escape



A secretária de sorriso rabugento tomara a sua frente, anunciando a sua chegada.


− Sr., Dr. Malfoy está aqui. – Falara, exibindo uma careta de descontentamento.


Draco franziu o cenho, sem entender o motivo da reação da velha. Talvez estivesse caducando, pensou, deixando-a de lado.


O senhor a sua frente tinha cabelos grisalhos não moveu-se de sua poltrona, sequer ergueu os olhos, mantinha uma expressão curiosa, enquanto observava o que Draco acreditou serem exames que estavam em cima da mesa.


− Do que se trata? – Quiser saber, irritando-se pela falta de atenção.


O outro médico permanecera em silêncio, antes de ordenar um feitiço para que os exames se guardassem sozinhos em suas respectivas pastas de arquivamento.


− Nada demais. – Respondera. – Apenas uma ironia. Mas então Sr. Malfoy, os 3 pacientes da ala C, vítimas de uma maldiç-


− Que tipo de ironia? – Draco o cortara, em desconfiança, com os olhos fixos. – Algum novo diagnóstico da poção d-


− Oh, não não. – O outro médico apressara-se em dizer, com diversão nos olhos. – Trata-se apenas de uma paciente que solicitou exames de rotina pré-inseminação artificial, mas que... Hm, aparentemente já está... – E rira, mexendo em seu bigode. – Grávida. Há-há-há. O destino é algo curioso, não? – Acrescentara, alheio. – Mas de qualquer forma, não foi para ouvir historias que o Sr. Precisou vir aqui, e sim para saber da evolução dos casos dos pacientes d-


− Tem razão. – Resolvera concordar, revirando os olhos. – A mais nova encontra-se em um estágio avançado de queimaduras causadas pelo feitiço Fireum, como já deve saber, a medida que parte de seus ferimentos é cicatrizado, a moça apresenta novos diagnósticos de queimaduras que se auto-sustentam durante a noite.


Draco estreitou os olhos, com aparência cansada.


− Estive trabalhando em algumas poções com o Herbologista do hospital. – Começara, decidido. – Longbottom teve a ideia de usar plantas aquáticas capazes de emitir água por tempo indeterminado através de seus poros em uma mistura com gelricho... – Completara.


E não soube como, mas teve um flash insano.


Granger. Inseminação artificial. Exames.


Engoliu em seco.


− Aliás, qual o nome da felizarda dos exames? – Dissera, subitamente, sentindo-se imbecil.


Porque você o é, Malfoy.


− Hmm... – O outro médico retrucada, como quem tenta lembrar-se de algo distante, mas ao mesmo tempo encarando o loiro surpreso. – Accio exame 1! – E assim que os exames se puseram em suas mãos murmurou um: - Ah, aqui está: Hermione Jan- Contudo, antes que pudesse terminar, o outro já havia aparatado.


--


− Como foram as coisas lá? – Hermione lhe perguntara, após um abraço discreto, pouco antes das suas sentarem-se na mesa.


Gina Weasley tinha olheira embaixo dos olhos. Forçara um sorriso.


− Da maneira mais deprimente que assinar os papeis do divórcio pode ser. – Voltara os olhos ao cardápio, embora não estivesse realmente observando qualquer uma das letras, apenas não queria nenhum olhar de piedade. – Não me arrependo. – Afirmara, assustando a si mesma com a mentira. – Foi o melhor pra nós. – Pausara, indecisa. – Não foi?


Algo dentro de Hermione dizia que aquela pergunta era uma cilada, que era cruel demais sequer pensar em uma resposta.


− Eu... Não sei. – Respondera, sinceramente. – Pra mim vocês dois sempre vão se amar.


Gina lhe ofereceu um sorriso amargo, quase seco.


− Que seja. – Reagira, chamando o garçom para fazer seu pedido.


Apesar de quase 2 semanas terem se passado após o “incidente”, a castanha ainda se sentia algum tipo de traidora que nunca seria digna de perdão. E talvez o fosse mesmo, já que nunca tinha conseguido juntar coragem suficiente para contar a (ex/atual?) melhor amiga sobre A noite não-planejada com Harry.


Respirou fundo, tentando espantar a culpa da cabeça.


Não é como se ela tivesse feito aquilo sozinha, algo dentro de si retrucou. Mas ela sabia que culpar Harry era errado.


Nunca achara que esse tipo de coisa – divórcio – era algo tão real. Já vira em outras famílias, claro, e vira o divórcio de conhecidos de Hogwarts nos últimos anos, mas achava que o amor era o suficiente, certo? Porque no fundo ela tinha certeza que seus melhores amigos ainda se amavam.


− Herms? – Gina a chamara, e não parecia ser a primeira vez. – Tudo bem?


− Claro. Eu só estava pensando no... – Seu casamento. – Bebê. Ou em como tudo vai mudar em alguns dias. – Mentira, sentindo-se nervosa.


Será que a culpa existiria pra sempre?


A ruiva mudara de expressão, tentando-se empolgar com a novidade.


− Já começou o enxoval? – Quisera saber, desta vez realmente interessada.


− Sim. Tenho aproveitado meus dias de desempregada pra comprar as coisas. O quarto já está até pintado, há-há-há.


− Vai ser o bebê mais mimado do mundo. – A outra dissera, enquanto dava um gole em seu martíni recém-chegado. – E você tem... Tem conversado com ele?


Malfoy?, foi o primeiro nome que lhe veio a cabeça.


− Harry, você quer dizer?


Não era como se fizesse algum sentido a Weasley perguntando sobre Malfoy, até porque ela mesma sabia que já não existia nada a se contar.


− Já fazem alguns dias que não nos falamos. – Falara, com sinceridade.


Não que algo estivesse estranho entre ela e o Potter, mas não era como se naquela semana eles fossem exatamente as pessoas favoritas um do outro.


Talvez acreditassem em seus íntimos que com alguma distância eventual as evidências daquela noite pudessem ser apagadas de suas cabeças. Não que houvesse alguma lembrança clara, além de um beijo e a manhã constrangedora em que acordaram – nus! – sob a mesma cama.


O mundo não era justo, pensou.


− Aconteceu alguma coisa? – A ruiva quis saber, fingindo estar alheia ao assunto, enquanto novamente olhava o cardápio. – Não que eu me... Importe. – Completara, com dificuldade, pois sabia que a amiga a sua frente carregava uma expressão cínica. 


− Nada em especial. – Foi sua resposta, engolindo em seco.


 


--


 


Draco estava experimentando algo que ultimamente parecia comum para ele. A maneira contraditória com a qual sentia-se sobre tudo o que estivesse relacionado aquela castanha. Até que semanas atrás eles – ou ele, que seja – haviam se dado um ponto final. Era aquele exato ponto onde ele não poderia mais fingir que iria mais longe ou que poderia ser mais do que eram, embora ele talvez – E draco não tinha certeza quanto ao significado desta palavra – talvez ele quisesse. O clichê inteiro. Provar para Hermione que não era o mesmo, que não queria as mesmas coisas, que poderia surpreende-la.


Contudo, era como se aquilo fosse pedir demais de si mesmo, porque não era um começo que ela queria, era o meio da história. O que ela queria não era o começo da intimidade, e sim o meio, o lavar as louças, ver filmes, ter um filho. Dele. Diabos! O loiro não queria ser pai. Ou casar. Ou monogamia. Pelo contrário, estas haviam sido ideias por muito tempo abominadas. Especialmente ser pai, o que – coincidência ou não – era/parecia o grande sonho da vida da castanha.


Mas é claro que este poderia ser o grande sonho da vida dela!. Granger poderia ter o sonho que quisesse, poderia almejar o que quisesse, pensou, com um sorriso irônico. Ele não. Ele nascera em uma família onde o casamento, a falta de amor e a ideia de família eram um conceito por demasiado forçado, quem sabe até doentio. Levou anos para admitir e entender que aquilo que havia em sua casa quando voltava de Hogwarts não era uma família. Eram dois estranhos que dividiam uma mansão. Era um estranho que conseguia parecer mais desprezível e nojento do que um verdadeiro verme de fato poderia parecer. E era, supostamente, este estranho que deveria lhe apoiar, estar consigo, ser chamado de pai!. O estranho que só aparecia em casa para jantares sombrios, silenciosos, que terminavam com o choro abafado da mãe toda vez que Draco cruzava a porta do quarto dos pais para ir dormir. Ou que se afastava e temia o pai toda vez que sentia o forte cheiro de whiskey vindo de si, com aquele olhar de desgosto, antes de deixar bem claro que aquela vida era uma grande ruína do que os Malfoys foram, e que a culpa daquilo era dele – ele, uma porra de um garotinho que não era nem o Potter para ser culpado da queda das trevas da família!. Odiava como sua mãe tentava defende-lo, ainda que sem abraça-lo, dando a impressão que discutir com o seu pai era o seu grande momento maternal. E odiava como seu pai acabava por lhe tirar este momento, enquanto a torturava com lentidão e um sorriso doente no rosto.


Não queria ser responsável por ninguém, ter a obrigação de ser bom, ter que ser o porto seguro e o espelho de um alguém que já precisava de um cenário de afeto moldado antes mesmo de ter nascido.


Draco sabia que havia mudado ao longo dos anos. Após a guerra. Afinal, todos haviam mudado. Mas ainda era um Malfoy. Era jovem demais pra isso. E a ideia de não estar preparado o deixava ligeiramente perdido, e perguntava-se se não fora esta frustração desnorteada que em parte guiara Lucios a transformar a vida dele e de Narcisa em um inferno.


Virou a dose de whiskey, deixando o copo no balcão, de cabeça baixa, até ouvir um forte estrondo, de um copo ao seu lado, que também havia sido deixado no balcão com a mesma frustração que carregava. E lá estava o Potter.


Sentiu raiva, embora não soubesse explicar porque.


Não gostava do testa rachada, e isto era um fato.


“- Morre de medo, não é Malfoy? Você sabe que se eu quisesse, eu seria o cara certo, ela cederia. Fim. Quem é Draco Malfoy nessa história?”, lembrou-se. Quem diabos aquele testa rachada pensava que era para dizer aquilo?!, cerrou os punhos, sem perceber que ainda o encarava.


Potter revirou os olhos, ignorando a ameaça involuntária do loiro. Pediu outra dose.


− O que faz aqui? – O loiro quisera saber, pensando se aquilo não tinha alguma relação com ela.


− Bebendo. – Pausara, dando um gole. – Vodka.


− Bebida para viados. – O loiro debochara, tomando um gole de seu whiskey.


O moreno não parecia se importar.


− Foda-se, Malfoy.


− Não deveria estar apertando o saco do Ministro ou algo assim? – O loiro dissera. – O grande herói da nação bruxa. – Falara quase como se estivesse cuspindo.


− Que imbecil. -  Comunicara, no mais próximo de um riso. – Com essa cara de miserável, como se a sua vida fosse realmente miserável. – Afirmara, balançando a cabeça em sinal negativo, com um segundo riso que logo se foi para dar lugar a outra vodka. 


Aquilo irritou o loiro.


Que diabos!


− Tenho meus motivos, Potter. – Não queria se estender mais.


− Ah, claro que tem. – O moreno ironizara. – Hermione!


O outro não gostara daquele tom. Era como se o moreno soubesse de algo que ele não podia entender, e ele estava cansado desse tipo de coisa.


− Reparo. – Ouviu Harry murmurar, para só então perceber que havia quebrado o copo apenas com a força das mãos.


− E você por acaso acha que tem uma vida miserável, Potter? – Debochara, querendo atingi-lo.


− Assinei os papeis do divórcio hoje. – Pausara. – E eu os amo.


Draco franziu o cenho.


− Gina e James. São minha família e agora... – Parara, sentindo-se torpe.


O loiro riu.


− Não vejo como isso não possa ser consertado. – Começara.


− Eu já tentei... Ela não acredita em mim, acho que eu amo a h- E o moreno se dera conta do quê estava falando e com quem!


− Granger? – Draco insinuara, com um frio desconhecido na barriga. Não queria finalmente saber o que existia entre ela e Potter, mas algum monstro masoquista dentro de si queria continuar aquela conversa até arrancar cada detalhe daquele babaca. E antes mesmo de saber já sentia vontade de mata-lo.


− É. Mas ela é como uma-


− Irmã, é, eu sei, todos conhecem esse discurso. – Repetira, fingindo tédio. – Acontece, Potter, que a Granger não é a sua irmã. – Argumentara, em seguida perguntando-se porque dissera isto.


− Não. – O outro repetira, olhando para o nada. – Mas tudo isso não faz diferença. Gina não acredita em mim.


− Naturalmente. – O loiro dissera, sem se importar em aconselhar o testa rachada. Que morresse no alcoolismo, ele não se importava nem um pouco. – Por que acha que a minha vida não é miserável?


− Está aqui por Hermione, mas sabe que poderia tê-la se realmente quisesse. – O moreno explicara, com uma expressão de desgosto na última frase.


− Eu já consegui o que queria. – Disse, tentando aparentar displicência.


− Não me engana, Malfoy. – O moreno voltou a sua sombra de riso. – Você é só mais um covarde. E tudo bem, eu realmente não acho que ela mereça terminar com um.


A fúria apoderou-se do loiro, queria destruir Potter, esmaga-lo. Não conseguia entender aquelas sensações. Sabia que o inimigo estava certo. Mas isso não mudava em nada.


Avançou sobre o outro com o punho direito.


Harry caiu da cadeira em que estava sem reagir.


− Você sempre perde o controle, Malfoy, patético. – Falara, levantando-se. Não queria brigar. Por Merlin, só queria beber! E Gina. E James. E um abraço comum de Hermione, sinalizando que tudo estava bem entre os dois de novo.


− Existe um motivo pelo o qual você está aqui e não sendo consolado por ela, Testa rachada. – Draco explicara, incomodado. – Ou vai negar?


O moreno preferira o silencio. Pensando que se confessasse aquilo a Malfoy, talvez o imbecil fosse ao apartamento da amiga e aí sim ela o odiaria ainda mais. Ainda que o moreno não soubesse exatamente se Hermione o odiava, sua consciência o atormentava dizendo que sim, que fora ele que... A levara pra cama e a envolvera naquele circo de horrores que era a ruína de seu casamento. Entre os ciúmes descontrolados de Gina, Hermione como válvula de escape, o ciúme que sentia dela, a traição da ex-esposa e a saudade que sentia do casamento, da amizade com Hermione e principalmente de James.


O loiro bufou, esperava ter provocado Potter o suficiente para saber FINALMENTE se havia algo mais entre ele e a castanha, mas o testa rachada não cedera. Talvez aquela desconfiança fosse coisa de sua cabeça.


− Eu não a amo nem nada. – Draco começara, voltando a se sentar. – Só a queria pra mim.


O moreno também se ajeitara, como se pelo menos daquela vez pudesse tentar ser civilizado com Malfoy.


− Por quê? – Ousou perguntar.


− Eu não sei. – Respondera, sentindo-se um adolescente de 15 anos, confuso e perdido. – Não quero me tornar meu pai. – Falara, pela primeira vez, e arrependera-se segundos depois. – Não quero ser pai.


− Bem, você já tem o queria: Não é pai, e muito menos Lucios Malfoy.


− Ela está grávida. – Draco confessou.


− Hermione? – Falara, desnorteado. O moreno sentia como se pudesse sufocar. − Você é um imbecil. – Dissera, fitando o loiro.


Draco achava que ser pai do filho de Hermione, a mulher com quem queria estar, era ruim?, Harry pensou, desgostoso, o idiota realmente não a merecia.


Precisava encontrar Hermione o quanto antes, ela devia estar perdida, tinha certeza disso.


− Sabe onde posso encontra-la? – Perguntou, sentindo-se babaca por precisar perguntar algo ao moreno, algo que só alguém que realmente a conhecia poderia saber (?).


− Como assim? – Harry quis saber.


− Não consegui acha-la no apartamento. Deve ter algum lugar pra onde ela iria...


− Se estivéssemos em Hogwarts eu diria a biblioteca ou os jardins, mas agora eu não sei. Com Ginny, possivelmente. – Mas no fundo ele sabia que ela não estava com Gina, deveria estar se sentindo deveras culpada para compartilhar o fato que poderia destruir sua amizade com a outra. Que ela e Harry haviam dormido juntos. Droga! 


--


 


Olhou para o teto, lá estavam pequenas estrelas de plástico que brilhavam no escuro. Teria sorrido com a imagem em outra época. Teria sorrido também ao olhar sua velha estante de livros de ficção trouxa. E todas as coisas pertenciam aos seus hábitos adolescentes. Mas por enquanto, a única coisa que conseguia fazer era continuar em silêncio deitada naquela cama, embrulhada com o cobertor do que deveria ser o quarto de hóspedes da casa de seus pais, e que era na verdade seu antigo quarto.


Não queria sair dali tão cedo.


Não tinha nada em que pudesse pensar a ponto de se distrair. Primeiro, começou, tentando organizar seus pensamentos, havia Ronald, que não queria, você sabe, uma família. E então os dois haviam terminado e ela decidira – insanamente (!) – fazer a inseminação. E então havia Harry, sempre em crise com sua melhor amiga. E Malfoy. Sempre, ponderou, sarcástico. E prático. Ele não era como ela. Não ponderava mil vezes e media prós e contras. Ele sentia vontade de algo e fazia, ele queria algo e dizia, não necessariamente da maneira certa.


E agora, havia a mágoa de Ronald, a estranheza da noite que havia partilhado com seu melhor amigo, o divórcio que parecia muito mais sua culpa, a amizade bizarra com Gina Weasley, o relacionamento mais-não-relacionamento recém terminado com Malfoy porque bem, ele não a amava (ela tentou não se sentir mal com esta simples conclusão). E, por fim, quando finalmente acreditava que não pudesse se sentir mais perdida, descobrira que estava grávida. Não por conta da inseminação.


Era um novo acontecimento que lhe trazia diferentes perspectivas. Por um lado, sentia-se maravilhada. Era sua grande vontade, certo? Uma criança, que estava crescendo dentro do seu ventre, por Merlin! . E por outro, sentia-se idiota. Porque era uma criança sobre a qual, respirou fundo, ela não sabia quem era o pai, diabos!


Puxou o edredon mais para si.


Como contaria aquilo a Harry? Como contaria aquilo a Malfoy? Como Gina e Rony reagiriam a isso? Com-, respira, Hermione, respira...


“- Ginny, eu posso garantir que não existe nada entre mim e o-


- CALA ESSA BOCA, HERMS! MAIS QUE MERDA! PELO MENOS ME DEIXA TER ESSA DISCUSSÃO SEM DAR A PORRA DE PALPITE! – gritara a ruiva.


- EU. NÃO. A. AMO. – Harry pausara, respirando fundo pra não enlouquecer.


- AMA SIM, CLARO QUE AMA! É COMO SE ELA FOSSE A FAMÍLIA QUE EU E O JAMES NUNCA VAMOS SER!”


Lembrou das palavras de Gina, em pânico. Como pudera chegar a esta situação?!?


“EU. NÃO. A. AMO”. Claro que ela sabia que ele a amava, eram coisas diferentes, ele a amava como uma-, argh, refletiu, tendo a impressão que a denominação de irmã parecia demasiadamente hipócrita. Irmãos não... transavam. E agora ignorar isto seria impossível.


Eles haviam transado, logo não eram irmãos, o que mudava as coisas.


Mas não é como se Hermione estivesse magicamente desejando que tudo desse certo entre os dois, feito um romance de banca de jornal, sobre melhores amigos que se apaixonam. Claro que não! A ideia de ter dormido com Harry era absurda, e ao mesmo tempo doce. Porque ele o era, mas nada apagava o fato de que parecia bizarro demais imaginá-lo... Argh.


Não queria que Harry fosse o pai, sinceramente. Era um circo de horrores para o qual nunca estaria preparada para enfrentar. Afastar-se dos Weasley, a quem considerava com uma família, afastar-se de Gina ou o destruir a confiança que havia entre seus dois amigos amigos de infância.


Contudo, não podia nunca desejar que Draco fosse o pai daquele bebê. Tinha impressão de que: 1) Ele não aceitaria a criança, para começar, 2) Ele a odiaria quando soubesse que Harry também poderia ser o pai, 3) Ele não aceitaria a criança, 4) Ele – talvez – achasse que aquilo não se tratava de um golpe barato para segurá-lo, 5) Se o filho fosse dele, ela nunca poderia superar Malfoy, aquela criança a lembraria dele todos os dias...


Ouviu batidas na porta.


− Posso entrar? – A voz mansa de sua mãe se pronunciou.


Murmurou algo como Uhum bem baixo, torcendo para que a mãe entendesse isto como um sinal para deixa-la sozinha.


− O que houve? – A senhora de cabelos grisalhos quisera saber, sentada na beira de sua cama, e ela sorria levemente, enquanto secava uma lágrima da castanha.


− Nada, mãe. – Respondera, sem querer encará-la.


− Você está grávida, não está?


− Eu, O QUÊ?! – Gaguejara, confusa.


− Grávida, Hermione. – Repetira, com um olhar terno. – De alguém que a deixou confusa.


− Como pode saber? – Murmurou, fitando-a.


− Bom, pra começar quando você chegou aqui, largou sua bolsa e um envelope no sofá e veio direto para o seu antigo quarto... – Pausara. – Eu vim trazê-los pra cá. Estava escrito St. Mungos, BHCG.


− Ainda não entendi...


− BHCG é o nome do teste de gravidez em um hospital. Mas não consegui imaginar porque isso a deixaria tão perdida, o que me fez supor que é o alguém relacionado a essa gravidez que a deixou assim.


Hermione sorriu, sua mãe era mulher mais sagaz que já havia conhecido. Fechou os olhos por alguns segundos.


− Eu não sei quem é o pai. – Pausara, viu a boca de sua mãe se abrir lentamente, expressando choque. – E dos dois, quem quer que seja, não... não estará certo.


− Dois? Ronald e Harry? – Tentara, em seu palpite mais óbvio.


− Não, não. Harry e- Vira o sorriso de sua mãe abrir-se. Mães... – Draco.


− Quem é Draco?


− É uma longa história...



Horas depois


 


Passara metade da noite acordada até finalmente aceitar aquela situação, ou perceber que não havia nada que pudesse fazer além de minimizar os estragos nas relações entre seus amigos.


Levantou-se com determinação e aparatou para a biblioteca medibruxa do St. Mungos.


O lugar era sujo e estava inabitado, deu graças a deus, jogando o casaco em cima de uma das mesas e passando a vasculhar com os olhos o local.


Haviam 5 corredores paralelos contendo estantes que ultrapassavam uma altura aceitável, contendo os livros mais grossos que já vira na vida.


 Precisava saber mais sobre aquilo, deveria haver uma poção ou feitiço que a ajudasse a descobrir quem era o pai. Não quisera explicar a situação ao médico do St. Mungos, pois julgara que o mesmo poderia informar Draco, direta ou indiretamente sobre aquele estranho arranjo em que se envolvera, ainda mais já tendo sido funcionária, seria o assunto dos corredores. Precisava resolver isso sozinha, concluiu. E só comunicar a notícia quando tivesse absoluta certeza das coisas.


Seria uma longa madrugada!, pensou, antes de conjurar um café forte.


“Feitiços não permitidos para gravidas”, não, “1001 poções para descobrir o sexo do bebê”, “Principios básicos da gravidez bruxa”. O terceiro titulo chamou a atenção da castanha. De fato, nunca se perguntara se a gravidez bruxa diferiria em algo do que já sabia sobre a gravidez de uma trouxa. Ao recordar-se de Gina não conseguia pensar em nada particularmente estranho que já não tivesse antes, mas ainda assim, pegou o grosso livro e começou a lê-lo.


 


--


 


Já faziam dois dias que não tinha notícias de Hermione. E sabia que ela não havia aparatado para o seu apartamento, a julgar pela quantidade de vezes que tinha batido lá até praticamente explodir a porta e jogar o feitiço homem revelio.


Não era mais a hora de se sentir miserável, inseguro ou tomar algum porre. Tinha conseguido um dia de folga (basicamente abandonado seu posto), mas agora precisava voltar, nenhum paciente ou setor daquele hospital tinha culpa se ele era um irresponsável. Aliás, ponderou, não conseguia lembrar-se da última vez em que havia agido de maneira tão leviana quanto ao seu cargo no St. Mungos. Aquela era sua carreira, sua vida, o que dera em si para largar o hospital sem considerar que as pessoas precisavam dele?!


Imaginou que Hermione fosse estar em algum casulo particular ou quem sabe escondida sob as asas do Potter ou Weasley ou algum de seus malditos “amigos”. Mas logo a acharia, estava certo, ela não poderia esconder-se para sempre, uma hora teria que enfrenta-lo para falar sobre a gravidez. Afinal, ele era parte disso, não era?


Mal pusera os pés no hospital e vira Annie sufoca-lo com 3 memorandos para assinar, elogios fúteis – que o fizeram se perguntar quando diabos sua verdadeira secretária voltaria para assumir o lugar e a confirmação de 3 reuniões somente para aquele dia, além de perguntar sobre como seriam ministradas as entrevistas para preencher a vaga de Chefe do departamento de psicologia e Psicóloga-sênior que antes pertenciam a Hermione.


− Cancele a reunião com Longbottom. Mande uma coruja a ele pedindo um relatório do estado atual dos 3 pacientes vítimas da mesma maldição e peça o nome das plantas aquáticas que ele precisa para aplicar nos pacientes, farei uma pesquisa sobre a validade delas e pesquisarei no histórico de casos médicos sobre algum caso semelhante. E sobre as entrevistas para preencher a vaga, cancele. E um café puro, srta... – DROGA! Eles já tinham dormido juntos, uma centena de vezes, inclusive já dera a chave de seu apartamento pra aquela loira e agora nem conseguia lembrar-se de seu sobrenome/nome/o que quer que fosse. 


Sentia-se um canalha. E sabia que o era. O que mais poderia fazer?!


Entrou em sua sala procurando o relatório de 2 dias atrás pertencente ao caso da maldição.


− Accio relatório! – A pequena pasta voou até suas mãos com exatidão, ao mesmo tempo em que a secretária – ANNIE, É ISSO! – aparecera com seu cappuccino e um sorriso provocante.


Aparatou, entediado.


Quando desaparatou na biblioteca do hospital identificou algo de muito incomum ali. Primeiro porque era praticamente impossível que alguém estivesse fazendo alguma pesquisa ali, pois dentro do hospital só havia 1 caso repetido em 3 pacientes que os desafiasse, e não era como se os médicos dos St. Mungos não tivessem sua própria biblioteca particular para poções e métodos, se o problema fosse esse. Quem quer que estivesse ali procurava algo fora do normal, envolvido na história bruxa ou talvez fosse algum leigo em medicina bruxa, mas aprendizes e estudantes não eram bem vindos naquele lugar, sequer saberiam como encontra-lo dentro do hospital. A única pessoa que poderia estar ali remotamente era o herbologista do hospital.


− Longbottom? – Murmurou, depois de lançar um feitiço para iluminar o lugar.


Mas o que encontrou com uma pilha de mais de 20 livros que formavam uma espécie de barreira desordenada sobre a pessoa que os devorava.


Falou com a pessoa, mas novamente a pessoa não lhe deu respostas. E foi quando encontrou-a dormindo em cima de um livro aberto e rodeada pelos outros com 3 copos de café vazios na mesa.


Os cachos caiam em seu rosto, cobrindo parte dele, e seu cabelo parecia grande demais, em revolta, coisa que ele nunca tinha reparado. Sorriu antes de ajeitar os cachos dela para a parte de trás de sua orelha, quase em uma carícia.


Não queria acordá-la, na verdade, mas ao mesmo tempo sentia uma urgência absurda em conversar com ela, esclarecer as coisas e vê-la abrir os olhos.


− Granger? – Disse, próximo ao seu ouvido, acariciando com o polegar o pescoço da castanha.


Tudo o que tivera em resposta fora um murmúrio inteligível, o que o fez repetir o processo, dessa vez um pouco mais alto.


Ela espantou-se, assustada, como se houvesse sido pega, foi quando Draco percebeu os títulos daqueles livros que a cercavam.


Hermione começou a tentar ficar apresentável, ajeitando o cabelo desengonçado que ela sabia que deveria estar uma merda e tentando juntar a última gota de dignidade dentro de si.


O loiro sorriu da maneira desajeitada com que ela tentava evita-lo e sentou-se ao seu lado, entregando-lhe o cappuccino que tinha em mãos.


Merda, sentira falta dela. Muita. Achava que fosse coisa da sua cabeça, mas não, depois de vê-la ali, percebera que era verdade. Ainda queria beijá-la. O que diabos ela tinha que o deixava daquela maneira sempre?


− Você está grávida. – Ele afirmou, sério.


Ela arregalou os olhos, surpresa.


− Quando pretendia me falar, Granger? – Disse aquilo friamente, mas sem intenção, apenas o suficiente para deixa-la ligeiramente triste, mas não deixaria que ele percebesse.


− Sinto muito. – Falara, com a voz firme. – É que não é só isso, existem outras cois-


− Você transou com o Potter, não transou? – Pronunciaria.


Ele conseguia lembrar perfeitamente da reação do Potter quando lhe contara a novidade, e conseguia ver o quão miserável quatro olhos estava naquele dia, como se estivesse absolutamente sozinho. Aquilo não era só sobre sua família, era também sobre Hermione. Sabia que estava acontecendo algo de muito errado ali para que ela estivesse se escondendo até mesmo do quatro olhos. Agora tinha certeza.


Ela fez que sim com a cabeça, engolindo em seco. Decidiu que não queria saber como ele descobrira todas aquelas coisas tão rápido. E prometeu a si mesma que não ia chorar.


O loiro sentia-se mal e sabia que se torturaria um milhão de vezes com esta lembrança. Queria quebrar a cara do Potter, naturalmente. E se sentia incomodado, vulnerável, exposto. Eram sensações demais para que pudesse assimilar uma só. Olhou bem nos olhos dela, prestando atenção nas olheiras que estavam ao redor deles e como ela parecia cansada e que provavelmente só devia ter se “alimentado” com os três copos de café que estavam ao seu lado. E eles haviam terminado de uma vez por todas. E ele fora um idiota todas as vezes. Não queria retomar o ponto de pararam, quando ele usaria de deboches e sarcasmo para esconder o quanto aquilo mexia com ele, ou quanto exigia que ela fosse dele, porque – agora ele sabia – ela não era.


− Tá tudo bem, Granger... – Dissera, puxando-a para o que parecia ser um abraço. Ouviu-a soluçar contra si.


 


~~


 


COMENTEEMMMMMMMMMMMMMMMMMM. Preciso muito saber o que vocês acham, se ainda leem. A intenção não era deixar um capitulo pedante, esclarecendo. E muito menos demorar tanto a postar. Sim, agora tenho tempo. Quem lê as outras fanfics sabe que aos poucos eu estou retomando uma a uma devidamente. Esse capitulo foi meio difícil, porque todas as vezes que eu escrevi ele ao longo de 2012 eu acabava travando e apagando tudo ou perdendo o ritmo da fanfic. Mas é isso, agora foi pra valer hahaha Tive tempo pra reler e refletir e pensar no rumo da história. VOTEMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM.


 


E pra quem não acompanha Me devore, minha outra fanfic, fica a dica!


 

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Comentários (13)

  • Luiza Snape

    Tem que ser o DRACO !!! O Harry e a Hermione nem deviam ter feito!!!  

    2014-01-09
  • JuhSnape

    Estou torcendo para o pai não ser o Harry, tem que ser o Draco!!! *-*

    2014-01-08
  • Laauras

    Leitora nova, amei demais a fic! Ansiosa pra saber quem é pai do baby! Bjão!

    2014-01-07
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