Onde Tudo Pode Acontecer



 


 Sabe quando você sente certo apego pela companhia de alguém? Pois é, eu me sentia assim com relação a Severo. Eu devia estar um pouco animada por ter uma companhia na missão, mais uma companhia irônica era no mínimo incomodante.


Estava deitada em minha cama na casa dos meus pais, recebi uma pequena folga do posto em Hogsmeade e aproveitei para descansar.


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 Que dor. Foi tudo o que pensei. Já fazia praticamente duas semanas que eu estava no grupo de Greyback e até agora não consegui me acostumar. Tinha saudades de Tonks com sua alegria contagiante e seu jeito desastrado. Saudades daqueles lábios doces e de sua mão percorrendo meu corpo me ajudando a fazer meus curativos.


Mais uma lua cheia, mais um sofrimento. Nunca me acostumei com essa maldição. Ontem a transformação foi dolorosa, estava longe de Tonks...


– Levanta lobo desgraçado!– falou uma voz rouca.


Pus-me de pé com certa dificuldade e olhei com ódio para Greyback.


– Não pensa que pode ficar me dando ordens. – falei


– Meu grupo, minhas ordens. – falou rudemente– tenho uma missão surpresa para você.


Apenas assenti. Não adiantava falar nada, Greyback dava as ordens e nós obedecíamos sem questionar.


– Qual é a missão?– perguntei com indiferença.


Greyback deu uma risada sonora.


– Digamos que é surpresa.


– Surpresa?


Greyback foi embora com um sorriso bastante satisfeito no rosto. Algo naquele sorriso fez um certo tremor percorrer o meu corpo.


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 Como acordar cedo era um saco. Tinha acabado de acordar com o pensamento naquela maldita missão no largo Grimmald. Me encaminhei até o guarda-roupa e comecei a revira-lo. Peguei uma calça jeans bem surrada e uma regata bem justinha, mais nada vulgar. Tomei um banho bem relaxante e rapidamente coloquei minha roupa, hoje decidi usar longos cabelos azuis e olhos castanhos. Desci as escadas bem devagar para não acordar meus pais. Abri a porta da sala e me encaminhei para o quintal, onde aparatei.


 Com sorte consegui aparatar em uma rua trouxa, e bem em frente a um Café Expresso. Escolhi uma mesa bem perto da janela do local e pedi um super cappuccino. Quando terminei de tomar, dei uma rápida olhada no meu relógio e me assustei, já eram oito e vinte. Que mancada, pensou, atrasar justo no dia da ‘’mini’’ missão. Rapidamente depositei um dinheiro de trouxa em cima da mesa e sai apressada para um beco próximo, onde aparatei.


 Chegando em frente as conhecidas casas do largo Gimmald,  pensei nas palavras certas e rapidamente o número doze apareceu em minha frente. Abrindo a porta me deparei com uma casa bem escura e silenciosa. Logo percebi que o rei da ironia ainda não tinha chegado, que ótimo. Fui caminhando sem demora pelo corredor e sem mais nem menos tropecei na porta-guarda-chuvas de pé de trasgo e ai aconteceu a maior barulheira. O quadro da Sra. Black começou a gritar insultos’’ MESTIÇOS IMUNDOS, FILHOS DA IMUNDICE, PAREM DE EMPORCALHAR A MINHA CASA... ’’, junto com a voz da Sra. Black outra voz se sobrepôs.


– Cala a boca, velha caquética. – falou uma voz masculina.


– SAI DA MINHA CASA, SEU CÃO...


– Estupefaça!


 Rapidamente me levantei, e logo senti uma pontada dolorosa no meio das costas e uma dor insuportável em meu pulso. Que ótimo, quebrei o pulso. Coisa digna de Tonks.


– Quem está ai?- perguntou a mesma voz anterior.


Ouvi passos em minha direção e agarrei firmemente a minha varinha.


– Estupefaça!– o homem ordenou. Desabei no chão com uma terrível dor.


Na penumbra pude ver um brilho, e logo depois olhos bem negros. O homem se abaixou em minha direção e me olhou atentamente.


– Ninfadora?– perguntou excitante


– Quem mais podia ser Severo?– perguntei aborrecida


 Ele me estendeu a mão e eu consegui levantar. Sem querer ele pressionou o meu pulso quebrado fazendo eu soltar um grito de dor.


– Ai! Ai!


–Qual o problema Ninfadora?


– Bem, se você não percebeu, o meu pulso está quebrado... - falei em tom irônico.


Snape pegou com certa delicadeza em meu pulso, e o examinou atentamente. Sem dizer uma palavra, apontou a varinha para o meu pulso machucado, logo em seguida ataduras começaram a se enrolar em meu pulso. Suspirei.


– Não passa a dor, mais pelo menos o seu pulso não desloca mais. - falou Severo me olhando nos olhos.


– Obrigada. - falei com certa gratidão. – Cair duas vezes seguida não é para qualquer um.


Severo deu uma risada. Uma risada sem sombra de ironia ou deboche.


Não pude deixar de sorrir junto com ele.


– Bem, agora que você me ajudou, vamos começar a missão. – falei em tom animado.


Severo fez um gesto de negação com a cabeça.


– Com o seu pulso quebrado você não vai dar conta do trabalho, é melhor eu fazer sozinho.


– Nada disso senhor Severo Snape, eu me levantei bem cedo, tomei banho na água gelada e cai duas vezes. Eu vou fazer alguma coisa.


– Se você quer assim, então vamos começar Ninfadora.


–NÃO ME CHAME ASSIM! EU ODEIO ESSE NOME IDIOTA!


 Severo só fez se encaminhar em direção a cozinha, logo o segui. Passamos vários minutos em silêncio, Severo observando alguns artefatos duvidosos e eu examinando o ‘’quarto’’ daquele elfo desgraçado. Logo vi uma certa caixa bem enfeitadinha, me esforcei um pouco para pega-la( não usei a varinha, por medo de incendiar o quarto do pobre elfo), e logo vi que estava meia aberta. A curiosidade venceu o bom-senso, abri a caixa e me deparei com uma mão viscosa, que começou a se movimentar e rapidamente pulou em meu pescoço, tudo o que eu consegui foi gritar.


– Socorro!


 Ouvi várias porcelanas se partindo, e passos abafados em minha direção. Outra mão se sobrepôs a ‘’mão assassina’’, e tirou-a do meu pescoço. Como seu ultimo ato de vingança, a mão caída no chão, se encaminhou na direção da minha perna e apertou o meu tornozelo, furando a minha pele. Só consegui sentir meu sangue escorrendo e a escuridão tomando conta da minha visão.


– Ninfadora, Ninfadora!– alguém bem distante estava dando tapinhas em meu braço. Não consegui ver quem era mais tinha certeza que era uma voz masculina.


– Acorde!– a voz praticamente suplicou.


Quando abri os olhos vi Severo Snape na minha frente, tentei fazer força para levantar do lugar que eu estava mais uma forte dor no meu tornozelo me informou que ele estava quebrado. Rapidamente me deitei novamente e fiquei encarando Severo. Para quebrar o silencio, perguntei.


– O que aconteceu comigo?


–Bem, a sua curiosidade venceu o bom senso, e você atrapalhadamente abriu o que não devia e acabou com uma fratura no tornozelo. – falou Severo me encarando.


–Quanta burrice a sua! Poderia ter morrido!– falou em tom de sermão. Logo vi que ele estava um pouco nervoso.


– Você simplesmente não mede as conseqüências dos seus atos! Você é irresponsável, você é...


– Já chega Snape! Eu to aqui com uma dor no corpo todo, um pulso quebrado, um tornozelo quebrado e você ainda vem me dar bronca e me chamar de burra? Paciência. – tentei me levantar, mais uma tonteira invadiu meu corpo.


– Não levante. – Severo falou me ajudando a me deitar novamente.


 Bufei de impaciência. Olhei ao meu redor e percebi que estava no meu antigo quarto da ordem. Ele continuava igualzinho, mesmos pôsteres, algumas camisetas de rock em cima da cadeira e a mesma colcha de cama das Esquisitonas. 


 Sem dizer uma palavra, Severo pegou um pequeno frasco de dentro das vestes e abriu a tampa. O frasco continha uma poção cor de rosa, Snape aplicou um pouco da poção na minha perna machucada. Senti um arrepio. Não porque a poção doía, mais por que nesse meio tempo, Severo tinha se aproximado bastante, ele estava quase em cima de mim. Seu cheiro tomou conta da minha cabeça e tudo o que eu pude fazer foi suspirar inalar aquela fragrância. Ele veio chegando mais perto, apoiou suas mãos no colchão e veio para o meu lado, logo depois se aproximou do meu pescoço e começou a depositar alguns beijos nele. Tentei empurrá-lo, tentei chamar sua atenção, mais minha cabeça e meu coração não deixava, eu ansiava por ele, precisava provar o gosto do seu beijo. Logo ele alcançou o alvo, a minha boca, e começou a me beijar intensamente. Sua boca clamava de paixão, suas mãos exploravam meu corpo, entrando na minha blusa e alisando minha cintura. Tudo estava ocorrendo bem, se não fosse por uma pessoa parada na soleira da porta, que observava tudo em estado de choque.

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