Verdades Ditas



Lagrimas e mais lagrimas não paravam de cair em meu rosto. Por que Remo tinha que ser tão cabeça dura? Ele tinha saído pela porta sem falar nada, sem dizer como estava se sentindo, sem me deixar pelo menos ajudá-lo a fazer os curativos de seus ferimentos na lua cheia. E ainda tinha Severo. O que deu naquele maluco para me beijar daquele jeito? Não que eu não tivesse gostado, mais... Bem, de uns tempos pra cá eu não tenho gostado do que é certo.
– O pior, foi que eu gostei!– gritei cheia de frustração. – em nome de Merlin, por quê?
A culpa me consumia por dentro, não beijei mais retribui e gostei. Mais por um lado como Remo mesmo disse uma vez, agente não tinha nada, não que dependesse de mim. Levantei da cama e sai do quarto, já tinha me decidido, ia procurar Remo, ia conversar e deixar tudo em pratos limpos. Sai do largo Grimmald e aparatei em frente a uma casa em um subúrbio trouxa. A casa era pequena mais tinha um jeitinho bem aconchegante, tinha o jeito de Remo. Dei umas batidinhas na porta e ouvi um’’já, vai’’ em uma voz rouca, suspirei. Assim que ele abriu a porta, rapidamente congelou.
– Oi, é, bem, eu... – gaguejei um pouco. – precisamos conversar.
–Ninfadora, eu não acho...
–Eu já falei para você não me chamar assim.
– eu não acho boa idéia. – ele resmungou.
– Nem vem com essa, Remo Lupin, precisamos conversar e vai ser agora. – falei o meu discurso e ele se afastou da porta para me deixar entrar.
A casa por dentro estava bem organizada, várias prateleiras de livros sem nem um pouco de pó, o sofá bem arrumado e um cheirinho de hortelã no ar.
– Remo, como você consegue manter essa casa nesse estado? Nem a minha mãe que é fã de limpeza consegue tanta perfeição.
Ele me deu o sorriso de lado que eu adoro e falou: – Digamos que eu tenho tempo de sobra.
– E esse cheiro?– perguntei curiosa.
–Antes de você chegar eu estava tomando um chá de hortelã. – ele apontou para uma mezinha que continha um bule e uma xícara fumegante.
O silencio reinou entre nós dois, e antes que eu pudesse abrir a minha boca Remo perguntou.
–O que você quer conversar Tonks?
–Sobre nós dois, sobre o que aconteceu, sobre você. – falei bem rápido, Remo tentou mais sem sucesso rir do meu atropelo de palavras.
Antes que o silencio pairasse, eu sugeri que nos sentássemos.
–Claro. - Remo falou
Sentamos no sofá, um de frente para o outro e eu comecei a falar calmamente.
–Antes de qualquer coisa, eu queria dizer que eu nunca tive a intenção de te magoar, isso nunca passou pela minha cabeça. Você é uma pessoa muito especial Remo, você é gentil, compreensivo, educado, inteligente, legal, charmoso e são tantas qualidades que se eu pudesse eu ficava o dia inteiro falando. Você é o meu eu contrario, eu sou desastrada, muitas vezes irritante, inconveniente e...
–Tonks pare. – Remo me interrompeu– eu também não quero magoar você, sendo você essa pessoa carinhosa, divertida, inteligente, competente, linda. Você é uma verdadeira prima de Sirius, com a sua coragem, eu tenho certeza que onde ele estiver ele sente orgulho de você.
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Eu estava tomando o meu chá, quando alguém bate na porta, gritei um ‘’já, vai’’ e fui até a porta. Parada em minha frente estava Tonks, hoje com longos cabelos ruivos, olhos castanho-mel e bochechas coradas. Simplesmente adorável. Ela começou a falar e depois entrou nos sentamos e ela recomeçou a falar. Sorri em pensamentos, como aquela garota falava, mais uma das qualidades dela. Olhei no meu relógio e comentei.
–Daqui a alguns segundos eu tenho que partir.
Tonks só me observou calmamente.
–Como agente fica Remo?
– É difícil. Você sabe disso. – eu falei cansado.
–Remo, aquele maldito beijo não foi proposital, nem planejado. Eu amo você, mais da sua parte não vem retribuição, então eu não vou forçar a barra.
–Não é por causa do beijo Tonks. A minha condição, a minha vida, se é que eu posso chamar isso de vida!
Antes que eu pudesse continuar, ela se levantou e foi rumo à porta, mais antes que ela fosse embora eu segurei seu pulso e fiz com que ela olhasse em meus olhos. Ela olhou e minha atenção foi para a sua boca, lentamente segurei seu queixo e comecei a me aproximar...
–Não. – ela falou se afastando. – eu não quero que você me beije só por atração ou por que eu estou aqui, eu quero um homem inteiro Remo. E tome cuidado hoje.
E saiu sem dizer mais nada.
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Rejeitar o seu beijo não foi fácil, mais eu já estava com uma decisão tomada. Não queria que Remo ficasse comigo por pena ou só por uma atraçãozinha, eu queria um homem inteiro. Jurei a mim mesma que lagrimas não iam mais cair. Decidi ir até a Toca, mais não queria aparatar até lá, ia de maneira à lá trouxa, ia de metrô. Pessoas e mais pessoas nas ruas, comprei meu bilhete e passei pela roleta, peguei o metrô que me deixava bem próxima da Toca e comecei a caminhar. Antes que eu pudesse cair na besteira de ir até a Toca andando, um relâmpago cortou o céu e a chuva começou a cair. Logo aparatei em frente a Toca, bati na porta e fui recebida por um’’ Quem é?’’ em uma voz bem familiar.
–Sou Ninfadora Tonks, auror, nossa ultima conversa Molly foi ao largo Grimmald...
A porta abriu e nela surgiu uma mulher baixinha e gordinha, com os cabelos ruivos e um sorriso nos lábios.
–Tonks, querida!– ela me pegou para um forte abraço.
–Oi Molly.
– Entre querida. – falou me dando espaço para entrar.
Entrei e vi que Molly estava sozinha, olhei direito e perguntei.
–Molly, cadê a Gina, o Rony, o Arthur?
–Arthur ainda está no Ministério e o Rony, a Gina e a Hermione estão dormindo.
–A Hermione está aqui?
–Sim querida, eu mandei convidá-la para passar as férias aqui conosco.
–Hum.
– Sente-se, eu vou preparar um chá. – eu me sentei na cadeira e tirei minha capa enquanto observava Molly fazendo alguns gestos com a varinha e logo depois uma caneca fumegante de chá estava em minha frente.
Molly sentou na minha frente e comentou.
–Você parece preocupada querida. Aconteceu alguma coisa?– Molly perguntou gentilmente.
Demorei um pouco para processar aquela pergunta e decidi desabafar com Molly. Tipo, ela era mais que uma amiga pra mim, ela era como uma segunda mãe, ela me entenderia.
– Nada está dando certo na minha vida, Molly. – falei.
– Foi o Remo de novo? O que ele fez?– perguntou preocupada.
– Dessa vez não foi ele, dessa vez foi eu mesma. Minha vida está despedaçando em vários pontos.
Molly só ficou me observando demoradamente.
– Eu não posso falar muita coisa, mais eu acabei de sair da casa de Remo, e foi difícil ficar ao seu lado. Eu...
Não percebi que estava chorando, até Molly pegar em minha mão.
– querida, não ia ser melhor você tentar ficar ao lado de outra pessoa? Alguém que te faça mais feliz que Remo, por que até agora ele só fez magoar você.
– Molly, agora com a sua força eu vou tentar. De verdade. Eu não vou gastar minha vida assim, sofrendo e chorando o tempo todo.
Toc, toc, toc.
– Será que é o Arthur?–perguntei secando as lágrimas dos olhos.
Molly se encaminhou até a porta e nervosamente perguntou.
–Quem é? Identifique-se!
– Dumbledore trazendo Harry.
Molly abriu a porta e logo vi Harry e Dumbledore.
–Harry, querido! Nossa, Alvo, você me assustou, não disse para não esperar vocês antes de amanhecer?
– Tivemos sorte. Slughorn foi mais fácil de persuadir do que imaginei. Um feito de Harry, é claro. – o diretor começou a falar, mais logo seus olhos pousaram em mim e ele me cumprimentou– Ah,olá, Ninfadora!
– Olá, professor. E aí, beleza, Harry?
–Oi Tonks.
Antes que alguém mais falasse, eu me levantei e peguei minha capa.
–É melhor eu ir andando. Obrigada pelo chá e simpatia, Molly.
–Por favor, não vá embora por minha causa. - disse Dumbledore. – Não posso ficar, tenho assuntos urgentes a tratar com Rufo Scrimgeour.
Desviei o olhar e falei.
– Não, não, eu preciso ir mesmo. Noite...
– Querida, por que não vem jantar no fim de semana, Remo e Olho-Tonto virão...?
– Sério, Molly, não... mas obrigada mesmo assim... boa-noite para todos.
Sai de lá e aparatei em frente a minha casa, caminhei até um pequeno banco que ficava entre minha casa e entre uma arvore de ameixas dirigíveis. Sentei-me e comecei a fitar a lua cheia, a lua de lembranças, a lua de Remo.

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