Chapter Five
"Se hoje eu te odeio
amanhã lhe tenho amor,
lhe tenho amor,
lhe tenho horror,
lhe faço amor,
eu sou um ator ..."
- Raul Seixas
Capítulo cinco ou
I must confess, my hearts in broken pieces and my heads a mess
Eu não me surpreendo pelo fato de estar na diretoria, toda descabelada e cheia de arranhões. Eu não me surpreendo por Emmeline Vance estar sentada na minha frente, com a condição bem pior que a minha. E muito menos me surpreendo por Lilah Abbot estar sentada do meu lado, chorando, afinal, a vítima sempre chora, certo. Mas, o que eu realmente me surpreendo é o fato de Sirius Black estar sentado do meu lado, olhando raivoso para Emmeline. Deixe-me voltar a uns vinte minutos antes.
Vinte minutos antes . . .
Como eu disse antes: eu nunca fui de julgar. Nunca julguei o modo que a pessoa se veste, as músicas que as pessoas ouvem, com quem as pessoas saem (só o Sirius, nesse quesito) e no caso de hoje, o jeito que as pessoas são. Lilah Abbot está longe de ser uma adolescente com um peso normal, ela é obesa. Sinceramente eu não vejo ela por isso, eu vejo ela como uma garota incrível, que só perde para a Dorcas em matemática. Engraçada, simpática, meiga e super apaixonada pelo Steven Tyler. Ela sofria por ser acima do peso, as pessoas faziam questão de lembrar ela todo o dia disso. Bullying é como chama isso hoje em dia, no meu tempo era só falta de respeito e de umas boas palmadas nesses bully’s. Eu sei que o assunto bullying não é tão simples assim.
- Você viu American Idol ontem? – pedi para Lilah ao vê-la na aula. Ela sempre sentou do meu lado nas aulas de Finanças. Nessa matéria era apenas eu e ela, Lily e Dorcas não eram da mesma classe.
- Eu nunca perco, o Steven estava lindo, como sempre. – ela falou feliz, ficamos conversando a aula toda sobre o assunto Steven Tyler. Sim, eu não era tão fã dele assim antes de conhecer Lilah, mas depois que ela me mostrou músicas, clipes, tudo sobre o Steven e Aerosmith, confesso que virei fã. Saímos da sala e fomos para a aula de Educação Física, tínhamos dois períodos por semana dessa aula excruciante. Lily e Dorcas estavam a nossa espera na entrada do vestiário, mas antes de chegarmos até elas, Emmeline apareceu do nada e Lilah esbarrou nela, sem querer.
- Mas que mer... – Lilah começou a falar, mas logo se calou ao ver Emmeline. Lilah morria de medo da Vance, ela sempre arranjava um novo jeito de xingar ela, sempre indireta, direta.
- Não olha por onde anda, sua gorda? – Emmeline explodiu, ficando vermelha. Nunca tinha visto ela explodir assim, na frente da escola toda. Parece que todos têm seus dias e hoje era o dela, mas dai eu me perguntei: quem era ela para humilhar a Lilah assim? – Quer dizer, a gordura no seu rosto atrapalha a sua visão?
- Emmeline, cala a boca. – Falei ficando brava, enquanto Lilah ficava com os olhos encharcados. Nesse momento todos já estavam prestando atenção em nós e foi ai que Sirius entrou na jogada, na verdade ele não entrou, ele estava atrás de Emmeline, ela não podia o ver.
- Cala a boca você Mckinnon. – Emmeline rugiu, enquanto eu ajudava Lilah a levantar. – Não viu que essa gorda quase me esmagou?
- Eu juro que se você falar mais uma palavra eu irei acabar com o seu nariz falsificado. – falei, com raiva me aproximando dela. Emmeline não recuou como recuou no dia que a ameacei, hoje realmente era o dia dela.
- Eu tenho culpa dela ser gorda? – ela pediu, com um ar de desdenho. Foi a gota d’água. Quando me dei por si estava em cima de Emmeline deferindo tapas em seu rosto. Ela conseguiu me bater e fazer com que eu me descabelasse um pouco, mas eu acho que fui mais esperta. De alguma forma (não sei qual, já que do nada veio uma força descomunal) eu consegui prender um braço de Emmeline com o meu joelho e comecei a dar tapas em seu rosto. Pensei em dar socos, mas achei que ia ser demais para ela resistir. Para falar a verdade naquele momento não pensei em nada e apenas bati nela. Vance não deixou barato, com o seu braço livre ela conseguiu rasgar minha blusa. Não percebi as pessoas ao meu redor, não sabia o que elas gritavam, só sei que no momento que senti alguém me puxando, percebi a existência do resto da escola. Sirius me segurava enquanto eu queria continuar batendo na vadia.
- Kim... Kim... – ele tentou gritar e eu não consegui prestar atenção nele. Sirius com sua força me colocou em pé e me fez o encarar, gritando e me dando um tapa na cara, fraco é claro. – MARLENE!
- Vocês quatro, para a diretoria, agora. – gritou a inspetora, ao ver nosso estado. Parei, sai do transe e olhei ao redor: todos nos olhavam pasmos, principalmente para mim. Segurei a mão de Lilah, desvencilhando-me de Sirius e fui para a diretoria, passando reto por Emmeline que estava chorando e levantando-se do chão.
Agora...
E foi aí que voltamos ao começo da história, eu não acredito que Sirius estava aqui comigo, na diretoria, com raiva de Emmeline. Ele nunca tinha visto esse lado dela, isso era óbvio. Lilah estava chorando agora, senti um aperto no coração ao ver isso e por um momento me senti orgulhosa do que fiz. Eu posso ter batido em Emmeline por outros motivos e ter sido egoísta por usar os xingamentos para Lilah como desculpa, mas eu não me arrependo. Arrisquei olhar para Sirius, ele estava vidrado olhando para o chão. Susprei e abracei Lilah, ela não merecia isso, não mesmo.
- Srta. Abbot, pode entrar. – a secretária da diretora chamou Lilah, ela ainda estava chorando, mas tentou se recompor. Apoiei minha cabeça em minhas mãos, visando o chão. Eu poderia ser expulsa, ou suspensa, nada era certo. O que eu achei estranho era o fato de nem Lily ou Dorcas terem ainda entrado aqui na diretoria. E se eu fosse expulsa, ou suspensa, será que meus pais dariam a minha festa de aniversário ainda? Como se eu realmente me importasse com isso, ela seria no sábado, mais um dia de tortura e últimos preparativos, seria uma benção se fosse cancelada.
- Kim... – Sirius me chamou, fiz que não com a cabeça e ele não falou mais nada. Depois da festa de Emmeline, eu e Sirius meio que nos afastamos. Eu não senti tanta falta dele assim, Matt ocupou todo o meu tempo livre, Dorcas e Lily se ocuparam com a outra parte do tempo, com a festa. Não foi minha culpa, Sirius me afastou de sua vida, ele parou de me ligar de noite e na escola falava poucas palavras para mim. Sem contar que resolveu pegar carona com James para a escola. Isso doeu em mim e como doeu, eu esperava sim as ligações dele. Por mais que andasse com Matt, eu nunca iria deixar de pensar nele. Lilah ficou pelo menos uns dez minutos conversando com a diretora, quando ela saiu da sala já havia parado de chorar, ela tentou não sorrir para mim, a diretora estava observando tudo.
- Vance, sua vez. – falou a diretora Hankins, Emmeline capricho na sua expressão sofrida e entrou no escritório. Senti uma lágrima solitária, limpei rápido e limpei a garganta antes de falar.
- Você sumiu. – falei por fim, Sirius começou a me encarar. Mordi meu lábio inferior e fiquei olhando o horizonte (leia-se: a parede).
- Eu pensei que você queria assim. – ele disse, tive uma vontade enorme de bater nele. Eu não suportava ficar longe dele e o mais foda ainda era eu perceber isso perto dele. Se algum dia eu quiser superar ele, o jeito mais fácil seria eu sumir do mapa. Sabe, pegar o primeiro avião com destino nowhere, sem nenhum tipo de contato com o Sirius. Fugir, essa é a palavra certa.
- Seu idiota. – falei por fim, fazendo com que ele sorrisse, por fim. Era incrível o modo de como eu conseguia me sentir culpada sendo que o erro provavelmente é dele. – Eu fiz uma grande merda...
- Uma merda precisa. – Sirius falou, tapei meu rosto suspirando. – Eu tinha recém falado para ela largar do meu pé...
- Ela? – falei sem pensar, ele fez uma careta, balancei a cabeça. – Ah sim, Vance.
- É, a Vance ficou brava porque eu dispensei ela na própria festa e fiquei bem... – Ficou bem correndo atrás de Dorcas o tempo todo. Não era difícil de perceber isso, só sei que Dorcas acabou chamando um táxi para ir embora e nem sequer tinha chegado ao auge da festa. Para falar a verdade, nem sequer teve auge da festa, ou pelo menos se teve eu não fiquei sabendo, Matt me manteve ocupada. - ... Hoje eu finalmente mandei ela se afastar de mim, quando ela encontrou a Lilah...
- Isso não explica o comportamento da Vance e você sabe. – repreendi, Sirius assentiu. Esse era mais um defeito de Sirius Black, na verdade pode ser considerado uma qualidade dele, sempre que alguém comete um erro ele procura sempre examinar o lado pela pessoa, para ver se ela realmente teve motivos o suficiente. Confesso que ele chegava a relevar demais alguns atos de certas pessoas e isso me irritava e a principal pessoa que ele fazia isso era a Emmeline. Não mais, não depois de hoje, eu espero.
- Eu sei que não. – ele falou baixinho, a porta da diretoria abriu e uma Vance extremamente controlada saiu, sem olhar para os lados deixou a diretoria. Respirei fundo, agora sim a ansiedade de saber o que iria acontecer comigo estava começando a me pegar.
- Srta. Mckinnon. – A diretora Hankins me chamou, levantei e em silêncio entrei em sua sala e sentei. A senhora Hankins já tinha uma idade avançada e sempre tentava ser amiga de todos os estudantes, chegava a ser incrível como ela sabia o nome da maioria dos alunos. – Eu nunca estive tão decepcionada assim com uma aluna, Marlene.
- Hm... – o que eu iria dizer? Okay, não precisa ser tão dramática, foi só alguns tapas, eu nunca tive nenhuma advertência no colégio e com toda a certeza ela não me conhece tão bem assim para estar decepcionada comigo. E porque diabos ela fica me olhando com essa cara de pena? Ela deveria ter pena da Emmeline, por ser vadia, but, cada um, cada um.
- Em todos os meus anos de colégio eu nunca vi cena tão grotesca como você e a Srta. Vance nos proporcionaram. Depois de ouvir a Srta. Abbot e a Srta. Vance é a minha vez de lhe perguntar: qual foi o seu motivo? – Se ela esperasse me passar um sermão, eu realmente iria dormir. Talvez eu seja um pouco sem noção por não me importar com o que a diretora estava falando do meu comportamento, qual é! A Emmeline mereceu, mas óbvio que eu não iria falar isso para ela. Concentre-se Marlene.
- Há um bom tempo eu venho vivenciando a Srta. Vance humilhar e intimidar a Lilah. – falei, controlada, tentando parecer um pouco desamparada. – Hoje foi a gota d’água, diretora. Eu não podia deixar a Emmeline humilhar de novo a Lilah, eu comecei a briga sim, mas só porque a Emmeline humilhou grotescamente a Lilah.
- Estou ciente disso, a Srta. Lilah me contou. Já a Srta. Emmeline falou que você sempre a odiou e aproveitou a oportunidade. – Hankins falou, essa parte a Emmeline realmente tinha razão. Tentei não dar nenhum sorrisinho cínico, segurei-me para isso. Eu ia responder, fingir que não tinha ódio por Emmeline, que ódio era uma palavra muito forte, mas a diretora não deixou. – Mas devido às circunstâncias do acontecimento e de sua história bater com a da Srta. Lilah, eu irei apenas lhe dar uma suspensão por três dias, começando agora.
- Obrigada diretora Hankins. – Agradeci e sai, Sirius conversava com James enquanto Lily e Dorcas ficavam cochichando, quando elas me viram levantaram rapidamente.
- Como foi? – pediu Lily, claramente podia ver que ela estava preocupada.
- Desculpa por não termos vindo aqui antes, a professora praticamente nos puxou para dentro do ginásio! – Dorcas logo comentou se explicando, se a professora não tivesse puxado iria ser meio estranho.
- Fui suspensa por três dias. – falei, Dorcas e Lily fizeram caras de apavoradas, sorri. – Poderia ser mais...
- Senhor Black? – chamou a diretora, Sirius tentou não fazer nenhuma careta e entrou na sala. Dorcas me olhou um pouco preocupada, encolhi os ombros e então percebi o estado da minha blusa, estava toda rasgada, minha barriga estava toda de fora. Cheguei a ficar vermelha, James começou a rir.
- Não sabia que você malhava Lene. – ele falou, tentando ser um pouco malicioso, eu e Lily ao mesmo tempo damos um tapa em sua cabeça. Sirius saiu da sala da diretora com um sorriso no rosto, obviamente ele estava jogando charme. Hankins soltou uma risadinha e fechou a porta de sua sala.
- Apenas uma advertência. – comunicou Sirius, rindo. Balancei a cabeça negativamente, típico dele.
- Alguém tem uma blusa para me emprestar? – pedi, lembrando que não tinha nenhuma roupa extra no meu armário.
- Você pode tirar essa rasgada e inventar uma nova moda. – Sirius sugeriu, mostrei o dedo do meio para ele. Dorcas começou a analisar minha blusa branca, meu estilo do dia a dia era básico, não gostava de sair de casa para ir a escola como se fosse um desfile de modas.
- O que você... – antes que eu terminasse a frase Dorcas rasgou o resto da minha blusa, já era um caso perdido, mas agora eu estava sem a metade da minha blusa, como faço?
- Pega. – Dorcas disse, tirando seu casaco xadrez preto com branco, entregando-me. Coloquei, estava estranha, não gosto de blusas curtas, imagina blusas pela metade! – Ficou bom, dá para você ficar até ir para casa.
- Eu me sinto uma vadia de segunda. – falei, fechando o casaco. Dorcas encolheu os ombros, do estilo fiz o que podia. Sorri de leve, em forma de agradecimento, ela entendeu. Dorcas está há quase um mês lá em casa, a cada dia eu conseguia admirar cada vez mais ela. Ela é a pessoa mais doce que eu conheço e sempre conseguia me animar. Ultimamente quem tinha que animar alguém era eu. Eu estava com uma vontade imensa de bater no Seth, vocês sabe, o Remus. Há dois dias os dois tiveram uma conversa séria, ele começou a besteira de sempre: aquilo era errado, ele estava tirando o tempo dela, se descobrisse ele seria demitido e no fim os dois meio que acabaram. Óbvio Dorcas chorou, eu levei quilos de chocolate para o quarto dela e aluguei acho que uns vinte filmes de terror (não assistimos nem dois). Não me preocupei com Matt, já que eu não dormia na casa dele durante semana e vice versa. Ontem por exemplo, eu e Dorcas ficamos até tarde da madrugada conversando, começamos com assuntos banais até entrar no grande assunto.
- Eu preferia aberto. – Sirius disse, deixando-me vermelha, disfarcei e revirei os olhos. Fui até o meu armário e peguei alguns livros só porque a inspetora estava me observando de longe.
- Vamos embora? – pedi para Dorcas, sabia que ela ainda tinha aula, mas a próxima aula seria matemática. Dorcas fingiu pensar um pouco e logo concordou, acenamos para o pessoal e logo saímos da escola. – Só quero ver o que meus pais irão falar.
- Provavelmente seu pai vai pedir se a Vance irá precisar de alguma plástica depois da briga. – arriscou Dorcas, fazendo-me rir. Abri o carro e em menos de cinco minutos estávamos em casa. Maria me atacou na porta pedindo o que tinha acontecido, o porquê eu estava toda arranhada, porque tinha chegado aquela hora. Depois que eu expliquei tudo acho que fiquei uns quinze minutos sobre como era errado avançar sobre uma pessoa sabendo que eu poderia acabar com ela. Ouvi tudo seriamente, fazendo caras e bocas como se estivesse me sentindo culpa, mas quando Maria no fim falou “Espero que da próxima vez você tenha mais cuidado e não bata na Srta. Vance na frente da escola toda” eu não me aguentei e comecei a rir.
- Eu juro que da próxima vez bato nela no armário e com uma almofada para não ficar marca no corpo dela... – brinquei, Maria tentou ficar séria, mas logo abriu seu sorriso.
- Querem comer alguma coisa? – pediu Maria, Dorcas logo se prontificou.
- Lasanha! – sugeriu Dorcas, Maria logo foi para a cozinha, nosso almoço provavelmente iria sair às duas da tarde, mas nada que a gente não segurasse para comer a maravilhosa lasanha da Maria.
- Qual filme? – pedi assim que sentei no sofá ao lado de Dorcas.
- Que tal um seriado? – sugeriu Dorcas. – Algo bem sangrento.
- Tem... – comecei a pensar em alguns seriados, nenhum que eu tinha era sangrento. Peguei meu notebook e conectei a televisão, lembrei-me que tinha recém baixado um novo seriado, Games of Thrones. – É nova, só tenho o primeiro episódio e...
- Eu tenho alguma coisa de errado? – Dorcas pediu com os olhos marejados, tive uma vontade de imensa de dar um tapa na cara dela e gritar “acorda! O idiota e errado é ele e não você” , mas não seria nada delicado. Suspirei fundo, negando.
- Não tem nada de errado, nada mesmo. – falei com convicção, ela continuou me olhando com dúvida.
- Ele provavelmente nunca me amou... E se ele faz isso com todas as alunas? – pensei por um tempo antes de responder.
- Você é única, Dorcas. – falei, fazendo com que ela olhasse para mim. – Você é a pessoa mais querida, linda, humilde que eu conheço, qualquer cara seria louco em não se apaixonar por você.
- Mas... – Antes que ela começasse a duvidar de novo, falei rapidamente.
- Ele não seria louco de arriscar o emprego dele com várias alunas, apesar de tudo... – falei. –... O Seth é um cara ético e com você é um risco, um risco de tudo o que ele acreditava ou pensei que era o certo. – Parei um pouco e respirei. – Se ele não te amasse não teria continuado o caso. Ele aguentou até o momento que viu que poderia dar tudo errado, tanto pra ele, quanto para você. O Seth arriscou nessa relação e ele com toda a certeza não faria isso para qualquer uma.
- Nunca tinha pensado desse jeito... – Dorcas falou baixinho, abriu um sorriso triste. Dei play em Games of Thrones, mas não prestei atenção no seriado, comecei a pensar no que tinha falado. Realmente qualquer cara seria louco em não amar Dorcas, ela é perfeita no jeito imperfeito dela. Quase acabando o episódio do seriado, Maria gritou para nós irmos almoçar, não foi necessário ela falar duas vezes. Nós comemos em silêncio, eu estava pensando em como seria amanhã, Matt já havia me prometido que iria vir ainda de manhã para ajudar a me preparar mentalmente para aquela tortura. Não me levem a mal, mas, isso não é para mim. Festas só para aumentar o ego social de meus pais. Pedi licença e fui para o meu quarto, Dorcas provavelmente iria para o dela e ficar olhando todas as mensagens que o Seth havia mandado para ela, torturando-se. Eu já não sabia mais o que esperar de Remus, o que ele planejava fazer, o fato dele estar magoando Dorcas e eu não saber se ele pelo menos está magoado também, é torturante. Chega a ser decepcionante eu não poder ajudar ela como deveria.
Deitei na minha cama e acabei adormecendo, sonhei com coisas improváveis, como zumbis atacando a cidade e o único jeito de matar eles era cortando suas cabeças. O mais incrível do meu sonho era que eu estava em uma loja de DVDs e tudo o que eu pensava era em roubar tudo para mim. Não sei por que contei isso para vocês, talvez eu esteja assistindo muito filme de terror, no caso comédia, porque eu acho engraçado as tripas saindo quando eles começam a comer a pessoa viva. Principalmente se os efeitos forem fajutos, enfim, vamos voltar ao meu dia, porque eu não acordei com medo de zumbis e sim com alguém entrando no meu quarto.
- Sonhei com zumbis. – falei assim que vi Sirius entrando, ele deitou do meu lado rindo.
- Meu intestino saiu no começo ou eu era um herói lutando contra eles ao seu lado? – ele pediu, tentei voltar para o meu sonho, mas não lembrei nenhuma participação dele.
- Não lembro, mas provavelmente você seria mongo o suficiente e deixaria eles te morderem. – respondi, fazendo-o concordar comigo. – Como você está?
- Bem, dentro do possível. – ele me abraçou, respirei fundo, sentia falta do cheiro de Sirius, o perfume dele era tão bom. Matt também tinha um perfume bom, mas o de Sirius era reconfortante, sempre que sentia o cheiro, uma sensação boa invadia minha mente. Não estou tentando comparar os dois, longe disso, eu só... senti falta. – Minha mãe foi para um spa de novo e meu pai...
- Continua bebendo socialmente e ocasionalmente um vinho no almoço. – falei, ele concordou comigo em silêncio. A situação da família de Sirius era extremamente complicada, não sei como ele conseguiu sobreviver uma infância com aquele pessoal. A mãe de Sirius era obcecada por seu cachorro, um pequeno rato que ela chama de filho, Sir Lancelot, e o pai de Sirius era obcecado em beber. A taça de vinho durante o almoço acontece geralmente umas cinco vezes ou mais durante o dia.
- Quando a vida se tornou tão complicada? – Sirius pediu, estava analisando o meu teto, coisa que nunca faço, imagina, quase nunca.
- A partir do momento em que respiramos pela primeira vez. – aconcheguei-me de novo nos braços de Sirius e acabei adormecendo de novo. Não sei se ele dormiu também, só sei que acordei de novo com a campainha. Não sonhei com zumbis, não sonhei com nada, apenas estava calma. Olhei para Sirius e ele estava dormindo, cutuquei ele cinco vezes até ele dar um sinal que estava vivo. – Vamos lá embaixo, comida, agora.
- Sua gorda. – brincou ele, revirei os olhos, depois do dia que eu tive entre briga com Emmeline e Lilah... Levantei e coloquei minha pantufa, Sirius como um perfeito falso cavalheiro abriu a porta para mim. Passamos pela sala e Dorcas estava sentada conversando com alguém, parei e olhei quem realmente era.
- Professor Lupin. – falei, sentindo uma angústia nascer. Olhei tentando mostrar surpresa e não angústia. – O que o senhor faz aqui?
- Olá Srta. Mckinnon, Sr. Black. – O professor Lupin tentou ser cordial, ele estava tentando não se mostrar tanto desconfortável. – É melhor eu ir, Srta. Meadowes, espero uma resposta na segunda feira, primeiro horário.
- Sim, senhor. – Dorcas concordou e foi logo abrir a porta para o Seth. Arriscado, isso foi muito mais do que arriscado. Sirius me olhou confuso e eu encolhi os ombros, tentando mostrar que eu também não sabia de nada. – Sirius, não sabia que estava aqui.
- É, eu cheguei faz um tempo, fiquei no quarto da Kim. – ele respondeu, sem esconder que estava desconfiado. – O que o professor Lupin queria aqui, na casa da Kim com você Dorcas?
- Ah, isso. – Dorcas deu um pequeno sorriso, eu sabia o porque e me senti aliviada e feliz por ela. – Ele quer que eu participe de um projeto dele de matemática, a escola deixou ele convidar uma aluna e como eu sou a mais... enfim...
- A mais brilhante ele seria louco em não convidar. – complementei, fazendo com que Sirius parasse de ficar desconfiado, ele apenas concordou. O melhor foi que enquanto nós voltamos a conversar o assunto Dorcas não foi tocado. Ele ainda a amava, dava para ver do jeito que ele a olha. Um olhar pode dizer tudo, um simples olhar e nós sabemos como a pessoa se sente. – Eu vou pegar algo para comer.
Saí da sala e Sirius não veio atrás de mim, ficou com Dorcas. Não era algo de inédito, peguei um saco de bolachas e abri, esperei um pouco e respirei fundo antes de voltar. Sirius sussurrava alguma coisa para Dorcas, quando cheguei os dois se afastaram, ela tentou sorrir e Sirius aceitou uma bolacha. Ficamos um pouco na sala, zapeando os canais, nada de interessante estava passando. Resolvi colocar um filme, Shakespeare Apaixonado, eu nunca gostei tanto da Gwyneth Paltrow, mas depois desse filme e dela participar do seriado Glee, mudei um pouco meu conceito sobre ela. Assistimos ao filme e assim que acabou Sirius levantou do meu colo.
- Posso dormir aqui? – ele pediu, assenti sem dizer nada. Por algum motivo algo estava me incomodando, olhei para Sirius e depois para Dorcas. Havia algo de errado e eu não sabia ao certo o que. Minha intuição nunca errava e se os dois realmente ficaram? Não, isso é impossível, Dorcas não faria isso, Sirius com toda certeza faria, mas Dorcas não. Dei uma desculpa qualquer e fui para o meu quarto, coloquei meu pijama e deitei. Eu tinha dormido mais do que o suficiente, mas queria dormir mais. Algo do estilo dormir e nunca mais acordar. Adormeci dificilmente, fiquei rolando na minha cama, prestando atenção a cada barulho ao meu redor. Parece que eu sou masoquista, que eu adoro me torturar, esperava a cada segundo o barulho de uma porta sendo aberta, outra fechada e depois suspiros e gemidos. Eles não fariam isso, eles não fariam isso, não aqui, não na minha casa. Finalmente uma porta abriu, a do meu quarto, surpreendi-me ao ver Matt entrando e sorrindo.
- Feliz aniversário. – Ele sussurrou e me deu um beijo. Começou com um beijo romântico, passou a ficar urgente, como se eu precisasse do corpo dele, dele todo. Ajudei-o a tirar sua camisa, tudo isso na rapidez, na urgência, fechei os olhos quando ele beijou meu pescoço, tirei minha blusa e voltei a beijá-lo. Quando abri os olhos, não era Matt que eu estava beijando e sim Sirius Black.
- Eu te amo. – falei ao ver aqueles olhos azuis, acordei em um pulo. Olhei ao redor e já havia amanhecido. A porta do meu quarto continuava fechada, olhei ao redor e meu quarto continuava intacto, do mesmo jeito quando eu havia ido dormir. Sem nenhum sinal de Matt ou muito menos de Sirius. Sonhos, desejos do inconsciente, é nesses momento que eu tenho raiva do Freud.
- FELIZ ANIVERSÁRIO! – gritou Maria ao entrar no meu quarto, tentei sorrir. Sorrir para um dia que parecia ser o começo do inferno. O pressentimento que eu estava prestes a começar um dia que eu não queria nem sequer acordar. E o pior de tudo: a festa seria essa noite.
Nota da autora:
Galera desculpa a demora! Obrigada por todos os comentários e juro que não irei abandonar nenhuma das fics, só tá difícil para eu ter tempo de escrever! Espero que gostem desse capítulo e desculpem a demora!
Bejokkks, dominique. ( 15/05/11)
Comentários (4)
Menina que capitulo, como todo sabe, Vance mereceu, Bullying é algo tão nojento. Tão cruel. Eu simplesmente amei o capitulo e fico pensando se a Dorcas e o Sirius magoarão mesmo a Lene...Se os dois fizerem isso são muito vacos , serio, o capitulo foi perfeito flr *-*beijooos!
2012-09-23CHOQUEI COM ESSE CAP! ;O a vance merecia muito mais que somente essa surra! hahaha e sirius, always so hot! quero muito muuuuito, muuuuuuuuuuuuuuuuuito ler o próximo cap, o cap da festa!!! e ah, postei em what the hell, depois passa lá! xoxo
2011-05-16Vanceee MEEERECE mesmo!!!! =))
2011-05-16A VANCE MERECEU! A VANCE MERECEU! PEGA ESSA AGORA VADIA! \O/ tá, me empolguei. mas adorei. e além de tudo, a Marlene ainda ajudou uma garota indefesa. parabéns, sua linda! eita.. maus pressentimentos são fodas. ;s o que será que vem pela frente? estou apreensiva pela Dorcas e pelo Seth, e com vontade de matar o Sirius se ele tiver atacado mesmo a Dorcas! adorei o capítulo! estou esperando agora para ver como será a fatídica(?) festa. ;P haha, tenso. que bom que você postou, Dominique! eu to ficando muito viciada na sua fic! continue logo! boa sorte aí com seus horários! ;D beeijo
2011-05-15