O mal encarado
Parte dois
A segunda mensagem
O mal encarado
Sinceramente, minha noite de sono tinha sido uma merda. Eu não havia dormido direito, um sonho um tanto complicado e confuso me deixou atordoado. Eu estava em um lugar escuro e encontrei uma porta. Ao passar por ela eu encontrei um ambiente claro, era um campo verde e florido. Uma pessoa me intrigou.
Ela estava de preto e sentada no meio do campo. Eu cheguei até essa pessoa e percebi que era um homem. Eu não sei exatamente como descobri que era um homem, porque o seu rosto estava escuro. Como se houvesse uma sombra.
O ambiente ficou escuro, igual a outra sala. E der repente, eu parecia estar caindo de um abismo. Eu estava em queda livre e de um hora para hora, cartas estavam caindo comigo. Ás de todos os naipes.Eu acordei.
Acordei e olhei para o relógio, 2:22 AM.Aqueles números, aquele sonho, me intrigaram.Eu afundei no travesseiro. E esperei o sono me levar. Demorou um pouco, mais eu cai no sono. Não sonhei mais.
Pela manhã, tudo foi normal. Eu e Hermione estávamos conversando e tudo mais. Eu a contei sobre a carta e sobre o sonho. Ela também achou estanho. A tarde, eu resolvi caminhar até a casa de Sophie. Era perto das três horas da tarde e ela estava voltando da escola. Pelo jeito, ela estudava naquelas escolas que vão de manhã e voltam no meio da tarde. Ela estava bem bonita.
O uniforme azul marinho da escola caia muito bem na loira. Quando ela me viu, sorriu.
– Rony!
Eu sorri, apertando os lábios. Percebi que seus tênis estavam em suas mãos. Era a minha Sophie, descalça e linda.
– O que faz aqui?
– Vim lhe ver!
– Pensei que tinha me esquecido.
– Jamais!
Sim, jamais. Jamais esqueceria a menina que me ajudou a dar o primeiro passo. Ela me fez acordar para a vida. Ir atrás das mensagens. Ela era uma mensagem, a primeira mensagem. Olhando para ela, me lembrei de Gina. Ela era como uma irmã mais nova, uma responsabilidade delicada e pequena. Ela era bem frágil. Sophie se sentou ao meu lado, no meio fio.
– Como tem sido seus dias?
–Normais. Eu ando correndo bastante. E os seus?
– Nada produtivos!
Ela ficou ali, paradinha, sem falar nada. Ela apertou os olhos, o sol estava quente e forte.
– Quer um sorvete?
– Ah. Meu ponto fraco. Mais estou quebrado.
– Eu tenho uns trocadinhos aqui – E ela tirou sete doláres da jaqueta – Ganhei em uma aposta.
– Aposta? Isso não é coisa que meninas se interessam.
– Depende da aposta,
– O que apostou?
Em seus lábios, um sorriso maroto se formou.
– Corrida.
– Ah.
Nos rimos. Ela foi até a casa dela e logo voltou sem a mochila da escola. Fomos até o parque que ela treinava. O velinho do sorvete estava lá.
– Um de morango e um de flocos, por favor. – pedi.
Eu estava com o dinheiro em mãos. E Sophie estava no sentava no banco.
– Prontinho!
Eu entreguei o sorvete a ela. Ela saboreou o sorvete muito delicadamente. Sempre cuidando para não deixar cair nenhuma gota de sorvete nos dedos. O sorvete cor de rosa, tomou os dedos da loira quando ela se destruiu com um garoto do outro lado da rua, caminhando para cima da lomba. Eu ri dela.
– Porque está rindo?
– O garoto, meche com você, não é?
– Ah, eu estudo com ele a um tempo, só isso.
Eu olhei para ela e sorri. Ela parecia ter medo de chegar para conversar com o garoto. Me senti na pele dela, eu era assim com Hermione também. Eu conhecia Hermione desde meus onze anos e nunca tinha falado para ela, diretamente, que a amava. O nosso único "momento", foi um beijo. É, um beijo. Que grande progresso, enorme, extrondoso, na verdade... inútil perto ao que eu tinha a dar para ela.
– Que horas são, por favor Sophie?
– Vinte para as quatro.
– Tenho que ir. – apertei os lábios.
– Ah, sem problemas. Obrigada por vir me ver.
– De nada. Vamos eu te deixo em casa.
Ela sorriu. Fomos caminhando até a rua dela. Quando ela foi embora, ela me deu um beijo na bochecha e eu beijei a testa dela. Ela era minha irmã mais nova, mesmo não sendo da mesma mãe ou pai.
Eu teria que subir mais ainda a lomba. A rua Anchietta era bem em cima da lomba. Chegando lá em cima, comecei a olhar as casas. Número 15. Uma casa bonita, azul e com as janelas e portas brancas. Parecia nova e bem cuidada. Ela não tinha um jardim mal cuidado ou uma garotinha com medo de arriscar. Fiquei ali, sentado do outro lado da rua, como de costume.
Meu peso era estrondoso para mim mesmo, não me agüentava muito tempo em pé. O mais impressionante aconteceu segundos depois, o menino que "mexia" com Shopie, entrou na casa.
Como eu tinha chegado antes dele? Essa resposta eu respondi quando eu vi uma sacola em sua mão. Ele trazia uma sacola com pão. Ao entrar em casa, ele logo preparou um dos pães que tinha na sacola que ele trazia. Ele comeu rapidamente aquele pão. Um homem de cabelos negros, baixo, e com barba no rosto chegava perto da casa. El entrou pela porta dos fundos, aonde ficava a cozinha.
De longe eu pude perceber que o garoto se levantou e colocou suas coisas na pia. Logo ele foi para a sala, e ficou um tanto mais perigoso de ele me olhar. Então, resolvi fingir que estava mexendo nos meus tênis. Me agachei e comecei a amarrar milhares de vezes o tênis, até escutar uma briga. Eu não entendi muito bem porque ela começou, mais sei que o cara mais velho parecia mais novo na briga. O “garoto da Sophie” gritava com ele. Eu tinha que saber o que aquele cara era do garoto, e porque eles brigavam tanto...
Deixei passar aquele dia, no dia seguinte fui até a escola de Sophie. Quando ela me viu do outro lado da rua, estava conversando com o tal garoto que eu considerava mal encarado, e estava no meio da minha missão...
– Rony, o que faz aqui?
– Eu vim te buscar.
– Ah, que querido.
– Vamos, preciso te perguntar algumas coisas.
Nós caminhamos por algum tempo, e logo quando a escola ficou pequena em nossas visões, ela perguntou:
– O que tem para me perguntar?
– O que você sabe sobre aquele garoto?
– Que garoto?
– Aquele de ontem.
– O da praça, Tom? – ela suspirou.
– Sim.
– Porque quer saber?
– Curiosidade.
Nos ficamos em silencio por mais um tempo, até chegarmos na nossa praça. Sentamos no local de costume. Ela me olhou pelo canto dos olhos, eu levantei as sobrancelhas.
– Ok – começou ela – Tom é o menino mais encrenqueiro da escola. Parece que quase nunca foi assim. Na quarta série, quando a mãe dele morreu em um acidente de carro, ele se revoltou. Ela estava no carro com o padastro dele, agora eles vivem em atrito. O cara é gente boa, sempre quietão e faz de tudo pelo Tom, mais ele é fechado e totalmente rude. Ele está no segundo ano comigo, estudo com ele desde a quinta série. Ele anda sozinho no recreio e sempre faz trabalhos sozinhos. Não tem amigos.
Eu encarei a Sophie. Eu, sem querer, já tinha começado a minha mensagem. Eu tinha pedido a ela que se aproximasse dele. Mas eu tinha que pensar no que iria fazer para os dois virarem amigos, bem amigos. E não só dela, e sim da turma toda. Eu só tinha reparado a casa dele um dia, tinha que passar mais tempo lá.
E tinha ainda a relação dele com o padastro...
Essa era uma “bronca” das grandes.
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