Chapter Six
“O valor das coisas não está no tempo que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
- Fernando Sabino
Capítulo seis ou
happy birthday kim
Obrigada, obrigada, é ótima a sensação de ter dezoito anos. O que mudou na minha vida? Ah, eu já perdi um dente, tenho cabelo branco, ganhei poderes. O que realmente mudou na minha vida? Nada e agora, aqui estou eu, com dezoito anos e ouvindo a famosa pergunta: Como você se sente com dezoito anos? Querem saber como eu me sinto? Têm certeza? Ai vai: Eu não sinto NADA de diferente. Nada mesmo, se eu do nada tivesse poderes eu iria me sentir diferente, se eu tivesse o poder de esquecer certas pessoas... mas eu posso fazer isso? Só se eu fosse fugir... Não, então do que adianta me perguntarem isso? Acordei ácida hoje, ainda mais depois do sonho que tive e das conspirações que parecem estar acontecendo só para que o dia dê errado. Aqui estou eu, no meu quarto, trocando de roupa calmamente com os cabelos molhados, expulsei Maria do meu quarto, quase chutei na Dorcas também para ela me deixar em paz. Eu ainda não vi o Sirius, apesar de ele ter dormido aqui em casa ele ainda não me veio dar um feliz aniversário. Isso machucou. Suspirei fundo e coloquei uma camisa flanela por cima da minha regata, abri a porta do meu quarto e vi um envelope no chão, típico.
“Feliz aniversário querida Mar,
Amor, Papai e Mamãe”
Papai e mamãe? Sério? Preferia o cartão deles do ano passado, ao invés de papai e mamãe eles colocaram senhor e senhora Mckinnon. Mais formal, mas muito melhor do que essa tentativa fracassada de apego. Rasguei o envelope e coloquei no lixo, como todo o ano eu faço. Sequei meu cabelo rapidamente e desci para tomar café. Quando eu tinha treze anos Maria tentou levar café na cama, mas do jeito que eu sou desastrada acabei derrubando tudo e fazendo a maior bagunça, então sempre desço para tomar café agora. Controlei meus ânimos e tentei sorrir, mostrar como é bom estar de aniversário, sem nenhum problema. Entrei na cozinha e me deparei com Dorcas conversando animadamente com Matt e Maria.
- Até que enfim! – Matt falou, abrindo um sorriso maravilhoso e me abraçando, procurei sentir o cheiro dele, sentir um pouco de ansiedade, de necessidade como eu sentia por Sirius. Senti-me grotesca por isso, por essa comparação, Matt não merecia isso. Parecia que eu era a MJ em Homem-Aranha 2, sabe, quando ela beija o noivo dela de cabeça para baixo, só para ver se era igual ao famoso beijo que ela e o Peter Parker protagonizaram na chuva, ridícula. Abri o meu melhor sorriso, tentando ser o mais sincero, e o abracei enquanto ele me dava um beijo na bochecha. – Parabéns Lene e todas as besteiras de tudo de bom que estão lhe falando hoje!
- Obrigada Matt! – Realmente estavam falando um monte de besteiras, coisas do estilo: tudo de bom, que você tenha tudo do bom e do melhor, você merece e no fim a pergunta mais chata do mundo. É sempre o mesmo discurso quando alguém está de aniversário, a pessoa pode não estar se importando com você e mesmo assim fala, com um grande sorriso falso na cara.
- Como você se sente com dezoito anos? – Matt pediu e eu logo fiz uma careta, fazendo-o rir. – Eu sei, eu sei.
- Cookies? – Perguntei e Maria logo colocou na mesa um prato cheio de cookies, nossa pequena tradição.
- Como vai ser hoje? – Matt pediu, a careta que eu fiz foi involuntária. Óbvio que eu agradeço tudo que Dorcas, Lily e Maria fizeram para essa festa acontecer, mas realmente eu nunca me senti como a estrela da noite. É como se eu me sentisse a coadjuvante a minha vida toda e ter o papel principal é estressante, isso na vida real, óbvio, porque em teatros eu consigo me virar muito bem com os papéis principais.
- Eu irei ser uma boneca o dia todo. – Falei, comendo mais um cookie, Matt deu um beijo em minha bochecha, ele sabia o quando eu não gostava de ficar em um salão de beleza a tarde toda.
- Não vai ser tão ruim assim... – Dorcas tentou me animar. -... Eles servem champagne no salão...
- Se fosse cerveja, talvez eu me animasse mais... – Matt riu, sorri brincando para Dorcas. – Vamos então?
- Antes disso... – Matt me puxou para a sala, pude ouvir as risadinhas de Dorcas e Maria, revirei os olhos. Matt tirou um envelope do bolso e me entregou. – Seu presente.
- Não precisa... – Ele me deu um selinho, antes que eu pudesse continuar a frase, não pude deixar de sorrir.
- Eu pensei em vários presentes, do mais caro ao mais caro ainda. – Eu ia falar algo, mas ele fez sinal para eu abrir o envelope. Fiz o que ele mandou, abri o envelope e tirei um formulário, era para eu me inscrever em Artes Cênicas. Olhei para ele e fiquei sem reação. – Diz alguma coisa, por favor.
- Eu não sei se posso. – Falei finalmente, todas as células do meu corpo queriam que eu me inscrevesse, mas minha mente ficava pensando nos meus pais. Matt colocou a mão em minha bochecha.
- Você pode, agora se você não quer...
- Não, eu quero! – Eu falei rapidamente, Matt sorriu, era exatamente a reação que ele esperava, eu iria fazer aquilo, abracei Matt e não pude deixar de pensar que ele iria embora amanhã. – Você tem mesmo que ir?
- Se eu pudesse eu ficava... – Ele murmurou, uma lágrima rolou, não consegui controlar. Matt estava se tornando essencial em minha vida. -... Mas nós temos que voltar para a realidade.
- Vai vir aqui para casa depois do aniversário, certo? – Matt assentiu, eu tenho que confessar, eu me sinto feliz, segurando aqueles formulários, eu realmente amei o presente de Matt.
- O tempo acabou Matt! – Dorcas apareceu, dei um beijo na bochecha de Matt e lhe entreguei o envelope.
- Guarda para mim no meu quarto? – Ele assentiu e então eu fui para o meu dia de tortura. Não que eu não gostasse de me arrumar, mas passar a tarde toda no cabelereiro eu achava um tanto exagerado. Depois de tudo que Dorcas e Lily organizaram para essa festa sair perfeita, eu não iria recusar a isso. Dei a chave do carro para Dorcas, teríamos que passar na casa da Lily, antes de tudo.
- Qual foi o presente do Matt? – Como se ela já não soubesse, não pude conter meu sorriso, amei o presente de Matt, eu iria sim me inscrever e o melhor de tudo era que a faculdade era em outro país. Sim, outro país e pela primeira vez, eu não estava com medo.
- Eu irei me inscrever. – Falei decidida, Dorcas sorriu orgulhosa. – E então, o que o Seth realmente queria ontem?
- Ele realmente queria me convidar para do projeto de matemática... – Ela respondeu, segurando o volante com força.
- Você não vai, certo? – Ela tinha que o esquecer, os dois já tinham arriscado demais.
- Ah, pode ter certeza que eu vou... – Pude ver um sorriso malicioso nascendo nos lábios de Dorcas. -... Nós acabamos, mas nada me impede de ver se ele ainda resiste...
- Que vadia! – Falei, fazendo a rir.
- Obrigada, amiga. – Dorcas parou na frente da casa de Lily, ela já estava a nossa espera na calçada, por algum motivo parecia estressada.
- Vamos de uma vez, eu necessito de uma manicure. – Lily falou assim que entrou no carro, ela parecia nervosa, eu não me arrisquei de pedir o que havia acontecido, muito menos Dorcas. Chegamos no salão rápido, entramos e logo nos mandaram ir para uma sala, onde ficavam todas as manicures, felizmente só tinha mais uma senhora de idade lá, além de nós.
- O que houve, Lily? – Finalmente Dorcas pediu, Lily suspirou fundo.
- Eu e James estamos dando um tempo. – Fiquei sem reação, como assim? Os dois eram o casal perfeito.
- Um tempo de acordo com Ross ou um tempo de acordo com Rachel? – Pedi, tive que usar o exemplo de Friends para realmente entender.
- Um tempo de acordo com Ross. – Esclareceu Lily, mas eu ainda estava sem entender como tudo tinha acontecido, olhei para Dorcas e ela estava exatamente como eu. – Nós caímos na rotina, ontem nós conversamos e fizemos um acordo.
- Que acordo? – Dorcas pediu.
- Nós vamos ficar separados por duas semanas, se no final dessas duas semanas nós ainda quisermos voltar... – Apesar de tudo, Lily não pareceu tão abatida como ela deveria estar. -... É um modo de nós percebemos se realmente é para nós estarmos juntos.
- Tomara que os dois não se arrependam do que acontecer dentro de duas semanas. – Dorcas falou por fim, Lily sorriu, no fundo ela estava tentando se convencer que no fim das duas semanas, eles iriam voltar, ou então ela não percebeu o que realmente tinha acontecido.
- Eu também espero. – Murmurou Lily, suspirei, acho que se eu tivesse dormido ninguém iria perceber, depois de fazer as unhas, eu fui para um lado, Dorcas para outro e Lily ficou perdida naquele salão. Dorcas tinha razão, realmente serviam champgne, mas preferi não beber de estômago vazio. Eu não sabia direito o que estavam fazendo com o meu cabelo, Dorcas e Lily já tinham dado as instruções para as pessoas do salão, só sei que um puxava de um lado e o outro parecia arrancar de outro. Sempre quando estou entediada eu olho para qualquer pessoa e tento adivinhar como é sua vida, claro que a maioria dos perfis que eu faço termina com um ‘precisa de sexo’ ou ‘é rejeitado por seu grande amor’. Naquele salão não tinha muito o que adivinhar, a maioria das pessoas que estavam lá ou era garotas fúteis (eu estava passando uma imagem de fútil, com toda a certeza), idosas tentando rejuvenescer e cabelereiros gays, ou cabelereiras cansadas de ouvirem os problemas dos outros. Aposto que nesse momento elas preferiam ter feito uma faculdade de psicologia, pelo menos iria ser paga apenas para ouvir os problemas dos outros. Meu outro passatempo para quando estou entediada é ficar vendo televisão no mudo criando conversas para os personagens, claro que esse passatempo é mais engraçado quando se tem alguém junto para rir, mas como perdi minhas amigas nesse salão, resolvi fazer sozinha.
Qualquer brincadeira que eu resolvesse fazer sempre voltava para a mesma tecla. Passei a tarde toda tentando ignorar o fato que Sirius não me deu parabéns, ele dormiu lá em casa, custava esperar? E quando pensava que ele havia dormido lá em casa, logo veio aquele sentimento horrendo de medo que ele e Dorcas tenham ficado. Eu nunca tinha visto os dois de segredinhos, mesmo com essa nova paquera de Sirius eu sabia exatamente o que os dois pensavam. O fato de eu ser intermediária e ouvir os problemas dos dois lados fazia com que eu estivesse no controle da situação. E em toda a minha vida o pouco que meus pais tentaram ensinar era controlar todas as situações e não estar no controle pode deixar a pessoa neurótica. O mais irônico de toda essa história é que eu estava tentando, de todo o jeito, sair do controle dos meus pais. Eu era uma situação para eles, bem diferente de ser uma filha. Tirei do bolso o cartão de crédito que meus pais deram para a festa, se eu quisesse ser livre, se eu quisesse fazer a faculdade do meu gosto, eu teria que fazer uma loucura.
- Está pronta! – Falou o cabelereiro, olhei para o espelho gigante e deslumbrei meu cabelo preso delicadamente em um coque, alguns fios caíam. – Diga que está fabuloso!
- Está mais do que fabuloso, está divino, Jacques! – Dorcas apareceu atrás de nós, não precisava falar que estava fabuloso ou divino. Dorcas estava com seu cabelo preso também, com algumas mechas caindo, ela sim estava simplesmente divina. Lily optou por algo mais simples, mas que funcionava para ela, seu cabelo estava solto e um pouco ondulado nas pontas. E o mais incrível de tudo isso é que demoraram praticamente cinco horas para fazer o penteado, maquiagem, manicure e pedicure. Desculpem-me, eu já disse que não ia reclamar. Paguei a conta de todas e saímos, tive que convencer Dorcas e Lily a me deixarem pagar, depois que eu usei a tática é meu aniversário e vocês fazem o que eu mando, óbvio. A questão é que eu não sou nenhuma boa samaritana e sim que o dinheiro era de meus pais e não estava nem um pouco me importando.
- Dá para você parar em um caixa eletrônico? – Pedi para Dorcas, que estava dirigindo. Ela não fez objeções, fui no caixa eletrônico e retirei uma quantia considerada de libras. Não que eu estivesse planejando minha fuga, mas guardar um dinheiro e começar a economizar não custava nada. Claro que o meu guardar dinheiro e economizar estava mais para usurpar todo o dinheiro possível de meus pais. Eu deveria sentir culpa ou remorso, mas toda a minha infância eles tentaram comprar o meu perdão e minha felicidade, pois bem, se fosse nos dias de hoje eu colocaria a venda com toda a certeza, só para perseguir meu sonho.
- Quanto dinheiro... – Dorcas falou assim que entrei no carro, guardei o dinheiro na minha bolsa.
- Quando vai ser sua fuga? – Lily riu.
- Assim que acabar o colegial e eu for para New York. – Respondi, Dorcas sorriu e Lily me olhou com uma cara apavorada.
- Você realmente está planejando uma fuga? – Sorri para Lily.
- Eu vou me inscrever nas faculdades de Artes Cênicas de lá Lily, se der certo, meu plano é fugir, comprar um apartamento e arrumar um emprego para me manter. – Os olhos de Lily encheram de lágrimas, arregalei os olhos. – Não chore...
- Lily Evans, para de lacrimejar, se chorar vai arruinar a maquiagem! – Brigou Dorcas, olhei para as duas e comecei a rir da situação. Com toda a certeza, deixar minhas amigas para trás iria ser a coisa mais difícil e sim, eu incluo Maria quando falo amigas.
- Seus pais não vão perceber que você sacou essa quantia? – Lily se recompos, dei os ombros.
- É para o meu aniversário e... – Parei um pouco antes de falar. -... É mais provável os dois continuarem a não perceber nada relacionado a filha deles...
- Marlene, você vai ter que me dar vários autografos. – Lily falou, mudando de assunto, olhei para ela sem entender. – Óbvio, quando você ficar famosa vou vender no Ebay, aposto que vou faturar uma grana alta.
- Quem dera Lily se fosse tão fácil...
- Vai ser Lene, vai ser. – Dorcas falou com convicção interrompendo minha frase. Era oficial, eu tinha as melhores amigas do mundo todo.
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Comecei a ficar nervosa cerca de uma hora atrás, Dorcas deixou Lily em casa, quando chegamos Maria tinha prepara uma janta maravilhosa, o meu prato preferido: lasanha. Dorcas realmente tinha pensado em tudo, Maria também ia para a festa, mas como convidada. Eu nem sequer tinha pensado em como ela iria se arrumar, ou algo assim. Então, Dorcas pagou o tal de Jacques para ir a casa, providenciar tudo para Maria. Sob a pressão do tempo, o tal de Jacques parecia o The Flash, conseguiu deixar Maria maravilhosa em cerca de uma hora. Eu realmente estava nervosa, subi para meu quarto e coloquei o vestido quando faltava meia hora para nós sairmos de casa, assim que coloquei o vestido, alguém bateu na porta.
- Ogra... – Sirius entrou e me encontrou naquela terrível luta contra o zíper nas costas do vestido.
- Ajuda aqui! – Falei ficando irritada e nervosa ao mesmo tempo. Vai ser extremamente clichê o que vou dizer agora, mas eu me arrepiei com o toque de Sirius em minhas costas e de certa forma, aquilo me acalmou.
- Pronto, agora vira. – Ordenou Sirius, virei e ele me deu um abraço. Acho que ficamos uns cinco minutos abraçados, mas parecia uma eternidade, eu estava bem sentindo o perfume maravilhoso dele. Ele se desfez do abraço e me indicou para sentar na cama. – Eu pensei em vários presentes para você...
- Sirius não...
- Não estraga o momento Kim. – Brigou, mordi o lábio inferior, ficando quieta, hoje as pessoas estavam gostando de me mandar ficar quieta, incrível. – Então eu pensei em algo que você pudesse ter o tempo todo, quando quisesse, óbvio. – Ele tirou do bolso uma caixinha e me entregou. Abri e dentro havia um colar com um pingente de coração delicado. – Abre. – Fiz o que ele mandou em silêncio, abri o coração e tinha duas fotos, uma minha e outra do meu tio Walter.
- Seu vadio, se eu chorar Dorcas me mata. – Murmurei o fazendo rir, abracei Sirius em silêncio, não precisava falar muita coisa, tinha amado o presente.
- Calma, ainda não terminou... – Controlei minhas lágrimas, não iria chorar, foi difícil, mas me recompus. – Tem outro compartimento se você puxar aqui... – Sirius mostrou como abrir o tal de compartimento, eu ri ao ver uma foto dele. -... Agora sim você nunca vai esquecer de mim.
- Obrigada Sirius. – Dei um beijo em sua bochecha e virei para ele por o colar em mim. Pela segunda vez, arrepiei-me com o toque dele. Ser clichê na vida é essencial para qualquer adolescente, é como se estivessemos em um conto de fadas, apesar do final ser questionável. Têm as garotas duronas, aquelas que dizem que nunca se deixariam levar por um homem, aquelas que preferem ficar em casa na sexta feira a noite assistindo um filme, mas aposto que essas garotas desejam de todo o jeito ter uma pessoa ao seu lado. E aposto mais ainda que elas ainda leêm histórias de amor, ou assistem o mesmo filme só por causa de uma cena em particular: quando a mocinha e o mocinho percebem que se amam. Essa é a magia do clichê, mas o meu clichê era se apaixonar por meu melhor amigo e esperar ansiosamente que um dia ele perceba isso.
- Marlene! – Dorcas abriu a porta do meu quarto, pronta para me xingar. – Sirius, não vai me dizer que quase a fez chorar.
- Calma, eu sei que todo o meu amor por ela é comovente, mas a ogra se controlou! – Sirius falou, brincando.
- Temos que ir Lene, não esqueça sua máscara. – Dorcas falou, assenti, pegando meu sapato no chão. Eu sou péssima para falar de vestidos, só sei que o meu é preto e lindo, Dorcas era cinza e o de Lily azul marinho. Desculpem garotas, eu sou uma negação para moda. Sirius estava lindo com um smoking e pelo que pude ver sua máscara era exatamente igual ao do Gerard Butler, em O Fantasma da Ópera. A minha festa iria acontecer no Rox Club, o lugar era muito bem conceituado pela elite, não tinha como não ser. Como era de se esperar eu tive que entrar pelos fundos, iria ser apresentada a sociedade por meus pais. Eles não tiveram essa oportunidade quando completei quinze anos, cheguei a fazer greve de fome para não debutar. Óbvio que a minha greve de fome durou doze horas, sendo que eu tinha passado oito horas dormindo. Estava começando a ficar nervosa, Sirius e Lily entraram pela frente, Dorcas ficou comigo em uma pequena sala, Matt ainda não tinha aparecido e isso estava começando a me deixar nervosa.
-Calma, vai dar tudo certo. – Dorcas tentou tranquilizar, tentei dar um sorriso, mas acho que meus lábios só se contorceram mais ainda. Era quase certo que no começo meus pais iriam fazer com que eu falasse com seus ‘amigos’, depois, eu com toda a certeza vou dar a louca e os envergonhar na frente de todos. O objetivo todo dessa festa era justamente para isso, meus pais mostrarem que são bons pais e cativarem seus clientes ricos, assim, quando a alta sociedade precisar de um médico eles são os primeiros da lista. É difícil viver em uma sociedade hipócrita sem ser hipócrita, eu pelo menos admito isso.
- O que você e o Sirius estão escondendo? – Perguntei finalmente, tentando deixar minha insegurança de lado, eu ainda não tinha falado abertamente para ela que era completamente apaixonada por aquele idiota.
- Como assim? – Dorcas perguntou, tentando não se mostrar incomodada.
- Ontem, os olhares, hoje de novo, vocês estão escondendo alguma coisa... pode ser paranóia minha, mas...
- Não é paranóia. – Suspirou Dorcas, então eu realmente comecei a ficar mais nervosa ainda. – Sirius pediu minha ajuda para conseguir uma foto sua e do seu tio.
- Só isso? – Alívio, era isso que eu estava sentindo, mas quando voltei a olhar Dorcas, percebi que ela não tinha parado de falar.
- Não... – Ela olhou para baixo, tentando se controlar. – Ele me beijou e eu correspondi.
- Marlene, é a sua hora. – Uma moça abriu a porta, não sabia muito bem como reagir nesse momento. Como eu reajo ao saber que minha melhor amiga beijou meu melhor amigo? Como eu disse antes, não é como se eu tivesse falado para ela que eu era apaixonada por ele, mas ela não teria que perceber isso? Quando ela me contou sobre o Seth eu disse que no fundo ela sabia o meu segredo e Dorcas não me contrariou. Olhei para Dorcas e senti uma vontade imensa de chorar, mas não podia fazer isso, não naquele momento. Levantei e acompanhei aquela moça, não conseguia pensar direito nas coisas.
- Senhoras e Senhores, Marlene Mckinnon. – Falou o DJ uma luz forte veio em minha direção, tentei abrir um sorriso e ouvi aplausos e alguns gritos. Procurei sentir o momento, tentar esquecer o que Dorcas havia falado, se eu parasse para pensar iria desmaiair ali mesmo. Segurei, controlei, escondi, eu já estava acostumada a fazer isso. Respirei fundo e tentei aproveitar o momento de ser o centro das atenções e o que eu estava sentindo não é nem um pouco vergonha ou raiva e sim esperança, a esperança de um dia isso acontecer quando eu for reconhecida como atriz. Óbvio que eu sei que nada vem fácil, eu tenho que ir a luta e era exatamente isso que eu vou fazer. Um mês para a formatura, um mês para a minha liberdade, um mês para eu fugir e deixar tudo para trás.
- Marlene, querida... – Minha mãe logo me chamou, abri um sorriso e não precisei falar muita coisa, apenas obrigada e dizer coisas maravilhosas. Acho que cumprimentei umas quinze pessoas e nenhuma delas eu realmente conhecia.
- Será que eu poderia roubar sua filha por um minuto, Senhora Mckinnon? – Matt, meu salvador, finalmente chegou. Minha mãe apenas concordou, ela não gostava muito de Matt, ou Sirius, ou de qualquer pessoa ao meu redor.
- Obrigada. – Falei quando Matt me abraçou na pista de dança, não estava tocando música lenta, ao contrário, parecia Rihanna, ou Lady Gaga e as pessoas estavam dançando sem parar.
- Era o nosso combinado, eu te salvo e você me salva. – Matt me deu um selinho, sorrindo, mas ele logo percebeu que tinha algo errado. – O que houve?
- Ah... – Não precisei olhar para ele duas vezes para decidir falar sobre o que Dorcas havia falado. Matt havia se acostumado em ouvir meus problemas, e eu sabia que podia ouvir os problemas dele. – Deixa para lá, não é hora de pensar em problemas.
- Essa é a minha garota. – Matt falou rindo, beijou-me e nós ficamos assim por um bom tempo, acho que a música já tinha trocado umas três ou quatro vezes. Matt ia embora amanhã e eu ia sentir muito a falta dele, claro nós vamos continuar nos falando, mas não era a mesma coisa. Já tinha o convidado para passar a noite em minha casa, não pensem que eu sou virgem, santa, ou algo assim. Matt foi o meu primeiro há dois anos atrás, quando nos conhecemos. Ele foi gentil, um perfeito cavalheiro, eu não me arrependi nem por um minuto por ter feito aquilo. Talvez esse seja um fator a mais do porque nós nos entendemos, eu o amo, só me odeio pelo fato de não ter o conhecido antes.
- Lene, querida... – Eu conhecia essa voz fanha, respirei fundo e me separei de Matt, minha mãe nos encarava como se fossemos dois animais no cio. – Eu e seu pai já estamos de saída.
- Hm, ok. – Olhei para trás e vi que os clientes deles estavam observando, deu para entender o porquê de toda a amabilidade de mamãe. Acenei para os clientes, tentando parecer pelo menos um pouco educada. Olhei ao redor e todos estavam se divertindo, provavelmente a maioria não se importava que era minha festa de aniversário, eu com certeza não iria me importar com bebida e comida de graça. Lilah estava na festa, ela ria e conversava com Dorcas, sorri ao vê-la.
- Uau, a Lily se soltou hoje. – Matt apontou Lily e minha primeira reação foi me assustar ao vê-la se agarrando em um canto com um garoto. Minha segunda reação foi pensar onde estava James e o que ele estava pensando. Minha terceira reação foi dar risada dos dois ao ver que o garoto era James e os dois não se soltavam. Lá se vai um plano de dar um tempo, fiquei feliz pelos dois, não entendia o que eles queriam provar ao se afastarem desse jeito, talvez assim eles percebessem que são realmente feitos um para o outro.
- Eles se merecem... – Sorri, abraçando Matt, olhei ao redor, Sirius estava ao lado de Dorcas, rindo com ela e Lilah. Tentei ignorar minha vontade de dar um tapa nos dois, já tinha entrado em brigas o suficiente pelo menos por um mês. Tentei esquecer os dois, não queria estragar a minha última noite com Matt e foi o que eu fiz, sorri, dancei, beijei. Soprei as malditas velas de dezoito anos. Sirius logo viu que Dorcas não iria dar a mínima atenção para ele e logo saiu a procura de uma distração. Lilah e Dorcas passaram a maioria da noite conversando e rindo, pude ver que Dor queria falar comigo, mas sempre que ela olhava para mim eu procurava desviar o olhar. Qual é, não é como se ela não soubesse, ela sabia que eu amava Sirius, mesmo eu não falando para ela abertamente. Talvez eu não mereça estar brava com ela, talvez eu não tenha o direito de estar brava com ela. Odeio minha consciência, as vezes eu gostaria de não ter uma. Quando dei por mim já estava no meu quarto, na minha casa com o Matt, meu Matt. Não precisou de muito, as roupas se foram, talvez seja a excitação de estar com um pouco de álcool na veia, eu só queria aproveitar minha última noite com Matt.
- Eu vou sentir sua falta. – Falei por fim dando um beijo no pescoço dele. Matt me abraçou mais forte, eu realmente ia sentir falta.
- Vai, um pouco, mas depois vai perceber que vai conseguir sobreviver. – Eu já ia revidar, mas ele não me deixou falar. – E então você vai por uma carta no correio, com os vídeos de seus teatros e com a inscrição para a faculdade.
- E depois? – pedi, entrando no jogo.
- E depois você vai perceber que eu fui um momento de sua vida, o melhor momento e que fui o melhor em todos os sentidos com você. – Ele falou rindo, não pude deixar de sorrir, adorava os planos de Matt, esperava seguir. – Mas, depois você vai perceber que a vida é feita de momentos e que têm que continuar a procurar o que você mais quer.
- Quanto tempo vai levar para eu superar a sua ida? – Ele parou para pensar um pouco.
- Uma hora, você tem direito a uma hora para chorar por mim. – Suspirei, abracei Matt mais ainda.
- Só uma hora? – Fiz uma careta, peguei meu celular e vi a hora, já passava das seis horas da manhã, mais seis horas e Matt ia embora. Controlei meu choro adiantado, só ia fazer isso por uma hora, assim que ele entrasse no carro ao meio dia e comecei a beijar o seu pescoço. Não me importava de perder uma noite de sono se essa noite era ficar ao lado de quem eu amava.
nota da autora:
OIIIIIIIIII! Finalmente postei aqui! Então, o que acharam? To tão feliz que meu word está finalmente normal, amanhã (até meia noite ok) eu posto em stupid girls! E Better than revenge eu vou postar depois que ajeitar essas duas fics!
Obrigada a todas, de coração <3
Comentários (3)
Dorcas foi muito p*** com a Marlene. Gente que vacaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, e o Matt sempre perfeito né ? Muiiiiiiiiiiiito lindo, amei o capitulo flr foi muito bom, e fico feliz, espero mesmo que a Lene vá embora e esqueça todos que a fizeram chorar coitada :/ beijoos
2012-09-23PORRA DORCAS, COMO ASSIM? mas o Sirius foi fofo. mas idiota. mas fofo. estou indecisa em relação a ele! hahaha mas o matt... ai matt. mas eu ainda sou time Sirius, apesar de tudo! tô muito feliz que seu word voltou, amanhã vou pegar meu note! ele tá pronto! :D daí vou prosseguir com what the hell, finalmente! beijos querida!
2011-07-17Que capitulo perfeito, cara *---*. Eu amei, quero um Matt pra mim, ele é tão perfeito *-*. Sirius e Dorcas se beijaram? Não consigo acreditar nisso, iria ficar revoltada com o Sirius se ele não fosse lindo. Achei super fofo o presente que ele deu pra Lene (: Adorei a Marlene tomando atitude sobre o que ela quer fazer com o futuro dela *-*. Enfim, estou amando tudo e a cada capitulo que passa gosto mais da fic, e minha curiosidade aumenta a cada capitulo também, haha ;) Parabéns pelo capitulo, bjus ;**
2011-07-16