Dentro da Borgin&Buker
Dentro da Borgin&Buker
Os quatro bruxos apareceram repentinamente na Travessa do Tranco, mau as lojas e ruas se formaram diante deles, Tonks tirou de sua capa o mapa que haviam feito e passaram a segui-lo. Só demoraram alguns segundos para chegar a pequena loja empoeirada com o letreiro Borgin &Bukers.
Sírius foi até a vitrine e indicou-a com o focinho, dentro dela Lupin pode ver a pequena esfera dourada.
-Não a dúvidas, é ele mesmo!
Os dois amigos já estavam com um pé dentro da loja quando Alex os deteve.
-Esperem, as pessoas deste lugar não tem o que eu chamaria de predisposição a nos ajudar, especialmente se isso significar algum problema em seus negócios. Não podemos simplesmente entrar na loja e perguntar por Sneff, precisamos de uma desculpa para estarmos lá.
-Alguma idéia?
-Se tivesse uma já teria falado.
Lupin estudou-a por um momento e sorriu logo em seguida:
-Já sei, Tonks, fique aqui fora e impeça qualquer um de entrar na loja, de uma desculpa qualquer. Alex e eu entramos na loja e distraímos o vendedor. Sírius, quando eu der um sinal você entra o mais silenciosamente possível e vasculha os fundos do estabelecimento em busca de alguma pista. Todos concordam?
-Só uma coisa. O que você pretende falar para o vendedor, as pessoas daqui são dez vezes mais desconfiadas do que no Beco Diagonal, lembra?
O bruxo refletiu por alguns instantes antes de responder:
-Muito simples! Entraremos lá e pediremos para comprar o pomo de Thiago.
-O pomo de Thiago?!?!?! E você, por acaso, acha que isso vai dar tempo suficiente para Sírius entrar lá, encontrar seja lá o que for e sair sem ninguém ver?
-Minha cara Alex, em primeiro lugar, isso aqui é uma loja de antiguidades, e se existe uma coisa que o dono de uma loja de antiguidades gosta de fazer é contar a história de cada peça do lugar, e isso, acredite em mim, pode levar horas. Em segundo, Sírius é um bruxo adulto, capaz de fazer uma coisa chamada “aparatar”, que pode vir a ser...
Antes que Lupin concluísse seu discurso, Sírius deitou-se na calçada e fingiu que estava roncando. Remus, para completar fez uma cara indignada e disse:
-E ainda se diz meu amigo.
O comentário foi seguido por um pequeno ataque de risos do grupo que foi contido a duras penas. Quando todos voltaram ao normal, iniciaram o plano.
Lupin e Alex entraram na loja, esta era muito empoeirada e não era preciso ser um especialista no assunto para perceber que a grande maioria dos itens de seu catálogo nunca visitara uma alfândega. Os apetrechos que se viam nas prateleiras iam desde penas especialmente projetadas para burlar magias anti-cola até guilhotinas portáteis. A pouca iluminação e o estado precário em que se encontrava a construção completavam o que seria, na opinião de qualquer diretor trouxa, um set perfeito para filmes de terror.
Os dois já estavam mudando de idéia quanto a sua estratégia quando um homem curvado e cujos cabelos pareciam ter sido untados com óleo saiu detrás do balcão para atender seus recém-chegados fregueses. O homem abriu um sorriso amarelado e disse com suavidade:
-O que desejam?
Lupin sentiu-se paralisado no momento e não conseguia falar diante da visão do homem, um cutucão de Alex tirou-o de seu transe e ele disse da forma mais normal possível:
-O pomo na vitrine...
Nem ao menos terminara esta parte da frase quando o homem o interrompeu mais uma vez.
-Ah sim!!! Já faz algum tempo que o coloquei a venda, trata-se de uma peça muito rara, não se encontra em qualquer lugar – ele então se dirigiu para a vitrine e retirou o pomo de ouro – Um encanto, não acha? Irresistível para jogadores de Quadribol, especialmente apanhadores, é claro – ele retirou um lenço do bolso e começou a polir a pequena bolinha dourada, Lupin se aproveitou desse momento de distração para dar o sinal a Sírius.
O cão não esperou nem um segundo: adentrou o local e se dirigiu diretamente para trás do balcão, onde não poderia ser visto. De lá, ele pôde perceber uma pequena escada que levava ao segundo andar.
Após subi-la o mais sorrateiramente possível, Sírius se deparou com um estreito corredor cujas paredes comportavam três portas, uma na parede esquerda, outra na parede oposta e a última ao fundo. As duas primeiras revelaram nada mais do que um quarto simples e um pequeno escritório, a terceira, porém, se encontrava trancada.
Sírius voltou para sua forma original, puxou sua varinha da capa e disse em um tom quase que inaudível:
-Alorromorra!
Ouviu-se um pequeno barulho vindo da fechadura que indicava que o feitiço havia funcionado. Ele abriu a porta lentamente, incerto do que encontraria dentro do aposento.
ENQUANTO ISSO, NO ANDAR DE BAIXO
Alex e Lupin não estavam tendo muito trabalho para manter o Sr. Borgin ocupado, ele simplesmente fazia isso sozinho, relembrava jogos de Quadribol memoráveis e momentos inesquecíveis em sua história. Já estava falando sobre o porquê de a estratégia italiana não ter funcionado contra a Austrália nas eliminatórias da Copa de 92 quando outro cliente entrou na loja inesperadamente. A velha tinha os cabelos brancos presos em um coque e a pele já muito enrugada, se dirigiu para o grupo arrastando os pés e disse numa voz fraca:
-Sr. Borgins, já chegou a minha encomenda?
O homem respondeu rapidamente para ela:
-Madame Mirta, não sabia que viria hoje, espere um momento, já vou encontrá-la. Se me dão licença.
O homem desapareceu por entre as estantes de modo que o único sinal de que continuava ali era sua voz e o barulho que fazia ao mover coisas de seus devidos lugares. Pouco depois que o homem saiu de vista, Lupin se dirigiu em um cochicho para a velha:
-O que pensa que está fazendo aqui dentro? Aconteceu alguma coisa lá fora?
A imagem da velha foi se rejuvenescendo até formar as feições de Tonks que respondeu para os dois em voz baixa:
-Más notícias, Lúcio Malfoy apareceu na rua, está vindo nessa direção.
-O quê?!?!?! – exclamou Lupin.
Nesse momento, o Sr. Borgin reapareceu de sua busca por entre as prateleiras carregando um pacote.
-Sra. Mirta, me desculpe a demora! Aqui está seu pacote – disse entregando um embrulho para Tonks, agora com a forma da velha – Facas de pontaria automática, vindas diretamente da Tailândia, espero que a temporada de caça não seja melhor esse ano.
-Ela será! – disse a velha muito rispidamente agarrando o pacote e indo embora.
Sr. Borgin voltou sua atenção para o polimento do pomo comentando brevemente:
-Sra. Mirta, sempre tão entusiasmada...
Terminado o serviço, a pequena bola dourada foi embrulhada em um pano marrom e entregue aos seus novos donos. Enquanto o homem dava a últimas dicas sobre as melhores maneiras de conservar um pomo de ouro, Alex aproveitou para espiar pelo vidro da vitrine com o canto do olho e pôde ver Malfoy se aproximando da loja. Quando ele já estava a uma distância consideravelmente perigosa, ela puxou a manga de Lupin e disse da forma mais calma possível:
-Remus, nós precisamos ir antes que...
-Antes que o que senhorita? – interrompeu-a Borgin.
-Antes que o Ministério desconfie de alguma coisa – disse pensando numa possível resposta que o tipo de pessoa que visitava aquela loja daria – Sabe como é, eles estão mais agressivos esses dias.
-Ah! O Ministério, sempre causando problemas, mas sinceramente eu não me preocupo muito. Se os boatos sobre Você-Sabe-Quem ter retornado forem verdadeiros não teremos que nos preocupar por muito mais tempo. Tenham uma boa tarde.
Os dois aparataram mais do que depressa para o local onde haviam combinado como ponto de encontro caso alguma coisa acontecesse. Quando a imagem de uma pequena praça se formou diante de seus olhos, a silhueta de Tonks, em sua verdadeira forma, veio cumprimentá-los.
ENQUANTO ISSO, NO 2º ANDAR DA BORGIN&BUKER
O cômodo por detrás da porta era, de longe, o mais mal cuidado de todos os outros. Uma grossa camada de poeira encobria o chão e delatava que este não era limpo há alguns meses, as pedras que formavam a parede continham os resquícios do que um dia foi a tinta que as encobria, rachaduras eram visíveis em todos os lugares e todo tipo de bugiganga se encontrava empilhado em várias pilhas que impediam uma pessoa de visualizar o ambiente por inteiro sem ter que andar por entre elas.
O bruxo começou a explorar as salas e, para seu espanto, encontrou a um canto um homem pálido e muito magro, encolhido e acorrentado. A escuridão do lugar não permitia a Sírius ver o rosto do pobre coitado. Sem saber o que fazer, ele apenas perguntou:
-Quem está aí?
Nesse instante, o homem levantou a cabeça, permitindo que a pouca luz do lugar revelasse seu rosto.
1º ANDAR DA BORGIN&BUKER
A porta foi aberta com tamanha violência que atirou de encontro com a parede oposta da loja o sino usado para indicar que um cliente havia chegado. O som do sino se espatifando fez com que o sr. Borgin desse um salto em direção a porta, com medo do que esse freguês poderia ser capaz de fazer ao seu estabelecimento.
A visão de Lúcio Malfoy, obviamente de muito mau humor, tirou toda a cor de seu rosto. Gaguejando e tremendo, ele saudou o recém-chegado:
-Bom dia, sr. Malfoy, em que posso lhe ser útil?
-Corte a cortesia, Borgin, tenho assuntos importantes a tratar. Me diga, por acaso aquele elfo doméstico que te vendi faz alguns anos levou alguma coisa com ele além das roupas? – disse de forma quase ameaçadora.
-Eu sinto muito, meu senhor. Mas já faz algum tempo, não me lembro direito.
-Será que, em todo esse tempo, não percebeu algum item que não pertencesse a sua loja? – perguntou ainda mais ríspido.
-Não senhor. Meus fornecedores depositam a mercadoria no estoque e eu as ponho a venda a medida que as antigas são compradas e as prateleiras se esvaziam, nunca confiro o que recebo.
-Então esta é a hora de começar – disse em tom de comando, mas ao ver que o homem estava paralisado a sua frente completou a frase – O que está esperando? Não tenho o dia todo!
Borgin, mais que depressa, subiu as escadas para procurar, o que quer que fosse, em seu estoque. Ele voltou alguns minutos depois mais pálido do que antes, se é que isso era possível, e disse:
-Ele fugiu.
Lúcio Malfoy bateu no balcão com seu punho e exclamou:
-Droga!
NÃO MUITO LONGE DALI
O trio Alex, Lupin e Tonks avistou um conhecido cão preto que se aproximava, ao mesmo tempo que servia de apoio para um vulto encapuzado. Eles foram a seu encontro e, a surpresa era evidente em seus rostos quando eles descobriram que o homem que Sírius carregava era o vendedor que os tinha atendido na Borgin&Buker. Ele, porém, parecia estar faminto e cansado, além de ser incapaz de pronunciar uma única palavra compreensível.
-Sírius, o que aconteceu?
-Eu o encontrei nesse estado acorrentado no segundo andar. Não podia deixá-lo lá.
-Vamos voltar para Hogwarts, podemos cuidar dele lá, além disso, Dumbledore saberá melhor do que nós o que fazer.
Tonks tirou do bolso algumas chaves precisas e todos voltaram para a escola.
HOGWARTS
Mau haviam chagado, o homem quase morto foi tratado por Madame Pomfrei e, graças a sua diligência, ele logo se recuperou. O que significava que ele já estava em condições para um interrogatório por parte de seus salvadores.
Para isso, todos se reuniram no já familiar escritório do diretor e, para sua surpresa, viram o homem cumprimentar Dumbledore como a um velho amigo, e se responder igualmente.
-Alex, Lupin, Sírius, Tonks, este é Magnus Buker, antigo funcionário do Ministério que havia desaparecido enquanto fazia um minucioso trabalho de espionagem.
-Por favor Dumbledore, deixe que eu mesmo explique minha história – interrompeu-o Buker e disse se dirigindo aos três – Muito obrigado pela ajuda, como já sabem, sou Magnus Buker. Eu e meu irmão gêmeo Borgin abrimos a loja conhecida como Borgin&Buker para tentar obter maiores informações sobre os visitantes da Travessa do Tranco, lugar até hoje questionável. Tudo estava dando certo, quando meu irmão percebeu que poderia lucrar muito com esse tipo de negócio. Como nossa posição dentro da Travessa do Tranco era desconhecida até mesmo pelo próprio Ministério, não foi difícil para ele me fazer prisioneiro, ainda mais com a ajuda de comensais da morte. Tive sorte de que ele não tivesse coragem o bastante para matar o próprio irmão.
Os quatro a quem ele se dirigia se acalmaram, e Alex perguntou timidamente:
-Sr. Buker, por acaso seu irmão teria comprado um elfo doméstico chamado Sneff?
-Para falar a verdade – disse enquanto coçava a cabeça – Borgin comprou um elfo já faz alguns anos, mas o tratava tão mau que acabei por atirar-lhe uma de minhas luvas para liberta-lo, como todos os nossos bens estão no nome de ambos, tudo o que ele comprar é meu em parte.
-Entendo – disse Alex – ele disse para onde iria?
-Quando estávamos nos despedindo, ele deixou bem claro que viria para cá.
-Cá? Você quer dizer que ele está em Hogwarts? Mas não há nenhum Sneff na lista de elfos domésticos do castelo.
-Ele me pediu para lhe dar um novo nome antes de partir. Eu escolhi Bonu.
-Bonu?!?! – disse Lupin enquanto a memória de sua conversa com Dobby no dormitório da Grifinória voltavam a sua mente – Não é esse o nome do...
-Chefe da Manutenção! – disseram Alex, Lupin e Sírius em coro.
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