A linhagem real da Fênix
A linhagem real da fênix
No Ministério, o trio Alex, Lupin e Sara, andava rapidamente por entre as salas dos diversos Departamentos. Depois de alguns minutos de caminhada chegaram a um beco sem saída, Lupin e Alex fitaram a parede e se olharam sem entender. Sara apenas riu e disse:
-Algumas coisas mudaram desde que Você-Sabe-Quem invadiu o Ministério. A segurança foi reforçada, especialmente em se tratando de documentos - a loira deu um passo à frente e empurrou certos tijolos no que parecia uma ordem já definida, em seguida dois tijolos que se encontravam no centro recuaram como se alguém os estivesse puxando por trás e um pergaminho surgiu pela pequena fresta.
Alex tirou um pergaminho em branco de sua capa junto com uma pena, puxou a varinha, tocou de leve na pluma e disse um suave Copieren enquanto apontava para o pergaminho. A pluma pulou de pé e começou a copiar de forma que em poucos minutos o trabalho estava feito.
Sara rapidamente devolveu o pergaminho ao pequeno buraco e esse foi preenchido novamente com um tijolo. Enquanto o pergaminho era guardado, a loira refletiu um pouco e indagou desconfiada:
-Não me levem a mal, mas copiar documentos confidenciais sem dar satisfação ao Ministério não é o que eu consideraria uma operação legal - dando um leve aceno na direção da cópia nas mãos de Alex completou - o que exatamente vocês pretendem fazer com isso?
Alex e Lupin se entreolharam, passar informações para uma amiga, mesmo em se tratando de alguém de confiança, estava definitivamente fora de questão. Alegar que se trata de um assunto “confidencial” da Ordem também não era uma boa saída, considerando que Sara fazia parte do Ministério. Assim, tomando muito cuidado com as palavras, Lupin explicou:
-A Ordem descobriu recentemente algumas informações que poderiam se mostrar imprescindíveis contra Você-Sabe-Quem.
-Não recebemos nenhuma informação desse tipo, creio eu que o Ministério já deveria ter sido informado a essa altura do campeonato.
-Eu sinto dizer isso, mas a verdade é que a maioria dos membros da Ordem, Dumbledore mais que todos, não confia no Ministério para manter isso um segredo - Sara lhe lançou um olhar confuso - Não sei se estou sendo claro, mas na atual situação em que se encontra o mundo dos bruxos Fudge é capaz de se utilizar de qualquer informação positiva para acalmar os ânimos da população... e isso seria uma desgraça para toda a operação.
Sara o estudou por um momento, deu de ombros e terminou por dizer:
-Se é assim então, tudo bem. Eu conheço Dumbledore o bastante para saber que ele não tomaria esse tipo de medida se não fosse realmente necessário. Está certo, fim do interrogatório.
Os dois amigos suspiraram de alívio e tiraram das capas suas chaves precisas. Já estavam terminando o desenho quando a voz fina de Sara os interrompeu mais uma vez:
-Remus, Alex - os dois desviaram sua atenção para ela - Eu só queria dizer que foi muito bom vê-los de novo, me mandem uma coruja qualquer dia desses.
Os dois acenaram e deram o toque final em suas estrelas.
----------------------------------------------------HOGWARTS------------------------------------------------
No escritório de Dumbledore, Sírius e Tonks já não podiam mais esperar, e já analisavam a possibilidade de invadir o Ministério e arrancar Alex e Lupin dali quando, enfim, os dois apareceram repentinamente no meio da sala.
-Atrasados!!! - brincou Sírius forçando uma cara de indignação.
-Não há com que se preocupar, sua posição nesse ranking já está garantida para os próximos cinqüenta anos - terminou Lupin.
Os dois homens foram levados de volta a realidade por Alex e Tonks que cortaram, não sem alguma dificuldade, a discussão. Acalmados os ânimos, Dumbledore tomou a palavra quase que rindo:
-Então, conseguiram a lista?
Alex tirou de sua capa um pedaço de pergaminho e o entregou ao diretor. Este o estudou por alguns instantes e então abriu um largo sorriso e disse:
-Consideremos esse um dia de muita sorte, meus caros.
Todos sorriram por dentro. Se na atual situação, Dumbledore consideva ter sorte alguma notícia MUITO, mas MUITO boa estava por vir.
-Sentem-se todos, tenho muitas coisas a lhes contar...
Tão logo seu pedido foi atendido ele recomeçou:
-Há aproximadamente dezesseis anos, pouco antes de Thiago e Lílian decidirem se esconder, eu chamei a ambos para o que considero a conversa mais séria que já tive com alguém...
--------------------------------------------------FLASHBACK--------------------------------------------------
O escritório estava menos iluminado do que de costume, as sombras dos móveis e demais objetos chegavam a ser assustadoras. Até mesmo os traços, em geral gentis, de Dumbledore pareciam ter enegrecido.
O jovem casal entrou no aposento sem fazer um único ruído, ambos olharam para o vulto sentado, a cabeça baixa não permitia a nem mesmo a sensível Lily ver o que ele estava pensando.
-Thiago, Lílian, sentem-se.
Ambos obedeceram prontamente. Um momento de silêncio se passou, o qual Lily aproveitou para acomodar melhor o embrulho de cobertores que se encontrava em seu colo, ela abriu um sorriso quase que imperceptível ao ver que Harry continuava dormindo tranqüilamente.
- Antes de tudo - começou Dumbledore - me digam, vocês tem alguma idéia do porquê eu os chamei aqui?
-Voldemort... - disse Thiago incerto - está atrás de nós.
-Atrás de “um” de vocês, na verdade - respondeu fixando seus olhos no bebê que dormia no colo de Lily - Como devem saber, Voldemort já estudou em Hogwarts uma vez, e talvez já devem ter ouvido falar que eu lecionava transfiguração aqui na mesma época - ele levantou o olhar para os dois a sua frente - Tanto eu quanto qualquer outro professor que tenha o tido como aluno devemos ser sinceros e dizer que se tratava de bruxo excepcional, colecionava boas notas e tinha grande respeito pelas regras, ou pelo menos era o que aparentava.
O velho diretor tirou uma chave de sua capa e abriu uma das gavetas de sua escrivaninha, de lá, tirou uma pasta de aparência muito velha e a passou a Thiago. Dentro, o jovem encontrou a ficha escolar de Tom Ridler e começou a ler os dados em voz alta para Lílian.
-Tom Ridler era filho de uma descendente de Salazar Shyterin e de um trouxa. Eles viviam em Little Hangleton até que o pai descobriu as origens por ele consideradas “satânicas” de sua esposa e os abandonou. A mãe morreu logo depois e Tom passou a morar em um orfanato de trouxas, onde nunca foi capaz de se adaptar graças a seus grandes talentos como bruxo que faziam os demais o verem como uma aberração e impediram que fosse adotado.
O convite para Hogwarts foi, provavelmente, o que salvou o garoto de cometer suicídio. Ele entrou na escola na condição de aluno especial, durante a cerimônia de abertura foi selecionado para... - Thiago parou repentinamente e olhou para Dumbledore sem acreditar, o diretor apenas confirmou com a cabeça e disse para que continuasse, o que ele fez dando enfase na palavra que estava por vir - ... foi selecionado para Grifinória e manteve boas notas desde então, entrou para o time de quadribol de sua casa no terceiro ano como apanhador e apresentava uma grande capacidade de comunicação com os demais alunos, o que lhe deu muitos amigos, foi nomeado monitor no quinto ano.
Tudo pareceu mudar no meio de seu quinto ano, quando repentinamente se entregou a reclusão. Suas notas caíram drasticamente, ele foi expulso da equipe de quadribol após derrubar uma adversária da vassoura, passou a arrumar problemas com vários colegas e professores. Sua estadia na escola só se prolongou por tê-la salvo de um certo monstro que rondava pelos corredores. Se mostrou incapaz de tirar um único NOM ao final de seu quinto ano, além de ter sido extremamente desrespeitoso com os examinadores. Perdeu seu posto de monitor no sexto ano, por abuso de autoridade e descompromisso com o cargo. Foi expulso as vésperas dos NIEMs, ao ser encontrado por Filch à noite, em um dos banheiros, com vários livros da seção reservada, enquanto trabalhava numa poção ilegal.
Thiago repôs a ficha no interior da pasta e a devolveu a Dumbledore, este a guardou na mesma gaveta e se pôs a falar:
- História interessante, não? De aluno promissor a caso perdido, é óbvio para qualquer um que algo muito ruim aconteceu com o jovem Tom Marvolo Ridler durante seu quinto - Dumbledore soltou um longo suspiro - e o mais triste é que, de uma certa forma, todos nós fomos culpados. Culpados por não termos dado a devida importância ao caso Ridler, como ficou conhecido, por não termos percebido o que estava acontecendo.
Dumbledore abriu a mesma gaveta e, desta vez, tirou uma foto onde apareceiam um Dumbledore antes de seus cabelos terem esbranquecidos e um jovem que sorria alegremente.
-Este - continuou - era Tom antes de tudo começar. Na época, se tratava de um dos poucos mestiços que estudavam em Hogwarts, o que não o impediu de ser o melhor da classe em boa parte das matérias. Por esse e outros motivos, acabei me aproximando do jovem Ridler, digamos que eu pude ver nele a porta de entrada para muitos outros nas mesmas condições. Estimulei Tom a seguir sempre em frente, o convenci que a sua situação no orfanato e no mundo dos trouxas era apenas temporária, que ele poderia ser um dos maiores bruxos de nossa época se tentasse e, cá entre nós, eu estava certo. Até o quinto ano, Tom mostrou grandes talentos na arte da bruxaria e um excelente caráter. Era o aluno do qual eu tinha mais orgulho e posso dizer que estava cheio de espectativas quanto a seu futuro no mundo dos bruxos. Aos poucos me tornei uma espécie de onselheiro e protetor do jovem Ridler, ele sempre me falava de seus problemas e de seus medos, ele sempre confiou em mim - Dumbledore olhou tristemente para o retrato em cima da mesa - e eu, mesmo sem ter percebido na época, não estive lá quando ele mais precisou. É realmente uma pena que eu não tivesse percebido antes que fosse tarde demais.
O diretor lançou um olhar sério e cansado para o casal, demonstrando assim que o que estava por vir não seria fácil para ele.
-Eu creio que se recordem o bastante de suas aulas para se lembrar o que é um devorador de almas.
-Uma criatura vinda do submundo, um demônio que suga a alma de uma pessoa para se aproveitar de seu corpo - disse Lílian como se estivesse respondendo a pergunta de um professor.
-Precisamente, trata-se do mais terrível dos monstros que podem chegar a caminhar por esta terra. Felizmente, a aparição de um é extremamente rara, digamos que a cada cem anos temos que lidar com um deles. São extremamente difíceis de detectar por serem invisíveis ao olho humano, e, graças a sua raridade nesse mundo, nunca imaginamos que a pessoa que esta ao nosso lado foi o alvo de um devorador. Adquirem as habilidades de sua vítima três ou quatro anos após se apossarem do corpo, por isso nos parece que a pessoa perdeu repentinamente todas as suas capacidades assim como sua memória.
-Sr. Dumbledore, está dizendo que Voldemort é na verdade...
-A infeliz vítima de um devorador de almas? Sim.
Um silêncio mortífero recaiu sobre o aposento, Thiago e Lílian trocaram olhares. Certamente, aquilo tudo estava sendo difícil para Dumbledore, mas então, por que ele estava contando toda a história, e por que para eles?
O diretor se levantou, caminhou até uma estante, puxou um livro que fez com que estante entrasse no chão. Mais uma das inúmeras passagens secretas de toda Hogwarts. Dizendo um leve “sigam-me” se pôs a descer a escadaria que se formou atrás da passagem.
Depois de alguma caminhada no escuro, chegaram em uma sala circular, iluminada pela luz de diversas velas que flutuavam em volta de um objeto pouco mais alto que um homem adulto e coberto por um pano cinzento.
-Este - disse Dumbledore enquanto puxava o pano - é o espelho de Ojesed!
O casal se viu diante de um magnífico espelho, onde podiam ver a si mesmos, mas em um mundo sem preocupações, um mundo onde podiam viver seu dia-a-dia como qualquer outra família, um mundo onde não eram perseguidos por Você-Sabe-Quem.
-Como já devem ter notado, não se trata de um espelho comum. O espelho de Ojesed mostra somente aquilo que queremos ver, nossos desejos mais profundos, aqueles que nem mesmo nós podemos perceber - ele fez uma pausa - Aqui foi o lugar onde Tom foi atacado, e o lugar onde eu, dois anos depois, percebi isso.
Já deviam ter se passado algumas centenas de anos antes que alguém percebesse que um devorador havia se instalado nessa sala, e quando finalmente o percebemos, ele já tinha escapado.
Estávamos próximos de abril quando o então diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, sr. Dippet, havia chamado Tom para discutir alguma coisa relacionada com os fins de semanas em Hogsmead. Eu estava na sala do diretor por um motivo qualquer e decidi mostrar o espelho para o jovem Ridler. Na hora, me pareceu uma boa forma de fazê-lo refletir sobre si mesmo e sobre seu futuro. Quando chegamos a esta câmara, ele ficou estarrecido diante do espelho, quando lhe perguntei o que via, ele me disse que seu pai estava sorrindo para ele, que mostrava orgulho por tê-lo como filho pela primeira vez em sua vida.
Thiago e Lílian ficaram a observá-lo boquiabertos.
-Eu me surpreendi também! - completou - O jovem Tom, ao ver a imagem de seu pai, tentou se aproximar do espelho, alcançá-la. Quando finalmente encostou no espelho, suas pupilas dilataram, ele caíu de joelhos e desmaiou logo em seguida. Tom passou uma semana na área hospitalar, depois de se recuperar... bom, digamos que se tornara outra pessoa.
Quando já estava com as malas prontas, aproveitando suas últimas horas dentro da escola, eu o trouxe aqui novamente, o coloquei de frente ao espelho de Ojesed e lhe perguntei o que via - repentinamente, Dumbledore pareceu extremamente cansado e se viu na necessidade de usar a parede como apoio - ele respondeu um “nada” de forma fria e calculista e saiu da sala sem ao menos se despedir. Essas, foram as últimas palavras que trocamos e, naquele dia, eu me vi frente a frente com minha maior derrota.
-Professor Dumbledor, eu... sinto mui... - começou Lílian, mas foi interrompida pelo próprio.
-Não há mais do que se lamentar, todos já pagamos muito caro por toda essa história. O importante agora não é o que poderíamos ter feito, mas o que ainda podemos fazer - ele se usou de uma pausa para recuperar a compostura e então continuou - Duas semanas atrás, foi feita uma profecia, uma profecia que falava sobre o fim do Lord das Trevas que seria derrotado por um garoto nascido no final do mês de junho - disse enquanto olhava para a criança nos braços de Lílian.
-Como pode ter tanta certeza?
-Me diga Thiago, você sabe qual a única arma realmente eficaz contra um devorador de almas?
A mudez de Thiago falou por si mesma.
-Pois bem, há muito tempo, aquele que agora é denominado o príncipe dos feitiços, o grande mago Merlin, uma vez descobriu que um devorador de almas só pode ser destruído através do sangue de uma fênix. Ao perceber isso, ele ministrou em seu mais querido amigo, o rei Arthur da Inglaterra, um pouco do sangue de uma fênix que estava em sua posse. Dessa forma, ele pode evitar que Morgana, meia irmã do rei, se utiliza-se de um devorador de almas, por ela mesma invocado, para atacar Arthur. O plano se mostrou eficiente, e o devorador, ao tentar consumir a alma do rei, foi queimado pelo poder inigualável da fênix.
Além de derrotar o devorador, Arthur se tornou imune por toda a sua vida, e, aparentemente, o sangue da fênix foi passado para seus descendentes mas, aparentemente, foram muito poucos os que obtiveram a mesma imunidade, ela aparecia apenas a cada cinco ou seis gerações - Dumbledore deu um sorriso de sarcasmo - Para uma praga rara, um remédio ainda mais raro.
Dumbledore olhou Thiago nos olhos e disse em um tom anormalmente sério:
-Talvez você já saiba sobre isso, mas... devo dizer que os Potter são, na verdade, os últimos remanescentes da linhagem real da fênix, como ficou conhecida a Casa de Arthur.
O outro homem apenas acenou a cabeça confirmando.
-Na minha interpretação da profecia feita pela senhorita Trelawney, Harry deve ter herdado a lendária imunidade de Arthur.
Todos mantiveram-se em silêncio até Dumbledore dizer que já era hora de voltar ao escritório.
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Lupin, Alex, Sírius e Tonks estavam boquiabertos, incapazes de acreditar no que tinham acabado de ouvir.
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