# Quem apagou a luz?



Enquanto os dois se encaravam assustados, Molly Weasley chamou Rony para o almoço. O garoto veio para baixo, disse que não se sentia bem e levou os pratos para o quarto, o que deixou Molly mais desconfiada do que nunca. Mas dessa vez não havia cartas misteriosas em jogo; Rony simplesmente estava preocupado demais com a amiga para deixar transparecer isto para seus pais. Comeu pouco, deu até um pedaço de chouriço para o vampiro, e já colocara os talheres de lado quando uma voz alegre veio do andar térreo da casa, depois de um tilintar de campainha, que fez o estômago de Rony derreter completamente:




-- Oh, Hermione querida!! Que bom que chegou hoje!! Ah, querida, entre, entre!




-- Ah, nossa, obrigada, sra. Weasley... o Rony...?




-- Está lá em cima. Só um minutinho -- O rugido animado da sra. Weasley subiu as escadas -- RONY! A HERMIONE GRANGER CHEGOU!! VEM DAR OI PARA ELA, FILHO!!




Rony chiou.




-- Juro, se ela não fosse minha mãe, juro pra você...




-- Acalme-se, Rony. -- Pediu o vampiro, porém com um jeito de riso nos lábios, por onde escapavam as pontas agudas dos dentes caninos -- É realmente bom você falar com ela imediatamente, assim ela já fica alerta do perigo, quem sabe possa voltar para casa antes de escurecer. Logo, logo será almoço, tem tempo....




-- Tá -- Resmungou Rony, e desceu as escadas para encontrar a garota, com um estranho ânimo no estômago. Hermione conversava com Gina, sentada em uma cadeira perto das escadas, e quando Rony desceu, a garota o cumprimentou com dois beijos nas bochechas.




-- Tudo bom, Rony? Como têm sido as suas... Aaaii!! -- Exclamou a garota, quando Rony puxou-a pelo pulso e foi subindo as escadas. A sra. Weasley deu uma risadinha audível e irritante, mas Rony estava mais preocupado com outras coisas naquele momento.




-- Que foi, Rony? Tá maluco? -- Perguntou Hermione nervosa quando chegaram finalmente ao patamar do quarto de Rony, e o garoto já soltara o pulso da amiga, agora que entravam nos aposentos do menino -- Pra que me puxar desse jeito, que coisa fei.... Minha nossa! -- Exclamou a garota sem cerimônia, ao ver o baterista do sótão sentado na cama laranja de Rony.




-- Perdoe-me não ter me apresentado -- disse o vampiro com uma reverência exagerada e elegante --, meu nome é Draculogênes, conhecido também como Drácul, e sou o morador do sótão -- terminou, refazendo-se do cumprimento. Hermione, por alguma razão, sorriu e corou levemente. Já Rony ficou carrancudo.




-- Draculogênes? Que nome horrível! Credo!! Acho melhor Vampiro-Baterista, mesmo! Sua mãe teve um péss...




Hermione cortou-o.




-- Bem, o que o senhor está fazendo na cama do Rony? -- Perguntou Hermione, olhando do vampiro, que ria, para Rony, lívido. Rony precipitou-se para explicar.




-- Os gnomos estão tramando contra os Weasley. -- Disse o garoto, sem fazer esforço para a frase tornar-se séria. Mas Hermione não riu.




-- Bem, não é muito óbvio, mas não é impossível. E Rony, é melhor fazermos algo depressa, afinal, os gnomos são muito bem-relacionados.




Rony deliberadamente evitou o olhar de Drácul, que agora ria ainda mais alto e dizia "Viu, viu só, eu falei que eles eram bem-relacionados! Duvida de mim agora, sr. Weasley?", e perguntou para Hermione:




-- Mas.... você quer ajudar? Mesmo sabendo que está correndo riscos?




-- Ah, pelo amor de Deus, Rony! -- Exclamou Hermione, virando os olhos para o teto -- Você realmente acha que eu vou ficar aqui, de braços cruzados, esperando ataques de gnomos para vocês, sem mover uma palha? Que tipo de amiga você acha que eu sou, francamente? -- Perguntou a garota, um tanto indignada. Drácul sorriu por dentro da capa, os olhos perpicazes, quando Rony deu um sorrisinho sem-graça e comentou:




-- Hm.... a gente pensou em pedir para você voltar para casa... e até achamos que você iria aceitar, porque é um grande risco....




-- Isso é O CÚMULO, Rony! Você acha que eu sou insensível que nem uma PEDRA? Talvez você seja em alguns momentos -- a garota deu uma risadinha --, mas tenho certeza que você não faria o mesmo se fosse uma situação parecida acontecendo comigo, não é? E, além disso, são sempre vocês dois que têm que resolver tudo: eu que descubro o basilisco, mas você e Harry que vão até a Câmara Secreta para enfrentar Riddle; eu faço a Poção Polissuco, mas vocês que vão investigar Draco, por exemplo! Isso é injusto! Assim eu só aparento ser uma... uma metidinha a esperta, que ajuda os amiguinhos mas não está lá, combatendo ao lado deles!!




Rony estava absolutamente boquiaberto. Drácul parecia divertidíssimo com alguma coisa. Hermione ainda mirava o amigo com os braços cruzados e uma expressão decidida no rosto. Rony riu.




-- Nã-não! Eu nunca pen... eu nunca pensei isso de você, Mione, por Merlin! Eu... eu só.... é que... a Toca não oferece proteção mágica para pessoas que não são propriamente.... hm.... Weasleys. -- Disse Rony com pesar.




-- Eu já esperava por isso, Rony. É chamado Feitiço do Lar, e é natural que uma casa como a Toca tenha esse feitiço. A casa tem a missão de proteger a família que guarda, sem intrusos. -- Drácul agora abriu a boca impressionado, mas não disse nada.




De repente, muito mais do que de repente, toda a iluminação da casa dos Weasley simplesmente desapareceu, deixando todos no breu.




-- É O SINAL! -- Alertou Drácul para a escuridão negra.

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