A fantástica doninha quicante



Chapter Two – Fantástica doninha quicante


 


“Eu.” O encarei e foi como se todo aquele momento mágico tivesse acabado. Não era mais um ídolo meu, era apenas o bastardo que achava que era meu pai só porque seu sangue corria por minhas veias. Draco Malfoy é o meu pai.


“Legal, o comensal da morte é meu pai. Prefiro a história em que ele morre durante o parto. Tanta gente pra ser meu pai e esse daí é? Sabe, eu acho que aceitava até o Neville como pai.”


“Viu? Ela me odeia. Tá resolvido, ela vai morar com você, Potter.” Draco girou a cadeira de modo que ficasse de costas para todos.


“Mais espaço na casa pra mim.” Resmungou um garoto loiro, mais alto que eu me olhando com revolta.


“Sim, mas espaço pra todo mundo na casa dos Malfoy. A bastardinha aqui já pode voltar para o Brasil?” Me aproximei da mesa apoiando minhas mãos sobre ela e encarando as costas da cadeira.


“Não, eu sou o único responsável por você a partir de agora, então é bom você aprender a conviver com isso. E você não é bastarda! Você é a minha filha! A louca da sua mãe foi quem não me deixou botar meu nome em você, ou que você soubesse da minha existência, ou da existência de nosso mundo.” A fantástica doninha quicante falou ainda de costas para mim.


“Olha bem como fala da minha mãe, seu imbecil.” Ele ficou quieto. “Você acha mesmo que só porque o seu nomezinho está nos meus sete livros preferidos que eu vou acreditar mais em você do que na minha mãe? E que merda toda é essa de que você é meu pai, que esse mundo todo de Harry Potter existe de verdade e... OLHA PRA MIM ENQUANTO EU FALO.” Puxei a cadeira dele com agressividade o suficiente para ele se virar para mim.


            Ele mantinha a mesma expressão de... absolutamente nada.


“Eu te odeio.” Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.


“Está bem.” Ele se levantou e pegou o tinteiro que estava a sua frente e jogou contra a janela atrás dele ainda me encarando. “As brasileiras sempre acabam me odiando, não importando o que eu faça. Mas você não tem a escolha de se afastar de mim. O máximo que você pode fazer para não me olhar na cara, assim como a sua mãe fez comigo durante esses dezesseis anos, é se trancar no quarto pelo resto da vida.”


“E deve ser o que você mais quer, não é?” Limpei mais uma lágrima que escorria pelo meu rosto.


“Você sabe o que eu quero? VOCÊ SABE?” Ele fez a volta na mesa, se aproximando de mim. “Tudo o que eu queria era criar você, que a sua mãe morasse em Londres, que você pudesse conviver com o meu filho e a minha mulher, e o principal, comigo. Mas a sua mãe tirou tudo isso de mim, ela foi egoísta o suficiente apenas para pensar no que ela ia passar. Não no que eu ia passar, ou você. Mas já que você me odeia tanto quanto ela.” Ele parou na minha frente e eu vi seus olhos brilhando em lágrimas. “Talvez você deva continuar sendo uma Slaviero, no Brasil.” E saiu da sala.


            Na raiva eu peguei o livro que estava sobre a mesa e joguei em Ted.


“O que eu fiz?”


“Me trouxe aqui.”


“Nicole, eu acho que nós devemos conversar.”


“Concordo, mas não com você, Granger.”


“Agora é Weasley.” Ela resmungou.


“E o meu nome agora é: vai ver se a minha bunda está na esquina.”


“Não tinha como o Malfoy ter uma filha pior que essa.” Encarei Ron com ódio. Weasleys...


            Olhei para o garoto loiro que estava do lado da mesa, olhando para a rua através da janela quebrada.


“Ow, você vem junto.” Sai da sala puxando o garoto pela camisa.


“Não é só porque você é a filha mais velha do meu pai que eu vou ter que te aguentar.” ‘Filha mais velha do meu pai’... seria mais fácil ele dizer ‘minha irmã mais velha’, levando em consideração que quando eu estou brava eu não tenho um raciocínio rápido.


“Cala a boca e me leva até onde aquele imbecil foi.” Ele parou no meio do corredor comigo ainda segurando ele.


“Aquele imbecil é nosso pai.” Ele arqueou a sobrancelha.


“Então você é meu irmão?”


“Sim, eu já tinha dito isso. Vem cá, você se droga?” Ele pegou o meu braço e saiu me puxando, como eu havia feito anteriormente com ele.


“Pra onde você pensa que tá me arrastando, sua Xuxa paraguaia?” Com certeza ele ignorou totalmente o meu xingamento feliz.


“Você não queria ir pra onde o papai foi? Então cala a boca e me segue,” ele me olhou de cima a baixo “seu projeto de scene kid.” Ele se virou e eu dei um tapa na cabeça dele.


            Ele começou a correr pelos corredores, me obrigando a correr logo atrás dele tentando desviar das várias pessoas ali presentes, e foi naquele momento em que eu percebi como aquele prédio era enorme. Comecei a repassar mentalmente como era o Draco Malfoy dos livros. Mimado, rico, esnobe, um verdadeiro pé no saco que ninguém gostava, mas eu tinha que me lembrar que esse é o Draco de Hogwarts, não o Draco de agora que deve ser um pai de família e o caramba que estou nenhum pouco interessada.


“Chegamos. Agora esquece que eu existo.” Ele parou abruptamente fazendo com que eu desse de cara no ombro dele.


“Ainda estamos no corredor, imbecil.” Ele apontou para a porta vermelha que estava do nosso lado. Sim, ela explicava bastante coisa. Coisas como: Draco Malfoy nunca mudou, ele ainda foge de qualquer coisa por qualquer coisa, enfim, o mesmo medroso de sempre.


“Tô entrando!” Abri a porta de supetão e um Draco Malfoy todo despenteado, de olhos vermelhos e paletó desarrumado me encarou. “Sabe? Eu percebi que não posso reclamar, levando em consideração que você pode me dar um Avada no meio da cara, que estou em Londres e que você é rico. Enfim, sou interesseira, assim como todo Malfoy deve ser.” Sorri como se eu não parecesse uma psicopata.


 “E eu devo aceitar isso como um elogio?” Ele sorriu meio sacana. Yeah, Malfoy rules!


“Eu te aceitei como pai, você vai me ter como filha. Existe coisa melhor? Claro que não.” Me sentei ao lado dele. “Estou com fome e quero/preciso entender melhor toda essa história de que todo esse mundo de Harry Potter existe.”


“Nosso mundo não é a porcaria do mundo do Potter.” Ele falou entre dentes. “É Somente um mundo mágico com bruxos e todas essas criaturas mágicas que os trouxas não conhecem ou acreditam que é apenas mitologia, entende?” Falou brando.


“Harry Potter é um livro. Um livro que eu sou fã, logo, é o mundo de Harry Potter e eu estou com a maldita razão.” Arqueei a sobrancelha, irritada.


“Não, você não tem razão. Potter tem um livro, grande coisa.”


“Harry tem sete livros, oito filmes e milhões de fãs.”


“Ótimo, porque o seu queridinho testa-rachada não enfia suas fãs no rabo?”


“É, talvez eu deva me enfiar no rabo dele.” Deixei Draco em choque, talvez ele nunca esperasse que um parente seu falasse que pretendia se enfiar no rabo de seu arquiinimigo de infância.


“Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele.” Falou quase rosnando de forma sarcástica, de uma maneira que eu achava ser impossível.


“McGonagall estava certa.” Sorri. “Assim como a J.K. sobre você ser um medroso invejoso, mas eu ainda gosto de você.”


“Inveja? Daquele... coisa? Rá, vê se cresce, Amanda.”


“Nicole.” Ele me olhou, tentando manter a mesma expressão de ‘eu realmente não me importo’.


“Não tenho culpa se você é petulante feito a sua mãe.”


“Dumbledore tinha mesmo uma cicatriz do mapa do metrô de Londres no joelho?” Meus olhos brilharam em curiosidade, ignorando a mera menção a minha mãe.


“O preferido dele sempre foi o Potter, porque não pergunta a ele? Nenhum Malfoy fica olhando para o joelho de outro homem!” Ele ficou vermelho, bagunçou mais um pouco os cabelos e se levantou. Finalmente olhei onde estávamos sentados, era um murinho baixo que separava o lugar onde ficava as baganas de cigarros e afins do chão limpo.


“Uhn, sabe? Eu não tenho o seu sobrenome, eu não devo ser registrada no ministério bruxo muito menos devo ser cidadã britânica. O que você pretende fazer em relação a isso?”


“Eu? Nada.” Olhei irritada para ele.            “O Lupin irá fazer.” Ele sorriu malvado.


“Mas ele quer pedir demissão.”


“Ele quer pedir demissão desde a primeira semana que ele começou a trabalhar aqui, mas o santo Potter sempre mostra o quanto aquele metamorfomago precisa de mim.”


“Ele precisa de um calmante tarja preta, isso sim.” Revirei os olhos.


“Isso é o que dá namorar Weasleys.” Falou o sobrenome com raiva, tão Malfoy.


“Eu não estava mentindo quando disse que estava com fome.”


“Vamos voltar para a minha sala, lá eu conjuro alguma coisa para você comer e mando Lupin dar um jeito nos seus documentos.”


            Depois de voltarmos para a sala dele, de Ted sair resmungando coisas como “Tio Harry, você me paga. Loira aguada” e talvez um uivo e todos os outros saírem também, Draco finalmente conjurou um copo de água. Repetindo: a porcaria de um copo de água.


“Fome é diferente de sede.” Rosnei começando a ficar irritada com a queimação no estômago. Ele pegou um pedaço de pergaminho, escreveu e o enrolou botando na pata da coruja que ficava numa gaiola ao lado de sua mesa.


“O senhor me chamou?” Uma mulher velha e meio gorda que chegava a lembrar Umbridge fisicamente entrou na sala alguns segundos depois da coruja sair pela janela.


“Ela tá com fome. Vê alguma coisa pra ela comer e me trás um copo de firewisky.”


“Mais alguma coisa, senhor?”


“É o seguinte, eu quero uma torta de limão com suco de melancia e de sobremesa pode me trazer uma barrinha de chocolate branco com suco de limão.” Os dois ficaram me encarando como se eu fosse uma anormal. “Ah, e trás butter toffees? Eu gosto das de cereja.”


“Ahn, daqui a pouco a comida irá chegar.” Draco continuou me olhando com uma cara engraçada.


“Que foi?”


“Você é um saco sem fundo?” Pergunta delicada para uma dama, Malfoy!


“Precisamos falar sobre o mundo de Ha- o mundo mágico.”       


“Você é mestiça.” Ele falou com certa vergonha encarando seus dedos longos e finos.


“Minha mãe era trouxa? Então como vocês se conheceram?”


“Paris. Ela estava fazendo intercambio e eu estava de férias. Nós fomos a uma festa, continuamos a nos encontrar e mantemos contato. Ela voltou para o Brasil, eu fui até lá, ela ficou grávida.”


“E você fugiu?”


“Eu fui seqüestrado.”


“E eu fui entregue pela cegonha.” Sorri sarcasticamente.


“Minha mãe tinha me prometido para os Greengrass.” Respondeu como se explicasse alguma coisa.


            Toda a comida que eu havia pedido surgiu sobre uma mesa que tinha num canto da sala e eu me sentei lá, junto com Draco.


“Você é bem imbecil.”


“Nicole, você é bruxa. E tem uma escola de bruxaria no Brasil, você fez?”


“Não. Eu já disse pro Ted, minha carta de Hogwarts nunca chegou, minha maior decepção.”


“Não acredito que minha filha irá ter que fazer Hogwarts até os cinqüenta anos. Mas eu irei tratar disso agora mesmo.” Ele roubou um pedaço da minha torta de limão antes de voltar a sua mesa e escrever outra carta, que teve sua resposta quando eu já estava terminando meu banquete doce.


“Está tudo resolvido! Você vai fazer várias aulas de revisão de todos os anos ao mesmo tempo em que faz o quinto ano. Não é quase perfeito? Mas é bom você ir comprar seus livros do primeiro ano.” Ele sorriu erguendo o pergaminho como se fosse uma taça.“Meu presente de boas vindas a família.” Ele sorriu me alcançando a carta de Hogwarts.


 


Srt. Nicole Slavieiro Malfoy


Mesa de comilanças do Sr. Malfoy


Escritório de Advobruxaria Malfoy


Londres


 


            Sorri quase morrendo de felicidade. Aquela era a minha carta de Hogwarts.


            Quase chorando abri ela e pude ler.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


Diretor: Minerva McGonagall


 


Prezada srta. Malfoy,


temos o prazer de informar que V.Sa. tem uma vaga na escola de magia e bruxaria de Hogwarts.


Estamos anexando uma lista dos livros e equipamentos necessários.


 O ano letivo começa em 1° de setembro.


Aguardamos sua coruja até 31 de julho, no mais tardar.


 


Atensiosamente,


Neville Longbottom


Diretor Substituto.

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