Capítulo 5
"Tô me afastando de tudo
que me atrasa, me engana,
me segura e me retém.
Fui ser feliz, e não volto!"
- Caio Fernando Abreu
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Capítulo 5
- Eu dormi com a sua irmã. – Fred finalmente falou e eu parei abruptamente e virei para encará-lo, sem acreditar no que ouvi.
- Que...? – eu falei o olhando, tentando digerir a informação.
- Aconteceu há dois anos, foi por isso que eu terminei com você. Eu e Dorcas começamos a transar feito loucos, mas nós começamos a avaliar a situação... e resolvemos terminar. – Fred continuou, isso tudo era demais para mim, continuei o encarando, descrente. – Mas, ano passado quando ela anunciou o noivado com o Remus... Eu percebi que a amava. Percebi que eu estou completamente apaixonado por ela. – A voz de Fred foi baixando a medida que ele falava. Na minha mente eu ouvia ele falar, mas suas palavras não faziam sentido para mim. Ele dormiu com a Dorcas. Fred, Fred Baskin, dormiu com a minha irmã. O olhei confusa, digerindo a informação. – Por favor Lily, fale algo!
Eu balancei a cabeça, ainda de boca aberta. Como ele foi capaz de fazer isso comigo? Depois de todas as noites que eu confidenciei para ele, tudo, tudo a respeito da minha relação com Dorcas. De como ela era inconseqüente, de como eu sempre cuidava das besteiras que ela fazia, de como ela sempre gostava mais do que eu tinha, mesmo sendo exatamente igual ao que ela tinha. Deu para entender essa última parte? Eu explico, se nós ganhássemos uma Barbie, exatamente igual, ela sempre, sempre começava a chorar e queria trocar. Foi assim com os meus namorados, ela sempre dava um jeito de chamar atenção e eu ingenuamente pensei que tudo isso tinha parado quando eu conheci Fred e ela Remus. Pelo jeito não, claro que não. A mesma história, se repetindo, depois de tanto tempo. Já estava sentindo meus olhos lacrimejarem, deixei Fred na adega e caminhei em estado de choque até a mesa, com os vinhos nas mãos.
Marlene levantou rapidamente quando me viu, jogou o cigarro no chão e apertou o braço de Sirius, que prestou atenção em mim também. Olhei para todos na mesa, Dorcas sussurrava alguma coisa no ouvido de Remus. Será que ele sabia? Será que ele sabia que a noiva dele dormiu com o seu melhor amigo? Marlene estava na minha frente, ela me olhava com receio.
- Ah meu Deus, você já sabe. – ela disse por fim e eu pisquei várias vezes ao ouvir isso. Ela sabia também? Minha melhor amiga sabia e não me falou nada? Isso parece ser conspiração e eu nunca tinha tido essa síndrome, ou algo assim. – Lily, eu queria te contar, eu sinto muito. Eu realmente sinto muito.
- É verdade... – murmurou Fred atrás de mim. Senti uma vontade súbita de mandá-lo a merda, ou simplesmente de bater nele. Eu não acredito. Virei-me e encarei Fred, passada, queria poder gritar que ele era um vagabundo, filho da mãe, que roubou sete anos da minha vida para no fim, dormir com a minha irmã. Mas ao invés disso, dei um tapa em sua cara, com toda a minha força. Chamei a atenção de todo mundo da mesa é claro, Dorcas e James se levantaram subitamente e minha mãe não sabia como reagir.
- Nunca mais ouse dirigir a palavra para mim. – eu disse em um sussurro, sentindo minha face ficar vermelha. Dorcas veio ao meu lado e começou a suplicar.
- Lily, por favor... – ela falou, praticamente chorando, mas se controlando. Claro, como ela iria explicar isso para o Remus? Mordi meu lábio inferior de raiva, sai da varanda e virei para ela. – Lily, por favor, não fale nada para ninguém.
- Sua... – comecei a falar, mas James me abraçou, interrompendo qualquer linha de raciocínio que eu tinha. Senti-me segura em seus braços, suspirei fundo e finalmente senti umas lágrimas rolarem em minha face. Ele delicadamente beijou minha testa, como tudo isso poderia estar acontecendo.
- Eu não acredito que você contou para ela! – Dorcas falou, descontrolada, segurando sua voz. Remus continuava na mesa, Sirius tentava o manter ocupado, falando de alguma besteira, mas ele obviamente queria entender. Olhei para James, reprimindo meus lábios e simplesmente não pude acreditar.
- Você também sabia. – murmurei, sentindo uma facada em meu estômago. De todos que sabiam... Quer dizer... O fato de James saber e não ter me contado... Senti como se milhares de agulhas perfurassem meu coração. Então era assim que nos sentíamos quando somos traídos?
- Lily... – James começou a falar em um sussurro. O afastei de mim e finalmente soltei as garrafas de vinho no chão. Virei de costas para todos e comecei a caminhar em direção a floresta. Começou a chover e eu corri, senti as lágrimas em minha face, não estava mais segurando. Meu mundo simplesmente desabou, meu mundo desabou e ninguém me avisou. Ninguém teve a coragem de dar a dica: Lily, o Fred comeu a sua irmã, dois anos atrás, só uma dica. Ninguém.
- Lily! – ouvi James gritar, não consegui olhar para trás. Já havia parado de correr, era difícil com esses saltos idiotas. Parei e comecei a tirar meus saltos. – Lily...
- Me deixa em paz. – eu falei tentando parecer ríspida, mas o máximo que consegui foi parecer magoada. – Você sabia e não me falou nada.
- Bem... – ele começou a falar, mas eu comecei a caminhar de novo, descalça agora, sentindo a grama em meus pés.
- Eu não acredito que confiei em você, Potter. – falei finalmente e a chuva começou a intensificar.
- Pare de correr, Lily. – James falou e eu parei, virando para ele, ainda chorando.
- Como você não me disse nada? Por quê? – pedi com uma voz fina, sem querer. Tentei limpar minhas lágrimas e tentar me controlar, mas foi inútil.
- O que você queria que eu dissesse? – James me pediu, incrédulo.
- Você me fez passar um papel de boba na frente da minha família inteira. – eu falei, magoada. – Você mentiu para mim, mas eu acho que eu não deveria ficar surpresa, porque é isso que você faz não? É isso que você é, um mentiroso.
- Você está me julgando? – ele pediu, se aproximando, tentando se controlar. – Ah, essa é boa. Justamente eu, o cara que você contratou para fingir ser seu namorado.
- Você tem razão. Eu estava tão desesperada em fazer todos acreditarem. Tanto que eu lhe paguei seis mil dólares por uma mentira. – eu falei, cruzando meus braços, percebendo o frio. – E tudo isso, para enganar todos, mas a única que acabou sendo enganada, fui eu. Eu queria poder dizer que valeu a pena.
- Boa, Lily. – James falou, decepcionado. – Isso, me odeie. E pense em tudo isso que acabou de acontecer, pense bem e use isso para estragar a sua próxima relação.
James virou as costas para mim e começou a caminhar de volta para casa. Não me controlei e entreguei-me ao choro. Chorei por Dorcas, por Fred, mas principalmente por James. Como eu pude deixar tudo isso acontecer? O que diabos eu fiz de errado com Fred pra ele recorrer a minha irmã? Talvez a mesma coisa que acabei de fazer com James, o afastando. Que droga, ele deveria ter me contado. Sentei em baixo de uma árvore e fiquei chorando, sem me importar com o tempo, se já estava anoitecendo ou o diabo. Tudo o que eu queria nesse momento é um botão, um botão para esquecer. Esquecer e parar de sofrer. Abracei minhas pernas e ali fiquei.
Narrado por James Potter
Eu não posso acreditar que tudo isso aconteceu. Meu coração está pesado, como se tivesse sendo arrancado por alguém. Voltei para a varanda e todos estavam recolhendo a mesa, menos Dorcas e Marlene. Porque eu fui falar sim para a Lily? Porque eu resolvi me meter nessa? Por quê? Droga, eu realmente estava me apaixonando por aquela ruiva.
- Onde ela está? – pediu Marlene, preocupada, tragando o seu cigarro, trêmula. É óbvio que ela se sente culpada, justo ela que odiava Fred por tudo e sentia as dores pela amiga.
- Espera uns quinze minutos e depois vá buscá-la. – eu falei, quinze minutos era o tempo suficiente para eu organizar minha mala e dar o fora dali. Dorcas me olhou raivosa.
- Como você pode contar pra ela? – ela falou novamente. Por Deus, eu nunca bati em uma mulher e nunca senti vontade de tal ato. Até agora, será que ela não entendeu ainda que não fui eu que contei?
- Não foi ele que contou para ela, sua idiota. – Marlene falou ríspida, com raiva. – Foi o próprio Fred.
- Mas afinal, o que está acontecendo? – pediu Remus, virando para nós. Fred, tentando o seu melhor sorriso se aproximou dele.
- Remus, não é a hora de pegar o bonde andando. – ele falou, olhando para mim e depois de novo para o seu amigo. Tive uma vontade tremenda de dar um soco na cara desse imbecil, mas acho que os pais de Lily já tiveram um show quando ela mesma deu-lhe um tapa na cara. Controlei-me, apesar de todas as minhas células gritasse para eu bater nele.
- Certo... certo... – Remus falou, me olhando cabisbaixo. Pobre homem, estava tão apaixonado que colocou Dorcas em um pedestal. Não sabia, nem tinha ideia do que realmente estava acontecendo. Passei por Fred e esbarrei nele por acaso, como se aquele covarde fosse revidar ou algo assim. Subi as escadas correndo e troquei as pressas minhas roupas molhadas por uma seca. E sem me importar com a minha organização infalível, arrumei minha mala de qualquer jeito, em menos de dez minutos. Já estava na hora de ir, provavelmente Marlene estava agora conversando com Lily. Desci as escadas rápido e abri a porta da frente.
- James! – ouvi Sirius gritar, ele e Remus estavam atrás de mim. Parei e os encarei.
- Eu vou para um hotel. – disse olhando os dois, Sirius passou a mão em seu cabelo nervoso, ele sabia o que estava acontecendo. Só Remus que não.
- Não seja ridículo. Pegue o carro e vá para o anexo. – Remus falou, jogando-me a chave e eu o olhei como se ele fosse louco. O anexo era perto da casa dele. – Eu sei, mas amanhã daí você decidira o que fazer e se precisar o carro...
- James, faz isso, esfria a cabeça, cara. – Sirius falou, esperando que eu sucumbisse a proposta dos dois. Respirei fundo e assenti. Remus se aproximou de mim e colocou a mão em minhas costas, em um gesto... solidário.
- Eu realmente não sei o que aconteceu entre vocês... mas cara, - ele começou a falar. – Vocês vão dar um jeito, você é perfeito para a Lily. Um namorado perfeito, vocês vão conseguir se acertar.
- É claro! – Sirius deu apoio a Remus e sibilou. – É como se fosse tivesse sendo pago cara, não erra uma.
Não pude deixar de rir com esse último comentário. Agradeci baixo e entrei no carro de Remus, jogando minha mala do lado e fui para o anexo. Era fácil, só dar a volta na casa, o que não seria fácil era decidir o que fazer agora. Entrei no anexo e a primeira coisa que fiz foi pegar meu celular para reservar o primeiro vôo para Londres amanhã, era o certo.
Narrado por Lily Evans.
- Lily! – ouvi Marlene gritar, levantei a cabeça e a encarei, sem dizer nada. – Lily, eu sinto muito.
- Você já disse isso. – eu disse fria, não foi proposital, mas não pude deixar de lado.
- Eu sei... – ela falou e sentou-se do meu lado. – Nossa, você está com uma cara horrível. Aposto que isso eu ainda não disse...
- Não... – falei baixinho, consegui abrir um sorriso. Por mais que tentasse não conseguia ficar brava com Marlene, ela não me permitia isso. – Porque Lene, porque você não me falou antes?
- Eu queria Lils, eu queria e muito. – Lene começou a falar, encarando-me. – Mas você não ia acreditar, eu sempre odiei o Fred e você ia achar que eu estava só querendo me vingar dele, ou algo assim.
- Realmente... – concordei, baixinho. – Quem te contou?
- Dorcas, não passou nem uma semana do noivado dela e ela veio correndo, soltando essa bomba para mim. – Lene disse aos suspiros. – Quando eu soube, eu não consegui me controlar, acabei dando um soco no olho dela.
- O que? – eu pedi, rindo. Como assim?
- Sim, não se lembra que logo na semana do noivado, Dorcas adiou a festa de noivado porque havia sofrido um... acidente? – Eu ri quando ela falou isso. Realmente, Dorcas estava com um olho roxo, mas ela simplesmente disse que caiu e bateu em um móvel. – Então, depois que eu me acalmei, ela me disse que estava arrependida e que não sabia o que fazer.
- Ela... Ela traiu o Remus então? – falei, finalmente assimilando.
- Não, quer dizer, eles não estavam juntos na época, estavam dando um tempo. – Marlene disse e eu assenti, lembrava-me disso, minha mãe não parava de me ligar naquela semana, para por juízo em Dorcas. Quem dera se eu conseguisse pensar nela, eu estava devastada porque Fred havia terminado comigo.
- Entendo... – falei, Lene se levantou e me deu a mão. Levantei e dei um abraço nela, só ela me entendia, éramos amigas desde que nascemos. Era a única que sabia o que eu pensava, sem mesmo perguntar e o que eu sentia também. Ela era a durona e eu a manteiga, dávamos simplesmente certo. Começamos a caminhar, com ela me abraçando ainda de lado.
- Lily, eu simplesmente amei o tapa que você deu no Fred. – ela disse, rindo, provavelmente lembrando da cena. Eu sorri, ainda me sentia triste, mas a presença de Lene era simplesmente... marcante.
- E eu adorei o soco que você deu na Dorcas. – eu disse e ela riu mais ainda, apertando-me. Chegamos na casa e Sirius ainda estava na varanda, com as pernas na mesa, fumando. Ele rapidamente se ajeitou quando nos viu e deu um sorriso torto, meio que sedutor.
- Ruiva... – ele falou e me deu um abraço. Confesso que fui pega de surpresa, mas não deixei de corresponder. Ele se importava, pude sentir isso. – Não vou ficar falando merda, mas se você precisar, eu posso bater no Fred.
- Eu pensei que você gostasse do Fred. – falei numa finura de voz, fazendo Sirius rir.
- Eu sempre o aturei por causa de Remus, mas desde que eu soube, sinto vontade de bater naquele filho da mãe. – Sirius finalizou me dando um beijo na testa e eu sorri chorosa. Fui para o meu quarto e pude ver que as coisas de James não estavam mais ali, senti vontade de chorar com isso e se espantem, foi o que fiz. Não foi um choro desesperado, algumas lágrimas silenciosas rolaram pela minha face. Tirei meu vestido e fui para o banho, sentindo a água relaxar cada parte de meu corpo e me esquentando. Parei subitamente de chorar e só deixei a água escorrer, tentando não pensar. Sai do banho e coloquei um pijama confortável e comecei a passar a toalha em meu cabelo, o secando. Ouvi uma batida na porta e sem mesmo responder, Dorcas entrou e ficou me encarando.
- Hei... – ela falou, fechando a porta e ficou me encarando.
- Oi.. – eu disse, sentada na cama, sem vontade nenhuma de falar com ela.
- Eu... Eu só queria agradecer por você não ter me entregado, hoje. – ela começou a falar, com os olhos lacrimejando. Eu não conseguia mais chorar, por mais que quisesse era como se as lágrimas tivessem secado. – Eu só queria agradecer por não arruinar o casamento. Sabe, com essas coisas eu tenho que contar no tempo certo.
- Você está certa. – eu falei e ela sorriu, por um segundo. – Você tem que esperar o tempo perfeito para contar ao Remus que você transou com o seu melhor amigo. Para o mundo todo dele não parecer que está terminando e que ele não tem saída quando souber.
- Lils... – Dorcas começou a falar, chorosa. Eu não agüentava aquilo.
- Não se preocupe. – eu falei ríspida. – O seu casamento amanhã vai ser perfeito, eu irei sorrir e falar, exatamente do jeito que você queria antes. Mas nesse momento, nessa noite, eu não irei fingir que está tudo bem e sorrir só porque você quer.
Dorcas começou a chorar e me olhou como se suplicasse. Eu desviei o olhar e continuei a secar meu cabelo com a toalha, só a ouvi batendo a porta ao sair do meu quarto. Não me importei em secar meu cabelo, deitei-me na cama e fiquei encarando o teto, pensando. Adormeci rapidamente, provavelmente do cansaço. Acordei no outro dia com o sol batendo em meu rosto. Respirei fundo e levantei rápido. Dia de casamento, dia de sorri, ou fingir estar feliz, o dia da Dorcas. Coloquei uma roupa confortável, já que teria que passar mais de duas horas no cabeleireiro fazendo o penteado, maquiagem e manicure. Desci as escadas e todos já estavam prontos para sair, todos que eu digo, minha mãe, Marlene e Dorcas. Apenas peguei uma maçã e as acompanhei para o carro. O cabeleireiro era perto da casa, lá cada uma foi para um canto. Enquanto a moça alisava meu cabelo, outra estava fazendo minhas unhas. Minha mãe sentou-se do meu lado e ficou me olhando.
- Eu estou bem. – falei, finalmente enquanto ela me encarava. Ela era a última pessoa que eu iria conversar sobre isso.
- Eu não acredito em você. – ela disse, largando sua revista e me olhando.
- Eu já disse que estou bem, mesmo. – eu disse, tentando até me convencer disso. – Nada que uma boa base, um delineador e blush não resolvam. – E fingi um sorriso, ela retribuiu. – E também, não importa. É o dia da Dorcas.
Ninguém mais me incomodou depois disso, era praticamente nove e meia quando saímos do salão de beleza, meu cabelo estava meio solto, com uma presilha dourada prendendo minha franja. Marlene estava com o mesmo penteado e maquiagem. Nossos vestidos eram dourados, tomara que caia e curtos. Meu cabelo não chamou tanta a atenção, chamaria mais se fosse rosa, ou roxo. Dorcas estava simplesmente linda, graciosa em seu vestido típico branco. Delicado, sem muitos detalhes, mas o básico dela, era lindo. Estávamos no carro e o fotógrafo nos importunando.
- Espere! – minha mãe disse ao fotógrafo e olhou brava para mim. – Sorria.
E foi o que eu fiz, sorri. Estava uma correria aquela casa, Remus já havia saído junto com Sirius, Fred e meu pai. Os três estavam em uma salinha que havia na igreja. Quando chegamos lá, Dorcas, acompanhada de minha mãe, foi rapidamente para a sua salinha, para dar os últimos retoques. Já Marlene foi encontrar o Sirius, de acordo com ela a saudade era demais, não pude deixar de sorrir com isso, era óbvio que eles estavam apaixonados. Sem muita vontade de ir para dentro e ouvir minha mãe, sentei em uma escadinha atrás da igreja e fiquei admirando meu buquê. Ouvi passos e vi meu pai, tentei sorrir, mas a essa altura já não estava mais conseguindo. Meu pai sentou do meu lado e tirou sua cartola preta. Os sinos não paravam de tocar.
- Eu estive te procurando. – ele falou, pegando na minha mão. Sorri de verdade, meu pai, mesmo não sendo meu verdadeiro pai, eu o amava. – Então, porque vocês terminaram?
- É complicado, pai. – falei, tentando controlar as lágrimas e sorrir ao mesmo tempo.
- Sabe, eu lembro de ler um artigo fascinante em uma das revistas de sua mãe. – ele começou a falar, e eu fiquei encarando o buquê. – E lembro que dizia que toda a mulher tem a vida amorosa que deseja. Eu acreditei nisso, mas... eu me recuso a acreditar que essa é a vida amorosa que você quer, Lily. – Eu já estava o encarando, ironia do destino ou praga mesmo? – Desde que você era pequena você sempre conseguiu o que queria. Então Li, ele é o cara certo para você?
- Sim... – falei baixinho, pela primeira vez me dando conta disso. Eu estava apaixonada por James Potter.
- Então, vá atrás dele. – meu pai me disse, dando-me um beijo na bochecha e entregando a chave de seu carro. Fui praticamente correndo para o carro, quase tropeçando em meus próprios pés. Era isso ai, eu iria atrás de James e iria dizer que sentia muito. Hoje de manhã, Sirius deixou escapar que ele estava no anexo, para eu ouvir. Dirigi feito louca e torcendo para que nenhum policial me parasse. Desliguei o carro e olhei para a pequena casinha. Suspirei fundo e sai as pressas do carro.
- James? – chamei ao abrir a porta e olhei ao redor. Tudo estava organizado, a cama, os sofás, nada estava fora do lugar. Senti meu coração pesar, ele havia ido embora. Cheguei perto da escrivaninha e vi um envelope.
“Lily”. – Estava escrito e eu o abri, dentro estava os seis mil dólares que eu havia pago e mais um bilhete.
“Está tudo aqui. Confie em mim.
James”
Peguei o envelope e do mesmo jeito rápido que fui para lá, eu voltei. James havia partido e eu tinha o magoado. Mais um item para a lista de besteira de Lily Evans. Marlene veio correndo ao meu encontro quando estacionei o carro.
- Dorcas quer falar contigo! – ela falou, revirando os olhos e pegando em minha mão. Deixei o envelope no carro e peguei novamente o buquê. Lene me acompanhou até a porta e depois saiu. Entrei e vi Dorcas, sentada, nervosa.
- Eu não sei o que fazer, Lils. – ela disse quando me viu, seus olhos estavam lacrimejando.
- Fale a verdade, Dorcas. – eu falei, sentando do seu lado. Não a odiava tanto, afinal, eu realmente era muito amigável e não conseguia odiar uma pessoa por muito tempo. E Dorcas, ela amava o Remus, acima de tudo.
- Ele vai me odiar, do mesmo jeito que você me odeia agora. – ela falou chorosa, limpando suas lágrimas.
- Eu não te odeio Dorcas... – Eu falei, a abraçando de lado. – Eu me decepcionei com você, porque não me contou antes, por isso. E claro, eu senti raiva, mas te odiar? Eu não consigo. Você é a minha meia irmã, mas eu te amo por inteira.
- Eu também te amo. – ela falou chorando e me abraçando. – Eu sinto muito, eu sinto muitíssimo.
- É bom que sinta. – eu falei, sem deixar de sorrir.
- Você pode chamar o Remus e... – ela pediu, limpando sua maquiagem. – E... ficar aqui comigo enquanto eu falo?
- Sim... – eu disse e fui para a salinha onde Remus estava com Fred e Sirius. Bati na porta e coloquei minha cabeça apenas dentro. – Remus, a Dorcas quer falar com você.
- Ah meu Deus, o que houve? – ele pediu preocupado, levantando e me seguindo. – Lils, está tudo bem?
- Eu espero que fique. – falei sinceramente entrando na salinha de Dorcas de novo. Remus fechou os olhos, pois não queria ver a noiva.
- Dorcas? O que houve amor? – ele pediu, com os olhos tapados, eu fiquei do lado dela. Ela retirou a mão de Remus dos olhos e ele ficou sem entender. – Dá azar ver a noiva antes do casamento.
- Tem uma coisa que você precisa saber, antes de casar comigo. – ela falou, segurando as mãos de Remus. Eu deveria me sentir constrangida, por estar ali e bom... Eu estava constrangida por estar ali.
- O que foi? – Remus pediu, preocupado, ele me olhou sem entender, mas apenas baixei o olhar.
- Quando nós damos um tempo, há dois anos... – Dorcas começou a falar, já estava chorando, não conseguia segurar. -... Há dois anos, eu disse que fiquei com um homem, durante esse tempo.
- Sim... E eu nunca quis saber quem ele era. – Remus completou, levantando sua sobrancelha.
- Sim e eu sempre quis te contar... – ela falou. – Remus esse homem era o Fred.
- O que? – ele soltou as mãos de Dorcas.
- Eu quis te contar antes, mas eu tive medo de te perder. – ela falou chorosa. – E eu simplesmente te amo muito, me desculpe.
- Eu não me importei por você ter outro homem... – Remus começou a falar, se afastando. – Mas... o Fred? – Remus me olhou. – Foi isso que você ficou sabendo ontem... por isso bateu no Fred, por isso James saiu...
- Sim... – eu murmurei, ficando vermelha.
- Com licença. – Remus falou e saiu da salinha, Dorcas me olhou chorando.
- Lily, vá atrás dele! – ela suplicou. Eu assenti e sai atrás de Remus. Fred e Sirius já estavam no altar, esperando Remus. Ele não parecia ter ação nenhuma, olhou para Fred e se aproximou com raiva.
- Seu filho da puta! – Gritou Remus, todos os convidados ficaram assustados. Sirius não sorriu, por mais que ele quisesse, mas segurou Fred antes que ele escapasse e Remus deu-lhe um soco na cara.
- Remus, ela te ama. – Fred falou caído no chão e começou a correr e Remus foi atrás. A última coisa que vi foi Marlene na porta da igreja colocando o pé para o Fred tropeçar e Remus conseguir ir mais perto dele. Sorri aliviada, tenho que confessar que ver Fred apanhando foi maravilhoso. Sirius e Marlene também estavam sorrindo, os dois davam um casal e tanto. Todos os convidados começaram a murmurar e eu rapidamente chamei Marlene. Nós duas fomos para a salinha, onde Dorcas não parava de chorar.
- Vai ter casamento ou não? – Minha mãe entrou, desesperada. Eu olhei para Marlene e foi ai que percebi. Era bem provável que não tivesse nenhum casamento hoje, Dorcas chorou mais ainda.
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Nota da Autora:
Oii gente, bom aí está o capítulo cinco, espero que gostem! HEHE
Eu não vou poder responder aos comentários, mas agradeço de coração a todos! E eu sinceramente não sei se esse é o penúltimo capítulo, estou pensando ainda se vai ter mais ou não :))
Beijokkks, dominique.
Comentários (1)
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk eu ri horrores aqui.. .Mesmo o James tendo deixado a Dorcas e tal... Ri da Lene colocando o pé para o Fred tropeçar... Não consegui parar de rir, serio, realmente ótimo capitulo, amei esse capitulo de uma maneira... Parabens *-*Bjoos!
2013-02-11