Campos Elísios
Demoraram mais tempo para subirem do que levaram para descer as escadas, antes de atravessarem o rio de fogo, Aqueronte. Assim que terminaram de subir os degraus, porém, todos pararam, os olhos fixos à sua frente...
- Eu morri e vim parar no Paraíso! – Zach murmurou, olhando tudo à sua volta.
- Que bonitinho, ele faz trocadilhos... – Dean debochou, passando pelo lobo, dando-lhe um tapa de leve na cabeça.
Hermione também deu alguns passos, maravilhada. Realmente, aquilo era fantástico...
Um vasto bosque, tão vasto que os olhos não conseguiam vislumbrar o seu final. A terra era toda coberta de verde e de folhagens soltas das árvores. Flores de todas as cores e espécies eram encontradas no chão, nos arbustos... Frutos macios e suculentos pendiam dos galhos, prontos para serem colhidos e saboreados...
Moitas de roseiras e de mirtos, uma eterna primavera... Alegrados pelo canto e gorjeio dos pássaros, as almas virtuosas gozavam do mais delicioso dos repousos. Ali, encontravam-se todos os encantos e prazeres. O completo oposto do castelo de sofrimento do qual haviam acabado de passar... algumas, de escapar...
Conversas, música... As almas desfrutavam de uma verdadeira paz. Poetas cantavam a alegria em versos, sonetos. Dia e noite eram preenchidos por dança, música e diversão. Não havia lágrimas ou tristeza. Apenas felicidade...
Coelhos, gatos, cães... Todos os animais viviam na mais perfeita harmonia com as almas virtuosas. Um rio cortava todo o jardim, tendo a água mais cristalina que eles jamais viram...
- Não bebam! – Hermione avisou de pronto, pois Zach, Draco e Dean correram para lá assim que avistaram as águas – Não sabemos, ao certo, que rio é este.
- Faz diferença? – Zach quis saber, tirando suas botas, preparando-se para dar um mergulho.
- Claro que faz, sua besta! – Sarah disse, fitando-o, séria – Se for o... Estige, né? – a menina voltou-se para Mione, que assentiu – Bom, se for esse, é o rio da imortalidade. E...
- Qual o problema em ser imortal? – Dean questionou, com as calças já na altura dos joelhos – Eu sou! – disse, dando de ombros.
- Se não for o Estige, pode ser o Lete. – Hermione explicou, seu caderno aberto nas mãos – É o rio do esquecimento. Se você beber, pode esquecer sua vida passada ou, no caso, esta vida. Honestamente. – a morena disse, fechando o livro com força – Não quero ter que lidar com nenhum louco esquecido enquanto eu não sair daqui!
- Ok ok, compreendido! – Zach exclamou, pondo-se de pé, só de cueca – Então, não beberemos. Mas podemos tomar banho, não? Aqueles caras lá estão!
Mais abaixo, um grupo de almas brincava nas águas. Hermione viu duas crianças se divertindo e não conseguiu evitar um sorriso. Seu sorriso, porém, logo desapareceu quando ela se viu erguida no ar por dois pares de braços.
- Não, não!!!
Mas já era tarde demais. Zach e Dean haviam-na jogado no rio.
- Por Merlin, eu tinha que ter vindo pro Paraíso com dois retardados?! – vociferou, completamente molhada, seus cabelos colados à face.
Sarah ria e Draco tentava disfarçar, mas também ria. Em pouco tempo, todos estavam brincando no rio, como cinco crianças despreocupadas.
Sarah e Hermione retiraram rapidamente as roupas, a morena pondo, ainda, seu livro de lado. Ainda bem que se lembrara de lançar um feitiço impermeabilizante em todas as mochilas no dia anterior. Dia... não estava certa quanto ao tempo em que estavam lá. Seu relógio parara de funcionar no momento em que atravessaram o véu...
Draco mergulhou diversas vezes, procurando se lavar. Tentava enganar a si mesmo, dizendo que aquela era a ocasião perfeita para se livrar do suor e cheiro de enxofre que encontravam-se impregnados em sua roupa. Todavia, não conseguia mentir por muito tempo. Tornou a mergulhar, abrindo os olhos debaixo d’água...
Um arrepio percorreu sua espinha ao ver o corpo de Hermione seminu movimentar-se. “Curvas perfeitas...”, pensara num determinado momento. E, num determinado momento, desejou ter aquelas curvas para si...
Voltou à superfície, balançou a cabeça. Os cabelos loiros bateram com violência em sua face. Sentia-se relaxado como há muito não se sentia.
- Não vai brincar, não? – Sarah bateu na água, fazendo-a voar na direção de Draco.
O loiro sorriu e entrou na brincadeira... Dean e Zach apostavam quem conseguia espirrar a maior quantidade com um pulo. Ambos entravam e saiam do rio a toda hora, pulando de volta, fazendo uma algazarra...
Hermione aproveitara para se lavar e relaxar. Com a cabeça recostada na margem, a morena desfrutava do momento de descanso. Fechou os olhos, sorrindo...
- Não! – berrou, surpresa, ao sentir seu pé ser puxado, sendo atraída para o fundo do rio.
Com os olhos arregalados, chutou para todos os lados, subindo para a superfície. Respirou fundo algumas vezes, tentando se recompor. Olhou para o lado e Draco ria alegremente.
- Imbecil! – vociferou, se atirando em cima dele, forçando a cabeça do loiro para baixo d’água.
Draco facilmente a imobilizou, pois Hermione estava se controlando para não usar toda a sua força e afogá-lo de verdade. O sonserino a puxou para baixo, seus corpos próximos um do outro...
Tornaram a emergir, ambos sorrindo. Hermione tentou se soltar, mas Draco continuou a segurar-lhe os pulsos. Os corpos estavam colados. Ambos encontravam-se vermelhos pelo esforço...
- Divertindo-se? – uma voz grossa ecoou, chamando-lhes a atenção.
Hermione voltou-se e soltou um grito.
- SIRIUS!!!! – saiu correndo do rio, jogando-se nos braços do homem.
Draco tentou conter o monstrinho do ciúmes que crescia em seu interior, mas sem sucesso. Não foi fácil para ele ver como Hermione se jogara nos braços do padrinho de Harry Potter, ainda mais pelo fato de a morena vestir unicamente calcinha e sutiã. Calcinha esta que fez com que o loiro trincasse os dentes e fechasse os olhos, tentando manter o controle sobre seu próprio corpo...
- Calma, Mione, calma!!! – Sirius dizia, sendo sufocado pelos braços da morena – Se eu estivesse vivo, garanto que você estaria me matando!
- Oh, desculpa, desculpa! – ela se afastou rapidamente, ainda sorrindo – É que... faz tanto tempo...!!!
Sirius olhou-a de cima a baixo, o velho sorriso maroto nos lábios.
- Verdade, faz muito tempo. – ele concordou, zombeteiro, apontando um dedo na direção dela – Não me lembro de você ter esse corpo até o quinto ano...
- Ai, merda! – Hermione exclamou, extremamente vermelha, voltando a se jogar no rio, indo se esconder atrás de Draco.
Sirius gargalhou.
- Por que você não me disse? – a morena questionou para Draco, ainda se escondendo, enquanto Sirius se apresentava para os demais.
- Disse o quê? – o loiro resmungou, insatisfeito, voltando-se para ela.
- Que ele estava ali! – ela cruzou os braços junto ao peito, tentando, em vão, esconder sua nudez.
Draco revirou os olhos e se afastou. Subiu a margem do rio, a cabeça repleta de xingamentos. Ao olhar em frente, foi sua vez de soltar um grito. O loiro, porém, acabou por tropeçar ao tentar andar para trás e acabou caindo novamente no rio.
- Você! – ele exclamou, os olhos esbugalhados – Como...? Eu... Você...
- Calma, Draco, calmo. – Alvo Dumbledore disse, seus oclinhos de meia-lua na ponta do nariz, um sorriso bondoso nos lábios.
- Professor! – Hermione sorriu, caminhando e parando ao lado de Draco – O senhor está... bem! – disse, contente – É um prazer revê-lo!
- O prazer também é meu, senhorita Granger. – o diretor retribuiu o carinho – Por que vocês não saem do rio e se vestem? Temos muito que conversar... Sirius e eu estaremos mais à frente, para darmos privacidade a vocês.
- É, é? – o maroto murmurou, meio contrariado, voltando a dar uma olhada na grifinória.
- É, sim. – Alvo disse, puxando o homem pelo braço – Vistam-se e venham nos encontrar. Estaremos esperando por vocês...
Dez minutos depois, o grupo descia ao longo do rio, indo encontrar com os dois homens junto a uma macieira, onde havia um banquinho de madeira retorcida...
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Hermione encontrava-se deitada na grama, os cabelos espalhados pela relva, algumas pétalas de lilases grudadas a eles. Observava o pôr-do-sol, o mais belo que vira em toda a sua vida...
Respirou fundo, fechando os olhos, sorrindo baixinho. O aroma das flores era algo delicioso...
Sentiu alguém tomar o lugar ao seu lado, mas não olhou para ver quem era. Devido aos seus instintos apurados, pôde identificar Sirius apenas pelo cheiro... Cheiro de barba molhada e madeira de carvalho...
- Uhm? – perguntou, depois de ver que ele ficara quieto.
- Como se sente? – ele quis saber, olhando para o céu, exatamente como ela fizera.
- Bem... – ela respondeu, espreguiçando-se na grama – Muito bem...
O homem riu, divertido.
- Não falo quanto a isso. – disse, percorrendo o nariz dela com um dedo, o que a fez abrir os olhos – Falo... com relação ao fato de ter... se tornado uma vampira... – ele mediu as palavras.
Hermione observou o céu escurecer, trazendo a noite consigo.
- Não é tão difícil quanto parece. – a morena disse, sendo sincera – Tenho que ter mais cuidado, claro, mas já estou aprendendo a controlar a minha força. Só em momentos de roupante é que eu exagero. Também controlo minha sede, então... – ela deu de ombros, meneando a cabeça.
- A traição foi pior, não foi? – o homem perguntou, no que ela sorriu de canto de boca, assentindo – Ainda não acredito que o Harry... Enfim... – deu de ombros – É uma pena...
Ela nada falou. Não havia palavras para expressar o que ela sentia com relação a isso.
- Dumbledore disse que amanhã nós iremos levar vocês até as ruínas. – o homem explicou, no que ela tornou a assentir – Aproveite e descanse esta noite. Lhe fará bem.
Hermione fechou os olhos e assentiu. Em seguida, ouviu a voz de Dean lhe chamando.
- Levanta, garota! – o loiro disse, cutucando-a na perna – Ora de comer!
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Hermione sentiu vergonha pelo tanto que comeu. Sabia que a comida não preenchia suas atuais necessidades físicas, que sangue era a única fonte de energia, mas, ainda assim, a morena continuava apegada à gastronomia de sua antiga vida.
E ela não era a única. Dean comera tanto quanto ela, mesmo depois de ambos terem bebido duas bolsas de sangue cada um.
- Só preciso me encostar agora! – Zach disse, satisfeito, à mesa – Durmo em qualquer lugar que me dêem. Basta fechar os olhos e fui!
- Fui junto! – Sarah concordou, bocejando.
- Vamos. – Dumbledore disse, pondo-se de pé – Vou mostrar onde podem dormir.
E saíram os três, os dois licantropos despedindo-se.
Já passava da meia noite. Draco soube dizer pelo simples observar das estrelas no céu. Estrelas essas que pareciam mais perto dele do que qualquer outra já vista.
Caminhou pelo jardim, sentindo o aroma das flores, o silêncio do rio, o riso das conversas... Agachou-se junto a uma margem, um sorriso bobo nos lábios. Estendeu a mão e arrancou o pequenino trevo de quatro folhas. Sorriu mais uma vez e se levantou.
Mirou-o por alguns instantes, pensativo. Estavam mais perto do que nunca. Mais perto da pedra da ressurreição. Mais perto de voltarem para casa. Mais perto de conseguir trazê-lo de volta...
O farfalhar de folhas fez com se virasse, assustado, a varinha em punho.
- Perdão. – Hermione pediu, extremamente sem graça – Não queria atrapalhar... Juro...
O loiro a fitou por alguns instantes e assentiu, sem dizer uma palavra. Voltou a mirar o trevo, o rio. Um suspiro escapou por seus lábios.
- Significado especial? – a morena continuou, aproximando-se, bem devagar.
- Por que diz isso? – ele questionou, encarando-a bem fundo nos olhos, sério. Não queria ninguém invadindo sua mente, suas memórias...
Hermione simplesmente deu de ombros, mexendo displicentemente com a cabeça.
- É diferente. – ela disse, apontando com um dedo para o pequenino trevo – O jeito como você fica olhando...
Draco tornou a fitá-la, assentindo ao final. Respirou fundo, olhando para cima. A luz da lua brilhava intensamente, iluminando-os...
- Tem uma estória. – disse, sua voz custando um pouco a sair – Por detrás disso... – indicou o trevo, andando, indo se encostar em uma árvore, a sombra desta encobrindo seu rosto.
A grifinória assentiu com a cabeça, permanecendo no mesmo lugar. Não conseguia ver o rosto do loiro, mas teve um pressentimento. Um pressentimento ruim... Como se a estória por detrás daquele pequenino trevo não fosse nada feliz...
- Quer... dividir...? – perguntou, vacilante.
Conseguiu ouvir o riso baixo dele, por conta de seus ouvidos apurados. Prendeu a respiração, que mantinha apenas como um dos hábitos remanescentes de sua vida passada, afinal, não precisava mais de ar para viver.
Ouviu-o respirar fundo, mais uma vez, antes de começar a contar sua estória.
- Depois da guerra. – ele começou, os olhos baixos, presos em algum lugar distante – Enquanto o Ministério e os aurores buscavam prender todos os seguidores de Voldemort que ainda estavam soltos, eu procurei recomeçar minha vida. Uma nova vida, pra ser mais exato...
- Consegui um emprego na Central de Obliviação. – continuou – Sempre fui um bom obliviador, graças a... Snape... – disse, um enorme pesar em seu tom – Não sei se você sabe, mas... ele era meu padrinho...
Hermione assentiu com um aceno de cabeça, prestando atenção ao relato do sonserino.
- Casei um ano depois, com uma trouxa. – ele riu, achando graça – A vi na rua, em Londres, indo pegar o metrô, num dia em que saí tarde do trabalho. – continuou – Caí de quatro no mesmo instante! – continuou rindo – Amor a primeira vista, era como ela dizia...
Hermione sentiu seu ventre se contorcer, inexplicavelmente, incomodamente...
- Queria começar uma vida nova, tentar ser feliz. – disse, seu tom readquirindo um ar sombrio – Contei-lhe tudo sobre mim. Quem eu era, o que eu era... o que já fizera... – disse, sua voz caindo alguns tons – Ela não se importou. – sorriu, tristemente – Kate nunca se importou... – murmurou, e Hermione sabia que agora ele falava mais para si mesmo do que para ela...
- Você e seus amigos ainda caçavam os comensais quando nos casamos. – ele disse, pigarreando depois de um tempo – Tivemos... – um novo pigarro, tentando clarear a garganta. Hermione entendeu que aquele era o momento mais delicado - ... Tivemos... – um suspiro, um sorriso baixo...
- Kate engravidou poucos meses depois. – sorriu – Damian era a cara da mãe. Mas tinha os meus olhos! – disse, visivelmente orgulhoso.
Hermione engoliu em seco, abaixando a cabeça, encarando o chão. As emoções em si estavam um verdadeiro turbilhão...
- Damian tinha três anos quando Kate sofreu o acidente. – explicou, triste – Acidente de carro. Cheguei ao hospital com uma poção escondida nas vestes. Ela não... quis... – disse, e a morena entendeu que ele ainda relutava contra tal fato.
- Disse que havia chegado sua hora. – continuou, a voz embargada – Que ela era uma trouxa e, como trouxa, deveria ser tratada como tal, não com magia... Sempre cabeça-dura! – riu, baixinho, mas seu sorriso não alcançou-lhe os olhos, marejados.
- Tirei férias para poder cuidar do meu filho. – disse, e Hermione respeitou a decisão do loiro de prosseguir o assunto, sem entrar em maiores detalhes – Quando voltei, recebi uma promoção e fui transferido para o Departamento de Mistérios...
- Você já havia desaparecido. – ele disse, saindo de debaixo da árvore, caminhando na direção da morena – Ninguém sabia o que havia acontecido a você. Todos diziam, bem... Potter e os Weasley afirmavam que você queria ficar sozinha. Por conta dos seus pais...
Hermione soltou um longo suspiro, seus olhos recaindo sobre o rio ao seu lado. Lembrar de seus pais... Que eles haviam morrido enquanto ela lutava contra as forças das trevas... Era doloroso demais...
- Admito que nunca prestei muita atenção... nas notícias sobre você... – disse, mirando o rio também – Tinha minha vida, meu filho...
Uma pausa, o silêncio pairando sobre eles. Ambas as íris, castanhas e cinzas, miravam as águas, o seu correr silencioso...
- Faz onze meses hoje... – Draco continuou, deixando o trevo cair no rio, vendo-o seguir o fluxo – Faltavam apenas três dias para que Damian completasse cinco anos quando ele...
Hermione imediatamente virou o rosto, olhando para o loiro. Seus lábios se entreabriram e seu coração, se batesse, pararia naquele exato instante...
Draco continuou a acompanhar o trevo, até ele desaparecer...
- Varíola dragonina. – o rapaz continuou – Detectada tarde demais...
Hermione fechou os olhos, sentindo o mundo debaixo de seus pés desaparecer. Um vazio tomou conta de seu ser. Sentiu-se triste. Imensamente triste...
- Por isso que você está aqui? – ela perguntou, no que ele sorriu.
- Potter. – disse, com nojo – Ele quer a pedra para si... Para trancá-la no Ministério da Magia, para ‘melhores estudos’... – repetiu o que o moreno lhe dissera – Eu preciso dela para trazer meu filho de volta. Por isso vim até aqui.
- Mas... – a grifinória começou, sem saber como dizer – Mas... se for verdade... como no conto dos três irmãos...
Draco negou com a cabeça, veementemente.
- Meu departamento desenvolveu a técnica necessária, juntamente com pesquisadores e especialistas. – disse, voltando-se para ela – Somos capazes de trazer as pessoas de volta a vida. De forma completa. – afirmou – Mas, para isso, precisamos da pedra. Ela é o elo que liga a vida e a morte. Sempre foi. Sempre será.
- Potter a quer com apenas um intento. – disse, sério – Trazer seus pais, Sirius e Dumbledore de volta. Mais as pessoas próximas a ele que morreram na guerra. – respondeu, secamente – Depois, ele pretende destruir a pedra. Eu não posso deixar que isso aconteça. Não vou deixar... isso acontecer! – enfatizou, aproximando-se mais ainda da morena – Não sem antes ter trazido meu filho de volta.
Hermione estava zonza.
- Não... não podemos trazer de volta... todos que amamos... – disse, ela mesma pensando em seus pais – O mundo viraria um caos! Imagina se todos quisessem...
- Eu entendo. – Draco assentiu, segurando-a pelos braços, seus rostos muito próximos – Eu vou destruir a pedra. Prometo, Hermione. Mas eu quero meu filho de volta!
A morena assentiu com um aceno de cabeça.
- Seu filho e sua esposa, pressuponho. – disse, mas o loiro negou.
- Kate jamais aceitaria isso. – disse, firme – Mas Damian... Ele é meu filho, Hermione! – exclamou, aflito – Não consigo mais... A cada dia que passa, eu morro mais e mais... É uma angústia... Você não consegue entender. Sei que perdeu seus pais. – disse, no que ela virou o rosto de lado – Também perdi os meus, mas eles nunca foram verdadeiramente pais... Mas um filho... Não há dor no mundo maior do que essa...
A morena se desvencilhou dos braços dele, afastando-se. Levou as mãos à cabeça, andando de um lado para o outro...
- Está bem. – disse, voltando-se para ele – Eu... ajudo você... – disse, meio contrariada – Mas se me prometer que será apenas seu filho! Depois, destruiremos essa maldita pedra!
Draco a olhou, confuso.
- Dumbledore e Black? Seus pais? – disse, meio surpreso – Você não quer...?
- É contra a lei natural das coisas. – disse, cruzando os braços junto ao peito – Além do mais, meus pais também eram cabeças-duras. – explicou, por fim – Jamais aceitariam. Dumbledore, o mesmo. Sirius... – ela mordeu o lábio inferior, em dúvida.
- Dispenso, obrigado. – o homem disse, pegando-os de surpresa – Gosto muito daqui. Bem melhor do que minha vida foi. – e riu, achando graça.
Draco assentiu com um aceno de cabeça.
- Vocês precisam dormir. – disse, firme – Terão um longo caminho até as ruínas amanhã. Mas antes, Dumbledore que lhes falar. Ou melhor, mostrar-lhes algo...
Draco e Hermione se entreolharam, sem entender. Contudo, seguiram Sirius, que voltava pelo caminho de onde viera...
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- Já ta na hora, pai! Acorda, acorda!!!
Draco se remexeu de um lado para o outro, soltando um muxoxo.
Damian fez uma careta e se jogou em cima dele...
- Tá bom, seu pestinha, tá bom! – o loiro se levantou, puxando o filho para os seus braços, apertando-o fortemente.
- Tá me esmagando, tá me esmagando!!! – o pequenino disse, tentando se desvencilhar dos braços do pai.
O sonserino estava nas nuvens. Ter seu filho de volta em seus braços... Já fizera aquela viagem valer a pena...
Kate havia reencarnado. Draco rira ao ouvir Dumbledore dizer aquilo, na noite anterior. Sempre soubera que ela era uma boa pessoa. Agora, tinha a certeza de que ela era uma alma virtuosa. A pessoa que ele mais amara em vida. E que continuaria amando, mesmo depois de morto...
Ela era responsável por quem ele se tornara. Ela o transformara numa pessoa melhor. E lhe dera seu bem mais precioso... Seu filho...
Amaria Kate por toda a eternidade. Sempre se lembraria dela com carinho...
Draco pensava nisso depois de ter se levantado, enquanto andava com o filho pelos jardins, preparando-se para seguir em frente...
Contara a Damian o que pretendia fazer. O filho lhe desejara boa sorte. Na hora de partir, disse-lhe ‘Até breve, papai!’... Draco precisou conter as lágrimas para não se desmanchar na frente de todos...
Os pais de Hermione também se encontravam ali, no momento da despedida. Como a morena previra, eles a alertaram de que não queriam retornar ao mundo dos vivos. Ao contrário. Esperariam, ansiosos, por ela... Mesmo sabendo que, agora, sua filha se tornara uma imortal...
- Voltaremos a nos ver, meu anjo! – o senhor Granger dissera, abraçando a filha.
O grupo já se afastava quando Damian começou a grita ‘Espera! Espera!’. Draco voltou-se, preocupado. Para sua surpresa, o pequenino se dirigiu não a ele, mas para os braços de Hermione.
A morena se agachou, sem entender.
- Papai já falou de você. – disse, ofegante por ter corrido – É a sabe-tudo, não é???
Hermione riu, assentindo com a cabeça, segurando o menino pela cintura.
- Quero pedir um favor. – ele disse, o nariz arrebitado igual ao do pai.
- O que quiser, meu amor. – Hermione disse, fazendo um carinho nos cabelos loiros escuros do pequeno. Sempre gostara de criança.
- Cuida dele. – Damian disse, indicando o pai com a cabeça – Ele é meio mandão, meio estabanado, mas é legal. – disse, fazendo a morena rir sem se conter – Cuida dele pra mim... Até eu voltar... Por favor. – acrescentou.
- Pode deixar. – Hermione assentiu, cruzando dois dedos na frente dele – Promessa de escoteiro.
Draco sentiu seu interior se remexer. Kate fazia a mesma coisa quando prometia algo...
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- Ok, vamos parar um pouco. – Dean disse, soltando a mochila do ombro, deixando-a cair na grama.
Os demais fizeram o mesmo. Descarregaram suas coisas, descansaram... Tomaram suas poções, comeram um pouco.
- Partimos em meia hora. – Zach disse, no que os demais assentiram.
Hermione andavam as margens do rio. Seguiam-no, pois Dumbledore lhe dissera que era o caminho mais rápido até as ruínas, onde ficava o castelo de Hades.
Andou de um lado para o outro, agachou-se junto à margem. Lavou o rosto, soltou um suspiro...
- Não vai chorar, hein! – Dean alertou, brincalhão, sentando-se ao seu lado, retirando as botas e pondo os pés na água fresca.
Hermione jogou a cabeça para trás, fechou os olhos. Em seguida, deitou-se na grama, os braços cobrindo seu rosto.
- O filho dele é lindo! – comentou, baixinho, somente para que o amigo escutasse – Lindo...
- Mione... – o homem murmurou, sabendo onde aquilo iria parar.
- Sempre quis ser mãe. – a morena confessou, sorrindo baixinho – De um menino, igual ao Damian... – riu – Sempre me imaginei levando meu filho pra escola, pro jogo de futebol... Depois que virei bruxa, um dia me peguei pensando em como seria se um dia ele fosse pra Hogwarts... Para qual time de quadribol ele iria torcer... em que Casa ele cairia... – um novo sorriso.
- Hermione. – Dean repetiu, seus olhos fixos no curso do rio.
- Você nunca me respondeu. – ela continuou, olhando na mesma direção que ele, para o nada – Não diretamente, pelo menos.
- Não há o que responder. – ele a cortou, ainda sem encará-la.
Hermione permaneceu em silêncio por alguns instantes, pensativa. Dean não agüentou a pressão e se levantou, voltando para o meio do grupo.
- Nunca? – a grifinória murmurou para si mesma, cabisbaixa, mas não virou o rosto para ver o amigo negar com a cabeça.
Um aperto no peito. Lágrimas silenciosas escorreram por sua face...
- Aqui. – a morena se assustou ao ver uma mão estendida em sua direção.
Era Draco, que segurava um lenço na direção da garota.
- Obrigada. – Hermione assentiu, limpando a face, sem jeito.
Draco olhou a sua volta, a paisagem continuava deslumbrante. Nunca pensara sobre o Paraíso, pois sempre tivera certeza de que, quando morresse, não seria para lá que iria. Mas sabia que, de algum jeito, aquele lugar era especial. Incomparável a qualquer outro, real ou imaginário...
- Qual o problema? – quis saber, sentando-se ao lado dela.
A morena negou com um aceno de cabeça, sem nada dizer.
- Qual é, Granger? – disse, debochado – Eu contei a minha vida pra você ontem a noite. – riu, voltando-se para ela – Pode contar. – assegurou, sendo sincero – Prometo não debochar de você. Não dessa vez!
E conseguiu arrancar um sorriso dos lábios dela.
Hermione revirou os olhos, respirou fundo.
- Seu filho. – disse, pegando o loiro de surpresa – É lindo! – riu, deixando-o mais aliviado.
- Puxou ao pai. – o sonserino disse, gabando-se.
- Achei que, do pai, ele só havia puxado os olhos. – a morena alfinetou, no que ele fez uma careta ao se lembrar do que dissera na noite anterior.
- O que tem Damian? – perguntou, vendo-a voltar a encarar o rio.
Hermione deu de ombros, tentando se conter.
- Ele me faz lembrar... de uma pessoa... – disse, as lágrimas escorrendo, involuntariamente.
- Quem? – Draco quis saber, vendo como a morena se desmanchava ao seu lado.
- Meu filho. – Hermione sorriu por entre o choro – Gostaria que ele fosse igual ao seu... Inteligente, saudável... Lindo... – sorriu, chorando mais ainda ao terminar de falar.
- Você...? – ele não conseguiu terminar a frase, no que a morena negou com a cabeça.
- Não tive filhos. – disse, no que ele respirou, aliviado – Mas, se tivesse, gostaria que fosse parecido com o Damian.
- Você ainda é nova, Granger! – Draco disse, meneando a cabeça – Tenho certeza que vai encontrar um vampiro sabe-tudo e... – mas parou de falar ao vê-la balançar a cabeça, negativamente.
Um nó em sua garganta. Então Potter havia lhe tirado aquilo também...
- Sinto muito. – disse, sem saber exatamente o que dizer. Sabia apenas o que faria quando encontrasse Harry Potter.
Hermione assentiu e fez algo inesperado. Jogou-se nos braços de Draco e chorou. Chorou baixinho. Sem parar...
O loiro afagou-lhe os cabelos, tentando consolá-la. Mas como consolar o inconsolável...?
- Não tem nenhum jeito? – perguntou, pensativo.
A morena negou.
“Merda!”, pensou, sem entender o porquê de estar angustiado com um problema que sequer era seu. “Merda!”.
- Ora de partir! – Dumbledore anunciou, no que Draco apenas viu o borrão das mãos da morena se mexerem, secando as lágrimas, e em menos de dois segundos ela já se encontrava de pé.
Piscou algumas vezes. Tentaria arranjar uma solução para aquele problema. Afinal, tinha todo o Departamento de Mistérios em suas mãos...
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Caminharam sem parar. Pararam mais uma vez. Dormiram sob o céu de estrelas...
Demoraram um dia e meio até chegarem à entrada das ruínas... O palácio de Hades...
Dean estivera certo quando lembrara que, de acordo com os escritos, Hades moraria num palácio onde o solo era recoberto por asfódelo... Planta presente em ruínas e cemitérios...
Assim como acontecera quando chegaram aos jardins suspensos, o grupo parou, observando a visão que surgira em sua frente.
Dois lances de escadas largas levavam a entrada de um enorme templo grego. Abandonado. Em ruínas... Suspenso no ar...
O rio Lete corria em volta das ruínas, banhando todo o lugar, caindo pelas laterais da faixa de terra suspensa...
Árvores cresciam ao redor, suas raízes presas no solo cor de chumbo. Asfódelos podiam ser encontrados em todo o lugar, formando uma espécie de tapete branco. Aquele local, apesar dos pesares, era de paz, não de tristeza...
- Adoro esse cheiro. – Sarah murmurou, sorrindo, encantada – Cheiro de jasmim!
- Asfódelo. – Hermione assentiu – Seu cheiro assemelha-se e muito ao do jasmim.
Todos em silêncio, a visão era magnífica. Sabiam que a pedra da ressurreição encontrava-se no interior daquelas ruínas. O elo entre a vida e a morte. Guardado para sempre nas ruínas do Paraíso...
- Agora, é com vocês. – Dumbledore disse, seus olhos baixando do palácio para os cinco jovens – Não podemos subir. Pertencemos aos jardins, não às ruínas...
- Sabem quem vive lá? – Zach quis saber, seus olhos ainda vidrados no palácio que se erguia acima de sua cabeça – Além de Hades, quero dizer.
- Não há almas aí. – Dumbledore explicou, pacientemente – Às almas é permitido vagar por todo o jardim, sendo este o nosso Paraíso. As ruínas... elas são a morada de Hades... – um sorriso baixo – Somente ele pode ir e vir. Ou permitir que alguma alma atravesse as escadas. É com sua permissão que as almas podem beber do Lete e, após, reencarnar. Hades observa tudo de dentro de sua morada. Entenderam o que digo assim que chegarem ao seu destino.
Hermione soltou um longo suspiro. ‘Seu destino’, pensou. Estava perto de voltar para casa...
Despediram-se de todos. Agradeceram a companhia de Dumbledore e Sirius...
Miraram as escadas. Entreolharam-se todos...
- Ok. – Dean disse, erguendo um pé – Vamos ver se passo ou se sou expulso, literalmente...
Tensão. Alívio.
- Juro que pensei que ia ser jogado para longe! – Dean murmurou, rindo, assim que terminou de subir o primeiro degrau.
- Se um vampiro pode... – Zach murmurou, mordendo o lábio inferior.
Num pulo, pisou no primeiro degrau. Sorriu, aliviado.
- Criança! – Sarah alfinetou, subindo e parando ao lado do companheiro.
Draco e Hermione se fitaram.
- Merlin... – o loiro murmurou, fechando os olhos, pondo o pé no primeiro degrau. Conseguira.
Hermione soltou um longo suspiro, subindo em seguida.
Voltaram-se, acenaram em despedida. Subiram os degraus, em silêncio...
Adentraram as ruínas, olhando tudo ao seu redor. Uma luminosidade prata banhava o local, como se a própria lua estivesse ali com eles.
Caminharam sem saber exatamente aonde ir. Hermione não possuía um mapa sobre o lugar. Pela primeira vez desde que atravessaram o véu, estavam perdidos. Contando apenas com a própria sorte...
Corredores e mais corredores. O interior do templo era enorme.
Zach sugerira que se separassem, mas Hermione dissera não. Não podiam se perder um do outro. Tinham que permanecer juntos...
Já andavam há quase duas horas, sem nada encontrar. Sentaram-se para descansar.
Hermione encostou-se a uma das pilastras que sustentavam o local. Fechou os olhos e prestou atenção ao silêncio. Uma brisa percorria as colunas de mármore, formando uma sinfonia própria, inaudível para ouvidos humanos. Agradeceu, pela primeira vez, por ser vampira. Do contrário, jamais poderia admirar tamanha beleza...
Foi quando ouviu algo de diferente. Uma voz ao vento. Uma voz que chamava seu nome. Uma voz de criança...
Pôs-se de pé, olhou para os lados. Levou um dedo aos lábios, indicando para que os demais ficassem quietos. A voz começou a desaparecer no ar... A morena correu atrás dela.
Ignorou as vozes de seus companheiros, que gritavam atrás de si. Concentrou seus sentidos, todos focados em encontrar aquela voz.
Não sabe por quanto tempo correu. Chegou a pensar que estivera ouvindo coisas. Imaginando... Quando, de repente, saíra em um jardim. Um jardim que não fazia parte dos jardins suspensos...
Dean e Draco já estavam prestes a gritar e a xingar quando viram aonde estavam. De algum modo, Hermione os havia levado até a parte de trás das ruínas...
A grama verde se estendia à sua frente. Dois bancos de mármore encontravam-se em cada lado do pequeno jardim. À frente deles, uma árvore enorme. A árvore da vida...
Tronco grosso e acinzentado. Pequeninas folhas roxas. Pequeninos pontos dourados brilhavam por entre as folhas. Hermione perdeu o equilíbrio, caindo de joelhos diante daquilo...
- Meu anjo. – uma voz baixa e bondosa atraiu a atenção de todos, que viraram os rostos para ver o estranho que se aproximava à sua esquerda – Meu anjo. – ele repetiu, aproximando-se de Hermione – Sabia que encontraria...
Um homem de idade. Alto, com as costas levemente corcundas. Magro. Com uma barba tão grande quanto a de Dumbledore. Branca. Trajava uma túnica comprida. Azul-céu. Estrelas prateadas adornava o traje. Pareciam tão reais...
Um chapéu pontudo, da mesma cor de sua roupa, cobria-lhe a cabeça. Usava um pequenino par de óculos redondos, na ponta do nariz redondo. Seus cabelos brancos não negavam a idade que tinha...
- Lorde Hades? – Zach murmurou, incerto, uma careta na face.
O velho continuou a observar Hermione, que sorriu, as mãos apoiadas no colo.
- Hades, não. – disse, sentindo-se... feliz. Estranhamente feliz – Merlin!
O homem assentiu, sorrindo mais ainda.
- Pelas barbas de Merlin! – Sarah exclamou, tapando a boca em seguida com as mãos – Quer dizer... Desculpa! Eu... er... eu...
- Sem problema, minha filha. – o ancião disse, pacientemente – Velhos hábitos não mudam nunca.
- Quer dizer então que o senhor é ‘Ele’? ‘Ele’ mesmo? – Dean questionou, confuso – Quero dizer, o cara, quer dizer, o mago? – apressou-se em corrigir.
O homem riu, achando graça.
- Por mim, sou eu mesmo. – assentiu, indo sentar-se em um dos bancos de mármore – E vocês, são os jovens que buscam a pedra da ressurreição, estou certo.
Não era uma pergunta, apenas uma constatação.
- Ela esta aqui? – Draco perguntou, sem se conter – A pedra?
O mago ergueu as duas sobrancelhas, fitando-o profundamente.
- Sim e não. – disse, calmamente – Não existe mais a pedra da ressurreição. Ela foi destruída assim que Cadmus Peverell morreu, milhares de anos atrás.
- ‘Destruída’?! – o loiro exclamou, sentindo o chão desaparecer debaixo de seus pés. Suas esperanças irem embora num passe de mágica.
- Vocês não são os primeiros a virem procurá-la. – o homem explicou, apoiando as mãos nos joelhos, parecendo cansado – Muitos vieram antes de vocês. Todos fracassaram, porém. – um sorriso baixo, decepcionado – Ninguém jamais chegou até aqui, ao castelo de Hades. Ninguém jamais teve seu desejo atendido.
- ‘Castelo de Hades’? – Dean repetiu, sem entender – Quer dizer que há um Hades?
- Lorde Hades. Deus do mundo dos mortos. – Merlin assentiu, acenando afirmativamente com a cabeça – Ele é o senhor de todas as terras por onde passaram.
- E cadê ele? – Zach quis saber, olhando à sua volta, curioso como sempre.
- Em outro plano. – Merlin disse, indicando o céu acima deles – Com os demais deuses, claro. Lorde Hades me deixou encarregado de seu reino. Segundo ele, eu sou o único capaz de manter a ordem nesse coreto.
- Abafa, bem! – Sarah murmurou, fazendo todos rirem.
- Quer dizer então que não existe mais... a pedra da ressurreição? – Hermione murmurou, seu olhar recaindo sobre Draco.
Um aperto no coração. Sabia o quanto o loiro desejava poder trazer o filho de volta à vida.
- Como já disse, sim e não. – o mago respondeu – Não há mais uma ‘pedra’ da ressurreição. – sorriu, estendendo uma mão para a árvore diante deles – Depois da peripécia de Cadmus, decidi que seria mais... seguro... transformar a pedra em algo fixo. Com raízes. Impossível de ser removido.
Os olhos de Draco se arregalaram. Então aquela árvore era a pedra da ressurreição.
- A árvore da vida! – Zach exclamou, espantado – Essa é a árvore da vida!!!
O mago sorriu, assentindo.
- Cada pequeno fruto desta árvore é capaz de conceder um desejo. – explicou, estendendo a mão, um fruto dourado voando e parando em sua palma – Bem mais prático. E não corro mais o risco de que alguém pudesse levá-los para o mundo dos vivos. E, todavia, se tal acontecesse, a pessoa iria apenas comê-lo, crendo ser apenas o que ele aparenta, um fruto qualquer. Seria o fruto mais saboroso que já tivesse provado, mas sem pedir algo, não passaria disso. De uma simples fruta.
- Espertinho! – Dean disse, sorrindo.
- Mas ela ainda funciona? – Draco quis saber, uma chama de esperança reascendendo em seu interior – Quero dizer, serve ainda para...
- ... trazer as pessoas à vida? – o mago tornou a fitá-lo, um sorriso nos lábios – Sim, Draco, sim. Tudo o que você precisa é entregar isto... – e estendeu o pequenino fruto dourado na direção do loiro - ... a ele. E instruí-lo a pedir. Damian voltará com você sem nenhum problema.
O loiro sentiu uma enorme felicidade crescer dentro de si. Teria seu filho de volta. Damian voltaria com ele. Eles seriam felizes juntos...
- Er... Merlin? – Zach perguntou, coçando a nuca, tentando parecer displicente – Todo mundo vai ganhar uma? - perguntou ao ver Draco guardar o pequeno fruto dentro de sua mochila.
O mago riu.
- Sim, Zachary, sim. – assentiu, no que o rapaz pulou no mesmo lugar, animado – Mas aviso-lhes uma coisa. – disse, firme – Este fruto não tem o poder de interferir no livre-arbítrio de outro indivíduo.
- Quer dizer que não podemos, tipo, fazer outra pessoa se apaixonar por nós, ou algo do gênero? – Sarah murmurou, no que recebeu um ‘sim’ como resposta.
- Digamos que Damian não quisesse ressuscitar. – Merlin exemplificou – Mesmo se Draco comece o fruto da árvore da vida, nada aconteceria. Pois não ressuscitar é a vontade de Damian. E ele, mesmo como pai, não pode interferir no livre-arbítrio do filho.
- Uhm... – Dean e Zach disseram em uníssono.
- Ok, mas e o que fazemos para ganhar esse fruto? – Sarah foi direto ao assunto – Tipo, tem alguma prova, teste, qualquer coisa que tenhamos que fazer???
Merlin riu.
- Não, minha querida. – disse, pegando-os de surpresa – Só chegarem até aqui já foi um desafio. Tudo o que pedimos é que não contem para os vivos o que viram aqui. Do contrário, acabaríamos por ter mais trabalho. Diversas pessoas querendo vir até aqui, ressuscitar seus entes queridos, ou fazer um pedido... – um muxoxo em desaprovação – Não, não. As coisas são do jeito que são por um motivo. Ignorância é uma benção, acreditem em mim.
Mais quatros frutos voaram a um aceno do mago. Cada um guardou o seu na sua mochila.
Hermione ficou observando o seu mais alguns instantes, o pensamento longe. Ergueu a cabeça, tornando a ouvir a voz de criança correr junto ao vento.
Merlin sorriu.
- Posso adiantar que será um belo menino. – disse, vendo os olhos dela se encherem de lágrimas – Extremamente inteligente, como a mãe. Maroto, como o pai, porém.
Hermione precisou ser amparada por Dean e Zach para não desmaiar.
- Vão, meus queridos. – o bruxo disse, e uma fenda surgiu entre uma das colunas de mármore – E aproveitem a vida. Ela é muito curta para ser vivida. E, garanto-lhes..., - disse, estendendo os braços ao seu redor - ..., não há Paraíso que valha mais que uma vida bem vivida...
Agradeceram e atravessaram o portal um a um. Retornaram para os jardins suspensos...
Draco correu para o filho, abraçando-o fortemente. Explicou tudo para ele, o que ele deveria fazer. Depois, explicou tudo uma segunda vez. Uma terceira...
- Papai, eu não sou burro, sabia? – o pequenino dissera, pegando o fruto e o enfiando de uma vez na boca.
Nada de extraordinário aconteceu. Não houve fogos de artifício, brisa correndo, raios partindo árvores...
Dumbledore, porém, garantiu que o pequenino não era mais uma ‘alma virtuosa’. Sirius disse que sentira uma mudança quando se aproximou do garoto, mas não soube explicar o que era. Draco decidiu, ou melhor, preferiu acreditar no que eles diziam.
Sarah pediu dinheiro suficiente para que pudesse realizar seu sonho de conhecer o mundo. Zach, por sua vez, pediu que tivesse sido aceito na escola de Curandeirismo para a qual prestara uma prova antes de entrar naquela missão.
Hermione fitou Dean por longos instantes, seus olhos ainda marejados. Recebeu um sorriso do rapaz, que assentiu com a cabeça.
Queria voltar a ser humana. Uma bruxa, como sempre fora... Sendo humana, poderia engravidar. Sendo humana, poderia ter o filho que sempre desejara ter...
Preferiu esperar. Sendo vampira, era mais seguro voltar com todos a salvos. Dean decidira fazer o mesmo...
Levaram o dobro do tempo para voltar ao penhasco de onde tudo começou. Não tiveram problemas para passar por Cérbero, o cão de três cabeças, ou para que Caronte os levasse de volta pelo rio Aqueronte. Merlin havia lhes dado ordens expressas...
O véu permanecia no mesmo lugar. Era como se nada houvesse mudado. Dean e Hermione iriam na frente. Ainda tinham Harry Potter para enfrentar. Zach foi atrás deles. Draco levou o filho no colo. Sarah fechou o cortejo.
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Comentários (1)
Uau que cap impressionante, me deixou cheia de perguntas, que esperam que sejam respondidas logo.
2011-09-21