O herdeiro e as velas
Parte quarto
A quarta mensagem
O herdeiro e as velas
Era de manhã. Eu estava com as pernas melhores. Eu fui até a cozinha, com as muletas, chegando lá, peguei Gina preocupada. A fiquei fitando na porta, ela estava com um exame em mãos. Ela parecia agoniada.
Logo Harry passou por mim, indo em direção a geladeira. Ela dobrou o papel e se levantou. Ele disse:
– Bom dia.
Ela ficou meio nervosa e saiu da cozinha.
ACORDEI!
Acordei com a cachorrinha de Hermione, que até gora eu ainda não sabia o nome, me lambendo. Me levantei e peguei as muletas. Tudo foi um sonho.Me senti agoniado, logo, Hermione descia as escadas.
– Bom dia.
– Bom dia Mione.
Respondi inquieto. Sabia que o problema de Gina estava naquele envelope.
Eu estava na sala assistindo TV, quando Gina e Harry adentraram a porta da sala. Irritados.
– O que houve? – perguntou Hermione.
– Chegamos no trabalho e nos esquecemos que é feriado na cidade. – disse Harry, rindo e jogando o casaco na poltrona da sala. – Vou aproveitar pra dormir – disse ele, subindo as escadas.
– Precisa de ajuda Hermione? – perguntou Gina.
– Não, obrigada.
Gina se sentou ao meu lado, e Hermione continuou na cozinha.
– Gina, preciso falar com você – disse.
– Fale.
– Que exames você fez recentemente?
Ela ficou gélida, e pasma.
– Ne-nenhu-um. Por quê?
– Me conte. Sou seu irmão, quero saber. Está acontecendo algo?
–N-nã-o. Fi-fique tran-quii-lo.
– Ou você fala pra mim, ou eu digo ao Harry que você está escondendo algo dele.
Ela respirou fundo. Olhou para a cozinha para se certificar que Hermione não estaria escutando.
– Olha gente vou ao mercado e já volto, ok?
– Sem problemas – disse Gina, tentando sorrir.
Esperamos Hermione sair de casa. Gina acompanho os passos da amiga até a porta e depois encontrou meu olhar amargo.
– Olha Rony – começou ela – você promete que não vai querer me matar?
– Por que eu te mataria?
– Porque eu estou grávida do Harry.
Eu gelei. A primeira cena e minha mente foi a cena de Harry tocando em minha irmã. Me senti nauseado e com vontade de matar ele. Me senti ficar vermelho. Peguei as muletas e caminhei em direção a escada. Gina estava no sofá em prantos.
Fui caminhando até a escada. Eu podia matar o Harry. Seria rápido, ele estaria dormindo. Mas não, o meu bom senso logo falou mais alto. Ele não sabia. Gina não havia contado a ele. Eu voltei até o sofá. Respirei fundo e sentei.
– Pode me contar tudo.
Ela soluçou. Eu a abracei. Senti que ela estava desesperada. Esperei alguns instantes, e logo ela se recuperou do choro.
– Quer falar sobre isso? – perguntei.
Ela balançou a cabeça afirmando. Ela ficou em silencio alguns minutos, e logo falou.
– Eu e Harry nunca assumimos, mas vocês sabem, todos sabem. A gente vive ficando. E quando a Hermione estava no hospital, isso ficou bem mais freqüente. – ela parecia escolher as palavras certas – E eu veio me sentindo meio enjoada, cansada e a menstruação atrasada. Fiz um exame de sangue, e descobri hoje cedo, quando o exame chegou pelo correio. Não contei ao Harry ainda.
Eu a encarei. Ela olhava para baixo. Logo após Hermione abriu a porta.
– Gente, vou fazer lasanha! – disse ela, sorridente e indo direto para a cozinha.
Nem sei quantas perguntar a senhorita Granger faria se visse os olhos inchados de Gina.
No almoço, Harry estava dormindo em pé. Eu dei graças a Deus por isso. Se não eu quebraria ele ao meio.
– Rony? Você está bem? Mal tocou no prato...
– Estou sem apetite Hermione!
Larguei os talheres e fui para a varanda da casa. Sentei no chão. Escutei Hermione dizer: Harry, vai ali conversar com o Rony . Eu fiquei com raiva. Fiquei com raiva por Gina. Por ele não ter coragem de se entregar a minha pequena e indefesa irmã. Ela o olhava com o brilho do amor nos olhos, será que ele percebia?
– Tudo bem mesmo Rony? – perguntou Harry abrindo a porta e logo a fechando.
– Aham. – respondi, seco e frio.
Ele se sentou ao meu lado.
– Pode falar, a gente sempre foi amigos.
Eu respirei fundo, olhei nos olhos de Harry. Ele parecia confuso.
– Me conte você Harry.
– Ã? Estamos falando de mim ou de você?
– De você.
– O que eu te contaria?
– Sei lá. Qualquer coisa.
Harry respirou. Certamente ele estava procurando as palavras exatas.
– Rony, preciso do seu conselho.
Eu sorri, Harry pedindo conselho a mim, era gratificante.
– Rony. Eu não sei como vou fazer isso – ele dizia, passando a mão nos cabelos mal cortados – eu preciso fazer isso já faz muito tempo. Mas minha coragem parece sumir.
– Prossiga – eu disse, me achando.
– É ela Rony. Ela me deixa bobo. Eu chego perto dela e perco todo o senso da razão. Eu não sei mais argumentar ou falar. Eu só sei escutar ela. A respiração dela. O coração dela bater.
– De quem está falando?
– Da Gina, é claro – disse ele desabando em seus joelhos dobrados.
– Posso te dar um conselho, de amigo para amigo?
– Claro, to esperando isso. – disse ele, rindo.
– Fala pra ela que você quer ela acima de tudo. Fala tudo isso pra ela Harry. Ela esta esperando por isso, e eu sei muito bem. Ela precisa de você.
Harry sorriu e bateu em meu ombro.
– Você é meu melhor amigo.
– Eu sei disso – disse, me gabando. – Leve ela para jantar hoje a noite.
Ele se levantou e entrou dentro de casa. Duas mensagens em menos de um dia. Eu tinha que acabar com o que estava me matando. Com todas essas cartas. Eu tinha um plano para a ultima de minha lista; Hermione Granger.
Now I'm here, suddenly I see
Standing here, it's all so clear
I'm where I'm meant to be
Enrolados - I See The Light
– Já posso abrir a porta?
– Calma Hermione. – pedi, pela 7º vez.
Gina e Harry tinham saído fazia meia hora e tranquei Hermione no antigo quarto de Harry, a baixo da escada. Eu estava preparando tudo. Tinha que ser perfeito, mais que isso, tinha que ser romântico. Tinha chegado a hora. À hora de eu falar a ela tudo que sentia tudo que pensava e tudo que sonhava para nós dois.
Corri até o som, liguei a música I See The Light, do filme Enrolados que Hermione tanto amava. Fui até a porta do quartinho, respirei fundo, dei uma ultima olhada. Estava perfeito. Abri a portinha.
– Feche os olhos – pedi.
Ela saiu, com as mãos nos olhos. Eu peguei uma de suas mãos e a levei até o centro da sala, que agora não tinha mais os sofás. Ela abriu os olhos. Eu havia tirado tudo da sala. Mesinha, Televisão, Sofás, Balcão da televisão... Agora, tudo eram velas. Alguns abajur ligados. Velas espalhadas pela escada. Janelas fechadas.
– Ron..
– Shit – coloquei o dedo sobre seus lábios.
Ah seus lábios. Tão macios, tão delicados, tão quentes. Ela respirou fundo ao meu toque. Ela sentiu o quão eu estava falando sério, e o quanto era importante tudo aquilo. Eu coloquei minha mão na cintura dela. Comecei dar um paço pequeno para cada lado.
Os olhos castanhos dela se encheram de lágrimas. Ela levou as mãos ao meu peito e começou a dançar comigo. Ficamos ali, curtindo aquele momento. Ela olhando em meus olhos, e eu nos dela. Senti o que Harry tinha comentado mais cedo. Eu estava bobo. Bobo pelo fato de estar escutando o coração dela, a respiração dela contra o meu peito, de ver o amor que estavam aflorando em seus olhos.
A música acabou. Mas nos continuamos a dançar. Ela continuava a me fitar. Ela continuava a me sentir. Nesse momento, minhas mãos já estavam as costas de Hermione. Ela estava com a cabeça escorada em meu peito. Ela estava ali, protegida por mim. Eu a abracei mais forte e parei com a dança. Nós ficamos ali, abraçados. Quando a soltei, ela pode ver as lágrimas em meus olhos, e eu pude compreender que seus olhos também tinham lágrimas.
Lágrimas são iniciadas em milhares de momentos. Sendo felizes ou tristes, de emoção ou solidão. Hoje, as nossas lágrimas eram de amor. De fraternidade, saudade dos momentos que deixamos de viver juntos por nosso orgulho. Nesse momento, eu senti que não podia deixar ela sair dali, dos meus braços, ela era minha, aquele era o nosso momento.
– Rony...
– Hermione... – sorrimos.
Ficamos em silencio, apenas nos encarando. Ela sorria. Eu peguei em sua mão, ela estremeceu. Com a outra mão, passei um fio de seu cabelo cacheado para trás de sua orelha. Logo após meus dedos gélidos tocaram seus lábios carnudos e graciosos.
Eu me aproximei. Senti o coração dela bater mais rapidamente. Com certeza, ela sentiu o meu coração pulsar rapidamente. Eu não podia falhar. Eu tinha passado o dia me preparando para esse momento. Para o nosso momento.
Fui chegando mais perto dela, e ela correspondeu chegando seu rosto mais junto ao meu. Ela fechou os olhos. Eu fechei os meus também. Encostei meus lábios aos dela. Iniciamos um beijo apaixonado e totalmente feliz. Pude sentir as lágrimas de Hermione entre nossos lábios. Quando isso aconteceu, eu a puxei pela cintura. Ela me abraçou pelo pescoço. Estávamos nos amando, como deveria ter sido desde o inicio.
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