Prólogo



- É tarde demais para eu me arrepender? - perguntou Hemione, com relutância, movendo-se em direção ao portão de embarque do aeroporto.


- É - a chefe respondeu. - Eu lhe preveni quando discutimos isso pela primeira vez.


- Nós não discutimos nada. Você me entregou uma passagem de avião e determinou que eu fosse.


- Isso mesmo - concordou a outra, jogando para trás os cabelos loiros. - É como eu disse quando foi contratada: sou a chefe e sempre tenho razão.


Hermione manteve-se séria. - Que sorte a minha!


Trabalhava para Luna Lovegood desde quando se graduara na Universidade de Sidnei. Fazia parte do quadro de funcionários da CompuMagic. Aos vinte e oito anos, era programadora sênior e reportava-se diretamente à dona e fundadora da empresa. Supervisionava o trabalho de todo o pessoal e cuidava das contas novas. Se um cliente solicitava um programa personalizado, cabia a ela decidir se iria se ocupar do projeto pessoalmente ou se o delegaria a alguém da equipe.


Ao menos era assim que as coisas aconteciam... normalmente. Naquela circunstância, em especial, Luna não a consultara nem lhe dera a oportunidade de escolher. Hermione recebera a incumbência depois de voltar das férias em uma estação de esqui, na Nova Zelândia.


- Meu irmão quer que façamos isso. Reservamos um lugar para você no vôo que sairá domingo para Queensland. Fique lá o tempo que for necessário para que tudo corra perfeitamente, e não volte antes disso!


Com ar resignado, Hermione deixou de lado os pensamentos ao dar-se conta de que Luna a fitava, esperando uma resposta. - O que foi que perguntou?


- Se tem alguma dúvida.


- Sim. Duas. O que fiz para merecer isso? E por que está me mandando embora?


- Só um idiota dispensaria seu melhor programador. E justamente por você ser a melhor é que quero que faça isto. Pode considerar um favor para a família. Harry prometeu que, se ficar satisfeito com o programa que elaborarmos, vai nos indicar novas contas, muito importantes. Não há ninguém, a não ser você, a quem eu confiaria esse trabalho.


Embora fosse agradável saber que a chefe a tinha em tão alto conceito, Hermione não estava satisfeita por encontrar-se no aeroporto, pronta para embarcar. Gostaria, de todo o coração, de partir para bem longe, em qualquer direção, mas não para aquele lugar esquecido, no centro de Queensland.


- Ora, vamos! Encare como uma aventura! - Luna a consolou. - Afinal, você não irá para o fim do mundo.


- Ainda não. - Hermione tinha tanta vontade de experimentar uma aventura em algum lugar perdido da Austrália quanto de derramar vinho tinto no tapete branco de sua cobertura.      


- Tome. Para a viagem. - A chefe colocou três revistas na mão de Hermione.


Apesar de mal-humorada, Hermione riu. Luna era incorrigível. - Em qual locadora de automóveis você fez a re ...


- Oh, droga! - A chefe bateu na testa. - Que inferno! Esqueci de reservar-lhe um carro.


- Oh, obrigada. Era tudo de que eu precisava. Quando chegar àquele lugar remoto, o único carro disponível já terá sido alugado.


- Não, não! Querida, tenho boas notícias. Em vez de dirigir do aeroporto de Mount Isa até a casa de meu irmão, você será levada por um dos vizinhos dele, Ron Weasley, que tem um avião particular. Malagara tem um pequeno aeroporto e alguém irá buscá-la.


- Bem nossos conceitos são diferentes quando se trata de boa notícia. Para mim, a ideal seria: Hermione, querida, houve... uma troca de planos e você não precisará ir.


- Vá em frente, menina. Honestamente, acha que a estou despachando para a Antártida? Você está indo para uma propriedade que vale milhões de dólares e onde há um clima adorável.


- Com certeza. Você consideraria a temperatura do inferno agradável se lhe fosse conveniente.


- Parede reclamar. Mesmo sendo longe, não é tão ruim quanto você imagina. Há uma sutil sensualidade naqueles homens de roupas suadas que fazem o sangue das mulheres sofisticadas borbulhar nas veias. E acredite, lá você também poderá ter essa sensação.


- Então acho que não gosto de sutilezas e não sou sofisticada - Hermione retrucou, pegando a maleta. - Gosto que meus homens bebam champanhe e transpirem em meus lençóis de cetim, não que se embriaguem com cerveja e molhem o sofá com suor.

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