Capítulo
Parece até loucura, mas aqui estou, dirigindo meu carro nas ruas desertas de Londres, numa tremenda chuva e ainda por cima á quase meia noite. Não, esse realmente não é o tipo de comportamento que esperamos da correta Hermione Granger, mas aquele ditado: “Situações desesperadas, pedem medidas desesperadas”, se encaixa bem a mim nesse momento da minha vida. Eu realmente preciso vê-lo, preciso conversar com ele a respeito do que aconteceu, afinal de contas, somos adultos e temos que resolver nossos problemas como adultos. Ele, é Harry Potter, meu melhor amigo desde sempre, a pessoa mais importante e que confio no mundo. Nossa amizade sempre foi especial e inabalável, bom, pelo menos até duas semanas atrás quando tudo mudou.
Estávamos num barzinho londrino comemorando a festa de noivado de Rony e Luna, foi realmente lindo, muito bom vê-los apaixonados. Tudo estava indo bem, o bar estava lotado de amigos e também desconhecidos, Gina e eu resolvemos fazer uma brincadeirinha “inocente” com a noiva, ela teria que dar selinho em todos os rapazes do bar, em troca de cada beijo receberia uma quantia em dinheiro. Acontece, que o ciumento Ronald Weasley não permitiu de forma alguma que ela participasse e ainda fez pior, forçou as madrinhas, no caso eu e Gina, a participar no lugar de Luna, todos os nossos protestos não foram suficientes pra nos tirar daquela situação, não nos restou alternativa se não “brincar”. Pegamos nossas caixinhas e nos dividimos, fui pra um lado e Gina pro outro. Todos riram, e até foi divertido dar selinhos nos caras bonitos que estavam lá, exceto os homens Weasley podiam participar. Eu já tinha beijado boa parte dos rapazes quando numa parte mais afastada do bar avistei Harry sozinho me observando, estranhamente senti meu estômago dar uma cambalhota, ele sorriu e fui até ele. Senti que ele me olhava diferente e com um sorriso que nunca havia dirigido a mim.
- Só tenho essa moedinha – disse ele mostrando uma moeda dourada, se aproximou e depositou na caixinha.
Eu poderia até ter dito alguma coisa, mas os lábios dele encostaram-se nos meus, me pegando totalmente de surpresa, senti arrepios percorrerem o meu corpo, era como se pequenos choques explodissem com o simples contato de nossos lábios. O mundo simplesmente parou, e mesmo que a regra da brincadeira permitisse apenas selinho, entreabri minha boca o convidando para o contato mais intimo, ele aceitou prontamente, senti suas mãos apertarem minha cintura me trazendo mais pra perto dele, antes que percebesse meus braços estavam em volta do seu pescoço acariciando seus cabelos negros e rebeldes trazendo-o mais pra perto e tornando nosso beijo mais profundo. Era como um mundo paralelo, onde só havia nós dois e aquele beijo. Era como se quiséssemos aproveitar cada segundo daquele momento, como se estivéssemos nos conhecendo pela primeira vez. Meu coração estava acelerado e minha respiração descompassada, pois o beijo se tornara desesperado como se depois de muitos anos de espera finalmente podíamos desfrutar daquilo, parecia tão certo. Mas eu também senti que era errado e que estávamos pondo em risco nossa amizade por um simples impulso que tinha além do permitido. Harry pareceu sentir a mesma confusão de sentimentos que eu, pois nos afastamos bruscamente e nos olhamos com intensidade, eu queria respostas pras milhões de perguntas que surgiam em minha cabeça, queria respostas pra aquilo que tinha acabado de acontecer, mas o olhar dele era tão confuso quanto o meu. Foi aí que percebi que minha amizade com Harry nunca mais seria a mesma.
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