tinha visto antes – Não precisamos discutir o fato de que agora você fica se encontrando com um comensal da morte pelas minhas costas e nem que você fica defendendo ele o tempo todo e vê ele como um santo quando na verdade ele é o demônio disfarçado de gente.
-Harry – Foi a minha vez de revirar os olhos – Cresce. Ele cresceu, ele mudou.
-Mas é claro Gina! – Ele continuava com aquele tom irritante – Tenho certeza de que ele do dia para a noite mudou completamente a personalidade dele e se curou de todos os defeitos e virou uma flor de pessoa! Vocês já conversaram sobre se ele ainda é um comensal ou sobre tudo que aconteceu? – Ele perguntou irritado.
Eu permaneci em silêncio, profundamente irritada com ele por ter tocado naquele assunto.
-Foi o que eu pensei...
-Quer saber Harry?! Fale o que quiser, mas ultimamente ELE tem sido muito legal comigo e ELE não anda atacando ninguém indefeso como sei lá... Em um jogo de quadribol – Sorri cinicamente para ele.
-Essa historia de novo?! – Ele exclamou exasperado.
-De novo porque Harry? – Eu estava furiosa – A gente não conversou sobre isso! A gente nunca conversa sobre nada!
-Gina, você está exagerando – Ele me avisou.
-Não estou nada! – Eu estava, e tinha plena ciência do fato – E eu estou cansada de brigar com você! – Exclamei suspirando.
-Então não brigue comigo – Ele pediu – Só isso.
-Eu queria que fosse tão simples – Murmurei olhando naqueles olhos verdes que costumavam me fazer tão feliz.
Nós ficamos nos olhando em silêncio por alguns instantes, até que, sem desviar os olhos dos meus, ele ergueu a mão e lentamente a colocou em meu pescoço, me puxando gentilmente em sua direção. Eu me deixei levar e nossos lábios mal tinham se encontrado quando eu ouvi uma voz me chamando.
-Giiiiinaaaaa – Uma voz já sem fôlego e meio atropelada crescia conforme o dono dela se aproximava de onde eu estava.
Eu já tinha me soltado de Harry e já esperava por ele quando Neville apareceu virando o corredor segundos depois. O rosto exausto e afogueado dele não deixava duvidas de que ele tinha passado a noite na arrumação. O rosto dele se iluminou ao me encontrar e ele parou tentando recuperar o fôlego perdido durante a corrida.
Meu estomago se afundou mais e mais enquanto eu relembrava a noite anterior. Lauren sempre soube, mas agora que Lydia e Melody sabiam do que tinha acontecido, quem mais já saberia? Congelei ao pensar que Harry poderia saber de alguma coisa, mas uma olhadela rápida para o rosto dele foi o suficiente para saber que aquilo ainda não havia chegado em seus ouvidos. Pensei que talvez devesse falar com ele antes que ele descobrisse por outra pessoa, mas então Neville começou a falar e resolvi que eu podia adiar aquela conversa por alguns dias, ou anos.
-O Malfoy sumiu – Os olhos arregalados de Neville estavam vermelhos e fundos de cansaço o que fazia parecer que sua preocupação era mil vezes maior – Ele ainda estava se recuperando dos machucados no... Acidente – Ele foi diplomático, sem encarar Harry em momento algum – E ao que parece ontem ele simplesmente deixou o castelo quando todos estavam ocupados com a homenagem e não apareceu mais, ele pode estar em qualquer lugar – Neville voltava a ficar sem ar de afobamento com tudo aquilo – A gente tem que ir atrás dele!
-Como você ficou sabendo disso? – Perguntei subitamente alerta, me lembrando com uma pontada de arrependimento de ter presenciado a grande fuga de Malfoy no dia anterior sem ter me dado conta de que ele ainda estava precisando de cuidados médicos.
-Eu ouvi Madame Pomfrey dizer a McGonagall que havia procurado por ele em todo o castelo, mas que não tinha nem sinal de onde ele tinha ido parar. E McGonagall informou que ele também não tinha participado da festa... E eu sai atrás de você.
-E porque a Gina deveria se dar ao trabalho de fazer isso? – Perguntou Harry parecendo um tanto irritado.
-Porque nós precisamos dele – Disse Neville firme para Harry, parecendo pela primeira vez não estar tão intimidado por ele.
-Por onde começamos? – Perguntei já começando a ir em direção as escadas.
-Você vai seriamente interromper essa conversa para sair por ai perseguindo o Malfoy com o Neville?! – Harry parecia incrédulo.
-Vou – Anunciei sem nem me virar, descendo as escadas e saindo na tarde quente ao lado de Neville.
-Nós podemos simplesmente deixar o castelo? - Perguntei a Neville já saindo.
-Se o Malfoy conseguiu... - Ele deu de ombros me acompanhando.

Continua...
 

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Comentários (2)

  • vritupotter

    Colar mágico e você vai lá e joga longe no quarto, Gina... Aiai. E prioridades, né, folgado de olhos verdes que fugiu da punição ou loirinho angustiado desaparecido.

    2021-03-02
  • Ana Slytherin

    O Nev ta melhorando hein , nem s intimdou com o HarryHarry ta mne decepcionando, deixando todo mundo lá limpando e ficando lá sem fazer nadaE como asim o Draco sumiu? To curiosa !! POsta logo ! 

    2012-08-16
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