four



-Ei, Lupin – Dorcas chamou-o no dormitório. Viu-o estremecer e sentou-se na borda da cama dele.


 


-Sai daqui – Ele disse pausadamente e com dificuldade, começando a tremer. Dorcas não se intimidou.


 


- Lily me contou a sua história. Com a varinha na mão e uma poção de esquecimento na outra, mas contou – Ela riu e colocou o cabelo para trás da orelha, sorrindo levemente – E eu me sensibilizei. Por toda essa procura dos seus amigos, pelo que eu sei e vejo de você, você é um cara legal e não merece passar por isso. – Ela suspirou fundo, o hálito doce e a voz mais doce ainda fazendo Remus sentir seu estômago revirando com a necessidade.


 


-Eu estou disposta a ajudar no que precisar – Disse por fim, fitando-o. – Mas gostaria que você pelo menos olhasse para mim enquanto eu falo... – Tocou o ombro dele em um segundo.


 


E no outro, estava embaixo do corpo quente que vestia somente uma bermuda. Ele a olhava com desejo, desejo puro, e Dorcas sentiu o estômago afundar mais que o seu próprio corpo no colchão, embaixo do rapaz.


 


Remus fechou os olhos, tentando se controlar.


 


Ela está disposta. Você precisa dela. Pegue-a.


 


Não, não podia fazer isso. Ela era uma garota legal, não podia usá-la só porque o lobo queria...


 


Pode sim. Ela quer. Veja a respiração dela, ela está ofegante.


 


Sim, isso era verdade, o pequeno corpo parado embaixo dele estava bem ofegante. E esquentando, se podia dizer isso também.


 


É claro que ela está ofegante. É medo! Medo de mim, medo de nós!


 


Bobagem. Ela o deseja também, veja suas pupilas. Estão dilatadas. Como as suas.


 


Outra verdade. Remus sacudiu a cabeça.


 


É o escuro. Estamos no escuro.


 


Então vamos, se aproxime, tire a prova final. Beije-a e verá. Ela te quer.


 


Ela quer me ajudar, não quer a mim. Não vou fazer isso.


 


Pegue-a!


 


-CHEGA! – Remus gritou após algum tempo, Dorcas notou, ele estivera lutando contra si mesmo esse tempo todo. Não entendia muito bem por que ele estava recusando-a daquele modo, mas sentia que tinha algo a ver com algum ato nobre que ele queria  cometer.


 


O rapaz saiu de cima dela e bateu na própria testa, nervoso, andando de um lado para o outro no quarto.


 


-Saia daqui ou não terá outra chance. – Ele declarou. Dorcas sorriu. – Eu não vou te usar para aplacar o lobo. Eu tenho que lidar com ele sozinho. Agora saia daqui antes que ele me domine de novo, vamos! – Ele insistiu, olhando-a.


 


Dorcas achou aquele ato tão doce que sorriu.


 


-Você já lida muito com ele. Me deixe lidar com ele uma vez pra você... tirar esse fardo de seus ombros apenas por alguns instantes... – As mãos dela foram tocando os ombros dele e Remus foi involuntariamente relaxando. Mas, ao contrário do que pensara, o lobo estava quietinho no canto dele, dentro de si.


 


Aquilo era entre ele e ela.


 


-Eu não posso. Não posso condenar você também. Eu não sei o que pode acontecer se... – Ela colocou um dedo sobre os lábios dele, fazendo-o parar de falar. Então sorriu, antes de aproximar seus lábios dos dele e beijá-lo.


 


Fosse o lobo ou não fosse, ele beijava muito bem.


 


Muito, muito bem.


 


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