epílogo;



Epílogo
Ou Someone Like You


 Gabinete A; 10:07h; quinta-feira


A paz não era uma coisa que peritos sentiam com muita freqüência. Assim que um caso se encerrava, iniciava-se outro, até que uma hora eles não respiravam mais nos intervalos. Para Rose, se quem era e estar ciente de todo o que podia mudar por ser quem era, nunca era fácil. Ela era a mais procurada da sede, a que mais recebia casos e a que mais se esforçava. Em cada final de noite, ir para casa não era apenas um alívio; era um milagre. Saber que podia deitar a cabeça no travesseiro e afastar da mente o que lhe perseguiu o dia inteiro era a melhor parte de tudo. Às vezes ela não conseguia se desfazer do trabalho. Às vezes ficava acordada até bem tarde, apenas imaginando uma solução para concluir os casos que caíam em suas mãos. Nem sempre era fácil levantar-se e ir de encontro com as mesmas pessoas. Rose tinha orgulho de quem era e do que fazia. Para ela, aquilo era sua vida. Não se concebia em outro cargo ou em outro gabinete. Tudo que possuía estava naquela sede; sua ânsia de conquistar o mundo cada vez mais e sua satisfação.


Porém, naquela manhã, quase tão típica quanto tantas outras, havia algo que Rose não conseguia digerir. Não, não eram os cookies ou o café amargo demais. Era algo que estava parasitado dentro dela. Talvez um bolo esquisito que pairava em seu estômago. Ela não sabia o que era e se não ver assumindo controle daquilo a assustava.


Rose estava irrequieta.


Não sabia o que fazer para se acalmar ou para deixar aquela onda de nervosismo ir embora.


Não tinha consciência de nada, mas necessitava fazer algo.


Talvez Boris tivesse razão. Ela precisava de alguém que estivesse disposto a ficar com ela todos os dias.


Nos dias que se sucederam após o rompimento com Ryan Thompson, Rose estava um tanto quanto perdida. Podia parecer que ela era do tipo de mulher que precisava de alguém por perto. Mas não era esse o ponto. Rose não queria ninguém por perto. Não admitia levar uma vida compartilhada com o sexo oposto. Mas aquilo seu jeito típico não a estava fazendo bem.


Rose tinha que parar de ser autossuficiente e aceitar ajuda. Aceitar uma mão que viesse se juntar à sua.


E foi aí que ela entendeu. Ela tinha rejeitado tantas pessoas apenas por pensar que não as queria, que agora que precisava de alguém, não podia suportar a idéia.


E Boris, como um amigo, apenas tentou consertar as coisas. Tentou fazer com que o instinto de Rose não se acabasse.


Ela necessitava de um companheiro. Ali na sede ou dentro de casa.


Quando enfim deparou-se com a verdade incrustada intacta em seu coração, bateram na porta.


O momento então se dissolveu, como se não tivesse existido.


Ela piscou, levantando os olhos rapidamente para o vidro da porta.


Seu coração imediatamente acelerou.


Não.


Ela não podia permitir aquilo.


Era errado, e pior ainda: era inacreditável.


Ela engoliu em seco, ao mesmo tempo em que tentava normalizar a respiração afobada.


- Entre – ela disse, e notou como sua voz tinha soado trêmula.


Scorpius Malfoy sorriu torto, quase imperceptivelmente, do outro lado do vidro. Colocou a mão na maçaneta e a girou.


Abriu a porta e tirou a outra mão do bolso da calça do terno. Apontou o dedo para Rose e gargalhou, satisfeito.


Rose sentiu as bochechas queimarem e seu coração se acelerar ainda mais.


- O que foi? – ela perguntou.


- Você solucionou o caso de Tamara! – ele disse alegre.


- Achei que estivéssemos juntos nessa – ela comentou, sem conseguir se concentrar direito, devido ao sorriso estampado no rosto de Malfoy.


- Bem, eu confesso que quase não a ajudei muito – ele falou, rindo um pouco.


- Imagina – Rose abanou a cabeça, gentil.


Espere. Rose Weasley sendo gentil com seu companheiro? O companheiro que ela tinha detestado depois o primeiro minuto?


O que estava acontecendo ali?


- Bem, seja como for, estou voltando para o meu posto habitual – Scorpius contou.


- Ah. Mesmo? – Rose sentiu-se levemente decepcionada e surpresa – Achei que Boris iria querer sua transferência para cá.


- Bem, ele tentou. Ele conversou com meu chefe – Scorpius, por algum motivo, estava agindo como se estivesse sem graça – Mas Boris entendeu que você não quer ninguém se intrometendo em seu caminho e abortou a transferência.


Rose piscou, perplexa.


Tudo aquilo por sua causa? Apenas por que ela era egoísta o bastante?


- Então Boris entendeu tudo errado – ela disse.


- O que quer dizer?


Sentiu-se corar antes mesmo de começar a se pronunciar acerca daquilo.


 - A princípio achei mesmo que não queria alguém se “intrometendo” em meu caminho, mas você se mostrou um policial bastante compenetrado. E eu honro pessoas que saibam trabalhar.


Scorpius fez uma careta leve e começou a rir comedido.


- Isso quer dizer que você apenas estava fingindo me irritar para me tentar fazer sair daqui, quando na verdade você apreciou os meus serviços? – Scorpius ainda ria.


Rose, estranhando seu novo comportamento, que não foi sentir raiva, mas vergonha, comprimiu os lábios, sem saber que resposta dar.


- Eu achei que não podia trabalhar com você – Rose disse calmamente.


- E agora pode?


- Acho que aprendi a aceitá-lo do modo que é. Sabe como é, com o seu sarcasmo e com o seu Blackberry chato.


Scorpius sorriu.


- Você é inacreditável, Rosie! – ela exclamou.


Rose sentiu um aperto no coração ao ouvi-lo pronunciar seu apelido de modo tão carinhoso.


- Me desculpe, se o fiz sentir um inútil ao meu lado – Rose disse, sentindo-se muito culpada.


- Não. Não me fez sentir assim. Fez-me sentir, na verdade, um grande sortudo. Há anos ouço falar de você, sabe. Em como você é uma ótima agente e como sabe fazer as coisas nas horas certas. Quando Boris me contou que eu trabalharia com você, achei que estava dando muita sorte – ele pausou por um momento – Eu entendo que existam coisas que a chateiam profundamente e, principalmente, que você não é tão fácil de lidar assim, mas acho que é por isso que a admiro tanto.


- Uau. Você me admira, é? – Rose perguntou encantada.


- Admito que não é fácil no começo admirá-la, mas depois da segunda-feira que tivemos juntos, posso lhe garantir que se eu tivesse que trabalhar com alguém escolheria você.


Rose se permitiu dar um grande sorriso.


Scorpius Malfoy, então, não era tão ruim tanto imaginava.


Ele deu alguns passos para frente, para se aproximar ainda mais de Rose.


- Acho que fazemos uma grande dupla – ele disse.


Rose continuou a sorrir, incapacitada de pensar em algo inteligente para dizer.


- Você é um ótimo homem, Malfoy – Rose disse.


- Rosie... acho que estou tentando contornar a situação. Porque, além que querer trabalhar com você, o que me deixaria muito feliz, eu acho que... você me encantou de um jeito muito melhor do que eu podia entender.


- O que quer dizer com isso? – Rose franziu o rosto.


- Eu tenho sentimentos por você. E são do tipo bons. Deixe-me passar cinco minutos com você nesta sala ou cinqüenta anos, porque prefiro desperdiçar a minha vida fingindo a ter que a esquecer por um minuto sequer*.


Rose arregalou os olhos. Estava imaginando muitos motivos para ele lhe dizer, mas nunca, jamais, aquele.


Scorpius Malfoy estava apaixonado por Rose Weasley?


- Scorpius... – Rose exclamou, ainda com os olhos assustados -, eu não sei o que lhe dizer. Eu não consigo imaginar de onde você tirou essa loucura toda.


- Essa loucura está também em você, Rosie. Você apenas não a está enxergando.


Weasley piscou abobalhada.


Levou uma das mãos à boca.


E se ela também sentisse o mesmo?


O que poderia explicar o coração extasiado e o suor das mãos e a respiração descontrolada? Uma doença ainda não diagnosticada?


Não. Rose sabia que não era aquilo.


Era mesmo amor.


O amor não era propriamente uma doença, mas era como se fosse uma gripe incansável.


Talvez aquele amor nunca a deixasse.


- Ah, meu Deus – ela exclamou, levando agora as duas mãos à boca.


- Como é se sentir atraída pela pessoa que você detesta? – Scorpius perguntou.


Ela o olhou surpresa.


- Eu não o detesto. Você só tem alguns probleminhas. Que eu posso aturar.


- Pode?


- Com certeza – ela respondeu, sorrindo.


Scorpius inclinou-se para perto de Rose, mas não chegou nem mesmo a tocá-la, porque a porta se irrompeu.


- Rose, Rose! – Wilson gritou.


Rose e Scorpius olharam para Wilson, aborrecidos, sem se distanciarem.


- Sabe, o meu avô viveu por 82 anos – Scorpius comentou.


Wilson piscou atônito.


- É mesmo?


- É.


- Sem fumar ou beber?


- Não, sem se intrometer na vida dos outros – Scorpius ergueu uma sobrancelha.


- Ah. AH! – Wilson arregalou os olhos, como se um tijolo tivesse acertado sua cabeça – Me desculpem – ele disse e rapidamente se retirou da sala.


- Então, você vai ficar esperando que ele volte para me beijar? – Rose indagou brincalhona.


- Opa – ele disse, e juntou seus lábios aos dela.


Rose quis sorrir no meio do beijo, mas tentou seriamente se concentrar.


Porque ela sabia que tudo na vida só se consegue com disciplina e foco. 


____
ps: prefiro desperdiçar a minha vida fingindo a ter que a esquecer por um minuto sequer* é uma parte da música Crushcrushcrush, do Paramore. 

 ;;;

N/a: AEAE *-* finalmente eu venho postar, né. A questão foi que eu não me lembrava que a Di já tinha betado esse capítulo e achei que o estava devendo para mim, então eu fiquei esperando, até que eu fui conferir e percebi que o word só salvou uma parte da fic inteira. A sorte foi que eu tinha cada capítulo separado e salvo. Mas é, desculpem a confusão e a demora. Infelizmente esse já é o epílogo :/ Fic rapidinha, né. Muito obrigada pelo apoio, hein. Fico muito grata aos comentários (: Beijo beijo ;* 


N/b: OOUNNW muito fofo esses dois. *-----* Gente, amei essa fic da autora, teve mistérios, bastante briguinhas, bastante “amores” asuhuas. Enfim, só porque amo seriados policiais, que me apaixonei por TWC *---*. Bjos gente, deixa recado para autora e faça ela felizzzz *----*

Nina H.


25/03/2011

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Comentários (1)

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