titanium.

I'm bullet proof,
 nothing to lose
Fire away, fire away

Dei um sorriso cínico. E outro.

- Bom dia, Malf... Quer dizer, Draco. – Falei, sentindo-me estúpida.

Mas eu precisava convencer Hogwarts que estava apaixonada por aquele verme. Era apenas um jogo. Uma aposta. E ao mesmo era mais que isso. Era a vingança de todos esses anos de sorrisos sarcásticos que eu queria tirar do rosto daquele idiota, de “tsc tsc tsc, ora ora se não não é o trio maravilha...” e os inúmeros “sangue-ruim”, “cenoura ambulante” ou “santo Potter” que aquele loiro aguado pronunciara.

Malfoy me devolveu um sorriso maldoso, com aqueles dois malditos olhos sombrios, que me lembravam o olhar de comensal.

- Que foi, Granger? – Ele me respondera, frio. – Desde quando uma sangue-sujo pode dirigir a palavra ao seu superior?

Malfoy não iria contribuir, por sinal, talvez ele quisesse que Hogwarts me visse rastejando aos seus pés. Força, Hermione! É só a doninha, você é bem mais inteligente que isso.

- A professora Minerva me pediu pra avisar que esteja na sala dela pra uma reunião de monitores, em 1h. – Menti, seca.

E dei de ombros.

Minha consciência ficou gritando pra que eu voltasse lá e me mostrasse apaixonada por ele, ou pelo menos desse algum sinal que virasse motivo pra boatos nos corredores. Mas não, isso parecia humilhante e por Merlin, devia haver um jeito mais fácil de fazê-los acreditar.

Antes, apressei meus passos em direção a sala da diretora da grifinória, eu precisava organizar meu plano – não que fosse um esquema genial ou algo assim -, mas já era um começo.

- O que está dizendo, Srta. Granger? – Minerva perguntou, estreitando os olhos.

- Que eu quero entregar meu cargo de monitora. – Falei, fingindo uma voz tristonha. – Não agüento mais trabalhar com Malfoy. – Dei uma pausa, baixando a cabeça. – Tudo pra ele é uma tentativa de me humilhar... – Menti (em partes), deixando que algumas lágrimas começassem a cair.

Eu merecia o prêmio de melhor atriz do mundo bruxo. E a julgar pela forma chocada que Minerva me encarava, o plano estava dando certo.

Ela parecia tão indignada quanto comovida pela minha fragilidade, era difícil até mesmo pra ela ver sua aluna favorita – tão forte e focada – de repente parecer a simples adolescente que de fato eu era.

- Acalme-se, srta. Granger. – Ela me pediu, com a voz rígida. - Não se preocupe com o Sr. Malfoy, terei uma conversa com ele em breve.

Apenas fiz que sim com a cabeça, mas por dentro tudo o que eu conseguia pensar era que meu plano estava funcionando.

II.

- Granger, o que faz aqui? – Ele me perguntou, sério, quase parecendo um comensal da morte.

- Não é da sua conta, loiro aguado. – Respondi, controlando-me para parecer natural, mas eu acabara de sentar na mesma mesa que ele, contrariando todas as regras sociais de desprezo que havia entre nossos sangues.

Metade das pessoas que estavam na biblioteca haviam notado meu súbito movimento, mas eu estava disposta a começar o jogo. Eu faria Hogwarts inteira acreditar que eu estava apaixonada por ele, ah se eu faria. E eu iria vencer. Depois dessa aposta, Draco Malfoy seria apenas um garotinho sem status pra se convencer diante dos seguidores (porque amigos obviamente ele não devia ter!). E Draco Malfoy sem status e sem honra não seria nada, eu faria questão de provar, mesmo que pra isso precisasse de algumas semanas de atuação amorosa.

Ele erguera uma de suas sobrancelhas, arrogante.

- Já começou a correr atrás de mim, Granger? Tsc tsc tsc – Dissera, antes de levantar-se da mesa  sob o olhar de todos.

Levantei-me em seguida, em passos atrás do loiro, tentando criar alguma tensão no cérebro idiota daqueles imbecis da biblioteca. POR MERLIN, ESPALHEM LOGO ESSE BOATO!

- Você é insistente hein, sangue-sujo. – Ele murmurara, sem deixar de andar no corredor, com o olhar no meu, pra logo depois desviar.

- Uma dúvida, Malfoy: O que você considera como “Pessoas achando que estou apaixonada por você”? A maior parte de Hogwarts? Seus amiguinhos?

- Potter e Weasley.

- Quê?

- Se eles acreditarem, a aposta é sua. – Ele respondera, indiferente.

Merda! Pude ouvir minha mente murmurar.

- Já falou com a professora Minerva? – Perguntei, tentando organizar a mentira que viria.

- Ainda não. Por quê?

- Nada não, loiro aguado. Deixa pra lá. – Murmurei, tentando parecer alheia, e voltei a andar, torcendo pra que desse certo. Felizmente Malfoy segurou-me pelo pulso, interessado.

- Agora fala, sangue-ruim.

- Bom, Mcgonagal me disse que faremos rondas juntos todas as noites. – Falei, soando natural. A coisa absurda nisso é que o loiro não pareceu abalado, sequer ofendido, mas logo se recompôs, franzindo o cenho.

- Haha, nos seus sonhos, Granger. Vou falar com ela hoje mesmo e pedir pra mudar esse horário. – Ele dissera, exatamente como eu achei que reagiria e dera de ombros.

You shoot me down
 but I won't fall:

I am titanium!

 

Fazer da vida de Draco Malfoy um inferno. Era disso que eu precisava. O ódio era a melhor desculpa e só através de uma história de amor e ódio é que as pessoas iriam acreditar na minha súbita “paixão”. E tudo começaria [?].

Por sorte, depois de alguns passos no corredor, vi os cabelos loiros platinados de Barbie daquele verme, ele estava no centro de uma roda de alunos, que não chegavam a ser exatamente uma multidão. Dava pra ouvir seu riso sarcástico rasgando dignidade e humilhando quem quer que fosse a pessoa que estivesse com ele (notei após alguns segundos que era Neville), apressei meu passo na direção da roda, com o coração acelerado.

- Longbottom, alguém já diss-

- Deixa ele em paz, Malfoy. – Falei, tentando soar agressiva.

Crabble e Goyle olharam-me rindo, como se eu fosse uma criança tentando se meter em uma conversa pra adultos.

Blaise, por outro lado, mantinha um ar divertido (curioso, talvez), arqueando uma de suas sobrancelhas de uma forma semelhante ao seu amiguinho verme, e fitava-me de forma penetrante, e eu quase podia dizer que ele sabia, o que era totalmente aceitável, já que ele era o único (verdadeiro (?) amigo de Malfoy.

- Defendido por uma sangue-ruim, Longbottom? Tsc tsc tsc. Cada vez pior. – A Barbie falara, ignorando-me.

Neville mantinha a cabeça baixa, e era segurado pelos dois capangas sem cérebro. Eu ainda não sabia o porquê, mas tinha certeza que fora ideia do loiro.

- Larguem. Ele. – Falei, ameaçadoramente, erguendo minha varinha na direção dos dois.

Nenhuma das pessoas que nos rodeavam ousou se envolver. Nem Blaise, que parecia esperar a coisa atingir um limite. Crabbe e Goyle, por outro lado, pareciam ter engolido em seco, tensos. Apenas Malfoy me encarava agora, com um sorrisinho de canto de lábio, quase me desafiando. Eu podia senti-lo aproximando-se de mim, sondando minhas reações, tentando me amedrontar, ainda que ele estivesse parado apenas sorrindo.

- E o que você vai fazer, Granger? – Dissera, dando um passo a frente, e pude perceber que ele era absurdamente alto (e forte!). Não que isso contasse alguma coisa.

Logo depois, o grupinho de fofoqueiros ao nosso redor murmurou ‘uhhhh’ em coro, feito naqueles filmes idiotas de líderes de torcida, perdedores e valentões.

- Expeliarmus! – Falei, em sua direção e a próxima coisa que vi foi o corpo de Draco Malfoy ser arremessado alguns metros. – Larguem ele. – Repeti, rapidamente, sentindo meu coração bater com tanta força que pensei que fosse saltar.

O par de capangas largou Neville na mesma hora (como se a pele dele tivesse uma doença ou um veneno mortal), dois pares de olhos assustados, procurando socorrer Malfoy.

E na fração de segundos em que eu olhava Neville, prestes a perguntar se ele estava bem, senti uma força puxando-me pra longe, violentamente, quase levando meu corpo a dar de encontro à parede do corredor. Foi tão súbito, que só entendi que alguém havia me atacado quando caí com toda a força no chão.

- Você sabe que eu poderia fazer coisas piores, não é Granger? – O loiro falou, encarando-me com ódio profundo.

- Você não me assusta, doninha. – Respondi, já de pé.

Neville e metade dos alunos que estavam ao nosso redor tinham os olhos arregalados.

III.

- O que faz aqui? – A sangue-podre ousou perguntar, com a pose de mandona que ela já possuía naturalmente.

- Deixa eu ver... – Pausei, com uma das mãos em meu queixo, como se pensasse na resposta. – Pagando a detenção que eu recebi...? – Arqueei, irônico. – E aliás, Parabéns Granger, impressionante o seu esforço pra conseguir um tempo a sós comigo. - Ela deu uma risada maldosa. Acrescentei em seguida, ignorando um pequeno abalo em meu estômago: - Pena que isso só tenha dificultado as coisas pra você ganhar nosso acordo, tsc tsc tsc.

- Se é assim que você pensa, Malfoy... – Insinuou, indiferente.

E de uma forma estranha, Granger me incomodava. Tudo o que eu conseguia pensar era em uma forma de tirar aquele sorriso do rosto dela, o tempo todo.

A única garota que já havia me enfrentado era aquela sangue-sujo, a única que ousava me desafiar, e que, diabos, tinha até mesmo me enfrentado em um pseudo duelo pra defender o bostinha do Longbottom.

E independente de qual fosse o plano dela, eu iria vencer.

~~**~~

Sim, eu atualizei! Acreditem se quiser. Praticamente um ano. Terrível, eu sei. Mas agora já voltei a me sentir absurdamente envolvida com essa história-fanfic-ideia, que por sinal, apesar de tão poucos capitulos postados, é uma das minhas favoritas e uma das que mais me rouba ideias posteriores. Se chegou até aqui, repito: Não custa nada um comentário né *-* Ideias são bem vindas, obviamente. E até o próximo cap (que não vai demorar, ps!). Minha fase de autora masoquista já passou, hahaha, que fique claro. beijos

Agradecimentos especiais por todos os comentários recebidos, das leitoras: Lizzie Riddle, Anna Rosa, LoPotter, Sther P., natasha, Daniela Ferreira, Josianne, karol rol, Cecília Potter, carolinabroad, Rubbya Maac SSIS, Jaque Granger Malfoy, Nana Mont, Vick Siebra., Helena e Charlotte.

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