something.




- Por merlin, Granger! Estamos falando do Finningan! – Embora não estivesse ao seu lado, Hermione tinha certeza que ele revirara os olhos na pequena colocação.


- Bom, não temos muitas opções, certo? – Dera uma pausa. – Até agora já entrevistamos o cara das tatuagens, o impostor da música clássica, Finningan e o cara dos piercings...


- Exatamente. Foram só quatro doadores e no registro do St. Mungos nós temos pilhas de perfis...


- Eu sei, Malfoy. Só me sinto meio cansada de procurar a pessoa perfeita...


- Só estamos procurando a três dias, Granger.
 


- Três dias nesse festival de babacas. – Falou, com a voz baixa.


Malfoy conseguiu a ouvir soltando a respiração.


- Você vai encontrar o cara certo, Granger. Eu prometo. – Falara, aproximando o celular do ouvido, como se no contato estivesse se aproximando da garota.


- Aham. – Ela respondeu, do outro lado da linha. – Por que acha que o Finningan não é a escolha ideal?


- Ele é irritante.


- Não quer que eu faça a inseminação com ele, só porq...


- É. Qual o problema?


- O problema, Malfoy, é que isso se trata de mim. – Pausara. – E você não vai conviver com o bebê pra que ele o irrite da mesma forma... – Falara, baixando o volume da televisão em seu apartamento.


- Tem alguém aí?


- No apartamento?


- É.


- Não, haha, não mesmo.


- Ouvi uma voz masculina no fundo da ligação... – Ele começou, com a voz desconfiada.


- Deve ter vindo da TV, acabei de baixar o volume.


Deve? – A voz assumira um tom irônico. – Então tem mesmo algum cara aí?


- Argh, por que eu mentiria?


- Diga-me você.


- Ciúmes.


- Isso não é ciúmes.


- Bom, é o que parece.


- Que seja. – Falara, exausto da negação. – Está com sono?


- Não. Tenho coisas demais na cabeça.


- Que seriam...?


- Minha paciente se matou ontem de tarde. – Respirara fundo. – Eu fico pensando que é minha culpa, que talvez, eu pudesse fazer alguma coisa pra mudar... Quer dizer, eu ando tão obcecada com a idéia de encontrar o doador pra inseminação, que às vezes não consigo me focar...


- Por que não tira férias?


- Não vai ser preciso. Daqui a pouco vamos encontrar o doador e eu vou pedir demissão.


- Pensei que já tivéssemos conversado sobre isso.


- Isso o quê?


- A troca de acordos.


- Que seja, Malfoy.


- Por que o Potter agiu daquele jeito na cafeteria?


- Como assim?


- Como se soubesse de alguma coisa...


- Ele sabe.


- O quê?


- Ele é meu melhor amigo, ok? Eu precisava contar...


- Você têm amigos demais.


- E você tem ciúmes de todos eles, tsc tsc tsc...


- Acredite no que preferir, Granger.


- E você? Não está com sono?


- Um pouco.


- Quer desligar? Hã, amanhã nos falaremos de qualquer jeito, Malfoy.


- Eu sei.


- Então desligue e vá dormir.


- Não posso.


- Perdão?


- Não posso ir dormir. Estou acompanhado.


- Como?


- Uma garota, Granger. Você sabe, o de sempre.


- E por que estamos conversando a tanto tempo por celular?


- Ela foi tomar um banho e eu me senti entediado.


- Ok, muito bom saber que eu sou a sua ferramenta pra sair do tédio...


- Não é bem tédio, Granger.


- Então...?


- Não sei explicar, eu só... queria, hm, ouvir a sua voz. – Pausara. – certo, isso pareceu bem patético em voz alta.


Ela sorriu, surpresa.


- Preciso desligar, Malfoy. Tem alguém tocando a campainha aqui...


- Estava esperando alguém?


- Claro. Marquei com Finningan, você sabe, um encontro pra falar sobre os velhos tempos de Hogwarts...


- Isso é sério?


- Claro que não! Por Merlin!


- Então por que quer desligar?


- Talvez porque você é que esteja em um encontro com uma garota e conversando com outra por celular. Isso não parece... normal.


- Não é.


- Eu sei, de qualquer forma, Boa noite Malfoy.


- Boa noite.


E ela desligou. Mas não pelos motivos que falara. Não sabia como dizer, aliás, por que precisava dizer? Doía. Não sabia aonde, ou como. Mas porra, aquilo doía. Uma vontade absurda de embrulhar-se na cama e só levantar quando esquecesse do porque se sentia tão mal. Estava parecendo uma de suas pacientes, lembrou-se, irônica. De uma hora pra outra, tivera a impressão de que estava só, absolutamente sozinha. Claro, havia Harry, Rony, Gina, seus pais, seus pacientes, colegas de trabalho, Weasleys, etc, contudo, nenhum deles parecia o bastante.


Por que Draco Malfoy tinha que ser tão imbecil, e cafajeste e um filho da puta que sabia exatamente como enganar as pessoas? Aliás, que raios de revolta era essa, que sequer tinha motivo?


Depois de mais alguns minutos que se lembrou que a campainha continuava tocando. Abriu-a, desanimada.


- Harry? O que faz aqui? – Falara, olhando-o surpresa.


- Estava chorando?


- Não! Eu não... – Começou, enquanto levava uma de suas mãos aos olhos. Puta. Que. Pariu. Como ela podia estar lagrimando sem nem perceber? Hermione Granger, você tem sérios problemas. – Ainda não me respondeu o que faz aqui. – Retomou, como se a descoberta nunca tivesse ocorrido.


- Briguei com a Gina. Estou proibido de dormir em casa essa noite.


- Por quê?


- Perdi minha aliança de casamento.


- Mas como?


- Tirei pra tomar banho e esqueci de colocá-la de volta.


- Já tentou explicar isso a ela?


- Eu expliquei, mas ela disse que isso significava que eu não ligava pro casamento, que precisava valorizar mais tudo o que tínhamos e blá blá blá... Amanhã aposto que ela vai me pedir desculpas. – Pausara, dando um passo a frente. – Tudo bem se eu dormir aqui?


- Hã, óbvio Harry. Pode entrar. – Sinalizou.


Fechou a porta, enquanto via a figura do moreno sentar-se no sofá.


- Você não parece bem.


- Muitas coisas na cabeça, você sabe.


- Não, aconteceu alguma coisa.


- Não, não aconteceu.


- Somos melhores amigos, pode me contar qualquer coisa Herms.


- Eu sei. – Ela respondeu, meio indecisa, pausou, deixando que o silêncio preenchesse a verdade. Respirou fundo, antes de falar: - Você estava certo.


- Sobre...?


- Estou apaixonada por ele.


- Quem?


- Malfoy.


- Eu não disse que estava apaixonada, disse que estava atraída, mas puta merda, Herms. – O moreno tinha uma expressão tensa. – Apaixonada...?


- Estávamos conversando e ele disse que uma garota estava no apartamento, que aquilo era um encontro, que só estava esperando ela voltar do banho e matando tempo comigo. – Falou, como se estivesse arrancando algo grudado ao seu corpo. – E eu senti como se não quisesse mais respirar... E isso me lembra que eu tenho parado de pensar... argh, nele. O que é ridículo, porque só estamos convivendo há pouco tempo, meu deus, como eu sou idiota! – Falou, olhando pro chão.


- Nenhum cara liga pra outra garota enquanto espera seu encontro de sexo garantido sair do banho, Herms.


- está dizendo que ele... mentiu?


- É uma possibilidade. – Olhara pra ela, com atenção. – Ou ele pode sentir alguma coisa. Qual é! Uma garota tomando banho e pronta pra transar! Por que ele trocaria isso por uns minutos de conversa sobre tudo o que ele já está cansado de ver?


- E agora, Harry? O que eu faço? – Perguntou, um pouco suplicante.


- Boa pergunta.

 



07:35


- Aonde está a Dr. Granger? – O loiro perguntou, educado.


A secretária da garota apenas revirou os olhos, respondendo um De folga, tsc tsc tsc.


Uma expressão de desconfiança de apoderou do rosto dele.


- Tem idéia de onde ela possa estar? – Perguntara, decidido.


A secretária revirou os olhos pela segunda vez, como se desse ao entender que todas as respostas eram óbvias.


- Cuidando do Potter, é claro. – Falou, e riu, gostosamente, quando viu seu chefe erguer uma de suas sobrancelhas.


Cuidando. Do. Potter. Que porra era essa? Desde quando Potter merecia cuidados? Desde quando ela e o Potter...? Imbecil, pensou, antes de aparatar.


07:36


Apesar da descoberta da noite anterior, ela sentia-se feliz, e com razão. Voltou a mexer o chocolate quente com delicadeza: aquele era o café da manhã predileto do Potter.


Até ouvir alguém tocar a campainha. Embora só fossem 7 e tantas da manhã, moveu-se até a porta, meio irritada.


- Malfoy? – Murmurou, como se ele fosse um alien, quando o viu.


O loiro tinha os olhos cerrados e intensos.


- O que faz aqui? – Perguntou, quebrando o clima de tensão.


- O que você faz aqui?


- Que eu saiba, esse é o meu apartamento. – Respondeu, abrindo a porta com cuidado e encostando-a.


- Não vai me chamar pra entrar? - Falou, com atrevimento.


- Por que eu faria isso?


- Tinha esquecido que é uma sangue-ruim sem educação.


- É, sou uma selvagem. Satisfeito?


- Não muito.


- O que raios faz aqui, Malfoy?


- Não tínhamos entrevistas a fazer?


- Na verdade, não. – Pausou, fitando-o feito um acéfalo. - Hoje é meu dia de folga..!


- É, mas pensei que usaria seus dias de folga pra se empenhar em achar o doador.


- Bem, você estava enganado. – Retrucou, segura.


- Por que está cuidando do Potter?


- Como ficou sabendo disso? – Havia choque na voz da castanha.


- Sua secretária. – Declarou, seco.


Então era verdade...?


- Estou cuidando porque gosto muito dele... – Dera um sorriso bobo, que fez Draco querer vomitar. – E porque ele é como um filho pra mim.


- Espera? Filho? Harry Potter é como um filho pra você? – Sussurrou, com nojo.


- Quê? – Falara, confusa. – Eu estava falando do James Sirius Potter, filho do Harry e Gina. – Declarara, sorrindo da expressão de entendimento do loiro. – Achou que eu estava... Hã, cuidando do H...


- Tia Mione! O que a senhora faz aí for... – Começara o pequeno garoto, de cabelos apontando pra todos os lados e olhos expressivos. – Quem é ele? – O garotinho voltou a perguntar, de cara fechada.


Ela riu, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o loiro se antecipou.


- Me chamo Draco Malfoy.– Dissera, estendendo a mão ao garoto.


- Está tudo bem, James. – Ela falou, encorajando o garoto. – Ele é um colega.


- Ele é um Malfoy! – O pequeno murmurou, de cabeça baixa e olhar de desprezo.


- E quem disse que um Malfoy não pode ser nosso amigo? – Ela sussurrou, de forma doce.


- Tio Ron. – O garoto respondeu, cruzando os braços com a aparência de quem seria capaz de enfrentar o oponente.


A criança pareceu pensar a respeito depois do olhar rígido da Granger.


- Gosta de jogar Halo?


- Se eu gosto de jogar? – Falara, petulante. - Eu sou o melhor jogador do mundo, tsc tsc tsc.


- Sério? – Os olhos do pequeno brilhavam.


07:40


- O que pensa que vai fazer?


- Eu não penso, Granger. Eu vou jogar.


- Você não tinha que estar no St. Mungos?


- Claro que não, é a minha folga.


- Ok. E não passou pela sua cabeça que isso está começando a ficar bizarro? – Dissera, sussurrando no corredor.


- Isso o quê? – Falara, sarcástico.


- Você jogando Halo com o James no sofá do flat.


- Bem, ele me convidou.


- E desde quando se importa? – Pausara. – Aliás, não tem nada melhor a fazer?


- Não. E eu gosto de crianças.


- Ah claro, você gosta de crianças e... Você o quê? – Murmurara, fazendo uma careta de descrédito. – Desde quando gosta de crianças?


- Desde sempre, sangue-ruim. – falara, fitando-a como se fosse louca.


- Que seja.


- Muito bem, Granger. Agora eu vou jogar, tsc tsc tsc – Completara, erguendo as sobrancelhas em desafio e jogando-se no sofá bem ao lado de James.


O garotinho sorriu do susto que levara do loiro.


- Pronto pra perder, Potter?


James fez uma careta e lhe sorriu em resposta: - Até parece...


08:30


- Ok, vocês estão jogando a praticamente uma hora! – Falou, com autoridade. – E você James, precisa comer alguma coisa...


- Só mais essa partida, Tia Mione...


Draco parecia quase tão concentrado quanto o garoto.


- É Granger, deixa de ser tão chata...


Ela revirou os olhos, p da vida, só então dando-se conta que a campainha estava tocando.


Moveu-se rapidamente até a TV, desligando-a, recebeu como resposta os gritos indignados dos dois seres.


- Não ousem ligar esse vídeo game. – Falou, enquanto abria a porta.


Lá estava o Weasley.


Fudeu.


- Rony? – Sua expressão era de choque.


O ruivo lhe sorriu, afetuoso.


- Já foi buscar o Jay?


Ela lhe sorriu de volta, sem ter como evitar.


- Harry e Gina vieram deixá-lo as 7 horas da manhã.


- OOOOW. Isso é que é vontade de fazer sexo e ficar com o flat livre...


- Idiota. – Xingou, tranqüila.


Até lembrar-se que James estava lá dentro jogando vídeo Game em seu sofá com Draco Malfoy. A simples imagem da situação a fez perder a cor no rosto.


- Então, não vai me convidar pra entrar? – Ele lhe perguntou, quase da mesma forma que o loiro aguado.


- Hã, na verdade, eu, er, quer dizer, James está dormindo. Por que não volta depois? – Sugeriu, com falsa animação.


- Está escondendo alguma cois... – Ele começou e não soube como terminar quando viu Draco Malfoy com seu – caralho, o seu afilhado favorito! – no colo, como se fossem parentes.


- Que merda é essa? – O ruivo praticamente gruniu, com ganas de esganar o inimigo graças ao seu sorrisinho filho da puta e cafajeste.


- Tio Ron! – O garoto disse, ao mesmo tempo, enquanto Draco o colocava no chão dando-lhe razões para correr na direção do ruivo.


E foi o que James fez, sem afetar o orgulho de Draco.


- E aí, campeão? – Rony foi capaz de dizer, um pouco menos pretensioso, abraçando o garoto de volta.


- Tio Rony, conhece o Tio Malfoy? – O garoto dissera, apontando para o de sorriso petulante, baixou a voz pra dizer, como se contasse um segredo mortal: - Ele é o melhor jogador de Halo... do mundo.


Draco ergueu uma de suas sobrancelhas e cruzou os braços como se assim dissesse Tá vendo, tsc tsc tsc?.


- O que ele faz aqui, Mione? – O ruivo resumiu-se a dizer, com a voz perigosa.



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